Johannes Piscator

Johannes Piscator (1546-1625) foi um teólogo e biblista reformado alemão.

Nascido em Estrasburgo, Piscator demonstrou desde cedo uma excepcional aptidão para as línguas e a teologia. Estudou na Universidade de Estrasburgo, onde se aprofundou nos estudos bíblicos e na língua hebraica.

A contribuição significativa de Piscator para a teologia está em sua experiência em exegese hebraica. Piscator defendeu uma literária e histórica dos textos bíblicos, rejeitando interpretações alegóricas ou metafóricas.

Além de sua erudição bíblica, Piscator se envolveu em controvérsias teológicas de seu tempo. Participou ativamente de debates sobre predestinação, a natureza dos sacramentos e o papel da graça na salvação. As visões teológicas de Piscator se alinharam com o protestantismo reformado e foram influenciadas pelas obras de João Calvino e Teodoro Beza.

A influência de Piscator se estendeu além de suas atividades acadêmicas. Ele atuou como professor de teologia em várias universidades, incluindo a Universidade de Heidelberg e a Universidade de Herborn, onde influenciou a educação e o treinamento de futuros teólogos.

Parábola

Parábola refere-se a um pequeno ditado ou narrativa com um argumento ou lição de forma memorável.

As parábolas podem envolver simbolismo, metáfora, ironia ou algum tipo de duplo sentido. Às vezes, simplesmente provocam reflexões acerca de uma verdade.

As parábolas são associadas ao ensino judaico, particularmente ao período do Segundo Templo. Jesus aparece nos Evangelhos como o grande contador de parábolas.

Há diferenças técnicas do gênero “parábola” quando comparados com fábulas (objetos ou animais fantásticos) ou outros tipos de histórias simbólicas, mas em nível facilmente apreensível.

Parábolas (como em 2 Samuel 12:1-4; Isaías 28:4) e alegorias (Isaías 5:1-7) ainda não foram encontradas em documentos sumérios, acadianos ou ugaríticos.

BIBLIOGRAFIA

Scott, Bernard Brandon. Hear Then the Parable: A Commentary on the Parables of Jesus. Minneapolis: Fortress, 1989.

Pedro Damião

Pedro Damião (1007-1072) foi um teólogo e reformador monástico católico italiano.

Nascido em uma família modesta em Ravena, Itália, desde tenra idade, Damian demonstrou habilidades intelectuais excepcionais e uma sede de conhecimento. Estudou teologia, direito canônico e literatura clássica.

Como monge beneditino, Pedro Damião tornou-se conhecido por seu estilo de vida ascético e práticas austeras. Abraçou a vida solitária de um eremita, buscando a iluminação espiritual por meio da solidão e da autodisciplina.

Combinou (ainda que com um conflito pessoal a respeito) uma vida ativa com uma vida contemplativa. Sua estrita adesão aos princípios católicos e integridade moral dentro do clero, levou-o a denunciar ferozmente a simonia (a compra ou venda de privilégios eclesiásticos) e a corrupção entre o clero, e fez campanha vigorosa pela reforma e restauração da pureza dentro da Igreja Católica.

Fez várias missões como legado papal e foi nomeado cardeal-bispo de Óstia.

Seria um antecessor de Francisco de Assis e visto em alta estima por Dante.

Pseudo-Dionísio Aeropagita

Pseudo-Dionísio Aeropagita (século V-VI) foi um teólogo cristão cujos escritos foram influentes no desenvolvimento da mística cristã medieval, além da teologia apofática.

Este autor desconhecido escreveu sob um pseudônimo e afirmou ser Dionísio, o Areopagita, uma figura mencionada em Atos 17:34. Suas obras, incluindo Os Nomes Divinos e A Teologia Mística, enfatizam a importância da vida contemplativa e a unidade de Deus.

