Lidia Poët (1855-1849), valdense italiana, foi primeira mulher a formar-se em direito e exercer a advocacia na Itália.
Nascida nos vales valdenses, estudou direito na Universidade de Turim, formando-se em 1881. Dois anos depois, aprovada em exame da ordem, solicitou sua inscrição como advogada, causando surpresa na época. Todavia, o procurador-geral fez uma representação para cancelar sua inscrição pelo fato de ser mulher.
Seus recursos foram negados, mas Poët encontrou ânimo para dedicar-se à causas em prol das mulheres e direitos femininos (inclusive o do livre exercício profissional), dos marginalizados, dos menores e dos encarcerados.
Viajou pela Europa representando a Itália em situações acadêmicas. Foi enfermeira voluntária da Cruz Vermelha na Primeira Guerra Mundial. Em 1920 conseguiu reobter sua inscrição como advogada. A partir disso, dedicou-se em campanhas pelo sufrágio feminino.
BIBLIOGRAFIA
Bounous, C. La toga negata: da Lidia Poët all’attuale realtà torinese. Il cammino delle donne nelle professioni giuridiche, Pinerolo, Alzani, 199
Henri-Louis Empaytaz (1727-1803) foi um teólogo suíço participante do Avivamento Continental que enfatizou a importância do Espírito Santo na espiritualidade cristã.
Giacomo Aconcio ( c. 1520 – c. 1566) jurista, engenheiro e teólogo italiano.
Durante o papado de Paulo VI, a perseguição aos simpatizantes da Reforma na Itália intensificou. Aconcio refugiou-se em Basileia e depois Zurique, onde se juntou ao grupo de reformadores italianos capitaneado por Ochino. Na Inglaterra trabalhou para a rainha Elizabeth I e frequentava uma igreja Reformada holandesa. Contudo, foi acusado de anabatismo e arianismo por suas posições em defesa da liberdade de consciência diante do dogmatismo.
OBRAS
Dialogo di Silvio e Mutio (1558) críticas reformistas à igreja católica.
Summa de Christiana religione (1558) constitui uma das primeiras teologias sistemáticas sob perspectiva irênica, ou seja, apresentação de doutrinas comuns sem tomar posições que dividiam a cristandade.
Stratagemata Satanae (1565) apresenta uma proposta de tolerância religiosa. Desaprova a confissão forçada e a perseguição de hereges. Ganhou grande importância para a difusão da ideia de tolerância nos dois séculos seguintes.
Pietro Martire Vermigli (1499-1562) foi um reformador italiano, originário de Lucca e depois exilado na Suíça.
Educado com uma formação humanista em Fiesole, Pádua e Bolonha, interessou-se pelo estudos hebraicos. Nomeado abade de San Pietro ad Arame em Nápoles, onde desenvolve um círculo de interessados em discussões bíblicas e religiosas. Na época, a influência de Juan Valdés em Nápoles gerou um círculo discreto de simpatizantes da Reforma.
De retorno à Lucca em 1541, como prior do convento de San Frediano começa a pregar publicamente ideias reformadas. Enfatizava o valor da morte de Cristo e a justificação.
Questionado por sua ordem religiosa, parte para o exílio. Foi ministro dos italianos refugiados em Estrasburgo, depois deu aula em Oxford. Com o restabelecimento do catolicismo na Inglaterra, retornou à Estrasburgo até passar a viver em Zurique.
Galeazzo Caracciolo (1517-1586) foi um reformador italiano.
Caracciolo, Marquês de Vico, era da aristocracia e frequentava os círculos da corte imperial de Carlos V.
Ao estabelecer contato com a rede de reformadores em torno de Juan de Valdés, Pietro Martire Vermigli e Bernardino Ochino, levou-o à conversão à Reforma. Nas suas viagens à Alemanha conheceu as obras de Lutero.
Em 1551 deixou sua família e pátria para refugiar-se em Genebra. Caracciolo resistiu firmemente a todas as tentativas de sua família de induzi-lo a retornar à Itália e permaneceu até sua morte um dos líderes da congregação italiana em Genebra.
