Raqia expansão, extensão ou firmamento era a abóboda celeste na cosmologia da Antiguidade. Os povos da Antiguidade imaginavam que o céu era coberto por redoma côncava que retinha as águas celestes.
Na Bíblia Hebraica aparece em Gn 1:6-8, 14-20; Sl 19:1; 150:1; Ez 1:22-26; 10:1; Dn 12:3.
Outras culturas da época possuíam semelhante cosmovisão:
Os antigos egípcios pensavam que o céu era um telhado sustentado por pilares.
Os sumérios acreditavam que o céu era uma abóboda de estanho.
O céu de Homero é um hemisfério de metal que cobre uma terra redonda, plana, semelhante a um disco, cercada por água. Na Odisséia e a Ilíada a abóbada celeste é mencionada alternativamente como feita de bronze ou de ferro.
Para Anaxímenes e Empédocles as estrelas estão encravadas em uma cúpula celeste cristalina.
Platão se refere à “abóbada do céu” e ao “céu acima do céu” (Fedro 247)
A abóboda celeste aparece nos escritos medievais de Nachmanides (Ramban), Comentário sobre a Torá, vol. 1, pp. 33, 36.
Basã uma planície extensa, sem pedras e fértil a leste do rio Jordão. Está circundada por várias cadeias de montanhas: Gileade, monte Hermom, Jebel Haurã e ao ocidente por Gesur e Maaca (Js 12.5).
Aparece em Gn 14:5, como local de batalha de Quedorlaomer.
No final do êxodo, Ogue, o rei de Basã, enfrentou os israelitas, mas foi derrotado (Nm 21:33-35; Dt 3:1-7). Seu território coube à meia tribo de Manassés (Js 13:29
As duas principais cidades eram Edrei e Astorote (Tel-Ashtera). Em Dt 3:4 menciona sessenta cidades muradas em Argobe (monte) de Basã.
Mais tarde, no período salôminico, Argobe, em Basã, foi um dos distritos administrativos (1 Re 4:13).
No período dos reis as cidades de Basã foram conquistadas pelo rei arameu Hazael (2 Re 10:32-33), porém depois recuperadas por Jeoás (2 Re 13:25). Com a perda de população, a região virou pastos (Ez 39:18; Sl22:12), com florestas (Is 2:13; Ez 27:6; Zc 11:2) e a beleza de suas planícies (Amós 4:1; Jeremias 50:19). A expressão “vacas de Basã” indica a vitalidade pastoril da região.
Após o cativeiro babilônico, Basã foi dividida em quatro distritos: Golã ou Colinas de Golã, Haurã (Ez 47:16), Argobe ou Traconites e Bataneia.
O Cilidro de Ciro é um decreto comemorando a vitória de Ciro, o rei persa, na conquista da Babilônia. A peça de cerâmica em escrita cuneiforme é datada de 539-538 a.C.
O Cilindro de Ciro é frequentemente relacionado com o decreto de Ciro em Esdras 1. No entanto, a inscrição versa sobre a restituição de objetos de cultos de cidades ao redor da Babilônia, aprendidos por Nabonido. Esta passagem não discorre sobre os judeus ou Jerusalém. Ademais, somente reinado de Cambises, filho de Ciro, que a região de Jerusalém se tornou parte do Império Persa.
O Cilindro de Ciro é um importante documento que identifica a política persa de tentar conquistar as simpatias dos povos sob seu domínio, com ações de tolerância religiosa e auto-governo étnico.
Nebo-Sarsequim (Jr 39:3) era um oficial da corte de Nabucodonosor II, rei da Babilônia que teria visitado Jerusalém durante a conquista babilônica.
A Tabuleta de Nebo-Sarsequim (595 a.C.), quirógrafo de controle contábil, parece referir-se a ele:
1,5 minasde ouro, propriedade de Nabu-sharrussu-ukin [Nebo-Sarsequim] , o eunuco-chefe, que ele enviou via Arad-Banitu o eunuco para [o templo de] Esangila: Arad-Banitu entregou para Esangila. Na presença de Bel-usat, filho de Alpaya, o guarda-costas real, [e de] Nadin, filho de Marduk-zer-ibni. Mês 11, dia 18, ano 10 [de] Nabucodonosor, rei da Babilônia.
Algumas traduções dividem os nomes de Jr 39:3 de forma diferente:
E entraram todos os príncipes do rei da Babilônia, e pararam na Porta do Meio, os quais eram Nergal-Sarezer, Sangar-Nebo, Sarsequim, Rabe-Saris, Nergal-Sarezer, Rabe-Mague, e todos os outros príncipes do rei da Babilônia.
