Congregação Cristã nos Estados Unidos

A Congregação Cristã nos Estados Unidos, em inglês Christian Congregation in the United States, abreviação CCUS, é uma comunhão de igrejas locais com raízes no avivamento pelo Espírito Santo na cidade de Chicago em 1907.

Como o movimento se alastrou para diversas cidades da América do Norte e outras nações, sobretudo o Brasil, aos poucos foi ganhando contornos denominacionais. Em 1927 foi reunida a convenção de Niagara Falls para estabelecer entre essas igrejas a associação de fato Unorganized Italian Christian Churches of North America (Igreja Cristã Italiana da América do Norte), embora cada igreja local poderia adotar outro nome de placa, como de na prática continuaram. Os nomes mais comuns das igrejas locais eram Assembleia Cristiana, Italian Christian Church e Congregazione Cristiana.

No final dos anos 1970 surgiu a vontade de reunir congregações locais independentes e grupos de crentes migrantes principalmente de Portugal, Brasil e América Hispânica com raízes históricas e doutrinárias nesse avivamento de 1907.

Assim, a partir de 1980 a Christian Congregation in the United States foi organizada com apoio anciãos brasileiros, entre eles Miguel Spina e Victorio Angare, e iniciativa de Joel Spina. Aderiram inicialmente a Italian Christian Assembly of Alhambra, Los Angeles (anciãos Alexander Puglia e Salvatore Licari); Buffalo Christian Congregation (anciãos Arno Scoccia e Louis Terragnoli Junior) e Christian Congregation de Chicago (onde viriam a ser anciãos Samuele Calabrese e Joel Spina).

Desde o início, a CCUS mantém vínculos de comunhão espiritual e doutrinária com outras Congregações Cristãs ao redor do mundo, mas especialmente com o Canadá e México. Também manteve apoio e missões na América Central e Caribe. Historicamente enviou e representantes para as reuniões ministeriais da Congregação Cristã no Brasil e na Congregazione Cristiana in Italia, também recebendo representantes dessas igrejas co-irmãs. A CCUS é signatária da Convenção Internacional das Congregações Cristãs, firmada em São Paulo em 2003.

Por razões doutrinárias, a CCUS não possui centrais. Cada igreja local com patrimônio e condições de pessoal próprios são registradas (incorporadas) como entidades legais em cada estado. As assembleias gerais dos anciãos, as equivalentes às Reuniões Gerais de Ensinamento no Brasil, são realizadas de forma rotativa a cada ano, historicamente em Buffalo, Alhambra e Chicago.

No início de 2024 a CCUS contava com cerca de 90 congregações pelo país.

Doutrinariamente, a CCUS possui artigos de fé similares com outras Congregações Cristãs no Mundo; todavia, não adotou as alterações realizadas unilateralmente no Brasil em 1995 e 2013.

SAIBA MAIS

ALVES, Leonardo Marcondes. Congregação Cristã na América do Norte: sua origem e culto. 2011. pp. 4-5

www.ccus.org

 World’s Faith Missionary Association

A Associação Missionária de Fé Mundial (WFMA) foi uma organização evangélica fundada em 1887 pelo pelo pregador de Santidade Charles S. Hanley e sua esposa Minnie Hanley em Shenandoah, Iowa, para promover o cristianismo evangélico globalmente.

Inicialmente concebida como uma plataforma para ensinamentos radicais do movimento de Santidade, a associação também operava sob o nome de “Organização Sarça Ardente”.

Como organização, não controlava congregações locais, mas efetivamente era uma denominação. Levantava fundo para missões, promovia reuniões de avivamento e credenciava minisros. Dentre seus convertidos estava William H. Durham, o qual seria ordenado pela WFMA.

Após o falecimento de C.S. Hanley em 1925, a WFMA passou por disputas que levaram à sua fragmentação. Depois houve o restabelecimento de facções separadas, cada uma competindo pela legitimidade da WFMA. Uma delas, liderada CS Osterhus criou a WFMA em Robbinsdale, Minnesota, enquanto outra facção, liderada por rev. Montgomery, iniciou operações em Webster Groves, Missouri. Para distinguir as duas entidades, esta última facção adotou o nome de “Associação Ministerial Fundamental” em 1931, enfatizando a unidade doutrinária da organização.

