Elena Guerra

Elena Guerra (1835-1914) foi uma freira italiana que urgiu os católicos a buscarem o Espírito Santo.

No final do século XIX, Elena Guerra, freira dos Oblatos do Espírito Santo, iniciou correspondência com o papa Leão XIII. Ela começou a convocar os católicos a voltarem ao Espírito Santo.

O papa introduziu a Novena do Espírito Santo para ser orada no calendário litúrgico entre a Ascensão ao Pentecostes em perpetuidade. Então, em 1º de janeiro de 1901, o Papa Leão XIII rezou o “Veni Creator Spiritus” e consagrou o século XX ao Espírito Santo. Esse evento coincide com o derramento do Espírito Santo em Topeka Kansas, um professor de santidade, quando Charles Fox Parham, impôs as mãos sobre uma de suas alunas, Agnes Ozman, e orou para que ela recebesse o batismo no Espírito Santo.

Este movimento de Elena Guerra, depois entitulada beata, marca uma das fontes para renovação carismática católica.

Pieter Louis Le Roux 

Pieter Louis Le Roux ou PL Le Roux (1865–1943) foi um missionário sul-africano e pioneiro pentecostal.

Originalmente da Igreja Reformada Holandesa, Le Roux teve impactos do ministério de cura divina de John Alexander Dowie e seu movimento sião. Quando o movimento pentecostal atingiu a África do Sul mediante os ministério de John G. Lake e Thomas Hezmalhalch, Le Roux foi um dos que aderiu.

O movimento foi organizado na denominação Missão de Fé Apostólica da África do Sul (AFM) do qual Le Roux foi presidente de 1913 a 1942. Este período coincide também com a independência e estabelecimento de um estado segregacionista na África do Sul, levando a AFM e Le Roux influenciar o movimento de igrejas independentes africanas chamadas de sionistas, dentre as quais a Zion Christian Church (ZCC).

Irvingismo

O Irvingismo ou Irvinguismo foi um movimento de avivamento carismático britânico durante a era vitoriana. O movimento surgiu das conferências sobre profecias que Henry Drummond realizou em sua propriedade Albury Park, no condado de Surrey, em 1826 e dos cultos avivados na congregação presbiteriana escocesa de Londres conduzidos por Edward Irving (1792-1834).

Edward Irving (1792-1834) era um pregador escocês que em 1822 foi apontado para uma congregação presbiteriana em Londres. Em suas pregações enfatizava uma restauração espiritual e iminentes eventos escatológicos. Suas viagens de verão pela Escócia em 1827 e 1828 atraíram dezenas de milhares de ouvintes, com manifestações extáticas e com o falar em línguas.

Irving acabou expelido da Igreja Presbiteriana e nunca liderou (ou foi apóstolo) do movimento que levou seu nome. A pregação de Irving e as notícias de milagres despertaram o interesse de Henry Drummond (1786-1860). Os membros da conferência concluíram que estavam vivendo nos últimos dias e que a Igreja estava sendo restaurada. A Igreja seria constituída por quatro dons ministeriais (apóstolos, mestres, pastores e evangelistas). Em 1832, na conferência de Albury Park seis apóstolos foram apontados, considerados enviados por Cristo para preparar seu retorno. Outros apóstolos foram apontados e enviados ao redor do mundo para proclamar essa restauração.

Inicialmente, não se viam como uma nova igreja, mas como um último reavivamento que recriaria a igreja cristã original antes do retorno de Cristo. O novo movimento esperava ganhar a adesão das igrejas existentes, mas na prática gerou uma nova denominação, a Igreja Católica Apostólica. Ganhou grande número de adeptos na Alemanha e Austrália. Desenvolveu uma rica e deslumbrante liturgia com elementos de derivação anglicana, católica e ortodoxa.

