Tributos na Bíblia

A tributação na Antiguidade era espécie, trabalho ou moedas. Há diferenças nas formas de tributação entre o período pré-exílico (idades do Bronze e do Ferro) e o período imperial do Segundo Templo.

Em todo o Antigo Oriente Próximo os santuários ocupavam muito da função do Estado e do mercado. Eram responsáveis para ajuntar e redistribuir o excedente da produção agrícola. Davam ofertas voluntárias, socialmente incentivadas ou compulsórias de metais preciosos (moeda surge bem mais tarde), bens, animais e produção agricolas em sacrifício ou como tributos de louvor. Cabia aos sacerdotes e outros funcionários do templo parte das ofertas. Não havia separação entre o que era tributo ao Estado e que era destinado ao culto, servindo para coletar diferentes formas de tributos.

Um imposto sobre rendimentos cobria políticas públicas, redistribuição ou manutenção dos santuários. Em Betel, Jacó comprometeu a dar 10% de seus ganhos (Gn 28:20–22). José instituiu um imposto de 20% sobre a produção egípcia (Gênesis 47:20-26).

Entre os israelitas houve o Dízimo, 10% das produções agrícolas para manutenção dos santuários e levitas (Nm 18:21, 24), apoiar as festividades (Dt 14:22-27) e redistribuição aos pobres (Dt 14:28, 29). Parte da renda, as Primícias, também era coletada (Lev 27:30; Dt 18:3–18; Ex 23:19; 1 Sm 25:18; 2 Sm 16:1–2). Ainda havia mekhes (espólios) tributo pago aos sacerdotes com parte dos despojos de guerra (Nm 31:28, 37–41).

O mas, halakh era pedágio ou imposto de importação para o trânsito de mercadorias, nomades e importações. Era pago em dinheiro nos portões da cidade, portos, mercados, feiras de aldeias e postos de pedágio ao longo das rotas comerciais (1 Rs 10:15; Es 4:13, 20; 7:24). O dízimo pago por Abraão ao sacerdote-rei Melquisedeque (Gn 14:18-20) foi esse tributo ou o tributo sobre espólios de guerra.

Tributos de vassalagem garantia a paz com estados mais poderosos. O nagas, tributos exigidos por conquistadores, como Menaém e Jeoiaquim pagaram (2 Rs 15:19–20; 23:35), e Davi cobrou dos vizinhos (2 Sm 8:1-15). Nagas significa opressão.

A corveia é o tributo pago com trabalho. Salomão recrutou 30.000 homens de Israel para trabalhar em suas obras(2 Sm 20:24;1 Rs 5:13–16; 9:20–22; 2 Rs 12:6–15). Também instituiu um tributo per capita, bem como um imposto de renda pago em farinha, farinha, gado, ovelhas, aves e outras provisões.

Pesados ​​impostos levaram à divisão do reino em Israel e Judá em 880 aC. quando as tribos do norte se rebelaram contra Roboão (1 Cr 10).

Os Tributos da Era do Segundo Templo. Pagamentos para os dominadores, governo israelita e templo.

  • Tributum soli: tributos sobre propriedade rural (ou sua produção) ou urbana.
  • Tributum capitis ou apographe (recenseamento) por indivíduo, cobrado nos censos, (Lc2:1-5; At 5:37), fixado em um denário ou na moeda chamada kenso (censo) (Mt 22:19), equivalente a uma diária.
  • Os judeus pagavam anualmente o Imposto do templo (Ne 10:32-33): meio siclo em prata. Equivalia a dois dracmas gregos ou dois denários romanos, cerca de duas diárias (Tobias 5:15; Mt 20:2).
  • Após a destruição do templo em 70 EC, Vespasiano converteu-o em fisco judeu pago a Roma.

No geral, a carga tributária era pesada. Os governantes estrangeiros, dos selêucidas em diante, exigiam 1/3 dos grãos, ½ de dos frutos e uma parte do Imposto do Templo. A carga tributária anual dos israelitas podia chegar a 40% da renda total.

A prebenda era um sistema de franquia para arrecadação. O coletor de impostos comprava o direito de cobrar tributos em determinada área. Levi, discípulo de Jesus (Mc 2:13-17; Lc 5:27-32) chamado Mateus Mt 9:9-13) e Zaqueu (Lc 19:1-10) eram coletores. A pesada tributação, corrupção e aliança com o poder estrangeiro tornaram os cobradores de impostos (publicanos) odiados entre os israelitas.

Os textos cristãos, canonizados após a queda de Jerusalém, preconizava o pagamento de impostos. (Mt 17:24-27; 22:17-21; Romanos 13:6-7).

