James Barr

James Barr (1924-2006) biblista escocês especializado Antigo Testamento.

Lecionou na Universidade de Oxford e na Universidade de Glasgow. Seus estudos se concentravam no contexto histórico e linguístico do Antigo Testamento, incluindo o estudo do hebraico bíblico e sua gramática, especialmente a semântica. Contribuiu para o desenvolvimento da crítica literária em estudos bíblicos. Foi um proeminente crítico do fundamentalismo.

Como especialista em semântica e pragmática hebraica, Barr propôs várias rítica de certas falácias semânticas na interpretação bíblica. Por exemplo, em sua avaliação do Theologisches Wörterbuch zum Neuen Testament (Dicionário Teológico do Novo Testamento ou TDNT), uma obra de vários volumes que fornece uma análise aprofundada dos principais termos teológicos do Novo Testamento, Barr apontou muitos problemas interpretativos :

  1. Metodologia: Barr criticou a metodologia usada no TDNT, por sua análise etimológica e filológica por vezes descontextualizada, especulativa ou obsoleta em vez de considerar o uso real e o contexto dos termos em questão. Ele também sugeriu que o trabalho estava muito focado na identificação de significados distintamente cristãos para as palavras, em vez de explorar seu contexto cultural e histórico mais amplo.
  2. Tendências teológicas: Barr demonstrou que autores do TDNT retroverterem o significado das palavras do Novo Testamento conforme suas tendências teológicas. Notou vieses de um confessionalismo luterano.
  3. Confusão entre semântica e pragmática: os autores do TDNT pressupunham uma “mentalidade” grega subjacente que permitira entender melhor as palavras em contraposição a outras mentalidades (por exemplo, semítica ou judia). Barr, com base na linguística e antropologia, demonstrou que a semântica não é circunscrita a uma única mentalidade, variando diacronicamente, bem como pervasiva a outros sentidos devido ao contexto da comunicação.
  4. Antijudaísmo: o TDNT perpetua atitudes antijudaicas e contribuiu para a história do antissemitismo cristão. Por exemplo, sem critérios históricos o TDNT retratava o judaísmo como legalista, ritualístico e desprovido de graça, e que contribuía para a visão de que o judaísmo era uma religião inferior.
  5. Dependência de estudos anteriores: o TDNT era muito dependente de estudos anteriores de modo acrítico e não se envolveu suficientemente com desenvolvimentos mais recentes no campo dos estudos do Novo Testamento.

Em sua crítica semântica, Barr também avaliou abordagens teológicas. Por exemplo, quando Cullmann afirmou que para os gregos (e consequentemente para a teologia do Novo Testamento) havia dois conceitos de tempo chronos e kairos. No entanto, Barr mostrou, a língua grega não mostra contraste absoluto entre os dois, sendo mais nuances dentro do contexto de uso da linguagem que propriamente uma dicotomia.

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