Como muitos esperavam o retorno de Cristo durante a vida do restaurado colégio apostólico, a cada morte dos apostólos não eram eleitos sucessores. Com a morte do último apóstolo, Francis Valentine Woodhouse (1805-1901), o movimento enfraqueceu. Apenas os apóstolos podiam consagrar “anjos” (o equivalente a bispos) e apenas “anjos” podiam ordenar sacerdotes. O último “anjo” morreu em 1960, o último sacerdote em 1971 e o último diácono no ano seguinte. Uma fundação fiduciária administra os bens que restaram, principalmente no Reino Unido, e alguns aderentes esparços sobrevivem. As comunidades remenscentes se reúnem para recitar litanias, cantar hinos, ler passagens da Bíblia e sermões anteriores a 1971. Na Inglaterra, ainda há uma associação voluntária angligana, a Guild of Prayer for the Return of Our Lord, que mantém viva as doutrinas e expectativas irvingianas.

Em 1862, Heinrich Geyer na Alemanha profetizou que uma pessoa seria um novo apóstolo, mas o colégio de apóstolos discordou. Em razão disso, no ano seguinte foi organizada na Alemanha a Igreja Nova Apostólica. O número de apóstolos não é limitado. O apóstolo chefe está baseado em Zurique. Realiza três sacramentos: batismo , comunhão e selo do Espírito (imposição das mãos para o recebimento do Espírito Santo). Não adota a liturgia pomposa da antiga Igreja Católica Apostólica. Possuem dez artigos de fé. Os três primeiros descrevem a Trindade nos termos do Grande Catecismo de Lutero e do Livro de Concórdia. Os artigos 4 e 5 versam sobre o ministério apostólico. Artigos 6 e 8 é sobre os sacramentos. O 9o é sobre esperança escatológica e o último sobre relação com o Estado. Estão presentes na Alemanha, Suíça, Holanda, Austrália, Índia, Brasil, Filipinas, África do Sul, Escandinávia e Estados Unidos. Outros grupos independentes existem, boa parte integrantes da Igreja Apostólica Unida.

Anabatismo e pentecostalismo

As relações entre os diversos movimentos pentecostais e anabatistas são recorrentes. Ambos movimentos são formas populares de cristianismo, sustentam bases radicais, valorizam a vida comunitária, a ação direta do Espírito Santo e uma leitura direta das Escrituras.

Houve manifestações carismáticas nos eventos que deram origem aos anabatistas. Em 1525 um avivamento ocorreu em Zollikon e St. Gall, Suíça, com manifestações ecstáticas, profecias e falar em línguas, com várias pessoas sendo batizadas nas águas. A jovem Margret Hottinger em Zollikon pregava, proclamava o perdão dos pecados, citava a Bíblia e falava em línguas. Logo, o movimento foi perseguido.

Os chamados “Espirituais” ou “Pneumáticos” foram um ramo dos primórdios dos anabatistas que valorizavam manifestações do Espírito Santo e sua guia. No entanto, os anabatistas não desenvolveram uma teologia para explicar essas manifestações. Com o tempo, o movimento anabatista acomodou-se em expressões mais comedidas.

Nos anos 1860 houve um avivamento entre os mennonitas da Rússia, com algumas vertentes aderindo a manifestações carismáticas. Desse movimento surgiu a Igreja dos Irmãos Mennonitas.

Uma influência anabatista na origem do pentecostalismo aparece quando William eymour foi morar em Indianápolis, onde frequentava a “Evening Light Saints”. Esse grupo anabatista de santidade, também chamado de Igrejas de Deus (Anderson) iniciada por Daniel S. Warner , possuiua princípios igualitários e primitivistas, além de uma eclesiologia anti-organizacional.

Em 1908 um avivamento pentecostal ocorreu entre os mennonitas e Irmãos em Cristo Mennonitas em Ontário, Canadá. O canadense Solomon Eby, um dos fundadores da denominação dos Irmãos Mennonitas em Cristo (Igreja Missionária) era um mennonita influenciado pelo pietismo e pelo movimento de Santidade. Junto de outros crentes de extração anabatista, Eby deriu ao pentecostalismo em 1912, sendo ativo na Assembleia Pentecostal de Waterloo, Ontário. De forma independente, um segmento americano da Igreja Missionária formou a Pentecostal Brethren in Christ, depois fundiu-se Pilgrim Holiness Church em 1924. Vários dos crentes de origem mennonitas estiveram entre os organizadores da Pentecostal Assemblies of Canada em 1919.