BIBLIOGRAFIA

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Udoh, Fabian E. To Caesar What Is Caesar’s: Tribute, Taxes, and Imperial Administration in Early Roman Palestine. Brown Judaic Studies, 2020.

Ensinamentos de Silvano

Os Ensinamentos de Silvano é uma obra não canônica, encontrada na Biblioteca de Nag Hammadi contendo uma série de ditos de “sabedoria”. Os ensinamentos são atribuídos sob pseudônimo a certo “Silvano”, talvez uma sugestão que fosse Silas, companheiro de viagem de Paulo.

Os Ensinamentos de Silvano foram descobertos em 1945 em um manuscrito datado do século IV. Contudo, a composição do texto, compilado por vários autores remonta de 165 a 350 d.c. Menciona três evangelhos, o corpus paulino, 1 e 2 Pedro como Escrituras. Aparentemente são notas pessoais ou notas didáticas.

Apesar de alguns elementos e temas gnósticos, os Ensinamentos em sua totalidade não refletem uma doutrina gnóstica. Ainda mais, há elementos anti-gnósticos. São duas partes, reflentindo autorias diferentes. Na parte incial há influências judaicas, principalmente da Sabedoria de Salomão, filosofias estoicas e platônicas, além de paralelos com Clemente de Alexandria. Na parte tardia há elementos origenistas, discute a relação entre o Pai e o Filho, além de uma teologia do Logos.

Demonologia

Demonologia, em termos teológicos, é o estudo de entidades malignas, demônios ou espíritos malignos dentro do contexto da crença cristã. Examina sua natureza, origens, atividades e sua relação com Deus, a humanidade e o reino espiritual.

A demonologia investiga a compreensão teológica dos espíritos malignos ou demônios, conforme descritos na Bíblia e na tradição cristã. Ele explora sua existência, características e influência sobre os seres humanos e o mundo. Além disso, examina suas interações com Deus, anjos e seres humanos, bem como seu papel na batalha espiritual cósmica entre o bem e o mal.

O estudo da demonologia utiliza vários métodos para examinar textos bíblicos, tradições teológicas, relatos históricos e testemunhos pessoais. Ele se envolve em exegese bíblica, analisando passagens que descrevem encontros com demônios e suas atividades. Também se baseia em fontes teológicas e históricas, incluindo os escritos de teólogos, pais da igreja e místicos cristãos. Além disso, incorpora análise crítica e discernimento para distinguir entre fenômenos espirituais genuínos e influências enganosas.

Tópicos principais:

  • Natureza dos Demônios: explora a natureza e a essência dos demônios. Ele examina sua origem, seja como anjos caídos ou espíritos desencarnados, e suas características e habilidades distintas. Isso inclui seus poderes sobrenaturais, influência nas vidas humanas e táticas enganosas.
  • Relatos das Escrituras: investiga relatos bíblicos de possessão demoníaca, exorcismo e guerra espiritual. Investiga narrativas e ensinamentos do Antigo e do Novo Testamento que envolvem encontros com demônios, como as descrições dos exorcismos de Jesus nos Evangelhos.
  • Guerra Espiritual: enfoca a batalha espiritual entre o bem e o mal, incluindo as atividades dos demônios em tentar, oprimir e enganar os seres humanos. A demonologia explora a resposta cristã à guerra espiritual, enfatizando a autoridade e o poder de Cristo e as armas da armadura espiritual descritas em Efésios 6:10-18.
  • Libertação e Exorcismo: aborda a prática de libertação e exorcismo, que envolve a expulsão de demônios de indivíduos ou lugares por meio de oração e autoridade espiritual. Ele explora os princípios, diretrizes e controvérsias que cercam essas práticas dentro da teologia e ministério cristãos.
  • Implicações teológicas: cruza com outras áreas da teologia, como angelologia, soteriologia e escatologia. Ele considera as implicações da atividade demoníaca na salvação humana, a obra redentora de Cristo e a derrota final do mal no cumprimento escatológico.
  • Discernimento e Disciplinas Espirituais: enfatiza a importância do discernimento e das disciplinas espirituais para reconhecer e resistir às influências demoníacas. Ele explora práticas como oração, jejum, estudo das escrituras e confiança no Espírito Santo para discernir e combater o engano espiritual.

A demonologia procura fornecer uma compreensão abrangente da natureza e influência dos demônios dentro da cosmovisão cristã. Destina-se a equipar os crentes com conhecimento e discernimento para reconhecer e responder à atividade demoníaca à luz da autoridade e vitória de Jesus Cristo. Também enfatiza a importância do discernimento espiritual, da oração e da confiança na orientação e proteção de Deus ao navegar no reino espiritual.

Judaismo enoquita

O judaísmo enoquita é um conceito desenvolvido por pesquisadores para referir-se às crenças e práticas de algumas vertentes do judaísmo do Segundo Templo.