Em 1958, durante a convenção anual realizada no Trinity Seminary e no Bible College em Chicago, Illinois foi promulgada uma reforma organizacional, renomeada Aliança da Igreja Evangélica (ECA). Hoje a ECA conta com mais de 1.600 constituintes, incluindo pastores, professores, missionários e capelães de diversas origens denominacionais.

BIBLIOGRAFIA
DeLong, Joseph I. “It Ought to Be Written”: The Story of Charles and Minnie Hanley, Founders of the World Faith Missionary Association, and the Origin of the Evangelical Church Alliance, Inc. Lulu, 2006.

Movimento de Teologia Bíblica

O Movimento de Teologia Bíblica, floresceu nas décadas de 1940-1960 e pretendia transcender as polaridades teológicas, apresentando a Bíblia como um recurso teológico unificado.

O trabalho de G. Ernest Wright, “The God Who Acts: Biblical Theology as Recital” (1952), defendeu a compreensão da Bíblia como um evento mais interpretação – uma narrativa confessional sobre Deus. Ao contrário das abordagens tradicionais focadas na facticidade histórica, este movimento centrou-se na função da narrativa dentro do cânone bíblico. Esperava assim transcender a dicotomia entre teologia liberal e evangelical.

Enfatizando a unidade teológica da Bíblia, o movimento da teologia bíblica empregava um arcabaouço da história da redenção. Pretendia dar uma exploração sintética da natureza, da vontade e do plano de Deus na criação e na redenção. O movimento uniu estudiosos no ressurgimento da teologia e no compromisso de desvendar a revelação de Deus na história.

O movimento desvaneceu quando James Barr criticou o Movimento de Teologia Bíblica por impor categorias modernas a textos antigos, simplificando demais a diversidade da Bíblia e negligenciando o contexto histórico. Barr notou a influência da filosofia hegeliana, questionou a centralidade da teologia da aliança e advertiu contra uma abordagem cristocêntrica que ofuscava o valor distinto do Antigo Testamento.

Camisards

Os Camisards eram um grupo de protestantes franceses ou huguenotes, que viveram na região acidentada de Cévennes, no sul da França, durante o final do século XVII e início do século XVIII. Desempenharam um papel significativo na história da perseguição e resistência religiosa na França.

Os protestantes franceses tiveram uma presença significativa na região de Cévennes no início do século XVI. Muitas vezes enfrentaram perseguições e restrições às suas práticas religiosas, levando-os a adorar em áreas remotas, como florestas, cavernas e ravinas. O Édito de Nantes de 1598 proporcionou algum alívio aos protestantes, mas não garantiu totalmente a sua liberdade religiosa. A situação agravou-se com a revogação do Édito de Nantes em 1685, que levou à proibição dos cultos protestantes e à destruição dos seus templos.

Em resposta à revogação do Édito de Nantes, os huguenotes que permaneceram em Cévennes levantaram-se em defesa da sua liberdade religiosa. Eles pegaram em armas contra as tropas reais e iniciaram um período de resistência armada de 1702 a 1704. Os combates esporádicos continuaram até 1715.

Os Camisards lutaram contra adversidades significativas, com cerca de 3.000 protestantes enfrentando 30.000 soldados reais. Os seus esforços para resistir à perseguição religiosa e defender as suas crenças tornaram-se um símbolo de resistência religiosa.

A Revolta Camisard

A resistência dos Camisards, muitas vezes referida como Revolta Camisard, foi caracterizada por táticas de guerrilha. Com apoio das suas comunidades locais e no seu conhecimento do terreno montanhoso, emboscavam as tropas reais e interrompiam as comunicações. Os comandantes dos Camisards, escolhidos pelas suas capacidades proféticas, lideraram estes bandos rebeldes e defenderam a destruição da Igreja Católica.

O conflito entre os Camisards e a monarquia francesa foi marcado por episódios de violência, incluindo o incêndio de aldeias nas montanhas e pogroms militares dirigidos à população civil. Apesar da derrota final dos Camisards, a sua resistência garantiu que o protestantismo persistisse na região de Cévennes.

Aspectos Proféticos e Carismáticos

O movimento Camisard foi caracterizado por elementos proféticos e carismáticos. Profetas e profetisas desempenhavam um papel crucial na comunidade, fornecendo orientação espiritual e previsões. Os Camisards acreditavam ter recebido revelações diretas do Espírito Santo, o que os capacitou para resistir à Igreja Católica e à monarquia.

