Ensinamentos de Silvano

Os Ensinamentos de Silvano é uma obra não canônica, encontrada na Biblioteca de Nag Hammadi contendo uma série de ditos de “sabedoria”. Os ensinamentos são atribuídos sob pseudônimo a certo “Silvano”, talvez uma sugestão que fosse Silas, companheiro de viagem de Paulo.

Os Ensinamentos de Silvano foram descobertos em 1945 em um manuscrito datado do século IV. Contudo, a composição do texto, compilado por vários autores remonta de 165 a 350 d.c. Menciona três evangelhos, o corpus paulino, 1 e 2 Pedro como Escrituras. Aparentemente são notas pessoais ou notas didáticas.

Apesar de alguns elementos e temas gnósticos, os Ensinamentos em sua totalidade não refletem uma doutrina gnóstica. Ainda mais, há elementos anti-gnósticos. São duas partes, reflentindo autorias diferentes. Na parte incial há influências judaicas, principalmente da Sabedoria de Salomão, filosofias estoicas e platônicas, além de paralelos com Clemente de Alexandria. Na parte tardia há elementos origenistas, discute a relação entre o Pai e o Filho, além de uma teologia do Logos.

Soteriologia

Soteriologia, vem do grego σωτήρ sōter, ‘salvador’ , ‘sustentador’ e λόγος lógos, ‘fala’ ou ‘discurso’, denota a subdisciplina e loci teológico acerca da doutrina da salvação das pessoas e da nova criação.

Tópicos comumente tratados sob a soteriologia incluem:

  • Expiação e reconciliação: O estudo de como a morte de Jesus Cristo traz a reconciliação entre Deus e a humanidade, abordando questões de sacrifício, perdão e redenção.
  • Graça: O conceito de favor divino imerecido e seu papel no processo de salvação. Isso inclui discussões sobre graça preveniente, graça salvadora e graça santificante.
  • Justificação: A compreensão teológica de como os indivíduos são justificados diante de Deus. Este tópico explora o papel da fé, das obras e da justiça imputada de Cristo.
  • Fé: O significado da fé no processo de salvação, incluindo discussões sobre a natureza e o papel da fé, sua relação com as obras e os diferentes entendimentos da fé dentro de diferentes tradições teológicas.
  • Regeneração: O renascimento espiritual ou renovação de um indivíduo através da obra do Espírito Santo. Isso inclui discussões sobre a natureza da regeneração, sua conexão com o batismo e seus efeitos na vida de uma pessoa.
  • Conversão: A experiência de se voltar para Deus e abraçar a fé em Jesus Cristo. Este tópico explora o processo de conversão, incluindo arrependimento, fé e os efeitos transformadores da conversão na vida de uma pessoa.
  • Ordem salvação (ordo salutis) ou via de salvação (via salutis) dos meios e processos de salvação.
  • Eleição e Predestinação: As doutrinas teológicas concernentes à soberana escolha e presciência de Deus na salvação de indivíduos e corporativamente, bme como a vontade de Deus em relação à liberdade humana.
  • Ética e dimensões políticas da salvação.
  • Escatologia: O estudo do destino final da humanidade e o cumprimento do plano de salvação de Deus. Isso inclui discussões sobre tópicos como céu, inferno, julgamento final e ressurreição dos mortos.
  • Universalismo vs. Particularismo: O debate teológico sobre a extensão da graça salvadora de Deus. O universalismo entende que grande parte (ou todos) possuem chances de salvação, enquanto o particularismo sustenta que a salvação é limitada a um grupo específico de pessoas.
  • Soteriologia Comparada: O estudo comparativo da salvação em diferentes tradições religiosas, examinando semelhanças e diferenças em crenças, práticas e entendimentos da salvação.

Dentre os focos, as teologias ortodoxa, anabatista, pietista, wesleyiana tendem a focar aspectos de soteriologia transformativa, enquanto as teologias reformadas (calvinistas, arminianas, neo-ortodoxas) e confessionalismo luterano tendem a salientar o polo de soteriologia forense. Já no meio desse contínuo estão as teologias Keswickiana e pentecostais clássicas.

Os verbetes sobre soteriologia podem ser encontrados nesse link.

C. I. Scofield

Cyrus Ingerson Scofield (1843-1921) foi um teólogo, pastor e autor americano mais conhecido por seu trabalho sobre teologia dispensacional e pela edição da Bíblia de Referência Scofield.

