Litotes

Litotes é uma figura retórica que menospreza, desdenha ou diz algo negativo para afirmar uma verdade.
“Depois de quem saiu o rei de Israel? A quem você persegue? Um cachorro morto? Uma pulga?” (1 Samuel 4:14).
“Eis que as nações são como uma gota num balde, e são contadas como o pequeno pó na balança; eis que levanta as ilhas como uma coisa muito pequena” (Isaías 40:15).
“Sou judeu de Tarso, da Cilícia, cidadão de cidade humilde” (Atos 21:39).

Literatura Apocalíptica

A literatura apocalíptica é a um gênero literário que surgiu em tempos de angústia e incerteza, muitas vezes em tempos de opressão política ou religiosa. Apresenta um estilo de escrita altamente simbólico e visionário, com foco nas revelações divinas sobre o futuro, a ordem cósmica e o triunfo final do bem sobre o mal. A literatura apocalíptica visa fornecer esperança, encorajamento e um senso de intervenção divina em tempos de crise.

Embora a literatura apocalíptica compartilhe semelhanças com os escritos proféticos, existem diferenças distintas. As mensagens proféticas geralmente abordavam as preocupações imediatas de seu público e forneciam orientação para o presente, enquanto os escritos apocalípticos se concentravam em eventos escatológicos de longo prazo e no triunfo final de Deus. Os escritos proféticos abordavam principalmente a nação de Israel e seus líderes, enquanto a literatura apocalíptica geralmente tinha uma perspectiva cósmica protagonista individual que recebia revelações divinas.

Existem trechos apocalípticos, como Daniel 7. Essa passagem é uma visão de quatro bestas que representam reinos terrestres, seguido pelo surgimento do “Filho do Homem” que recebe um reino eterno de Deus. Um exemplo no Novo Testamento é Mateus 24, no qual Jesus discorre sobre os sinais do fim dos tempos, incluindo a destruição do Templo.

A literatura apocalíptica surgiu durante tempos de turbulência e perseguição, particularmente durante os períodos helenístico e romano. Esses escritos surgiram em resposta à opressão política, à dominação estrangeira, ao sincretismo religioso e ao desejo de intervenção divina. Os textos refletiam as ansiedades e esperanças do povo judeu, fornecendo uma estrutura para entender suas dificuldades atuais e vislumbrar uma futura restauração.

O auge da literatura Apocalíptica foi no Período do Segundo Templo, com vários exemplos:

  • 1 Enoque: Uma coleção de textos apocalípticos atribuídos a Enoque, descrevendo visões dos reinos celestiais, o julgamento vindouro e o destino dos justos e dos iníquos.
  • 2 Esdras (também conhecido como 4 Esdras): Uma obra apocalíptica judaica que aborda questões teológicas sobre teodicéia, o destino de Israel e a natureza do mal.
  • Apocalipse de João: O único livro apocalíptico canônico do Novo Testamento.
  • Apocalipse de Pedro: Uma obra pseudoepígrafa.

Elias Levita

Elias Levita (1469-1549) foi um filólogo e biblista judeu renascentista que fez contribuições significativas para o estudo da gramática e lexicografia hebraica.

Nascido na Alemanha, Levita era um membro proeminente da comunidade judaica ashkenazi.

A obra mais famosa de Levita é seu Meturgeman, um abrangente dicionário e gramática hebraico-aramaico. O Meturgeman foi publicado pela primeira vez em 1541 e rapidamente se tornou uma ferramenta essencial para os estudiosos do hebraico e do aramaico. Contém mais de 15.000 entradas, organizadas em ordem alfabética e inclui explicações detalhadas de estruturas gramaticais, bem como numerosos exemplos de como as palavras são usadas no contexto. O Meturgeman também inclui um índice abrangente de passagens bíblicas e rabínicas citadas no texto, tornando-o um recurso valioso para estudiosos da literatura judaica.

Além do Meturgeman, Levita também escreveu várias outras obras sobre gramática e lexicografia hebraica, incluindo um livro de gramática hebraica e vários comentários sobre textos bíblicos e rabínicos. Publicou uma Concordância em 1521.

Também foi autor de uma novela de cavalaria em iídiche, marcando o início literário dessa língua.

Levitas

Os levitas eram um grupo social envolvido em atividades cúlticas no Antigo Israel. Geralmente traçam suas origens na tribo de Levi, embora em algumas passagens o termo levita pareça ser uma descrição de função em vez de um nome tribal. Um levita que pertencia à tribo de Judá é mencionado em Juízes 17:7. Os gibenonitas e o netineus talvez sejam contatos entre os levitas.

Diferente das outras tribos israelitas, os levitas não receberam herdades territoriais, exceto suas cidades.