A inspiração profética muitas vezes incluía manifestações emocionais, como falar com grande agitação e soluçar, cair no chão e entregar profecias. Esta tradição profética foi fundamental para fortalecer a determinação dos Camisards e inspirá-los a continuar a sua resistência.

Uma característica distintiva do movimento Camisard foi o envolvimento ativo de mulheres e crianças em papéis de liderança. Mulheres e crianças manifestavam com falar em línguas, profetizar e liderança reuniões. Os Camisards viram isto como um sinal divino de aprovação à sua resistência. Foi relatado que as crianças, em particular, falavam em línguas estrangeiras, o que interpretaram como um sinal de julgamento sobre o rei francês e a Igreja Católica.

Escola de Princeton

A Escola de Princeton, princetonianismo ou a teologia de Princeton foi uma vertente teológica reformada e presbiteriana centrada no Seminário Teológico de Princeton, desde a sua fundação em 1812 até a década de 1920. Os princetonianos apresentaram-se como os guardiões da ortodoxia reformada, embora fossem frutos da modernidade do século XIX.

Os teólogos de Princeton, incluem Archibald Alexander, Charles Hodge e B. B. Warfield, aderiram a uma mistura de confessionalismo calvinista presbiteriano, um evangelicalismo conversionista e uma retórica erudição. Possuíam um apreço pelo contexto americano, uma combatividade contra pensamentos e movimentos concorrentes, métodos positivistas e pressupostos da filosofia do senso comum escocês.

As origens de Princeton remontam ao Log College (1735) , uma escola durante o Primeiro Grande Despertar liderada por William Tennent, Sr. época foram treinados lá. O College of New Jersey surgiu do Log College em 1746.

O Seminário foi fundado em 1812 com o lema “Piedade do coração e aprendizado sólido”. O corpo docente inicial incluía Archibald Alexander , Samuel Miller e Charles Hodge. Archibald Alexander (1772-1851) era originário da Virgínia. Tinha experiência como presidente do Hampden-Sydney College e pastor antes de se tornar o primeiro professor do Seminário de Princeton. Samuel Miller (1769-1850) ingressou no corpo docente depois de servir como pastor na cidade de Nova York. Charles Hodge (1797-1878) ingressou no corpo docente em 1820, depois de estar entre os primeiros formandos do Seminário de Princeton.

Enraizados na tradição protestante reformada, os teólogos de Princeton viam-se como herdeiros do legado teológico de João Calvino. Antes de publicarem suas próprias teologias, como a Teologia Sistemática de Hodge, empregavam a dogmática de Francis Turretin como obra didática. A sua preferência pelos sistemas teológicos dos séculos XVI e XVII auxiliava no discurso de mantenedores das doutrinas tradicionais. Apesar de abraçarem a investigação científica, os teólogos mantiveram uma postura crítica em questões como o darwinismo, mesmo que seus expoentes, como B.B. Warfield, admitia um teísmo evolucionista.

Charles Hodge, estudou na Europa com Friedrich Schleiermacher e pautou a Escola de Princeton contra o que consideravam o liberalismo teológico e a “alta crítica” (crítica das fontes, no caso). Warfield articulou a doutrina da inspiração plenária verbal das Escrituras, defendendo sua inerrância.

A bibliologia de Princeton foi moldada através de embates polêmicos com exegetas crítico-históricos, pregadores revivalistas, teólogos arminianos-wesleyanos e quakers crentes no continuísmo. Os teólogos de Princeton formularam e propuseram firmemente uma versão de doutrinas para a inspiração verbal e a inerrância da Bíblia, afirmando que todas as referências nas Escrituras estavam isentas de erros em quaisquer matérias, de história a ciência. Pressupondo uma doutrina de inspiração mecânica, equiparavam as Escrituras à revelação divina, argumentando que a verdade poderia ser deduzida ou induzida diretamente da Bíblia. As doutrinas, consideradas absolutas, poderiam ser racionalmente destiladas das Escrituras, devido sua clareza e perspicuidade. A linguagem das Escrituras era considerada inequívoca, representando fielmente a realidade. A Revelação, vista como estática, era apreensível pelo senso comum. Os princetonianos viam a Bíblia como a fonte de princípios revelados, com versículos atomizados servindo como proposições a serem reorganizadas para transmitir verdades doutrinárias. Notavelmente, insistiram que nenhuma outra forma de discurso inspirado era necessária para a vida da igreja além das Escrituras canônicas.

