Ascensão de Isaías

A Ascensão de Isaías é um texto pseudepígrafo que provavelmente foi escrito no início da era cristã, entre o final do século I e meados do século II aC. O texto está dividido em duas partes: o Martírio de Isaías e a Visão de Isaías, que descreve a jornada de Isaías pelos sete céus e seu encontro com vários seres angelicais.

Narra a história da morte de Isaías serrado ao meio por ordem do rei Manassés, bem como sua visão do Deus Triúno. Acredita-se que este texto tenha sido citado em Hebreus 11:37. A Ascensão de Isaías está incluída em algumas Bíblias etíopes, mas não é considerada canônica por nenhuma outra tradição cristã. Apesar disso, as tradições relacionadas ao trabalho foram influentes no início do período cristão e foram mencionadas por vários pais da igreja primitiva. No entanto, a Ascensão de Isaías foi vista como uma fonte de dogma herético pelo pai da igreja Epifânio em seus escritos, Panarion 50.2.2 e 67.3.4.

A Ascensão de Isaías provavelmente foi influenciada pelas tradições judaica e cristã, e teve um impacto no desenvolvimento do pensamento judaico e cristão.

No pensamento judaico, a Ascensão de Isaías pode ter influenciado o desenvolvimento do conceito de ascensão celestial, ou misticismo merkavah. Esta era uma tradição mística judaica que envolvia a ascensão visionária da alma à sala do trono de Deus. A Ascensão de Isaías também contém elementos da literatura apocalíptica judaica, que se preocupava com o fim do mundo e a vinda de uma figura messiânica.

No pensamento cristão, a Ascensão de Isaías teve um impacto significativo no desenvolvimento das primeiras crenças cristãs sobre a natureza de Cristo. O texto apresenta uma visão de Cristo que é tanto humano quanto divino, com o Cristo divino descendo do céu à terra e depois retornando ao céu. Essa visão de Cristo como um ser divino que desceu à terra e depois voltou ao céu ajudou a moldar as primeiras crenças cristãs sobre a encarnação e a ressurreição.

A Ascensão de Isaías também teve um impacto no desenvolvimento da angelologia cristã, ou o estudo dos anjos. O texto contém descrições detalhadas de vários seres angélicos, incluindo sua aparência e funções, que influenciaram o imaginário cristão.

O livro sobrevive em três manuscritos etíopes em língua Ge’ez e em fragmentos grego, copta, latim e antigo eslavo eclesiástico.

Independent Assemblies of God International

As Assembleias de Deus Independentes, Internacional ou Independent Assemblies of God International (IAOGI) é uma denominação pentecostal que se originou de um reavivamento durante a década de 1890 entre as comunidades batistas e pietistas escandinavas nos Estados Unidos.

Em 1918, a denominação foi organizada como as Assembleias de Deus Escandinavas nos Estados Unidos da América, Canadá e Terras Estrangeiras. Posteriormente, foi renomeado como Assembleias de Deus Independentes Internacionais após a fusão com outro grupo chamado Igrejas Pentecostais Independentes em 1935. A organização foi influenciada pelo movimento da Chuva Tardia e William Branham durante as décadas de 1940 e 1950, separando-se da rede de igrejas chamadas Fellowship of Christian Assemblies.

No início do século XX, a IAOGI tinha congregações na África, Canadá, Guatemala, Índia, México, Filipinas, Romênia e Estados Unidos.

As crenças da denominação incluem a Bíblia como a inspirada e infalível Palavra de Deus, a trindade, a salvação por meio de Jesus Cristo, o batismo na água por imersão, a cura divina, o batismo com o Espírito Santo e a segunda vinda de Jesus Cristo. O IAOGI não tem afiliação com outras denominações pentecostais como as Assembleias de Deus e defende um congregacionalismo radical, no qual nenhuma organização pode prevalecer sobre a igreja local.

Igreja Evangélica da Aliança

A Igreja Evangélica da Aliança (Evangelical Covenant Church ECC) é uma denominação protestante americana que foi formada em 1885 por imigrantes suecos que foram influenciados pelos movimentos pietistas e evangélicos. O ECC está comprometido com uma abordagem holística da fé cristã, enfatizando a importância da fé pessoal, da comunidade e da ação social. É conhecida por seu compromisso com o ecumenismo e sua ênfase na missão e no alcance. O ECC tem mais de 800 congregações e mais de 125.000 membros nos Estados Unidos e no Canadá. A ECC também é membro da Associação Nacional dos Evangelicais.