Joan Bocher (?-1550), também Boucher, Butcher, Knell ou Joan of Kent, foi uma mártir anabatista inglesa queimada durante a Reforma Inglesa no reinado de Eduardo VI.
Joan tornou-se seguidora das doutrinas de Melchior Hoffman em um círculo de anabatistas na região de Kent. Presa em 1548 por não crer nas doutrinas do sacramento, seria condenada como herege.
Anne Askew, também Anne Ayscough ou Ascue, ou pelo nome de casada, Anne Kyme (1521 -1546) foi uma poetisa e mártir inglesa.
Anne foi obrigada a se casar com Thomas Kyme em lugar de sua irmã após a morte dessa. Askew pediu o divórcio depois que Kyme a expulsou de sua casa por suas crenças, tornando-se a primeira mulher a pedir divórcio na Inglaterra.
Anne circulava entre grupos reformadores, para os quais a reforma de Henrique VIII não tinha concretizado toda as demandas. Anne Askew rejeitava a transubstanciação. Ela foi interrogada pela primeira vez pelo bispo Bonner. Durante sua segunda prisão, o bispo Gardiner e o chanceler Wriothesley conduziram o interrogatório e a tortura. A tortura incomumente cruel que Askew suportou causou até repulsa em sir Anthony Knivett, o responsável pela Torre de Londres, que recusou a continuar com a tortura.
Em 1546, aos 25 anos, Anne Askew foi queimada na fogueira como herege. John Bale e John Foxe publicaram relatos de seu interrogatório, prisão e tortura.
Como autora, Askew escreveu sobre seus interrogatórios. Askew também é lembrada por ser uma das primeiras poetisas a compor em inglês.
Argula von Grumbach (1490-1564) foi uma nobre alemã, autora e reformadora da Bavária.
Recebeu a típica educação das mulheres nobres da época, a qual não incluia latim — a língua da erudição — mas era leitora ávida da Bíblia em alemão.
Por volta de 1520 começou a ler e a corresponder com os reformadores, especialmente Lutero.
Em 1523, um jovem professor da Universidade de Ingolstadt, Arsacius Seehofer, foi perseguido por adotar as ideias luteranas. Argula escreveu cartas e poemas, recheados de citações bíblicas. O debate a fez conhecida na Alemanha e propagou a reforma na Bavária, onde os escritos de Lutero eram banidos.
Casada (e viúva) duas vezes. Depois dos incidentes de 1523 retirou-se para os cuidados de sua propriedade e família, mas mesmo antes de sua morte teve uma agitação a respeito de seus escritos.
Ingrid Løkken Chawner (1899-1976) foi uma missionária norueguesa em Moçambique.
Nascida em Vestfossen, no centro sul da Noruega. Converteu-se na cidade de Horten e estudou no Instituto Bíblico em Oslo. Em 1920 partiu para os Estados Unidos, onde ficaria dois anos. Em 1922 foi enviada para a África do Sul pela Evangelisalen Berøa, uma congregação independente em Oslo formada pela fusão de uma assembleia dos irmãos e uma igreja livre de cariz luterana. Nessa época, Ingrid teria abraçado o pentecostalismo.
Em 1929 Ingrid esteve em Portugal, provalvemente para aprender o idioma e obter os documentos necessários para a viagem missionária a Moçambique.
Ingrid estabeleceu e desenvolveu sua missão entre os tsongas no sul de Moçambique. Algo inusitado para a época, a jovem missionária morava entre os habitantes locais e viajava de aldeia a aldeia com uma motocicleta ou “um cavalao de aço”. Recebeu o nome de Nkosazana, que em língua xhosa significa princesa. Em 1935 já havia 14 igrejas estabelecida e Ingrid estabeleceu a primeira escola bíblica pentecostal para formação de obreiros no mundo lusófono.
Casou-se no final de 1934 com o missionário da Assembleias Pentecostais Canadenses Charles Austin Chawner (1903-1964), filhos de missionários na África do Sul. No ano seguinte, o casal visitou os Estados Unidos. Em 1942 nasceu a filha, chamada também Ingrid e em 1944 o filho Stanley.
