Um eunuco, do grego εὐνοῦχος (eunouchos), era um homem castrado, geralmente empregado em funções específicas, como guarda de harém ou oficial da corte. No mundo antigo, incluindo o contexto bíblico, eunucos frequentemente ocupavam posições de poder e influência, apesar de sua condição. O termo hebraico para eunuco é סָרִיס (saris).
No Antigo Testamento, eunucos são mencionados em diversas passagens, frequentemente associados a serviços na corte real (2 Reis 9:32; Ester 2:3). Alguns eunucos, como o eunuco etíope que encontrou Filipe (Atos 8:26-39), demonstram fé em Deus e são integrados à comunidade religiosa. A castração, no entanto, era considerada uma deficiência, e a lei mosaica proibia eunucos de participar plenamente nos rituais religiosos (Deuteronômio 23:1).
A condição de eunuco carregava um estigma social, pois a capacidade de gerar descendência era altamente valorizada na cultura antiga. Apesar disso, alguns eunucos alcançaram posições de destaque, como o eunuco etíope tesoureiro da rainha Candace, que se tornou um dos primeiros convertidos ao cristianismo.
No Novo Testamento, Jesus menciona eunucos em Mateus 19:12, distinguindo três tipos: os que nasceram eunucos, os que foram feitos eunucos pelos homens e os que se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Essa passagem pode ser interpretada como uma referência ao celibato voluntário por motivos religiosos.
A história dos eunucos na Bíblia revela a complexidade das relações sociais e religiosas no mundo antigo. Eles eram, ao mesmo tempo, marginalizados e, em alguns casos, poderosos, demonstrando a diversidade de experiências e papéis que os eunucos desempenharam na sociedade.