Beta Israel

Os Beta Israel (Casa de Israel) são um povo e comunidade de religão abraâmica originária da Etiópia.

Até recentemente chamados derrogatoriamente de falasha (exilados, em ge’ez), a religião dos Beta Israel é chamada de haymanot, sendo distinta do judaísmo rabínico.

Migrantes judeus vieram para a região da atual Etiópia em várias ondas, especialmente entre os séculos I e VI d.C. Apesar de lendas de um reino judaico na região, as evidências indicam que em cerca de 500 vilas nas montanhas do noroeste da Etiópia, os Beta Israel viveram praticamente lado a lado com etíopes cristãos e muçulmanos — com poucas regiões sendo predominantemente judias. Há uma diversidade interna grande entre as diferentes comunidades.

Suas escrituras sagradas consiste no Orit (possivelmente do termo aramaico para a Torá, Oraita), que corresponde ao Pentateuco, Josué, Juízes e Rute. Diferente dos outros judeus, o formato não é em rolo, mas em códex. Porém, leem outras escrituras, mas não com caráter canônico. Uma excepcionalidade entre os israelitas contemporâneos, há entre eles uma ordem monástica. Suas congregações são lideradas por um grupo de anciãos, os kessim.

Desconhecem a tradição rabínica e o talmud, possuem um calendário próprio e tradições que os vinculam tanto às comunidades judias egípcias quanto do sul da Arábia.

Celebraram Sigd, o da entrega da Torá. É celebrado com jejuns e subida a montanha mais alta da região e ouviam as passagens do canto kessim, particularmente o Livro de Neemias. À tarde, eles desciam para um banquete.

O consumo de carne era reservado para ocasiões especiais, como feriados e comemorações dos ciclos da vida. Os principais responsáveis ​​pelo abate de animais eram os sacerdotes (Qesotch ou Kessoch), seguidos pelos homens casados ​ familiarizados com as leis do abate ritual. O animal abatido é pendurado em uma árvore para remover seu sangue.

Vítimas de fome, proselitismo forçado e guerras, tentaram várias vezes realizar um êxodo rumo à terra prometida, mas quase sempre resultando em jornadas desastrosas.

Na década de 1970 foram reconhecidos como judeus por autoridades civis e religiosa do Estado de Israel. Várias operações levaram em massa a comunidade Beta Israel para evadir-se da guerra civil e da fome. Em Israel, políticas assimilacionistas geraram conflitos internos. No entanto, a comunidade se reestabeleceu. No começo do século XXI, viviam cerca de 160 mil em Israel e 12 mil na Etiópia.

BIBLIOGRAFIA

Salamon, Hagar. “Cutting into the Flesh of the Community: Ritual Slaughter, Meat Consumption, and the Transition from Ethiopia to Israel.” Studies in Contemporary Jewry 28 (2016): 110-125.

Ada Maria Isasi-Diaz

Ada Maria Isasi-Diaz (1943-2012) foi uma teóloga e eticista católica cubano-americana.

Por um tempo foi uma freira ursulina e esteve em missões no Peru e Espanha. De retorno aos Estados Unidos, desenvolveu um ministério pastoral em comunidades hispânicas em Nova Iorque.

Ada Maria Isasi-Diaz desenvolveu o conceito de teologia mujerista, que se concentra nas experiências de mulheres latinas. Seu livro “Teologia Mujerista: Uma Teologia para o Século XXI” (1996) argumenta que a teologia deve levar em conta as experiências das comunidades marginalizadas e que a espiritualidade deve estar conectada à justiça social.

