John Murray

Nome de vários ministros e teólogos.

1.John Murray (1741–1815), ministro e pioneiro do universalismo americano. Para diferenciar de seu contemporâneo homônimo, é referido como John “Salvation” Murray.

2. John “Damnation” Murray (1742‒1793), pastor presbiteriano de Newburyport e oponente do universalismo.

2. John Murray (1898-1975) foi um teólogo presbiteriano escocês e professor do Seminário Teológico de Westminster. Discorreu sobre a imputação do pecado original e da expiação penal vicária. Escreveu um comentário sobre Romanos.

Uchimura Kanzō

Uchimura Kanzō (1861 – 1930) foi um escritor, pacista e líder cristão japonês. Influenciado por um missionário leigo americano, comprometeu-se junto de outros estudantes a ler as Escrituras e a levar uma vida moral. Mais tarde seria batizado por um missionário metodista.

Durante uma estada nos Estados Unidos teve contato com os quakers e estudou artes liberais e teologia. Ao retornar ao Japão, começou a fazer palestras sobre a Bíblia, atraindo centenas de ouvintes. Recusou a organizar uma denominação, sendo seu movimento conhecido como Não-Igreja, ou Mukyōkai.

União com Cristo

A União com Cristo é um conceito que resume as diversas expressões encontradas no Novo Testamento (nas locuções “em Cristo, no Senhor”), principalmente nos escritos paulinos e joaninos. A identificação do crente do Novo Testamento com Cristo era central na teologia de Paulo (Rm 16:7; Gl 2:20).

De acordo com Paulo, a morte e ressurreição de Cristo é um pré-requisito para os crentes serem identificados com Cristo (Rm 6:8-10).

Na tradição católica romana a União com Cristo é entendida como uma união mística, sacramental e eclesiológica. Em razão disso, ensina que seus fiéis realmente absorvem o corpo físico e o sangue de Cristo quando participam da eucaristia .

Na tradição reformada a União com Cristo integra a ordem de salvação – ordo salutis.

As tradições ortodoxa, wesleyana, pentecostal e anabatista tendem a considerar a união com Cristo como a habitação de Deus nos crentes, cumprida na Igreja como seu corpo e esposa.

Teoria da União Mística

A teoria da união mística da expiação é um modelo de soteriologia transformativa para explicar o processo de reconciliação proporcionado por Cristo.

A teoria mística sustenta que a salvação não resume apenas no sacrifício de Cristo na cruz, mas de sua natureza divina-humana sendo comunicada conosco desde a encarnação até a ascenção.

Essa teoria enfatiza a divinização (theosis ou participação da natureza divina) da humanidade por meio da encarnação de Cristo. Ele entrou no mundo como um fermento transformador e, por meio de sua influência, a humanidade é transformada, levando à redenção.

Cristo é o espelho da divindade que desperta a consciência divina naqueles que o encontram. A expiação é uma obra contínua do Espírito Santo na igreja, não apenas um evento único. Assim, a separação feita por Melanchton entre justificação e santificação seria sem sentido.

A restauração da humanidade a um estado de santidade e perfeição é uma parte vital da expiação, e a igreja desempenha um papel crucial em apoiar e encorajar os crentes em seu crescimento espiritual.

As bases bíblicas normalmente apontadas são Jo 1:12-13; Rm 6:15-23; 8:29-30; 2 Pe 1:3-4; Cl 1:27; 1 Jo 3:2.

Em sua encarnação, Cristo assumiu a natureza humana como era em Adão, incluindo sua corrupção inata e predisposição ao mal moral. No entanto, ele evitou que sua natureza humana manifestasse qualquer pecado real por meio do poder do Espírito Santo ou de sua natureza divina, gradualmente a purificou por meio de luta e sofrimento e extirpou completamente sua depravação original em sua morte, reunindo-a com Deus. A purificação subjetiva da natureza humana na pessoa de Jesus Cristo constitui sua expiação, e as pessoas são salvas ao se tornarem participantes de sua nova humanidade pela fé quando se identificam com Cristo.

Historicamente, as bases desse modelo encontra-se na concepção ortodoxa oriental, principalmente com Dionísio Pseudoareopagita. No Ocidente, Félix de Urgel no século IX foi um dos proponentes, mas foi oposto por Alcuíno de York. As vertentes místicas ocidentais, principalmente as influencidas pela Theologia Germanica, apresentam elementos desse modelo, deixando marcas na soteriologia de Lutero e do pietismo alemão (mas não na escolástica luterana, que optou por modelos forenses como metáfora estruturante).