Os levitas realizavam funções sacerdotais (especialmente alguns clãs, como os mussitas, aarônidas e zadoquitas) administravam os locais de culto, os sacrifícios, os cânticos, bem como difundir a lei divina (Dt 17,18; Dt 33,10). No Deuteronômio, pressupõe uma atividade distribuída em várias vilas na Terra Prometidas, ainda que com cidades levíticas especiais (Js 21:1-42). No período Primeiro do Templo ocorre uma centralização em Jerusalém (2Rs 23:8-9; Ez 44:10-14-15; 1Cr 16:4-37; 2Cr 29:34). Duas coleções de salmos são atribuídas aos levitas, os de Asafe (Sl 50, 70-83) e os de Corá (Sl 42- 49).

No período exílico, os levitas mantiveram suas funções de administrar a lei (1Cr 23:4; 2Cr 19:8-11) e de ensiná-la ao povo (2Cr 17:7-9; 2Cr 35:3), atribuições continuadas no período do Novo Testamento (Lucas 10:32).

Os levitas, mais que outras tribos, possuem laços com o Egito. Hoffmeier (2005) observa que vários nomes levíticos, como Hofni, Hur, Merari, Mussi, Fineias, Moisés, Passur, Aarão (possivelmente), Aquira, Assir, Merari e Miriam, são de origens egípcias. Homan (2007) aponta que Arca da Aliança e o Tabernáculo também têm raízes egípcias, com semelhanças em seu design e práticas religiosas. Os egípcios transportavam um tabernáculo de campanha, com uma arca similar. Serafins e a vara de Aarão possuem paralelos egípcios. Essas conexões destacam a importância do Egito na formação da cultura israelita primitiva.

Esses paralelos substanciaram hipóteses de que os levitas tivessem origens egípicias. Friedman (2017) argumenta que os levitas foram os únicos israelitas a participar do Êxodo e depois fundiram-se às tribos cananeias das quais emergiram o Antigo Israel. Leuchter (2017) sugere que os levitas eram administradores e militares egípcios estacionados em Canaã que se tornaram líderes entre os israelitas, estabelecendo um santuário em Betel e Siló. Por mais que os israelitas considerassem somente as linhagens patrilineares, a tradição do Êxodo relata a fusão de “gente da terra” quando da saída do Egito, o Erev Rav.

BIBLIOGRAFIA

Friedman, Richard Elliott. The Exodus: How It Happened and Why It Matters. New York: HarperOne, 2017.

Hoffmeier, James K. Ancient Israel in Sinai: the evidence for the authenticity of the wilderness tradition. Oxford University Press, 2005.

Homan, Michael M. “The Tabernacle and the Temple in Ancient Israel.” Religion Compass 1.1 (2007): 38-49.

Leuchter, Mark. The Levites and the boundaries of Israelite identity. Oxford University Press, 2017.

Auguste Lecerf

Auguste Lecerf (1876-1943) foi um teólogo e pastor reformado francês, conhecido por suas contribuições ao estudo da teologia reformada e da exegese bíblica.

Nascido em Londres de pais reformados franceses, estudou teologia na Faculdade de Teologia Protestante em Paris e mais tarde obteve seu doutorado na Universidade de Estrasburgo. Lecerf tornou-se professor de teologia sistemática na Faculdade de Teologia Protestante em Montpellier em 1907, onde lecionou até sua aposentadoria em 1940.

Lecerf foi uma figura influente no desenvolvimento da Igreja Reformada Francesa e desempenhou um papel fundamental na formação da Associação Internacional para o Estudo da História das Religiões. Ele foi um autor prolífico e suas obras incluem “Dogmática Reformada”, “O Reino de Deus” e “A Pessoa de Cristo”. Lecerf também foi ativo no movimento ecumênico e trabalhou para uma maior unidade entre as denominações protestantes. Faleceu em 1943 em Le Chambon-sur-Lignon, França.

Mãe do Rei Lemuel

A Mãe do Rei Lemuel foi quem lhe deu a instrução que se tornou Provérbios 31:1-9. Fora essa passagem, não é mencionada na Bíblia. Tudo o que sabe sobre ela e seu filho resume a essas instruções.

A mãe de Lemuel fornece uma lista de características que uma mulher ideal incorporaria, incluindo sobriedade, sabedoria, trabalho árduo e preocupação com os pobres.

O versículo 1 identifica a passagem como uma “profecia” ou “oráculo” que foi proferida pela mãe do rei Lemuel. A identidade dessa mulher é desconhecida.

Os versículos 2-3 exortam Lemuel a evitar ceder aos seus desejos de álcool e mulheres, que eram vistos como vícios que poderiam levar à corrupção moral e instabilidade política. A menção de “reis” e “governantes” nesses versículos sugere que a passagem foi escrita para uma audiência de líderes políticos.

O versículo 8 instrui Lemuel a defender os direitos dos pobres e marginalizados, para defendê-los contra a opressão e a exploração. Este versículo reflete a preocupação com a justiça social evidente ao longo do livro de Provérbios.

O versículo 9 adverte contra o abuso de poder, exortando Lemuel a usar sua autoridade para defender a justiça e a retidão, em vez de oprimir e explorar seus súditos. Este versículo enfatiza a importância do bom governo e da liderança moral, qualidades essenciais para a estabilidade e prosperidade do antigo Israel.