Principados e potestades

Um conjunto de poderes humanos e espirituais chamados Tronos (θρόνοι), Dominações (κυριότης), Potências, Autoridades ou Potestades (ἐξουσίαι), Principados ou Regentes (ἀρχαί) aparece principalmente nos escritos paulinos para denotar um sistema de forças influentes. Essas passagens são interpretadas variadamente como seres demoníacos, hierarquia de anjos, poderes deste mundo ou entidades espirituais moralmente ambivalentes. Todavia, qualquer que seja o entendimento, biblicamente aparecem sujeitos a Cristo.

Em Romanos 8:37–39, Paulo diz que nada pode nos separar do amor de Deus, inclusive tais poderes. A vitória de Cristo sobre todas as forças opostas é assegurada, sendo os crentes mais que vencedores por meio de Cristo.

Colossenses 1:16 afirma que Deus é o Criador e Governante de todas as autoridades, quer se submetam a Ele ou se rebelem contra Ele. Esses poderes podem até forçar algum poder, mas ainda sob o controle de Deus, e Ele usa até mesmo os ímpios para cumprir Seu plano.

Colossenses 2:15 declara o poder supremo de Jesus sobre todos os poderes, tendo-os desarmado por meio de Sua morte na cruz. Ao fazer isso, triunfou e libertou a humanidade de seu domínio. As acusações contra os crentes são destruídas, sendo vindicados como inocentes perante Deus.

Em Efésios 3:10–11, os principados e potestades nas regiões celestiais testemunham a sabedoria e o propósito de Deus. As hostes contemplam a glória de Deus e a preeminência de Cristo.

Efésios 6:12 infere uma guerra espiritual contra os poderes das trevas. Apesar de seu desarmamento e da vitória prometida, exorta a confiar na sabedoria e no poder de Deus.

Em Tito 3:1 refere-se às autoridades governamentais designadas por Deus para nossa proteção e bem-estar.

As autoridades terrenas ainda estão sujeitas ao domínio divino (Romanos 13:2).

No final do século XIX, a existência de seres espirituais com poder havia sido descartada por muitos trabalhos acadêmicos como superstições pré-modernas. No entanto, a teologia dos Blumhardts e de Karl Barth trouxe de volta a atenção para a relevância do mal sistêmico.. Alguns autores recentes têm discutido amplamente o tema:

Charles H. Kraft, enfatiza a realidade das forças espirituais malévolas conhecidas como principados e potestades. Kraft argumenta que essas forças buscam escravizar a humanidade e se opor ao reino de Deus, exigindo que os cristãos se envolvam em uma guerra espiritual capacitada pelo Espírito Santo.

Walter Wink, oferece uma abordagem não violenta para entender os principados e potestades. Ele sugere que, embora essas forças sejam sistêmicas e possam ser corrompidas pelo pecado e pela violência humana, elas não são inerentemente más. Wink defende a guerra espiritual por meio da resistência não violenta e do amor pelos inimigos, desafiando estruturas opressivas.

Clinton Arnold procura recuperar a crença cristã pré-moderna na existência de seres sobrenaturais malignos. Ele reconhece a existência “real” de um reino espiritual e entidades demoníacas governadas por Satanás, contrariando a tendência de desmitificar os principados e potestades na erudição ocidental.

Marva J. Dawn expande a compreensão dos principados e potestades além das entidades espirituais. Ela os vê como estruturas sociais e culturais que moldam as relações e instituições humanas. Dawn convoca os cristãos a se envolverem em uma guerra espiritual, incorporando o amor e a justiça de Deus, confrontando sistemas opressivos.

Esther Acolatse explora poderes e principados na perspectiva bíblica, comparando contextos africanos e ocidentais. Investiga diferenças culturais e teológicas, examina passagens bíblicas relevantes e explora cosmovisões africanas. Acolatse enfoca as forças espirituais e seu impacto, abordando a tensão entre as crenças tradicionais e os ensinamentos bíblicos. Seu objetivo é aprofundar a compreensão dos poderes e principados em ambos os contextos.

