Sono da alma

O psicopanicismo, psicopaníquia ou sono da alma é a doutrina acerca do estado intermediário de que não há continuidade da consciência entre a morte e a ressureição.

Em vários lugares a Bíblia fala acerca dos que dormem, como em Salmos 6:5, 115:17, 146:4, Eclesiastes 9:5; João 11:11; Atos 7:60; 1 Coríntios 7:39; 11:30; 15:6,18,20; 1 Tessalonicenses 4:14-15. Essas passagens são interpretadas ora como eufemismo para a morte, ora literalmente para descrever o estado humano na morte.

É confundido com o mortalismo cristão e Teoria da Morte Total. Geralmente, a teoria do sono da alma considera a antropologia teológica de que não há existência da alma consciente ou separada do corpo humano.

O sono da alma aparece no período do Segundo Templo. É mencionado em 2 Esdras, 7:61, bem como em obras rabínicas de Abraham Ibn Ezra (1092–1167), Maimonides (1135–1204) e Joseph Albo (1380–1444). No cristianismo foi a percepção de vários teólogos na história do pensamento cristão, como Atenágoras de Atenas (De ressurectione 16), Tyndale, Lutero, Michael Sattler, Dirk Philips, Louis Gaussen, Louis Burnier, Emmanuel Pétavel-Olliff, dentre outros. Grupos denominacionais contemporâneos incluem muitos batistas primitivos, grupos adventistas e milleritas.

Já psicopaníquia é um neologismo grego na Europa renascentista que supostamente significaria “vigília da alma durante toda a noite”. Este é o título primeiro tratado teológico de João Calvino, feito em latim em Orléans, 1534. O tratado se opõe ao mortalismo ou “sono da alma” ensinado pelos anabatistas e por Martinho Lutero. Apareceu pela primeira vez impresso em latim como Vivere apud Christum non dormire animis sanctos, Estrasburgo, 1542, e depois em francês, em uma tradução que não foi feita por Calvino, como Psychopannychie, em Genebra, 1558.

Narsai de Nisibis

Narsai (c.399-502), também conhecido como Narsay, Narseh ou Narses, foi um poeta e teólogo da Igreja do Oriente (Assíria), sendo o fundador da Escola de Nisibis e um dos autores da patrística síria.

Nasceu em ‘Ain Dulba, atual Iraque. Faleceu em Nisibis, parte do Império Sassânida, localizado na atual Nusaybin, Mardin, Turquia.

Órfão aos 16 anos, foi educado pelo tio, abade do mosteiro de Kfar Mari. Depois estudou na Escola de Edessa, mais tarde tornou-se diretor (Rabban). Forçado a deixar Edessa, possivelmente devido a divergências teológicas, fundou a Escola de Nisibis restabelecida com o amigo Barsauma.

A Escola de Nisibis tornou-se um centro intelectual do Cristianismo da Síria Oriental, onde atuou como professor e administrador.

Seus ensinos foram em forma homilias em versos (“memre”), reconhecidas por sua beleza e complexidade.

Desenvolveu uma compreensão cristológica única, enfatizando a união das naturezas de Jesus Cristo. Salientava a relevância dos sacramentos na transformação espiritual. Defendia a vida ascética e a importância da vida ética.

Novíssimo

Na dogmática católica, o termo “novíssimo” refere-se às realidades ou eventos últimos e essenciais da vida humana, especialmente no que diz respeito à morte, ao juízo, ao céu e ao inferno. Esses temas estão relacionadas à escatologia, que é o ramo da teologia que estuda as últimas coisas ou os eventos finais da história e da vida de cada indivíduo.

Os “novíssimos” concentram-se nas experiências últimas de cada pessoa após a morte e seu destino eterno. Os quatro aspectos principais dos novíssimos são:

  1. Morte: O momento em que a alma se separa do corpo e enfrenta o juízo divino.
  2. Juízo Particular: Imediatamente após a morte, cada pessoa passa por um julgamento individual diante de Deus. Esse julgamento determina seu destino eterno: céu, purgatório ou inferno.
  3. Céu: A união definitiva com Deus para aqueles que viveram em graça e responderam à vontade divina.
  4. Inferno: A separação eterna de Deus para aqueles que conscientemente rejeitaram a graça divina e persistiram no pecado mortal.

Além disso, geralmente se inclui um quinto aspecto chamado “Purgatório”, que para o catolicismo é um estado temporário de purificação para aqueles que morrem em graça, mas que ainda precisam ser purificados de suas imperfeições antes de entrar na plena comunhão com Deus no céu.

Esses temas são cruciais no ensinamento católico sobre a vida após a morte e a necessidade de viver de acordo com os princípios da fé para se preparar adequadamente para o juízo divino. Os novíssimos também destacam a importância da responsabilidade individual na tomada de decisões morais e no arrependimento antes da morte.

VEJA TAMBÉM

Escatologia

Não Interpolações Ocidentais

O termo não interpolações ocidentais, em inglês non-Western interpolation, resume uma característica textual de certas leituras curtas no texto grego do Novo Testamento.

O termo foi cunhado por Brooke Foss Westcott e Fenton John Anthony Hort para explicar como algumas leituras do texto tipo ocidental, geralmente considerado mais inferior e expansivo, contraditoriamente possuíam algumas passagens mais breves, algo que indicaria sua antiguidade em relação a outros tipos textuais.

As nove passagens de Mateus 27:49 são amplamente aceitas; Lucas 22:19b–20; 24,3; 24,6; 24,12; 24,36; 24h40; 24,51; 24h52. Outras passagens em questão são Mt 6,15; 9,34; 13,33; 21,44; 23,26; Marcos 10:2; 14,39; Lucas 5:39; 10:41-42; 12:21; 22,62; 24,9; João 4:9, Romanos 6:16; 10.21; 16h20; 16:25-27; 1 Cor. 15,3; 2 Coríntios 10:12-13; Tim 5:19.