A sua abordagem à apologética, exemplificada por Warfield, procurou demonstrar a crenças do calvinismo princetoniano através de argumentos racionais, ao mesmo tempo que reconhecia a necessidade da obra do Espírito Santo.

Os teólogos de Princeton, embora combatessem movimentos como o de Finney, Moody, Holiness e Pentecostal, , também valorizavam a experiência religiosa. Viam a teologia e a piedade como correlatas, lutando por um equilíbrio entre os elementos intelectuais e afetivos da fé cristã. Apesar disso, foram os fundadores do cessacionismo moderno como doutrina.

Os pincetonianos, embora cautelosos em relação a avivamentos, engajaram-se ativamente no evangelismo. Archibald Alexander e J.W. Alexander promoveram reuniões de eavivamentos, e a Sociedade Estudantil de Investigação sobre Missões de Princeton contribuiu significativamente para o atividades missionárias. O próprio presbiterianismo no Brasil chegou via missionários e pastores influenciados ou aderentes à teologia de Princeton.

As ideias dos princetonianos foram difundidas por periódicos, incluindo o Biblical Repertory e The Princeton Theological Review (1825-1929). As “Stone Lectures” de Abraham Kuyper em 1898 integraram as agendas do princetonianismo com muitos aspectos do neocalvinismo kuyperiano holandês, especialmente sobre uma interação informada com a cultura ampla.

Marcante para o método de produção teológica dos princetonianos era a polêmica. Constantemente estavam em controvérsia com pensamentos divergentes. No início, atacavam os movimentos da região de fronteira — os presbiterianos cumberland, metodistas, os batistas, o movimento restauracionista Campbell-Stone e o avivalismo de Finney. Direcionavam também suas polêmicas mesmo contra reformados, como a teologia de Mercerburg e a teologia de New Haven, bem como preferiam ignorar posições reformadas que discordavam de suas doutrinas, principalmente a 2a Confissão Helvética e o Catecismo de Heildeberg . Mais tarde, atacariam o evangelho social, os irmãos, o movimento de Moody, os acadêmicos bíblicos, o movimento de santidade, o movimento pentecostal, dentre outros.

Nos anos 1920, o Seminário Teológico de Princeton estava envolvido na controvérsia fundamentalismo-liberalismo. Como consequência, nas décadas seguintes os que se consideravam representantes da ala conservadora acabaram saíndo e formando o Westminter Theological Seminary.

BIBLIOGRAFIA

DeBie, Linden J. Speculative Theology and Common-Sense Religion: Mercersburg and the Conservative Roots of American Religion. Vol. 92. Wipf and Stock Publishers, 2008.

Mikoski, Gordon S., and Richard Robert Osmer. With piety and learning: The history of practical theology at Princeton Theological Seminary 1812-2012. Vol. 11. LIT Verlag Münster, 2011.

Nelson, John Oliver. The rise of the Princeton theology: a genetic study of American Presbyterianism until 1850. Yale University, 1935.

Osterhaven, M. Eugene”The Experientialism of the Heidelberg Catechism and Orthodoxy,” in Controversy and Conciliation, ed. Derk Visser (Allison Park, Penn.: Pickwick Publications, 1986, 197-203.

Quebedeaux, Richard. The Worldly Evangelicals. San Francisco: Harper & Row Publishers, 1978.

Sandeen, Ernest “Princeton Theology: One Source of Biblical Literalism in American Protestantism,” Church History 31 (September
1962):319 n. 6.

Stewart, John William. The tethered theology: biblical criticism, common sense philosophy, and the Princeton theologians, 1812-1860. University of Michigan, 1990.

Averroísmo

O Averroísmo é uma escola de pensamento filosófico que surgiu nos séculos XII e XIII e se baseia nas obras do filósofo andaluz Averróis (Ibn Rushd). Averróis (1126-1198) foi um prolífico comentarista de Aristóteles e seu trabalho desempenhou um papel significativo na transmissão do pensamento aristotélico ao Ocidente latino.