João Ferreira de Almeida, Revista e Corrigida.
Atualmente, depois dos argumentos convincentes de Bright (1965), esse versículo é traduzido como:
Todos os oficiais do exército babilônio entraram e se sentaram junto ao portão do Meio: Nergal-Sarezer, de Sangar, Nebo-Sarsequim, um dos chefes dos oficiais, Nergal-Sarezer, conselheiro real, e todos os outros oficiais do rei da Babilônia.
Nova Versão Transformadora
BIBLIOGRAFIA
Bright, John. Jeremiah: Introduction, Translation, and Notes. The Anchor Bible, 1965.
As tabuletas de Alalak são cerca de quinhentas tabuinhas da Idade do Bronze Final encontradas no sítio arqueológico de Tel Atchana, a antiga Alalakh (hitita Alalach) uma antiga cidade-estado, no vale do rio Amuq, na atual província turca de Hatay, próximo à Antioquia e da Síria.
Alalak foi fundada pelos amorreus no início da Idade do Bronze Médio no final do terceiro milênio a.C. O primeiro palácio foi construído por volta de 2.000 a.C, contemporâneo da Terceira Dinastia de Ur. Na crise do século XII a cidade foi destruída e nunca reocupada.
O sítio arqueológico começou a ser escavado na década de 1930. Foram encontrados a Inscrição de Idrimi — a autobiografia de um rei pastoralista — além de outros textos acadianos de conteúdo jurídico, administrativos, contábeis, além de listas de palavras, presságios e conjurações.
Os habitantes das cavernas ou trogloditas (grego: Τρωγλοδύται) são pessoas de diversos grupos étnicos que fizeram de cavernas naturais ou escavadas suas habitações.
Durante o mesolítico, a cultura Natufiana (13 050-7 750 a.C.) adotou uma vida semi-sedentária, abrigando-se em cavernas e acampamentos. Sua economia baseava-se na colheita de grãos selvagens para produzir pão e cerveja e na caça de gazelas. Domesticavam cachorros e demonstravam hierarquização social em seus cemitérios. Essa cultura recebe o nome de seu principal sítio arqueológico, Natuf, onde está a Caverna de Shuqba, a 28 km a noroeste de Jerusalém nas montanhas da Judeia. Na caverna de Ain Sakhri (Belém) foi encontrada uma das mais antigas esculturas representando um casal, os Amantes de Ain Sakhri (9 000 a.C.).
O uso de cavernas para moradias e aldeias continuou depois da emergência de sociedades sedentárias a partir do neolítico.
Como outras regiões com longa história de uso de cavernas e grutas para habitações (Capadócia, os pueblos do Sudoeste americano, os sassi de Matera na Itália, as vilas escavadas da Tunísia, Uplistsikhe), a região sul da Palestina, Jordânia e norte da Arábia foi o lar de povos como os midianitas, thamud, edomitas e nabateus. A grandiosidades dos sítios de Madain Saleh e Petra ainda causa admiração dos visitantes.
Apesar de as cavernas de Altamira e Lascaux revelarem a sensibilidades dos habitantes das cavernas, o habitantes das aldeias e cidades edificadas passaram a discriminar esses moradores como rústicos.
O livro de Jó menciona:
1Mas agora se riem de mim os de menos idade do que eu, e cujos pais eu teria desdenhado de pôr com os cães do meu rebanho. 2De que também me serviria a força das suas mãos, força de homens cuja velhice esgotou-lhes o vigor? 3De míngua e fome se debilitaram; e recolhiam-se para os lugares secos, tenebrosos, assolados e desertos. 4Apanhavam malvas junto aos arbustos, e o seu mantimento eram raízes dos zimbros. 5Do meio dos homens eram expulsos (gritava-se contra eles como contra um ladrão), 6para habitarem nos barrancos dos vales e nas cavernas da terra e das rochas. 7Bramavam entre os arbustos e ajuntavam-se debaixo das urtigas. 8Eram filhos de doidos e filhos de gente sem nome e da terra eram expulsos. Jó 30:1-6.
Em vários locais do mundo da Antiguidade são mencionados habitantes das cavernas por geógrafos e historiadores gregos e romanos, incluindo Heródoto, Agatárquides, Diodoro Sículo, Estrabão, Plínio, Josefo, Tácito (século I dC), Cláudio Aeliano e Porfírio.
O bispo Filastro de Bréscia (d.397), em seu Liber de haeresis, PL 12;1126 infere a partir de Ezequiel que havia habitantes das cavernas na Judeia que praticavam uma religião idólatra.
A vida em cavernas se mantém constante na região até os dias atuais.
