Rosemary Radford Ruether

Rosemary Radford Ruether (nascida em 1936) é uma teóloga e biblista cristã. Destacou-se na teologia feminista desde a década de 1970, vindo a desenvolver trabalho no ecofeminismo, que explora as conexões entre a dominação das mulheres e a exploração da natureza.

Ruether começou sua carreira acadêmica com graduação em línguas clássicas pelo Scripps College e doutorado em clássicos pela Claremont Graduate School. Mais tarde, obteve um segundo doutorado em teologia pela Pacific School of Religion. Ela ocupou cargos de professora em várias universidades, incluindo Howard University, Garrett-Evangelical Theological Seminary e Claremont Graduate University.

O pensamento teológico de Ruether é fortemente influenciado pela teologia da libertação e pelo movimento feminista. Argumenta que as estruturas patriarcais do cristianismo contribuíram para a marginalização das mulheres e a degradação do meio ambiente. Escreveu extensivamente sobre as interseções de gênero, raça e classe em teologia e ética, e tem sido uma forte defensora da justiça social e do ativismo ambiental.

As contribuições de Ruether para a teologia feminista incluem seu livro inovador “Sexism and God-Talk: Toward a Feminist Theology” (1983), no qual critica a teologia cristã dominante por sua exclusão das experiências e perspectivas das mulheres. Sobre ecofeminismo escreveu”Gaia and God: An Ecofeminist Theology of Earth Healing” (1992), que explora as conexões entre a opressão das mulheres e a exploração do meio ambiente.

Ao longo de sua carreira, Ruether tornou-se uma intelectual pública na conversa contínua sobre a relação entre religião, ética e justiça social. Foi reconhecida por suas contribuições com inúmeros prêmios e honrarias, incluindo o Prêmio Martin E. Marty da Academia Americana de Religião pelo Entendimento Público da Religião.

Fiat de Maria

O fiat de Maria é a resposta de consentimento dada por Maria quando da anunciação (Lucas 1:26-38).

O fiat de Maria refere-se à declaração feita por Maria, a mãe de Jesus, no Evangelho de Lucas 1,38: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.” Essa declaração costuma ser chamada de fiat de Maria porque expressa seu consentimento completo e incondicional ao plano de Deus para sua vida, especificamente para se tornar a mãe de Jesus.

A palavra “fiat” vem do latim para “faça-se”, que capta o sentido da entrega total de Maria à vontade de Deus. O fiat de Maria é visto como um modelo de fé, consentimento informado e obediência para os cristãos. O anjo informou-lhe o que se esperar do filho que ela iria gerar. Depois de exemplicar o poder de Deus pela concepção de Elisabete, o anjo assegura a Maria que a palavra [rhema] de Deus seria efetiva.

Em uma tradução literal,

37 porque não se enfraquecerá nenhuma palavra [rhema] de Deus.

38 E Maria disse: Eis aqui a serva do mestre; dá à luz a mim de acordo com a tua palavra [rhema].

E o anjo saiu dela.

Madame Guyon

Madame Guyon (1648-1717), também conhecida como Jeanne-Marie Bouvier de la Motte-Guyon, foi uma mística e escritora católica francesa, aderente de um movimento místico que seria chamado de quietismo.

Nasceu em Montargis, França em uma família rica. Casou-se adolescente com um homem bem mais velho que ela, mas aos 28 anos estava viúva e com cinco filhos. A partir daí, viajou e viveu em vários lugares, inclusive na prisão, por suas posturas teológicas.

Em 1688, conheceu seu primo François Fénelon. Mais tarde, ele se tornaria um devoto e defenderia seu quietismo.

Madame Guyon creditava que o caminho para um relacionamento mais próximo com Deus era por meio da oração e da contemplação. Teve inúmeras experiências místicas ao longo de sua vida e se tornou uma influente diretora espiritual e escritora.

A obra mais famosa de Madame Guyon é “Um método curto e fácil de oração”, que delineou suas ideias sobre oração e meditação. Outra obra influencial foi “Torrentes Espirituais”. Suas ideias eram controversas na época, e ela foi acusada de heresia e esteve presa por um tempo na Bastilha.

Madame Guyon é associada ao movimento espiritual conhecido como Quietismo. O quietismo enfatiza buscar a Deus por meio da contemplação silenciosa e do desapego do mundo material. Ensina que a alma pode alcançar um estado de união com Deus abandonando toda vontade própria e abrindo mão de desejos e apegos pessoais. Guyon defendeu a crença de que a salvação é resultado da graça e não das obras. A libertação de uma pessoa só pode vir de Deus como uma fonte externa, nunca de dentro da própria pessoa. Como resultado de Seu próprio livre arbítrio, Deus concede seu favor como um dom. Assim, a pessoa deveria abandonar-se para Deus. A vida contemplativa envolvia abrir mão da própria vontade e submeter-se à vontade de Deus.