Nascido no Condado de Lenawee, Michigan, Scofield teve um início de vida tumultuado, marcado por lutas pessoais e problemas com a lei. Foi veterano da Guerra Civil, atuou como jurista e político.

Apesar de seu começo difícil, a vida de Scofield mudou quando passou por uma conversão religiosa no início da idade adulta. Buscou estudos teológicos e acabou se tornando um ministro congregacionalista, servindo congregações em vários locais. Foi influenciado pelo ministério de D. L. Moody. O empenho de Scofield pela interpretação e ensino bíblico o levou a desenvolver uma abordagem dispensacionalista para entender as Escrituras.

A contribuição mais notável de Scofield foi a publicação da Scofield Reference Bible em 1909 pela Oxford University Press. Esta Bíblia de estudo incluía anotações, referências cruzadas e notas explicativas ao lado do texto bíblico, fornecendo aos leitores um guia abrangente para entender a Bíblia de uma perspectiva dispensacionalista. Sendo uma das primeiras bíblias de estudos modernas, a Bíblia de Referência Scofield tornou-se imensamente popular e influente, moldando a compreensão da profecia bíblica e escatologia entre muitos cristãos.

Além de seu trabalho na Bíblia de Referência, Scofield esteve envolvido em várias atividades teológicas e evangélicas. Revisou sua bíblia anotada em 1917 e, sendo um sucesso de vendas, teve um rendimento pelo resto da vida. Serviu como pastor, conduziu conferências bíblicas e contribuiu com artigos para publicações cristãs. Os ensinamentos e escritos de Scofield desempenharam um papel significativo na disseminação da teologia dispensacional, especialmente nos círculos evangélicos e fundamentalistas.

TEOLOGIA

Scofield defendia a teoria da lacuna na criação, isto é, que o período de criação de seis anos, conforme descrito em Gênesis 1, envolveu seis dias literais de 24 horas, mas houve um intervalo de tempo entre os dias que duram muito tempo.

Também expunha um sionismo cristão e uma teologia de aliança dual, na qual Israel continuaria tendo uma aliança com Deus até a dispensação do Reino.

Foi uma das principais obras para difundir o dispensacionalismo. O esquema das dispensações para Scofield é a seguinte:
(1) Inocência (da Criação à Queda);
(2) Consciência (da Queda ao Dilúvio);
(3) Governo Humano (do Dilúvio a Abraão);
(4) Promessa (de Abraão à Lei no Sinai);
(5) Lei (do Sinai à cruz e ressurreição de Cristo);
(6) Igreja (da cruz ao Arrebatamento da igreja);
(7) Reino (definido como o “Milênio” após o retorno de Cristo)

BIBLIOGRAFIA

Canfield, Joseph M. The incredible Scofield and his book. Joseph M. Canfield, 1984.

Lutzweiler, David. The Praise of Folly: The Enigmatic Life & Theology of C. I. Scofield. Draper, Virginia, Apologetics Group, 2009.

Mangum, R. Todd, and Mark S. Sweetnam. The Scofield Bible: Its History and Impact on the Evangelical Church. InterVarsity Press, 2009.

Trumbull, Charles G. The life story of CI Scofield. Wipf and Stock Publishers, 2007.

Vier, William Albert Be. A biographical sketch of CI Scofield. Diss. Southern Methodist University, 1960.

Johannes Scharpius

Johannes Scharpius ou  John Sharp (1572-1629) foi um teólogo escocês do século XVI.

Scharpius estudou em St. Andrews antes de se tornar pastor em Kilmany, Fife. Devido à sua oposição à repressão de James VI, ele foi exilado e acabou se tornando professor de teologia em Die, no Delfinato. Mais tarde, voltou para a Grã-Bretanha e tornou-se professor de teologia em Edimburgo.

Sua obra “Cursus Theologicus”, um tratado teológico sistemático que cobre tópicos como Deus, a Trindade, a criação, o pecado, a redenção e os sacramentos foi empregada em vários cursos na época.

BIBLIOGRAFIA

https://www.prdl.org/author_view.php?a_id=492

Rolo de Severo

O Rolo de Severo, também conhecido como Códice Severi, trata-se de uma versão proto-massorética da Bíblia Hebraica.

O manuscrito de Severo era um pergaminho perdido da Torá que teria sido levado para Roma pelo Imperador Tito como parte dos despojos após a queda de Jerusalém em 70 DC. Um século e meio depois, o Imperador Severo Alexandre presenteou=lhe para uma sinagoga em Roma.