Uma tendência purista de judeus esposava um dualismo cósmico entre o bem e o mal, a onipotência de Deus, fatalismo, a identificação da impureza com o mal e um sectarismo.

A literatura enoquiana sumariza as crenças dessa vertente. Para esses grupos (considerando que não utilizavam o termo “enoquiano” como autodesignação) reverenciava a figura do patriarca Enoque. Criam que anjos caídos trouxeram o mal ao mundo.

Os enoquianos acreditavam que a restauração da ordem de Deus ainda era um evento futuro.

BIBLIOGRAFIA

Gabriele Boccaccini, Giovanni Ibba, eds. Enoch and the Mosaic Torah: The Evidence of Jubilees. Grand Rapids: Eerdmans, 2009

Teologia Própria

A Teologia Própria, também conhecida como “Paterologia”, “Teo-Ontologia” ou “Teologia de Deus”, é um ramo da teologia sistemática que se concentra no estudo de Deus. Procura compreender a natureza, os atributos e a existência de Deus. Aqui está um resumo da Teologia Própria, incluindo seu escopo, métodos e tópicos principais:

A teo-ontologia explora as questões fundamentais sobre a natureza de Deus, examinando conceitos como a existência de Deus, atributos divinos, relacionamento com o mundo e interação com a humanidade. Procura desenvolver uma compreensão coerente de quem é Deus e como Deus se relaciona com a criação.:
O estudo da Teologia Própria emprega vários métodos e abordagens. Isso pode incluir raciocínio filosófico, exegese bíblica, análise histórica e envolvimento com as tradições teológicas. O uso da razão, revelação e experiência são muitas vezes integrados para desenvolver uma compreensão abrangente de Deus.

Tópicos principais:

  • Existência de Deus: Teologia propriamente dita investiga argumentos para a existência de Deus, como argumentos cosmológicos, teleológicos, morais e ontológicos. Aborda questões sobre a natureza da existência divina e a relação entre Deus e o mundo criado.
  • Atributos de Deus: explora as qualidades ou atributos atribuídos a Deus, como a onisciência, onipotência, onipresença, eternidade, imutabilidade e amor de Deus. A teologia adequada procura entender esses atributos e suas implicações para a natureza e as ações de Deus.
  • Trindade: investiga a natureza de Deus como um Deus em três pessoas: Pai, Filho (Jesus Cristo) e Espírito Santo. Examina o fundamento bíblico, o desenvolvimento histórico e as implicações teológicas da doutrina da Trindade.
  • Providência Divina: considera o conceito da providência de Deus, que explora como Deus interage e governa a ordem criada. Examina a relação entre a soberania divina e a liberdade humana, explorando questões relacionadas à vontade de Deus, agência humana e o problema do mal.
  • Deus e a Criação: exame da relação de Deus com o mundo criado. Ele explora tópicos como criação, providência, sustento e o propósito divino para o universo.
  • Revelação Divina: o conceito de revelação divina, que envolve como Deus se dá a conhecer à humanidade. Explora os meios e modos de revelação, como escritura, natureza, razão e experiências pessoais de encontro com Deus.

Soteriologia

Soteriologia, vem do grego σωτήρ sōter, ‘salvador’ , ‘sustentador’ e λόγος lógos, ‘fala’ ou ‘discurso’, denota a subdisciplina e loci teológico acerca da doutrina da salvação das pessoas e da nova criação.

Tópicos comumente tratados sob a soteriologia incluem:

  • Expiação e reconciliação: O estudo de como a morte de Jesus Cristo traz a reconciliação entre Deus e a humanidade, abordando questões de sacrifício, perdão e redenção.
  • Graça: O conceito de favor divino imerecido e seu papel no processo de salvação. Isso inclui discussões sobre graça preveniente, graça salvadora e graça santificante.
  • Justificação: A compreensão teológica de como os indivíduos são justificados diante de Deus. Este tópico explora o papel da fé, das obras e da justiça imputada de Cristo.
  • Fé: O significado da fé no processo de salvação, incluindo discussões sobre a natureza e o papel da fé, sua relação com as obras e os diferentes entendimentos da fé dentro de diferentes tradições teológicas.
  • Regeneração: O renascimento espiritual ou renovação de um indivíduo através da obra do Espírito Santo. Isso inclui discussões sobre a natureza da regeneração, sua conexão com o batismo e seus efeitos na vida de uma pessoa.
  • Conversão: A experiência de se voltar para Deus e abraçar a fé em Jesus Cristo. Este tópico explora o processo de conversão, incluindo arrependimento, fé e os efeitos transformadores da conversão na vida de uma pessoa.
  • Ordem salvação (ordo salutis) ou via de salvação (via salutis) dos meios e processos de salvação.
  • Eleição e Predestinação: As doutrinas teológicas concernentes à soberana escolha e presciência de Deus na salvação de indivíduos e corporativamente, bme como a vontade de Deus em relação à liberdade humana.
  • Ética e dimensões políticas da salvação.
  • Escatologia: O estudo do destino final da humanidade e o cumprimento do plano de salvação de Deus. Isso inclui discussões sobre tópicos como céu, inferno, julgamento final e ressurreição dos mortos.
  • Universalismo vs. Particularismo: O debate teológico sobre a extensão da graça salvadora de Deus. O universalismo entende que grande parte (ou todos) possuem chances de salvação, enquanto o particularismo sustenta que a salvação é limitada a um grupo específico de pessoas.
  • Soteriologia Comparada: O estudo comparativo da salvação em diferentes tradições religiosas, examinando semelhanças e diferenças em crenças, práticas e entendimentos da salvação.