Karl Nitzsch

Karl Nitzsch (1794-1864) foi um teólogo alemão e professor de teologia sistemática.

Propôs uma síntese teológica e engajamento com ideias filosóficas contemporâneas. Nitzsch procurou harmonizar as conclusões da Reforma com os desafios intelectuais de seu tempo, particularmente em relação ao idealismo e à crítica histórica. Seu trabalho se concentrou na cristologia, enfatizando a centralidade de Cristo no plano divino de salvação. Nitzsch destacou a importância da fé e o poder transformador do Espírito Santo na vida dos crentes.

August Neander

August Neander (1789-1850) foi um teólogo alemão e historiador da igreja.

Neader desempenhou um papel significativo no desenvolvimento da teologia histórica como disciplina. Neander atuou como professor de teologia na Universidade de Berlim.

Fez uma pesquisa minuciosa e abordagem acadêmica da fé cristã e da Igreja como instituição. Sua principal obra, “História Geral da Religião e Igreja Cristã”, forneceu uma visão abrangente do desenvolvimento do Cristianismo. Neander enfatizou a importância de estudar o contexto histórico e as influências culturais no pensamento e na prática cristã. Procurou preencher a lacuna entre as tradições protestantes e católicas e promoveu um espírito de ecumenismo.

Nicolau de Myra

Nicolau de Myra, também conhecido como Nicolau de Bari, foi uma figura histórica que se acredita ter vivido no século IV.

Serviu como bispo de Myra, uma cidade localizada na Ásia Menor (atual Turquia). Os detalhes exatos de sua vida estão envoltos em incerteza histórica, mas ele é amplamente reconhecido por sua influência duradoura como santo.

São Nicolau, como ficou conhecido, ganhou grande popularidade e reverência por meio de várias lendas e histórias que surgiram muito depois de sua morte. Esses contos o retratam como uma figura compassiva e generosa, intervindo em favor dos necessitados e realizando milagres.

É reverenciado nas tradições cristãs orientais e ocidentais. A figura Sinterklaas, no folclore holandês ou Santa Claus no mundo anglossaxão, consequentemente, o Papai Noel, tem origem nele.

Nomismo pactual

O nomismo pactual ou o nomismo da aliança (covenantal nomism) é um conceito desenvolvido pelo biblista E.P. Sanders para descrever a estrutura teológica do judaísmo do Segundo Templo. Em suma, Deus teria escolhido Israel e deu a Lei. Deus será fiel à sua promessa, mas a nação é obrigada a obedecê-lo. A Lei fornece os meios para a expiação que mantém o relacionamento pactual.

De acordo com Sanders, o nomismo da aliança, os judeus acreditavam que estavam em um relacionamento de aliança com Deus por meio de sua eleição como povo escolhido. A salvação era entendida como sendo mantida dentro dessa aliança por meio da obediência aos mandamentos de Deus, enquanto a graça divina perdoava os pecados cometidos sem intenção. Isso contrasta com as teorias alternativas acerca do judaísmo do Segundo Templo, como a de que se buscava justiça pelas obras legalistas, que enfatizam a necessidade de adesão estrita às leis para a salvação, ou o universalismo, que postula a salvação para todos, independentemente da afiliação à aliança. O nomismo da aliança destaca a integração da graça e obras dentro da compreensão judaica da salvação.

BIBLIOGRAFIA

Sanders, E. P. Judaism: Practice and Belief 63 BCE–66 CE. London: SCM, 1992.
Sanders, E. P. Paul and Palestinian Judaism: A Comparison of Patterns of Religion.
Philadelphia: Fortress Press, 1977

Narrativa da Paixão

A Narrativa da Paixão refere-se aos relatos do sofrimento, crucificação e morte de Jesus Cristo, conforme descritos nos quatro Evangelhos canônicos do Novo Testamento: Mateus, Marcos, Lucas e João.

Esses relatos, muitas vezes chamados de “Evangelhos da Paixão”, fornecem narrativas detalhadas dos eventos que levaram à crucificação de Jesus, incluindo sua prisão, julgamento e os eventos que se desenrolaram no dia de sua crucificação.

As passagens da paixão encontram-se em Mateus 26:30–27:66, Marcos 14:26–15:47, Lucas 22:39–23:56 e João 18:1–19:42. Há hipóteses de que, ao menos os sinóticos, tenha uma fonte comum acerca da narrativa da paixão.

Nestório

Nestório (c.386-c.451) foi um dos primeiros bispos de Constantinopla, entre 428 e 431, além de expoente de uma cristologia condenada pelas igrejas do mundo do Mediterrâneo

Nascido em uma família persa em Germanicia, Síria (hoje Maras, Turquia), teve um influência antioquena em sua formação. Ensinou uma doutrina que enfatizava a dualidade das naturezas de Cristo, levando à crença de que eram duas pessoas vagamente unidas, o que foi condenado como herético pelo concílio de Éfeso. Nestório foi exilado e passou seus últimos anos defendendo seus ensinamentos. Morreu em Panópolis, Egito.

Os ensinamentos de Nestório e sua controvérsia foram amplamente documentados na história da igreja. Suas opiniões sobre a natureza de Cristo e sua oposição ao título Theotokos (“Portadora de Deus”) levaram à sua condenação e exílio. Apesar de seus protestos e repúdio à heresia, o nome de Nestório tornou-se associado à controvérsia cristológica e à heresia do Nestorianismo. A Igreja do Oriente ou Assíria, incorretamente chamada de Igreja Nestoriana, continua a ter alta estima por Nestório e rejeita o título de Theotokos para a Maria.