No entanto, as ideias de Madame Guyon sobre Quietismo foram controversas e acabaram sendo condenadas pela Igreja Católica como heréticas. Alguns de seus ensinamentos foram vistos como promovendo uma abordagem passiva da vida espiritual que negligenciava a importância de boas obras e envolvimento ativo com o mundo.

Uma das maiores contribuições de Madame Guyon ao protestantismo foi sua ênfase na importância da oração interior e contemplativa como meio de aprofundar o relacionamento da pessoa com Deus. Essa ênfase na oração e na vida interior foi especialmente significativa em uma época em que muitos protestantes se concentravam em práticas religiosas externas e debates teológicos.

As ideias de Madame Guyon sobre a vida espiritual também influenciaram o desenvolvimento do movimento pietista, que enfatizava a santidade pessoal e a renovação espiritual dentro da igreja. Muitos líderes e teólogos pietistas foram inspirados pelos escritos de Madame Guyon e incorporaram suas ideias em seus próprios ensinamentos.

BIBLIOGRAFIA

Upham, Thomas Cogswell. Life, Religious Opinions and Experience of Madame de La Mothe Guyon: Together with Some Account of the Personal History and Religious Opinions of Fenelon, Archbishop of Cambray. S. Low, 1862.

Jessie Penn-Lewis

 Jessie Penn-Lewis (1861 –1927) foi uma líder evangélica galesa.

Nascida Jessie Jones em uma família de classe média metodista calvinista, casou-se ao 19 anos com William Penn-Lewis. O casal esteve ativo na propagação do movimento da Associação Cristã dos Moços (YMCA).

Foi influenciada pelo movimento de Keswick, pelos escritos de Andrew Murray e Madame Guyon. Em 1892 passou por uma experiência religiosa profunda.

Viajou pela Europa e América do Norte, sendo preletora em convenções e reuniões evangelística. Deu palestras no Moody Bible Institute em Chicago e no Nyack College em Nova York.

Depois de uma passagem pela Índia, retornou a Gales, quando teve uma participação importante no avivamento galês de 1904-1905. Disputas sobre manifestações físicas e o falar em línguas levou a um sério conflito no movimento. Em 1909, Jessie desligou-se das convenções de Keswick e seus centros correlatos, rompeu com os avivados de Gales e abriou Evans Roberts depois de sua crise espiritual e mental.

Com a 1a Guerra Mundial, fez campanha em favor da temperança e dos objetores de consciência. Em 1917, seu estudo The Warfare with Satan foi incluído no 10º volume de The Fundamentals , uma série que delineou o fundamentalismo cristão. Defendeu o direito das mulheres pregarem e o anti-racismo.

Madame Acarie

Madame Acarie (1566–1618), também conhecida como Maria da Encarnação, foi uma mística francesa e freira carmelita que viveu no final do século XVI e início do século XVII.

Nasceu Marie Guyart em Paris em 1566, em uma família rica da nobreza católica.

Marie se casou com um advogado rico e teve seis filhos. Ela era conhecida por sua devoção à oração e ao trabalho de caridade, e usava sua posição social para ajudar os pobres e enfermos. Fávoravel à reforma religiosa, foi atraída para a ordem carmelita descalça, que enfatizava uma vida de oração contemplativa.

Em 1604, Marie experimentou um profundo despertar espiritual que a levou a buscar uma vida de maior devoção e contemplação. Tornou-se freira carmelita em 1615, assumindo o nome de Maria da Encarnação, e desempenhou um papel fundamental no estabelecimento da ordem carmelita na França.

As experiências místicas de Marie foram notórias, mas seu conteúdo permanece desconhecido. Seus escritos sobre a vida espiritual foram amplamente respeitados em seu tempo.

Hannah Whitall Smith

Hannah Whitall Smith (1832-1911) foi uma escritora, quaker e líder do movimento Holiness e do movimento de Keswick.

Nasceu na Filadélfia, Smith veio de uma família Quaker e mais tarde se envolveu com o Movimento dos Irmãos (de Plymouth) e a Igreja Metodista.

O livro de Smith, “O Segredo do Cristão para uma Vida Feliz”, tornou-se um clássico no movimento de Santidade e tem sido amplamente lido por cristãos que buscam aprofundar sua caminhada espiritual. Neste livro, Smith enfatizou a importância de entregar a própria vontade a Deus, confiando em Seu amor e cuidado e buscando viver uma vida de santidade e alegria em meio aos desafios da vida.