Apesar das diferentes interpretações sobre a ontologia (realidade) desses seria, há o consenso quando esses poderes obscuros passam a serem adorados pelas pessoas, como as forças da violência, ganância e idolatria, os governantes humanos são influenciados e se envolvem em ações anti-criação e corruptoras.

BIBLIOGRAFIA

Acolatse, Esther E. Powers, Principalities, and the Spirit: Biblical Realism in Africa and the West. Eerdmans, 2018.

Arnold, Clinton E. Powers of darkness: principalities & powers in Paul’s letters. InterVarsity Press, 2009.

Berkhof, Hendrik. Christ and the Powers. Scottdale, Pa.: Herald, 1977 [1953].

Caird, G. B. Principalities and Powers: A Study in Pauline Theology. Eugene, Ore.: Wipf and Stock, 1956.

Dawn, Marva J. Powers, weakness, and the tabernacling of God. WB Eerdmans, 2001.

Forbes, Chris. “Pauline Demonology And/or Cosmology? Principalities, Powers and the Elements of the World in Their Hellenistic Context.” Journal for the Study of the New Testament 24, no. 3 (2002): 51-73.

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MacGregor, George Hogarth Carnaby. “Principalities and Powers: The Cosmic
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Visser’t Hooft, W. A. The Kingship of Christ: An Interpretation of Recent European Theology. New York: Harper and Brothers, 1948.

Wasserman, Emma. “Gentile Gods at the Eschaton: A Reconsideration of Paul’s “Principalities and Powers” in 1 Corinthians 15.” Journal of Biblical Literature 136, no. 3 (2017): 727-46.

Wink, Walter. Engaging the powers. Discernment and Resistance in a World of Domination. Fortress Press, 1973.

Zuendel, Friedrich . The Awakenings: One Man’s Battle with Darkness. Farmington, Pa.: Plough Publishing House, 1999.

Perichoresis

O termo grego perichoresis ou o latino circumincessio, ainda em português pericorese, reflete o conceito teológico de interpenetração mútua das pessoas da Trindade. Também pode ser traduzido como co-inerência ou comunhão divina. Denota algo estar-um-no-outro ou circunincessão das três Pessoas divinas da Trindade por causa da única essência divina, o eterno processão do Filho do Pai e do Espírito do Pai e (através do) Filho, e o fato de que as três Pessoas se distinguem apenas pelas relações de oposição entre elas. (Randall 2001). A perichoresis ilustra a unidade na diversidade.

O termo vem da palavra grega “perichoreo”, que significa “dançar” ou “interpenetrar”. O conceito de pericorese sugere que as três pessoas da Trindade compartilham uma habitação ou interpenetração mútua, de modo que cada uma está totalmente presente na outra. É uma relação dinâmica, harmoniosa e sem hierarquia.

O conceito de pericorese ganha saliência em Gregório de Nazianzo e João de Damasco. Neles o termo descreve a interpenetração das naturezas divina e humana em Cristo. Mais tarde, na Idade Média, teólogos como Tomás de Aquino usaram o termo para descrever a habitação mútua das três pessoas da Trindade.

O conceito de pericorese foi revisitado por teólogos como Jürgen Moltmann e John Zizioulas, que enfatizaram a importância do conceito para a compreensão da natureza de Deus e das relações humanas. Argumentam que o conceito de pericorese destaca a importância da unidade e da diversidade nas relações e pode servir de modelo para as relações humanas que buscam equilibrar individualidade e comunidade.

BIBLIOGRAFIA

Crisp, Oliver D.‘Problems with Perichoresis’ Tyndale Bulletin 56.1 (2005) 119-140.

Kasper, Walter. The God of Jesus Christ: New Edition. Bloomsbury Publishing, 2012.

Otto, Randall E. “The use and abuse of perichoresis in recent theology.” Scottish Journal of Theology 54.3 (2001): 366-384.