Como o esposo teve sua entrada barrada em Moçambique, o casal estabeleceu-se em Transvaal, evangelizando migrantes tsongas que vinham trabalhar nas minas da região. Mais tarde, o casal plantou uma igreja em Gijani, uma das primeiras congregações pentecostais em Moçambique.
No final do anos 1940, devido às pressões das autoridades coloniais, deixaram o país. Na época havia cerca de 200 igrejas oriundas de sua missão. Atualmente, elas formam a Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Moçambique.
Hoje, o Centro Juvenil Ingrid Chawne em Maputo recebeu seu nome e além de receber auxílio de igrejas pentecostais norueguesas.
BIBLIOGRAFIA
Chawner, Ingrid Løkken. Nkosazana : The King’s Daughter. 1936.
Chawner, Ingrid Løkken. African jewels. Toronto, ON, Canada : Testimony Press, 1962.[Jungel-juveler].
Frodsham, Stanley H. With signs following. Springfield: Gospel Publishing House, 1946.
Upton, George R. The miracle of Mozambique. Clearbrook, BC, Canada : A. Olfert & Sons, 1980.
A Igreja Evangélica Livre Italiana (Chiesa Evangelica Libera Italiana), também chamada de Igreja Cristã Livre d’Italia (Chiesa Cristiana Libera da Itália), ou simplesmente Igreja Livre (Chiesa Libera), foi uma denominação evangélica parte do risveglio italiano no século XIX.
HISTÓRIA
Inicialmente formada em 1850 em Londres entre exilados italianos. Nos dois anos seguintes o crescimento dos evangélicos na Itália coincide com a expansão política do Reino de Piemonte e Sardenha junto de sua política de tolerância religiosa. Nesse ambiente, vários evangélicos italianos propuseram em Gênova em 1852 a ideia de unir todos os protestantes em uma única igreja evangélica na Itália.
Nesse contexto no Risorgimento, esse movimento atraiu novos convertidos predominantemente de tendências anticlericais, liberais, democráticas e garibaldianas. Contudo, diferenças culturais (e linguística), políticas e eclesiológicas com os valdenses levaram a uma ruptura com eles em 1854. A tentativa de unir-se com as denominações históricas protestantes de origem estrageira também não fruiu.
O movimento cresceu até antigir cerca de 60 comunidades em 1870, ocorreu a cisão com a ala “espiritual”, menos politizada e mais congregacionalista, que levou à formação das Igrejas Cristãs Livres dos Irmãos (Chiese cristiane libere dei fratelli). A partir de então, a Igreja Evangélica Livre passou a existir separadamente com 23 igrejas.
Entre seus principais líderes estavam o ex-padre católico barnabita Alessandro Gavazzi (1809-1889) e Bonaventura Mazzarella (1818-1882). Com a morte de seus principais líderes a denominação enfraqueceu. Então, em 1904, a igreja livre fundiu-se oficialmente com a Igreja Metodista Italiana. Vários de seus membros também foram absorvidos por batistas e outros grupos evangélicos.
DOUTRINA E PRÁTICA
A Igreja Evangélica Livre inspirava-se muito da teologia e organização das igrejas livres do réveil suíço. Como parte desse avivamento continental, valorizava a conversão pessoal por fé em Jesus Cristo, guia do Espírito Santo no culto, rejeição de práticas tidas como não bíblicas das igrejas estabelecidas (especialmente do catolicismo romano). Possuía uma eclesiologia mista prebítero-congregacionalista, tendo como dirigentes anciãos e diáconos.
Seus artigos de fé expressam muito do entendimento do risveglio italiano do século XIX, do qual há traços de continuidade no movimento pentecostal italiano e movimentos correlatos.
BIBLIOGRAFIA
Spini, Giorgio. L’evangelo e il berretto frigio. Storia della Chiesa Cristiana Libera in Italia (1870-1904), Torino, Claudiana, 1971.
Spini, Giorgio. Risorgimento e protestanti, Il Saggiatore, Milano, 1989.