Esteve na Inglaterra junto de seu marido Robert Pearsall Smith, onde fundou a Convenção de Keswick, um encontro anual que reunia crentes para um tempo de ensino, adoração e comunhão focado no tema da santidade.

Hannah Whitall Smith na Broadlands Conference – pintura de Edward Clifford, 1887.

Catherine Booth

Catherine Booth (1829-1890) foi uma reformadora social britânica e co-fundadora do Exército de Salvação, junto com seu marido, William Booth. Catherine foi uma defensora pioneira dos direitos das mulheres e desempenhou um papel significativo na formação da teologia e do trabalho social do Exército de Salvação.

A teologia de Catherine era baseada na ideia de santidade e na crença de que todos os cristãos deveriam se esforçar para viver uma vida que refletisse o amor e a compaixão de Jesus Cristo. Sob o evangelho, todas mulheres deveriam desempenhar um papel ativo na igreja e na sociedade e as encorajava a usar seus talentos e habilidades para servir aos outros.

As atividades sociais de Catherine começaram quando ela e seu marido abriram uma missão cristã no East End de Londres em 1865. Catherine foi fundamental no desenvolvimento dos serviços sociais da missão, que incluíam fornecer comida, abrigo e assistência médica aos pobres e desabrigados. Ela também estabeleceu uma rede de lares de resgate para mulheres e crianças vítimas de abuso ou prostituição.

Catherine era uma oradora dinâmica e viajou extensivamente pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos, defendendo a reforma social e os direitos das mulheres. Foi uma figura importante no movimento de temperança e defendeu a proibição do álcool e seus efeitos devastadores nas famílias e comunidades.

O legado de Catherine pode ser visto no compromisso contínuo do Exército de Salvação com a justiça social e a ajuda humanitária. Sua crença na importância da liderança e do empoderamento das mulheres também teve um impacto duradouro na organização, que sempre permitiu que as mulheres ocupassem cargos de autoridade e influência.

Filhas de Filipe

Quatro filhas anônimas que exerciam a profecia na igreja de Cesareia Marítima.

Filipe, um dos sete (Atos 6:1–7), vivia em Cesareia Marítima (8:40) com quatro filhas solteiras que profetizavam (At 21:9). De acordo com Eusébio (História Eclesiástica 3.31.3–4), a tradição era que essas filhas de Filipe se mudaram para Hierápolis, na Frígia, onde serviram como profetisas.

Filha de Sião

Filha de Sião, em hebraico bat Tzion, é uma personificação da cidade e povo de Jerusalém. Há menção no plural que só ocorre em Cantares 3:11, livro onde também aparece a locução “filhas de Jerusalém. A expressão é usada em 26 lugares nas Escrituras Hebraicas e talvez corresponda à palavra de Jesus no caminho do calvário (Lucas 23:28).

Deus e feminilidade

Deus na Bíblia aparece em termos tanto transcendentes quanto antropomorfos ou personificados. Em algumas passagens antropomorfas, Deus aparece com aspectos femininos, bem como em termos gramaticais femininos ou em metáforas femininas.

Algumas passagens notórias são: Deus como Espírito pairando com uma forma verbal com terminação feminina, מְרַחֶ֖פֶת m’rechephet (Gênesis 1:2). Ainda na criação, a Imagem de Deus no ser humano criado como macho e fêmea (Gênesis 1:26-27). Deus poderoso com peitos e nutriz (El Shaddai) (Gênesis 17:2); Deus como mãe parturente (Eloah) (Deuteronômio 32:18); Deus como mãe águia (Êxodo 19:4). Deus como mãe que amamenta aparece em Isaías 49:14-15; 66:9-13, também possivelmente Oseias 11:4. Uma passagem compreensiva de vários desses aspectos femininos é Jó 33:4.

Quatro substantivos femininos são usados ​​no Antigo Testamento associados a Deus. O Espírito (Ruach) de Deus é uma hipóstase de Deus agindo no mundo. A Sabedoria (chokmah) de Deus é personificada com os propósitos de Deus, por vezes identificado como uma hipóstase ou identificado na tradição cristã com o Espírito Santo ou com o Verbo. A justiça de Deus aparece tanto na forma masculina (Tzedeq) quanto na feminina (Tzedakah). A Glória de Deus, Shekiná, também é tida por vezes como uma hipóstase ou indentificada com o Espírito Santo.

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Midot – Atributos bíblicos de Deus.

Teologia dos Atributos