O Averroísmo é caracterizado pela sua ênfase na razão e pela sua crença na unidade do intelecto. Os averroístas argumentam que existe apenas um intelecto que é compartilhado por todos os seres humanos. Isto significa que as almas individuais não têm o seu próprio intelecto, mas antes participam do único intelecto universal.

Os averroístas também acreditam que o mundo é eterno e que não existe imortalidade individual. Em vez disso, argumentam que apenas o intelecto é imortal e que as almas individuais são reabsorvidas no intelecto universal após a morte.

O Averroísmo foi um movimento controverso na sua época e foi condenado tanto pela Igreja Católica como pelas autoridades islâmicas. No entanto, também teve uma influência profunda no pensamento ocidental, e as suas ideias foram posteriormente reavivadas por pensadores renascentistas como Marsilio Ficino e Baruch Spinoza.

A primazia da razão era cental para os averroístas. A razão é o principal meio de aquisição de conhecimento e que deve ser usada para orientar a ação humana.

Os Averroistas argumentam a A unidade do intelecto. Existe apenas um intelecto que é compartilhado por todos os seres humanos.

Os averroístas acreditavam que o mundo é eterno e que não houve começo nem fim para o tempo.

Os Averroistas argumentam que apenas o intelecto é imortal e que as almas individuais são reabsorvidas no intelecto universal após a morte.

A ênfase de Averróis na razão e na filosofia levou ao desenvolvimento da doutrina da “dupla verdade”, sugerindo que existem verdades de fé e verdades de razão, e estas às vezes podem estar em tensão. Este seria um dos princípios fundamentais do Averroísmo. Esta doutrina afirma que existem duas verdades diferentes: uma que é revelada pela fé religiosa e outra que é descoberta pela razão. Averróis argumentou que estas duas verdades não são necessariamente contraditórias, mas que podem por vezes levar a conclusões diferentes.

Essa doutrina da dupla verdade fundamentou a exploração da teologia dos atributos de Deus pela escolástica medieval. Assim, mesmo admitindo que a linguagem e intelecto humano seriam limitados, seria racional discutir sobre a natureza de Deus para informar a fé. Portanto, questões como Deus pode ser simultaneamente eterno e imutável, ou onipotente e onibenevolente, único e triúno seriam passíveis de inquirição teológica.

Alguns Averroístas, como Siger de Brabante, aplicaram esta ideia à teologia cristã, sugerindo que certas verdades filosóficas poderiam estar em desacordo com as doutrinas religiosas.

O Averroísmo promoveu a ideia de autonomia intelectual, afirmando que a razão poderia chegar às verdades independentemente da revelação. Esta noção levantou preocupações entre os teólogos cristãos sobre a potencial subordinação da fé à razão.

A interpretação de Averróis das opiniões de Aristóteles sobre a alma, sugerindo um intelecto único e eterno para todos os humanos, entrou em conflito com as doutrinas cristãs da imortalidade individual.

Alguns pensadores cristãos, como Tomás de Aquino, envolveram-se em debates com os averroístas sobre a natureza da alma e a compatibilidade da filosofia aristotélica com as crenças cristãs.

Apesar das tensões, o Averroísmo teve um impacto significativo na escolástica cristã medieval. Estudiosos cristãos, incluindo Tomás de Aquino, engajaram-se nas ideias averroístas para integrar o pensamento aristotélico na teologia cristã.
Tomás de Aquino, embora crítico de algumas posições averróis, procurou reconciliar certos aspectos da filosofia de Averróis com a doutrina cristã, particularmente no domínio da teologia natural.

A influência do Averroísmo levou a condenações. Em 1277, o bispo de Paris condenou várias proposições averroístas. A condenação papal de 219 proposições em 1277, conhecida como Condenações de Paris, incluía condenações de certas ideias averroístas.

Na Renascença e em períodos posteriores, alguns pensadores cristãos revisitaram as ideias averroístas. No entanto, foram feitos esforços para distinguir entre o Averroísmo como método filosófico e proposições teológicas específicas que podem ser incompatíveis com a doutrina cristã.