Nos séculos XVIII e XIX teve um renascimento pelas obras de Gottfried Menken, Karl Friedrich Klaiber, Johann Gerhard Hasenkam e Rudolf Stier em rejeição ao modelo anselmiano de satisfação. Em língua inglesa, William Law e Edward Irving foram seus expoentes, mas não atraíram adeptos. Com Irving a doutrina ganhou conotações de restauração física contra enfermidades também. Erroneamente, a teoria de expiação de Schleiermacher é listada por alguns autores nessa vertente. Contudo, é uma teoria própria.

Ugarit

Ugarit foi uma cidade comercial estrategicamente localizada na costa norte da Síria. Esta cidade-estado floresceu entre 1800 e 1175 a.C..

Sua civilização possuiu uma literatura bem ampla. Há nos mitos e lendas ugaríticas menção do deus El, como senhor dos deuses e dos homens, bem como várias expressões poéticas paralelas a alguns poemas (Canção do Mar) e salmos bíblicos.

Fora da cidade, o uso do ugarítico aparece em inscrições cuneiformes sendo encontradas mais ao sul, em Beth Shemesh, Taanach e Monte Tabor. Na faixa entre o Jordão e o Mar Mediterrâneo, 97 textos cuneiformes foram encontrados dessa época, indicando um uso restrito da escrita, a qual seria limitada à administração pública.

A escrita de Ugarit era um sistema variante cuneiforme com 30 fonemas. Este cuneiforme alfabético foi usado para o ugarítico, uma língua semítica do noroeste.

Suas ruínas localizam-se em Tel Ras Shamra, cerca de dez quilômetros ao norte da moderna Latakia. As escavações arqueológicas francesas (e siro-francesas) desde 1929 (e que continuam até hoje) fornecem evidências de uma ocupação essencialmente contínua do local desde o Neolítico (8º milênio aC) até o final da Idade do Bronze (2º milênio aC).

A cidade foi destruída e nunca reocupada no início do século 12 aC.

Umwelt

Em alemão, Umwelt significa “ambiente” ou “percepção de mundo”. Conceito proposto por Jakob von Uexküll e Thomas A. Sebeok dentro da teoria semiótica para a base pessoal na qual ocorre a significação e comunicação. Embora os indivíduos possam compartilhar o mesmo ambiente, cada um possui uma relação única com ele, constituindo seu Umwelt. Entretanto, boa parte do Umwelt é compartilhado. A percepção de mundo por vezes é confundida com cosmovisão.

Unção

Unção, em hebaico מָשַׁח, nas Escrituras era o derramento de azeite cerimonial.

No Antigo Testamento a unção aparece na cerimônia de apontament ao ofício de sacerdotes (Lv 8:12–13), profetas (1 Re19:16; Is 61:1) e reis (2 Sm 5:3; 1 Re 1:39). Povos vizinhos ungiam reis, vassalos e outros altos oficiais da corte.

Em Êx 30:22–25 aparece uma receita de azeite aromatizado para ungir o tabernáculo, seus móveis e os sacerdotes. O óleo perfumado era feito de azeite de oliva, mirra, canela, cana aromática (?) e cássia.

Os reis ungidos em Israel são tratados “o ungido do Senhor” (ou “o messias do Senhor”, cf. 1 Sm 24:10; Sl 2:2; Lm 4:20), tal como o rei persa Ciro (Is 45:1). Deus instrui Elias para ungir dois reis: Hazael como rei da Síria (1Rs 19:15) e Jeú, filho de Ninsi, como rei de Israel, além de sucessor, Eliseu, filho de Safate, como profeta (1Rs 19:16). Nesse contexto, o termo messias ou ungido não tinha conotações de um salvador divino.

Em períodos tardios da história bíblica, como sinal de reconhecimento divino a um ofício, o termo unção ganhou o sentído metafórico de derramento do Espírito.

A palavra hebraica “Messias” (מָשִׁיחַ, mashiach) significa “o Ungido”, que é traduzido para o grego como “Cristo” (Χριστός, Christos). Nesse sentido Jesus é chamado de o Ungido, ou Jesus Cristo. Esse título reflete as expectativas messiânicas do período do Segundo Templo, com a restauração dos ofícios de rei, sacerdote e profeta sem comprometimento com a corrupção temporal.

Associado à ação de cura divina, no Novo Testamento aparece a unção administrado aos enfermos (Tg 5:14–15; Mc 6:13).

BIBLIOGRAFIA

Dudley, Martin; Rowell, Geoffrey. The Oil of Gladness: Anointing in the Christian Tradition. London: SPCK, 1993.

Fried, Lisbeth S. “Cyrus the Messiah? The Historical Background to Isaiah 45:1.” Harvard Theological Review 95 (2002): 373–93