Didascalia

Didascalia apostolorum (ensino dos apóstolos) é um compilado normativo cristão.

É uma obra pseudoepígrafa, pois se apresenta como escrita pelos Doze Apóstolos na época do Concílio de Jerusalém. No entanto, a composição é do século III, possivelmente da Síria.

O Didascalia foi claramente modelado no Didaquê. Inspirou outros documentos como as Constituições Apostólicas, além de suas traduções para o latim e siríaco.

Registra tensões entre cristãos gentios e judeus cristãos. Aconselha sobre a vida cristã, martírio e cuidado dos órfãos. Normatiza as funções dos bispos e diáconos — indicando uma transição hierárquica para as igrejas, mas sem ainda distinguir claramente entre presbítero e bispo.

Faz a mais antiga menção de edifícios para culto. Admoestra a educação das crianças e alerta contra heresias. Doutrinariamente, demanda que os cristãos sejam trinitarianos, empreguem as Escrituras como dotadas de autoridade, creiam na ressurreição. Divide partes da lei a serem observadas (os dez mandamentos).

O autor aparenta desaprovar que as mulheres tenha liberdade para falar no culto, evangelizar, engajar-se no ministério e celebrar batismos. Isso permite inferir que nessa época tais papéis eram exercido por mulheres.

Apócrifo aramaico de Daniel

Literatura encontrada nos Manuscritos do Mar do Morto, (4Q246), o Aramaico Apócrifo de Daniel é um fragmento não bíblico comumente referido como o texto do “Filho de Deus”, pois inclui a visão de um vidente não identificado sobre a vinda do “filho de Deus” e uma guerra escatológica.

Diná

Diná, em hebraico דִּינָה‎, “julgada”, foi uma filha de Leia e Jacó. Foi estuprada por Siquém, um príncipe da cidade homônima, despertando a vingança de Simeão e Levi. (Gn 34).

A última menção de Diná na Bíblia aparece quando a família de Jacó se prepara para descer ao Egito. É listada entre os 70 membros da família que desceram juntos (Gênesis 46:15).

BIBLIOGRAFIA

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Debir Quiriate-Sefer

Debir, Quiriate-Sefer ou Quiriate-Sana  é um local mencionado em Js 5:15-19 e Jz 1:11. Quiriate Sefer significa “a cidade do livro”. Possivelmente era um centro escribal ou de arquivos e tenha sido uma pequena cidade-estado cananeia (Js 10:38, 39). Há registros de duas conquistas pelos israelitas (Js 15:13-19; Jz 1:11-15). Localizada em território tribal de Judá, tornou-se uma cidade levítica dos coatitas (Js 21:9, 15; 1Cr 6:54, 58).

Há hoje duas localidades potenciais para essa cidade. Uma seria Khirbet Rabud, sítio arqueológico próximo a Hebrom. Outro seria próximo a Modi’in Illit, onde o sítio arqueológico de mesmo nome situa-se entre Jerusalém e Tel Aviv, ao norte da região de Sefelá. O local, no período do Segundo Templo, foi uma aldeia com uma sinagoga, constituíndo um importante sítio arqueológico.

Dinheiro

Em sentido estrito dinheiro ou moeda é algum objeto convencionado como meio de troca ou designação de valor. No Antigo Testamento, o dinheiro assumia diferentes formas, incluindo metais, bens e gado. A peça de metal cunhada com a designação “moeda” somente seria popularizada mais tarde, já dos períodos persa e helenista em diante.

Entre as referências mais antigas a “dinheiro” estão as descrições de transações realizadas pelos patriarcas hebreus. Por seu incidente com Sara, Abimeleque pagou restituição a seu marido, Abraão (Gn 20: 14-16) em “ovelhas e bois, e escravos e escravas” que eram o equivalente a “mil moedas de prata”.

A palavra hebraica geralmente usada para “dinheiro” (kesef) significa literalmente “prata”. Como a prata era mais comum do que o ouro, que precisava ser importado do Egito ou da Anatólia, a maioria das transações bíblicas ocorreu com a prata.