No distrito de Masafer Yatta, na parte sul da Cisjordânia, cerca de 1.500 palestinos em uma dezena de aldeias vivem em cavernas.
De acordo com a pesquisa de Ali Qleibo, um antropólogo palestino que estuda essas comunidades, as tribos do sul de Jerusalém aos arredores de Berseba eram todas comunidades de habitantes das cavernas até o século XIX. Ali Qleibo registra a prática de oferendas de alimentos em altares, blocos rústicos de pedra, ainda praticado por essa população, embora não identifiquem tais atos como violação dos preceitos do islam.
O Exílio na Babilônia ou o Cativeiro Babilônico foi a detenção forçada de judeus na Mesopotâmia após a conquista do reino de Judá entre 598-539 a.C.
As deportações, exílio ou cativeiro eram uma política emigração forçada na antiguidade. Essa política era empregada em larga escala para fins políticos, seja para aniquilar um povo, repovoar alguma região estratégica ou para fundir várias nacionalidades.
A primeira deportação de líderes e povo de Judá ocorreu em 598/7 a.C., mas depois de uma revolta e destruição de Jerusalém ocorreu outra deportação em 587/6 a.C.
Entre 10 mil e 30 mil pessoas foram deportadas e estabeleceram em vários locais ao sul da Mesopotâmia. Esses eventos são registrados em 2 Re 24:8-12 e nas Crônicas de Nabucodonosor.
A literatura bíblica — como muitos salmos, Lamentações, Ezequiel e Daniel — registra o período do exílio, bem como o apócrifo Tobias e os arquivos da comunidade dos judeus em Al-Yahud.
A vida religiosa e cultural dos judeus foi preservada. Surgiu uma reflexão para entender os acontecimentos, além de um apego de muitos exilados a um estrito monoteísmo que interpretava suas sortes como consequência de desobediência coletiva ao culto a Deus. Um santuário existia em Casífia (Ed 8:17), talvez antecedendo a formação das sinagogas.
O cativeiro terminou formalmente em 538 a.C, quando o conquistador persa da Babilônia, Ciro, o Grande, deu aos judeus permissão de retorno. Até então, muitos israelitas tinham ficado no território do antigo Israel e Judá, além dos que deixaram a Babilônia em vários momentos. Apesar do decreto de Ciro (não relacionado com seu famoso cilindro), alguns judeus escolheram permanecer na Babilônia, formando a Diáspora israelita.
O Enuma Elish é um épico da criação de deuses e do mundo registrado. Teria sido grande épico nacional da cidade de Babel ou Babilônia, com uso em cerimônias cívico-religiosas.
O poema retrata a criação pela batalha cósmica contra o caos (Chaoskampf), criação por comando divino e pela ação divina.
As tabuletas da versão-padrão remontam do século VII a.C., encontradas na biblioteca do rei assírio Assurbanipal (668-627 a.C.). Contudo, supõe-se que o texto fora fixado na segunda dinastia acadiana de Isin, na época de Nabucodonosor I (1124-1103 a.C.). As sete tabuletas corresponderiam a sete cantos que originalmente teriam 1.100 versos. A primeira versão contemporânea do texto foi publicada em 1876 pelo célebre estudioso das literaturas cuneiformes, George Smith.
Filho e co-regente de Nabonido (556-539 a.C.), o governante caldeu na época da captura da Babilônia por Dario, o medo, em 539 a.C. (Dn 5:30; 7: 1).
Apesar de Nabucodonosor ser citado como o pai de Belsazar em Dn 5:11, 18, tal indicação aparenta ser a invocação do ancestral de maior prestígio, como ocorria na fórmula Bīt-PN, como, por exemplo, “Filho ou Casa de Davi”.
A epopeia de Gilgamesh é uma obra épica poética mesopotâmica que retrata a busca pela imortalidade por Gilgamesh, lendário rei de Uruk.
Compostos como contos orais dos sumérios, mais tarde foram fixados em textos cuneiformes em tabuletas de argila. A versão mais conhecida foi produzida pelo escriba Sin-Leqi-Unninni entre os séculos XIII e X a.C. em acádio.
O épico de Gilgamesh fazia parte do treinamento dos escribas. Talvez por essa razão haja tantas cópias e variações. Essas tabuletas foram encontradas nas bibliotecas e escritórios de copistas em Emar, Ugarit, Megiddo e Bogazkoy, cidades antigas da Crescente Fértil e da atual Turquia. O exemplar de Megido, datado do século XIV a.C., possibilita que os hebreus tivessem conhecimento desse épico há muito tempo antes do exílio babilônico.
Alguns paralelos bíblicos famosos são a versão do dilúvio de Ut-Napishtim, uma planta da vida e uma serpente astuta.