Rohr, Richard, and Mike Morrell. The divine dance: The trinity and your transformation. Whitaker House, 2016.

Erik Pontoppidan

Erik Ludvigsen Pontoppidan (1698 – 1764) foi um bispo luterano da Igreja Dano-Norueguesa, historiador, antiquário e teólogo.

Pontoppidan escreveu um Catecismo que influenciou o pensamento e a prática religiosa dinamarquesa e norueguesa. Propôs uma síntese entre a espiritualidade pietista e o confessionalismo da Igreja Estatal luterana.

Jessie Penn-Lewis

 Jessie Penn-Lewis (1861 –1927) foi uma líder evangélica galesa.

Nascida Jessie Jones em uma família de classe média metodista calvinista, casou-se ao 19 anos com William Penn-Lewis. O casal esteve ativo na propagação do movimento da Associação Cristã dos Moços (YMCA).

Foi influenciada pelo movimento de Keswick, pelos escritos de Andrew Murray e Madame Guyon. Em 1892 passou por uma experiência religiosa profunda.

Viajou pela Europa e América do Norte, sendo preletora em convenções e reuniões evangelística. Deu palestras no Moody Bible Institute em Chicago e no Nyack College em Nova York.

Depois de uma passagem pela Índia, retornou a Gales, quando teve uma participação importante no avivamento galês de 1904-1905. Disputas sobre manifestações físicas e o falar em línguas levou a um sério conflito no movimento. Em 1909, Jessie desligou-se das convenções de Keswick e seus centros correlatos, rompeu com os avivados de Gales e abriou Evans Roberts depois de sua crise espiritual e mental.

Com a 1a Guerra Mundial, fez campanha em favor da temperança e dos objetores de consciência. Em 1917, seu estudo The Warfare with Satan foi incluído no 10º volume de The Fundamentals , uma série que delineou o fundamentalismo cristão. Defendeu o direito das mulheres pregarem e o anti-racismo.

Phoebe Palmer

Phoebe Worall Palmer (1807-1874) foi uma pioneira no movimento de Santidade (Holiness).

Nascida em uma família metodista na cidade de Nova York, Palmer tornou-se um proeminente oradora e escritora, defendendo a importância da santidade pessoal e a necessidade de reavivamento espiritual.

A influência de Palmer no movimento Holiness foi significativa. Suas ações e escritos moldaram a teologia e práticas do movimento. Ela escreveu vários livros, incluindo “O Caminho da Santidade” e “A Promessa do Pai”, que se tornaram populares entre os crentes da Santidade.

Organizou uma Reunião de Terça-feira para a Promoção da Santidade. Esta reunião semanal reunia os crentes da Santidade para oração, ensino e testemunhos.

A ênfase de Palmer na importância da santidade pessoal e do crescimento espiritual influenciou muitos líderes no movimento da Santidade, incluindo William Booth, fundador do Exército de Salvação, Phineas Bresee, fundador da Igreja do Nazareno, A.B. Simpson e D. L. Moody.

Sua filha, Phoebe Knapp, compôs vários hinos, como Divina fonte é Jesus (400), Blessed Assurance, Jesus is Mine, traduzido como Glória, Aleluia! Sinto Jesus (248), Jesus, ó divinal Pastor (452).

António Pereira de Figueiredo

António Pereira de Figueiredo (1725–1797) foi um padre oratoriano português, filósofo, teólogo e tradutor da Bíblia.

Figueiredo defendia a autonomia das igrejas nacionais, algo que atraiu a política regalista pombalina. Ocupou cargos de censor, o que lhe deu liberdade de escrever e difundir suas ideias.

Como parte de seu ideal de uma igreja nacional, iniciou uma tradução da Bíblia a partir da Vulgata. Iniciou sua publicação em vários volumes a partir de 1778, terminando a Bíblia toda em 1790, com 23 volumes – a primeira vez que a Vulgata foi totalmente traduzida e publicada ao português.