O manuscrito de Severo continha 33 variantes comparadas com o texto massorético. Essas variantes ão em sua maioria pequenas diferenças devido a variantes na omissão ou adição de palavras, plene e scriptum defeituoso, e o enfraquecimento de guturais. A lista de variantes foi introduzida no século XI no midrash Gênesis Rabah e aparece em três manuscritos medievais. Duas cópias aparecem na Bíblia Farhi, enquanto a terceira está no manuscrito hebraico 31 na Bibliothèque nationale de France em Paris. As quatro versões da lista não são idênticas. Tanto o códice quanto a sinagoga pereceram, mas a lista de 32 passagens na Massorá em que este códice diferia de outros códices foi preservada.

Algumas variantes relevantes são “vestimentas de luz” no lugar de “vestimentas de pele” em Gênesis 3:21 e “vendeu sua espada” no lugar de “vendeu sua primogenitura” em Gênesis 25:33.

No total, as variantes listadas são

  1. Gênesis 1:31.
  2. Gênesis 3:21.
  3. Gênesis 18:21.
  4. Gênesis 24:7.
  5. Gênesis 25:33.
  6. Gênesis 27:2.
  7. Gênesis 27:7.
  8. Gênesis 36:5.
  9. Gênesis 36:10.
  10. Gênesis 36:14.
  11. Gênesis 43:15.
  12. Gênesis 45:8.
  13. Gênesis 46:8.
  14. Gênesis 48:7.
  15. Êxodo 12:37.
  16. Êxodo 19:3.
  17. Êxodo 26:27.
  18. Levítico 4:34.
  19. Levítico 14:10.
  20. Levítico 15:8.
  21. Números 4:3.
  22. Números 15:21.
  23. Números 30:12.
  24. Números 31:12.
  25. Números 36:1.
  26. Deuteronômio 1:26.
  27. Deuteronômio 1:27.
  28. Deuteronômio 3:20.
  29. Deuteronômio 22:6.
  30. Deuteronômio 29:22.
  31. Deuteronômio 29:22.
  32. Deuteronômio 32:26.

Estela de Sefira

As Estelas de Sefira, também conhecida como Inscrições de Sefira, é um tratado escrito em pedra entre dois pequenos reis, Matti’el e Barga’yah por volta de 750 a.C. em aramaico antigo. É um dos mais antigos textos escritos nessa língua e oferece uma valiosa visão sobre a cultura e a política da região na época.

As estelas Sfire ou Sefire são três estelas de basalto do século VIII aC contendo inscrições em aramaico descobertas perto de Al-Safirah (“Sfire”) perto de Alepo na Síria.

O texto contém uma série de maldições e juramentos entre as duas partes, envolvendo uma disputa territorial. O texto descreve a transferência de terras de Barga’yah para Matti’el, com a condição de que ele cuide do terreno e pague uma quantia anual em grãos. Caso contrário, uma série de maldições seriam invocadas, incluindo pragas semelhantes às pragas do Egito.

O artefato é objeto de debate e controvérsia. Há possibilidade de que o texto pode ter sido falsificado ou alterado ao longo dos séculos, enquanto outros apontam que a linguagem e o estilo do texto são consistentes com a época em que foi escrito.

Hannah Whitall Smith

Hannah Whitall Smith (1832-1911) foi uma escritora, quaker e líder do movimento Holiness e do movimento de Keswick.

Nasceu na Filadélfia, Smith veio de uma família Quaker e mais tarde se envolveu com o Movimento dos Irmãos (de Plymouth) e a Igreja Metodista.

O livro de Smith, “O Segredo do Cristão para uma Vida Feliz”, tornou-se um clássico no movimento de Santidade e tem sido amplamente lido por cristãos que buscam aprofundar sua caminhada espiritual. Neste livro, Smith enfatizou a importância de entregar a própria vontade a Deus, confiando em Seu amor e cuidado e buscando viver uma vida de santidade e alegria em meio aos desafios da vida.

Esteve na Inglaterra junto de seu marido Robert Pearsall Smith, onde fundou a Convenção de Keswick, um encontro anual que reunia crentes para um tempo de ensino, adoração e comunhão focado no tema da santidade.

Hannah Whitall Smith na Broadlands Conference – pintura de Edward Clifford, 1887.

Simão

Simon do hebraico שִׁמְעוֹן, Shimon, helenizado como Symeon, em grego Συμεών.