Há relato de valoração dual desses metais, isto é, seu valor de uso como joia e valor atribuído como dinheiro. Acã escondeu a Josué os despojos tirados de Jericó (Js 7:21), incluindo dinheiro na forma de anéis e barras. O ouro que Jó recebeu quando suas riquezas foram restauradas (Jó 42:11) incluía anéis.

A necessidade de cunhar dinheiro foi tardia. As moedas cunhadas surgiram na Anatólia e Grécia como método de pagamento por volta do século VI ou V aC. A invenção de moedas ainda está envolta em mistério: de acordo com Heródoto (I, 94), as moedas foram cunhadas pela primeira vez por Alietas da Lídia (c. 610–560 a.C.), enquanto Aristóteles afirma que as primeiras moedas foram cunhadas por Demódica de Kyrme, esposa do rei Midas da Frígia. As mais antigas moedas encontradas em circulação foram cunhadas na ilha grega de Egina, pelos governantes locais ou pelo rei Feidon de Argos.

A difusão da moeda cunhada foi nos períodos persa e helenista. E a Bíblia atesta isso bem como a cunhagem de moedas helenistas e hasmoneias nesse períofo. Em Esdras 2:68-69, as famílias fizeram ofertas voluntárias para a reforma do Templo, dando ao tesouro “sessenta e um mil dáricos de ouro, cinco mil minas de prata”. O dárico e a mina eram moedas persas.

No período do Novo Testamento, a cunhagem romana havia se tornado um dos meios usados ​​pelo governo imperial para manter o império unido. O dinheiro cunhado, legalmente autorizado pelos governos, tornou-se o padrão de troca de bens, serviços e pagamento de impostos.

Um denário era o salário normal pago a um trabalhador por um dia de trabalho (Mt 20: 2). Era também o imposto do Templo na época de Jesus e provavelmente era a moeda referida em Mateus 22:21.

O dracma (Mt 15: 8) era uma moeda incomum da época de Cristo, pois o denário romano há muito tinha substituído as moedas de prata da fase selêucida helenista.

O didracma e o tetradracma (na verdade estater) (Mateus 17:24) são referências a moedas de prata da cidade de Tiro, usadas nos negócios do Templo. Os estaters eram iguais a siclos e, como os judeus foram proibidos de emitir suas próprias moedas de prata, foram forçados a usar moedas dessa cidade mercantil. Ironicamente, as moedas traziam a imagem do velho inimigo de Israel, Baal. Cambistas estavam disponíveis para trocar moeda estrangeira por essas moedas tírias. Judas foi pago com trinta estaters.

Uma das menores moedas era o Lepton, aquela da oferta da viúva (Marcos 12:42, Lucas 12:59; 21:2).

Davi

Davi filho de Jessé (hebraico דָּוִד; דָּוִיד ; grego Δαυίδ; “amado”) foi rei de Judá e depois sobre todo Israel no período da monarquia unida. Teria reinado entre c. 1010 a c. 970 a.C.

O ciclo narrativo sobre Davi aparece de 1 Sm 16:13-1 a Re 2:12. Pastor do rebanho de seu pai, tornou-se músico na corte de Saul e se voluntariou para enfrentar os filisteus. Perseguido pelo enciumado Saul, não se levantou contra o rei, mas viveu em fuga, ajuntando um grupo de soldados irregulares. O profeta Samuel ungiu Davi como o futuro rei de Israel.

Após a morte de Saul, Davi unifica as tribos , mas enfrenta dificuldades em sua vida familiar.

Errante e dependente do perdão divino, Davi é o arquétipo do beneficiário da graça. Os salmos davíticos expressam essa relação de confissão, clamor e conforto esperando no Senhor. Com a promessa de que sua linhagem ocuparia o trono de Israel para posterioridade, nos livros dos profetas a dinastia davídica ocupa uma posição especial. Assim, na esperança messiânica o legado de Davi aparece em Jesus Cristo como herdeiro de seu reino.