Inferno

O Inferno é a tradução em português e outras línguas latinas para diversas palavras nos textos bíblicos:

  1. O seol em hebraico é o lugar dos mortos.
  2. O correspondente grego ao seol é o hades (Mt 11:23 e Lc 10:15).
  3. Na visão de mundo dos gregos, o tartaros é um local de sofrimento dos mortos. (2 Pedro 2:4).
  4. Em Grego Gehenna e hebraico ge-hinnom (vale de Hinom), um vale perto de Jerusalém. Apesar da escassa evidência, este lugar tem sido associado ao sacrifício de crianças a Moloque (2 Crônicas 28:3; 33:6) ou a um lixão e um lugar de queima. No Novo Testamento usa-o como uma metáfora ou símbolo para o lugar onde os pecadores serão enviados para o seu justo castigo.
    É chamado de lugar de escuridão (Mt 25:30; 2 Pe 2:17), bem como de lugar de fogo (Mt 5:22; 13:30-50).

PERSPECTIVAS TEOLÓGICAS

A partir desses termos, diversas posições teológicas são aplicadas ao inferno.

  1. Inferno punitivo e eterno: a punição é física, emocional e mental, com tortura por fogo real, separação irremediável, sofrimento eterno e justa retribuição. É a leitura dominante na teologia ocidental desde Agostinho para passagens como Is 66:22-24; Dn 12: 2-3; Mt 18: 6-9; 25: 31-46; Mc 9: 42-48; 2 Ts 1: 6-10; Jd 7, 13; Ap 14: 9-11; 20:10, 14-15. É criticada em termos de moralidade (Deus criar pessoas para a condenação eterna) e pelas leituras de passagens aniquilacionistas (2 Sm 14:14; Sl 37:10; 92:7; Ml 4:1-3)
  2. Inferno simbólico: interpretação que as referências bíblicas a fogo, dor, sede, escuridão, escravidão não devem ser interpretadas literalmente. O fogo e as trevas são antíteses, por isso ao menos uma delas deveria ser interpretada simbolicamente ou ambos são simbólicos.
  3. Inferno temporal ou purgatório. Duas subperspectivas. Uma é o purgatório, que para o catolicismo romano, quando as pessoas que morrem com ‘pecado mortal’ não perdoado (pecado grave que rompe um relacionamento com Deus) vão para o inferno, mas os crentes com ‘pecado venial’ (menos grave) vão para o purgatório para punição e limpeza pelo fogo. Depois de completamente purificados do pecado, as pessoas são liberta do purgatório e entram no céu em perfeição e assim evitam o inferno. A ênfase sobre essa doutrina diminuiu desde o Concílio Vaticano II e, em 1999, o Papa João Paulo II declarou que ‘o purgatório não indica um lugar, mas uma condição de existência’. Geymonat, C.S. Lewis e George MacDonald são alguns pensadores que conceberam alguma forma limitada de inferno. Alguns pensam que depois do purgatório as pessoas seriam ou admitidas no reino ou aniquiladas.
  4. Aniquilacionismo ou mortalismo. A posição da maioria dentro desta visão é que os não salvos são punidos no inferno por um período de tempo – pode ser um período de tempo muito longo – dependendo do grau de seu pecado, mas eventualmente eles perecem (morrem) no inferno. O fogo é eterno (queima para sempre) e o castigo do pecador é eterno (final). Uma posição minoritária é que os não salvos deixam de existir no momento da morte terrena e que o inferno é apenas para Satanás e seus demônios (Mt 25:41).

BIBLIOGRAFIA

Crockett, William V. Four Views on Hell. Grand. Rapids: Zondervan, 1996.

Fudge, Edward. The Fire That Consumes: A Biblical and Historical Study of the Doctrine of Final Punishment, Third Edition. Eugene, OR: Cascade, 2011.

Morgan, Christopher W.; Morgan Peterson, Robert A. eds. Hell under Fire: Modern Scholarship Reinvents Eternal Punishment. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2004.

Nel, Marius. “Rethinking hell from a classical Pentecostal perspective: Some ethical considerations.” Stellenbosch Theological Journal 7.1 (2021): 1-24.

Papaioannou, Kim. The Geography of Hell in the Teaching of Jesus. Eugene, OR: Pickwick, 2013.

“The Myth of the Burning Garbage Dump of Gehenna”. BiblePlaces. April 7, 2011.  http://blog.bibleplaces.com/2011/04/myth-of-burning-garbage-dump-of-gehenna.html.

Walls, Jerry L. Purgatory: The logic of total transformation. Oxford University Press, 2012.

Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular

A Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular (International Foursquare Gospel Church) é uma denominação pentecostal fundada pela pregadora canadense-americana Aimee Semple McPherson (1890-1944).

Influenciada pelo ministério de William H. Durham (1873-1912), na época em que viveu em Chicago e cooperou com a Assembleia italiana de W. Grand Avenue, partiu para China como missionária, onde faleceu seu primeiro marido. De volta aos Estados Unidos, iniciou um ministério de pregação itinerante e foi por um tempo ministra credenciada pelas Assembleias de Deus até 1922. No ano seguinte abriu o Angelus Temple em Los Angeles. Logo, abriu o L.I.F.E. College (hoje Life Pacific University) e um ministério de rádio (a primeira mulher a ser proprietária de uma emissora). Com os egressos de sua escola e rede de contatos formou em 1927 uma associação que se tornaria a Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular.

Aimée foi sucessida por seu Rolf K. McPherson (1944-1988) que com outros presidentes — John Holland (1988-1997), Harold Helms (1997-1998, interino), Paul Risser (1998-2004), Jared Roth (2004, interino), Jack Hayford (2004-2009), Glenn Burris Jr. (2009-2020) e Randy Remington (2020-presente) — fez a denominação alcançar diversas nações do mundo.

No começo do século XXI, a Igreja do Evangelho Quadrangular está presente em mais de cem países do mundo com mais de oito milhões de fiéis, quase 67.000 igrejas em 150 países.

No Brasil, o maior campo da denominação, teve início com cruzadas evangelística e de cura divina — a Cruzada Nacional de Evangelização — em São João da Boa Vista, SP, e Poços de Caldas, MG no início dos anos 1950. Foi iniciada pelos missionários americano Harold Edwin Williams e peruano Jesus Hermirio Vasquez Ramos.

Em 1952 a Cruzada estabeleceu-se na capital de São Paulo com envolvimento da Igreja Presbiteriana do Cambuci. As campanhas evangelística, rádio e cura — além de não aderir aos costumes típicos dos pentecostais clássicos brasileiros — caracterizou a Igreja do Evangelho Quandragular como um “Deuteropentecostalismo” ou “Pentecostalismo de Segunda Onda” no cenário do Brasil.

Teologicamente, a Igreja do Evangelho Quadrangular deriva-se da Teologia Obra Consumada, mas assumiu aspectos mais interdenominacionais e carismáticos ao diminuir a ênfase em distintivas pentecostais.

BIBLIOGRAFIA

Blumhofer, Edith L.  Aimee Semple McPherson. Everybody’s Sister. Eerdmans, Grand Rapids, 1993.

Van Cleave, Nathaniel. The Vine and the Branches. A History of the International Church of the Foursquare Gospel, International Church of the Foursquare Gospel, Los Angeles 1992.

Igreja dos Irmãos

O nome “Igreja dos Irmãos” ou “Igreja da Irmandade” é aplicado a diversos grupos cristãos, a maior parte deles sem relação entre si.

  1. Unidade dos Irmãos ou Igreja dos Irmãos Morávios: originários do movimento hussita no final da Idade Média.
  2. Irmãos Hutteritas: um grupo anabatista que compartilha os bens.
  3. Irmãos Suíços: denominação adotado pelos anabatistas suíços e do sul da Alemanha até a separação entre amish e mennonitas em 1693.
  4. Irmãos Mennonitas: um movimento de renovação entre mennonitas russos na década de 1860.
  5. Irmãos de Schwarzenau: grupos pietistas que traçam suas origens no ministério de Alexander Mack. Também chamados de Dunkers.
  6. Igreja dos Irmãos (Church of the Brethren): ramo dos Dunkers com sede em Elgin, Illinois, Estados Unidos.
  7. River Brethren (Irmãos do Rio): grupo anabatista-pietista formada na década de 1770 entre mennonitas outros pietistas de língua alemã nas margens do rio Susquehanna, na Pennsilvânia.
  8. Irmãos Evangélicos Unidos: ramo originário dos River Brethren.
  9. Igreja dos Irmãos: também conhecidos como Casa de Oração, Irmãos Cristãos, Darbistas, Irmãos de Plymouth, Assembleia de Irmãos, dentre outros. É um movimento primitivista com origens nas ilhas britânicas na década de 1820.