  1. Simão, um dos doze discípulos de Jesus, chamado de cananeu (Mateus 10:4; Marcos 3:18) e de Zelota (Lucas 6:15; Atos 1:13),
  2. Simão, pai de Judas Iscariotes (João 6:71 ; 13:2,26).
  3. Simão, irmão do Senhor (Mateus 13:55; Marcos 6:3).
  4. Simão, fariseu em cuja casa “uma mulher da cidade que era pecadora” ungiu os pés de nosso Senhor com unguento (Lucas 7:36-38).
  5. Simão, leproso de Betânia, em cuja casa Maria ungiu a cabeça de nosso Senhor com unguento “enquanto ele estava sentado à mesa” (Mateus 26:6-13; Marcos 14:3-9). Talvez o mesmo acima.
  6. Simão Cirineu, um judeu de Cirene, no norte da África, na Líbia. Ajudou a carregar a cruz de Jesus. Chamado de “pai de Alexandre e Rufo” (Mateus 27:32), indicando uma possível participação posterior na Igreja cristã.
  7. Simão Mago, um feiticeiro entre os samaritanos (Atos 8:9-11 ). Convertido, foi repreendido por Pedro (Atos 8:18-23) por querer comprar ofícios espirituais, derivando-se o termo simonia.
  8. Simão, o curtidor, um cristão em Jope, um tanoeiro ou curtidor, com quem Pedro se hospedou (Atos 9:43). Durante tal estada, Pedro teve sua visão dos animais limpos e impuros (Atos 9:43; 10:5-6; 10:32)
  9. Simão Pedro (Mateus 4:18 ).
  10. Simão Macabeu, filho de Matatias. 
  11. Simão Niger ou Simeão Niger, um dos profetas de Antioquia (Atos 13:1).

Textus Receptus Scrivener

Frederick Henry Ambrose Scrivener (1813–1891), biblista e ministro anglicano inglês, produziu as duas últimas edições da família do Textus Receptus.

Sua The New Testament in the Original Greek according to the Text followed in the Authorised Version (1881) é uma edição crítica realizada por Scrivener do Textus Receptus. Scrivener revisou o texto grego de Beza 1598 e fez anotações de onde divergiam das leituras adotadas pela King James.

A versão de 1881 de Scrivener não se confunde com outra obra homônima dele, The New Testament in the Original Greek according to the Text followed in the Authorised Version (1894). Essa edição retroverteu da King James Version para o grego, consultado algumas edições impressas do Textus Receptus, para indicar como seria se essa versão inglesa tivesse sido feita a partir de um só texto base grego. É uma edição publicada pelas Sociedades Trinitarianas, servindo de base para versões como a Almeida Corrigida Fiel.

Scrivener foi um grande filólogo de edições impressas. Para a produção de ambas edições, Scrivener utilizou primordialmente edições impressas deStephanus (1550), Theodore Beza (1565), Elzevier (1633), Lachmann (1842), Tregelles (1857) e Tischendorf (1869), além de consultar manuscritos como o Codex Beza e o Codex Sinaiticus.

BIBLIOGRAFIA

Scrivener, F.H.A.  The New Testament in the Original Greek according to the Text followed in the Authorized Version, together with the Variations adopted in the Revised Version. Edited for the Syndics of the Cambridge University Press, by F.H.A. Scrivener, M.A., D.C.L., L.L.D., Prebendary of Exeter and Vicar of Hendon. Cambridge: Cambridge University Press, 1881.

Scrivener, F.H.A.  The New Testament in the Original Greek according to the Text followed in the Authorized Version, together with the Variations adopted in the Revised Version by the late F.H.A. Scrivener. Cambridge: Cambridge University Press, 1894.

SBL Greek New Testament

O Greek New Testament: SBL Edition ou Society of Biblical Literature Greek New Testament (SBLGNT) é uma edição digital do Novo Testamento produzido pela Sociedade de Literatura Bíblica, em associação com o Logos Bible Software.

Foi editado por Michael Holmes, o editor norte-americano do Projeto Internacional do Novo Testamento Grego.

O SBLGNT está disponível gratuitamente em vários formatos eletrônicos (www.sblgnt.com) e para compra em edição impressa.

O texto difere do texto NestleAland/United Bible Societies em mais de 540 instâncias variação. O aparato registra diferenças não entre manuscritos, mas entre outras edições impressas do Novo Testamento grego