A Mãe faz um retrato de uma mulher virtuosa e oferece conselhos aos líderes políticos sobre como governar com justiça e sabedoria.

O livro de Provérbios como um todo reflete uma tradição de literatura de sabedoria que era comum em todo o antigo Oriente Próximo, inclusive nas regiões aramaica e do sul do Levante. Muitos dos temas e motivos encontrados em Provérbios também estão presentes em outros textos de sabedoria do antigo Oriente Próximo, como a Instrução Egípcia de Amenemope, os Conselhos de Sabedoria da Babilônia e as Instruções Cananeias de Ahiqar.

BIBLIOGRAFIA

Apple, Raymond. “The two wise women of proverbs chapter 31.” Jewish Bible Quarterly 39.3 (2011): 175-180.

Nzimande, Makhosazana Keith. Postcolonial biblical interpretation in post-apartheid South Africa: The gvirah in the Hebrew Bible in the light of Queen Jezebel and the Queen Mother of Lemuel. Diss. Texas Christian University, 2005.

Richard Longenecker

Richard N. Longenecker (1930-2021) foi um biblista e teólogo do Novo Testamento.

Nasceu em Indiana e estudou no Wheaton College e na Universidade de Edimburgo antes de iniciar uma carreira acadêmica. Longenecker foi professor no Wycliffe College em Toronto, Canadá, e mais tarde foi professor de Novo Testamento no McMaster Divinity College em Hamilton, Ontário. Também foi professor visitante em várias instituições, incluindo a Universidade de Harvard, o Seminário Teológico de Princeton e a Universidade de Tübingen, na Alemanha.

Ao longo de sua carreira, Longenecker fez contribuições significativas para o estudo do Novo Testamento e para o desenvolvimento da teologia evangélica.

Fez trabalho exegético sobre as epístolas paulinas e publicou vários comentários influentes sobre livros como Romanos, Gálatas e 1 Coríntios. Em seu trabalho exegético, Longenecker enfatizou a importância do contexto histórico e cultural na compreensão do significado dos textos bíblicos. Ele também enfatizou a importância de uma abordagem holística da interpretação bíblica, considerando os temas mais amplos e a estrutura narrativa do texto bíblico, em vez de focar apenas em versículos ou passagens individuais. As contribuições teológicas de Longenecker se concentraram em questões como a natureza da salvação, o papel da fé na vida cristã e a relação entre o Antigo e o Novo Testamento.

Darío López Rodríguez

Darío López Rodríguez é um teólogo e pastor da Igreja de Deus (Cleveland, TN) do Peru.

Obteve seu PhD no Oxford Centre for Mission Studies. Ele serve como pastor em Villa María del Triunfo, um bairro marginal em Lima, Peru, onde ministra a crianças, mulheres e imigrantes, especialmente aqueles de culturas indígenas nas terras altas peruanas. Na Igreja de Deus Monte Sinai, oferece um local de serviço e refúgio para camponeses deslocados. O ministério de López busca capacitar os marginalizados por meio da busca das Escrituras e da orientação do Espírito Santo para a libertação total na missão de Deus.

López Rodríguez lecionou em diferentes centros teológicos da América Latina e autor de vários livros sobre o tema pentecostalismo e a presença pública dos evangélicos. Liderou o Conselho Evangélico Nacional do Peru, além de ser Bispo da Região de Lima da Igreja de Deus do Peru.

Darío López Rodríguez defende uma missão holística de salvação que leva a sério as dimensões físicas e espirituais da existência humana.

Com base na solidariedade com os marginalizados e no sentar-se à mesma mesa e partir o pão em comunhão com os deserdados deste mundo integra a missão cristã. Discute questões complexas da igreja e da sociedade de uma maneira que lembra outras abordagens liberacionistas e vê a missão libertadora de Cristo Jesus, conforme retratada nos Evangelhos, como a justificativa para uma comunidade missionária.

BIBLIOGRAFIA

López Rodríguez, Darío. Los evangélicos y los derechos humanos: La experiencia social del Concilio Nacional Evangelico del Perú 1980-1992. Ediciones Puma, 1998.

López Rodríguez, Darío. Pentecostalismo y transformación social: Mas allá de los estereotipos, las críticas se enfrentan con los hechos. Kairos Edicones, 2000.

López Rodríguez, Darío. El nuevo rostro del pentecostalismo latinoamericano. Ediciones Puma, 2002.

López Rodríguez, Darío. La fiesta del Espiritu: Espiritualidad y celebración pentecostal. Ediciones Puma, 2006.

López Rodríguez, Darío. Artesanos de la paz: Modelos bíblicos de reconciliación. Ediciones Puma, 2006.

López Rodríguez, Darío. The Liberating Mission of Jesus: The Message of the Gospel of Luke, Pentecostals, Peacemaking, and Social Justice. Translated by Richard E. Waldrop. Pickwick, 2008.