A relação entre o Averroísmo e a teologia cristã envolveu uma complexa interação de influência, tensão e tentativas de reconciliação. Embora as ideias averroístas inicialmente suscitassem preocupações e enfrentassem condenações, elas também desempenharam um papel na formação do desenvolvimento da escolástica cristã medieval. Os compromissos posteriores com o Averroísmo refletiram esforços para navegar na relação entre razão e fé no contexto da teologia cristã.

Bond van Vrije Evangelische Gemeente

A Bond van Vrije Evangelische Gemeente, ou a Liga das Congregações Evangélicas Livres (VEG) são um a denominação protestante holandesa na tradição das igrejas livres.

A história do VEG remonta a meados do século XIX, quando congregações independentes surgiram ao lado da Igreja Reformada Holandesa e da Secessão de 1834. Figuras notáveis como Jan de Liefde, Hermanus Willem Witteveen e Hubert Jacobus Budding desempenharam papéis significativos na formação inicial do movimento.

A Liga das Congregações Evangélicas Livres foi instituído em 1879, unindo inicialmente cinco comunidades. Foi influenciada pelo ministério de D. L. Moody, Ira Sankey e pelo movimento de Keswick. Desde seu início adotou uma postura não credal, valorizando o evangelismo.

Sua forma congregacional é baseada na independência, sem um sínodo ou estrutura de autoridade sinodal. Localmente, é governada por um corpo de presbíteros e diáconos. Influenciado pelo movimento Réveil do século XIX e vários reavivamentos evangélicos, o VEG também mostra influências do Movimento Litúrgico em algumas congregações.

O VEG tem afiliações com organismos internacionais como a Federação Internacional de Igrejas Evangélicas Livres, a Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas e o Conselho de Igrejas na Holanda. Eles também mantêm conexões com outras denominações protestantes, como os batistas na Holanda. Os VEG valorizam sua independência e enfatizam seus propósitos missionários e evangélicos.

Teologicamente é uma denominação evangelical aberta e não credal (ou seja, ser aderir a confissões de fé como instrumento normativo). Seu motto presente no selo denominacional descreve sua fé comum “ICHTUS: Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.” Por sua vez, é expandido como “Jesus Cristo, o Filho de Deus, como foi prometido no Antigo Testamento e revelado no Novo Testamento, como o Cabeça da Igreja e o Salvador do mundo.”

Celebram a Santa Ceia e o batismo. O batismo é tido como simbólico, podendo ser ministrado a filhos de membros ou para adultos, embora essa última posição prevaleça. Contudo, reconhece como válido os batismos adulto e infantil de outras denominações reformadas e evangélicas holandesas.

Movimento de Santidade

O Movimento Holiness ou Movimento de Santidade surgiu em meados do século XIX na América do Norte como uma resposta à percepção da morte espiritual e à prevalência do pecado na sociedade americana.

Sua crença principal era no conceito de “perfeição cristã” ou “inteira santificação”, que ensinava que, por meio da obra do Espírito Santo, um cristão poderia ser totalmente purificado de todo pecado e capacitado para viver uma vida de santidade, sem ter desejo de pecar mais. Algumas vertentes ensinava que essa inteira santificação ocorria em um momento específico e dramático, mas distinto da experiência de conversão. Esse ensinamento enfatizava a necessidade de santidade pessoal e era visto como um chamado ao discipulado radical.

O engajamento social também foi um aspecto fundamental do Movimento de Santidade, pois seus membros acreditavam na importância da justiça social e da reforma. Eles estavam envolvidos em várias causas sociais, como temperança, abolicionismo e sufrágio feminino, e muitos acreditavam na ideia de “santidade social”, o que significava que a santidade individual deveria ser expressa por meio da ação social.

As práticas devocionais no Movimento de Santidade incluíam oração, estudo da Bíblia e reflexão pessoal, bem como o uso de várias disciplinas espirituais, como jejum e registro no diário. Eles também enfatizaram a importância da adoração corporativa e da comunhão.

O Reavivamento Metodista, liderado por John Wesley, foi uma influência significativa no Movimento de Santidade. Wesley ensinou o conceito de “perfeição cristã”, e sua ênfase na santidade pessoal e no engajamento social forneceu uma base para o Movimento de Santidade.

A vertente de Vida Superior dentro do Movimento de Santidade enfatizou a importância de uma segunda obra de graça, que poderia levar a uma experiência mais profunda da perfeição cristã. Este ensinamento tornou-se um ponto significativo de controvérsia dentro do Movimento de Santidade.