Dentre os focos, as teologias ortodoxa, anabatista, pietista, wesleyiana tendem a focar aspectos de soteriologia transformativa, enquanto as teologias reformadas (calvinistas, arminianas, neo-ortodoxas) e confessionalismo luterano tendem a salientar o polo de soteriologia forense. Já no meio desse contínuo estão as teologias Keswickiana e pentecostais clássicas.

Os verbetes sobre soteriologia podem ser encontrados nesse link.

Emenda conjectural

A emenda conjectural, nos campos da filologia e dos estudos bíblicos, refere-se ao ato de fazer correções especulativas ou hipotéticas ou alterações em um texto para resolver erros, inconsistências ou dificuldades percebidas.

Envolve propor emendas ao texto original com base no julgamento do estudioso, no conhecimento do idioma e no contexto, em vez de confiar apenas nas evidências existentes no manuscrito.

A emenda conjectural é normalmente empregada quando a evidência disponível do manuscrito contém erros, omissões ou passagens ininteligíveis que impedem uma interpretação ou compreensão satisfatória do texto.

O propósito das emendas conjecturais é para tornar o texto mais coerente, significativo ou alinhado com a gramática, sintaxe ou estilo esperado da linguagem. No entanto, a emenda conjectural é uma prática altamente especulativa e subjetiva. Envolve a introdução de mudanças no texto original sem evidências manuscritas diretas para apoiá-las. Consequentemente, as emendas conjecturais devem ser abordadas com cautela e consideradas como propostas hipotéticas e não como soluções definitivas.

Exemplos de emenda conjectural em estudos bíblicos abundam. Na produção do Textus Receptus, Erasmo retroverteu da Vulgata parte do Apocalipse, visto que não dispunha manuscritos gregos completos. A única emenda conjectural na edição grega Nestlé-Aland 28 é em 2 Pedro 3:10.

Hapax legomenon

Um hapax legomenon (plural: hapax legomena) em linguística e análise literária refere-se a uma palavra ou frase que aparece apenas uma vez em um determinado contexto, obra do autor ou dentro de um corpus específico de textos.

O termo “hapax legomenon” é derivado do grego, com “hapax” significando “uma vez” e “legomenon” significando “dito”.

Em outras palavras, um hapax legomenon é um item lexical que carece de uso ou frequência significativa em um idioma ou corpo de literatura, pode ser encontrado em vários idiomas, incluindo textos antigos e modernos.

O estudo de hapax legomena é importante em campos como lingüística, filologia, estudos bíblicos e análise literária. Essas palavras únicas são difíceis de conhecer significados, origens e possíveis interpretações. Hapax legomena pode representar desafios para os tradutores, pois sua ocorrência rara dificulta o estabelecimento de traduções precisas com base no uso ou contexto conhecido.

Nos estudos bíblicos, por exemplo, a identificação e interpretação de hapax legomena em textos antigos pode fornecer pistas sobre o contexto histórico e cultural em que os textos foram escritos. Essas palavras únicas geralmente requerem uma análise cuidadosa e comparação com idiomas relacionados ou fontes antigas para descobrir seus significados e significados pretendidos.

No Antigo Testamento há cerca de 1.500 hapax legomena. Contudo, apenas 400 são termos absolutamente únicos, ou seja, suas raízes não podem ser derivadas ou em seu significado são desconhecidos. As 1.100 restantes, embora apareçam apenas uma única vez, podem ser facilmente deduzidas de outras palavras existentes.

O Novo Testamento grego contém 686 hapax legomena, dos quais 62 deles ocorrem em 1 Pedro e 54 ocorrem em 2 Pedro.

Um exemplo, epiousios, traduzido para o português como ″diário″ na Oração do Senhor em Mateus 6:11 e Lucas 11:3, não ocorre em nenhum outro lugar em toda a literatura grega antiga conhecida.