Historiadores como Vinson Synan, Donald Dayton e Edith Blumhofer conectaram o Movimento de Santidade com o Movimento Pentecostal. Eles argumentam que o Movimento de Santidade forneceu uma base teológica e experimental para o Movimento Pentecostal, que surgiu no início do século XX. A ênfase na santidade pessoal e na experiência do Espírito Santo foram conexões fundamentais entre os dois movimentos. Além disso, o Movimento de Santidade forneceu uma rede de líderes e instituições que ajudaram a espalhar a mensagem pentecostal. Por fim, a hinódia do movimento de Santidade constituiria grande parte dos hinos entoados pelas vertentes pentecostais clássicas.

Principais Líderes:

Phoebe Palmer
William Boardman
Hannah Whitall Smith
William Booth

Associações do século XIX:

Associação Nacional de Santidade (fundada em 1867)
Convenção de Keswick (fundada em 1875)

Denominações Atuais:

Igreja do Nazareno
O Exército de Salvação
Igreja de Deus (Anderson, Indiana)
Igreja Metodista Livre
Igreja Evangélica Santidade
Aliança Cristã e Missionária
Igreja Wesleyana
Igreja Peregrina da Santidade

Fribaptistsamfundet

Fribaptistsamfundet ou União Batista Livre foi uma denominação batista primitivista sueca que existiu entre 1872 e 1992, iniciada pela pregação de Helge Åkeson.

Helge Åkeson (1831-1904) foi um membro da Igreja da Suécia de tendências pietistas e na década de 1850 aderiu aos batistas. Começou a pregar, mas logo teve conflitos na União Batista Sueca por suas posições doutrinárias. Não acreditava que a crença na trindade deveria ser exigida como critério de participação na Igreja. Pacifista, recusava o serviço militar. Argumentava que os ministros não deveriam receber salários, deveriam manter-se com trabalhos seculares e serem ordenados sem requisitos educacionais. Ensinava que o tormento dos condenados não era eterno, mas temporalmente limitado. A expiação seria objetiva e não penal ou vicária.

A Fribaptistsamfundet ganhou seguidores principalmente em Scania, Gotland, Dalarna, Västmanland e Västergötland. No início de 1900, a denominação teve seu auge com cerca 5.000 membros. Enfatizavam o não credalismo, o pacifismo e o ministério leigo.

Em 1994, a União Batista Livre fundiu-se com a União de Santidade (Helgelseförbundet), e em 1997 fundiu-se com a Missão Örebro para formar a Igreja Evangélica Livre na Suécia. Antes da fusão, havia cerca de 30 congregações e 1.000 membros.

Missionsvännerna

Os Amigos da Missão ou Mission Friends, Missionsvännerna foi um movimento avivalista de tendência pietista radical na Suécia e entre os escandinavo-americanos na América do Norte.

Formaram várias denominações protestantes e suas sociedades missionárias escandinavas e na América do Norte, sem contar igrejas plantadas ao redor do mundo.

Os Mission Friends tiveram origem nos movimentos de reforma espiritual fundados por leigos dentro da Igreja Luterana da Suécia a partir da metade do século XIX, particularmente os ensinamentos dos pietistas suecos Paul Petter Waldenström, Carl Olof Rosenius e Peter Fjellstedt. Um líder, Fredrik Franson, fortemente influenciado por Moody, promoveu missões e avivamentos.

Alguns dos Mission Friends formaram um grupo separado conhecido como o Free Free (fria fria), que antecipou a prática de profecias, falar em línguas e curas do pentecostalismo.

Entre as denominações herdeiras desse movimento estão Evangeliska Fosterlands-Stiftelsen (EFS, um movimento interno da Igreja da Suécia), Evangeliska frikyrkan (batistas renovados escandinavos), Missão da Aliança Evangélica, Converge, De Frie Evangeliske Forsamlinger, Independent Assemblies of God International, Fellowship of Christian Assemblies, Svenska Alliansmissionen, Equmeniakyrkan, Igreja Evangélica da Aliança, Igreja Evangélica Livre da América, a União de Santidade Sueca, as Assembleias de Deus brasileiras e outros movimentos pentecostais de matriz escandinava.