Nos anos 1920 aconteceu um avivamento entre os Menonitas da Califórnia depois de contatos com Aimee Semple McPherson,no qual gerou várias controvérsias, com muitos deixando suas congregações para juntar-se às igrejas pentecostais.

Nos anos 1950 houve um avivamento pentecostal entre os jovens da igreja Gerald Derstine, pastor da Strawberry Lake Mennonite Church em Ogema, Minnesota. Nos anos 1970 apareceu a influência do movimento carismático na Igreja Menonita da década de 1970

Durante o regime soviético, mennonitas, batistas e pentecostais foram forçados a se unirem na União dos Cristãos de Fé Evangélica.

No Brasil surgiram a Igreja dos Irmãos Mennonitas Renovada e a Igreja Anabatista Pentecostal, essa última sem ligações históricas diretas com os mennonitas.

Em tempos recentes, em 2013 pentecostais, carismáticos e mennonitas se uniram para formar a Mennonitischen Freikirche Österreich (MFÖ), a Igreja Livre Mennonita da Áustria.

BIBLIOGRAFIA

Bauman, Harold E. “Charismatic Movement,” Global Mennonite Encyclopedia Online(1990), http://gameo.org/index.php?title=Charismatic_Movement; the Mennonite Church.

Bauman, Harold Ernest. Presence & Power: Releasing the Holy Spirit in Your Life and Church. Herald Press, 1989.

Campos, Bernardo. La reforma radical y las raices del pentecostalismo: De la reforma protestante a la pentecostalidad de la Iglesia. Publicaciones Kerigma, 2017.

Byrd, Charles Hannon, “Sixteenth Century Anabaptism and the Manifestation of Glossolalia.”Conference paper, Society of Pentecostal Studies, Evangel University, Springfield, Missouri,2014.

Byrd, Charles Hannon. Pentecostal Aspects of Early Sixteenth-century Anabaptism. Wipf and Stock Publishers, 2019.

Manzullo-Thomas, Devin C. “Encounters with the Spirit among the Quiet in the Land: A Case Study of American Mennonites and Charismatic Renewal.” Transatlantic Charismatic Renewal, c. 1950-2000. Brill, 2021. 190-214.

Reimer, Johannes “The Spirit Says Go!: Mission and Early Charismatic Expressions among RussianMennonite Brethren,” Anabaptist Witness 4, no. 1 April 2017.

Williams, George Huntston.  The Radical Reformation, 3rd ed.. Penn State University Press, 2021.

Charles Hamilton Pridgeon

Charles Hamilton Pridgeon (1863-1932) foi um teólogo, evangelista e missiólogo evangelical baseado em Pittsburgh.

Pridgeon nasceu em 7 de junho de 1863 em Baltimore, Maryland. Estudou no Princeton Theological Seminary, em Edinburgh e Leipzig. Tornou-se ministro presbiteriano, mas influenciado por A. B. Simpson, experimentou o batismo no Espírito Santo em 1892 e aderiu à doutrina da cura divina proporcionada por Cristo na expiação.

Aderente ao movimento de Vida Superior, desligou-se da Igreja Presbiteriana em 1901, quando fundou a Wylie Avenue Church, uma congregação independente em colaboração com a Aliança Cristã e Missionária. No ano seguinte, fundou o Pittsburgh Bible Institute. Como outros institutos bíblicos da época, enfocava na educação preparatória para missão e na disseminação popular da teologia sem cobrar nada.

Fez uma viagem de campo ao redor do mundo 1908-1909 para planejamento missionário. Apoiou um projeto missionário na China. Foi editor de um periódico, Record of Faith.

Nesse período, Pridgeon desenvolveu um esquema dispensacionalista com seis dispensações.

O ano de 1920 foi pivotal em sua biografia. Relocou seu ministério para de Gibsonia, Pensilvânia, onde fundou uma igreja (hoje South Canonsburg Church), orfanato e a Evangelization Society of the Pittsburgh Bible Institute, hoje com o nome Heights International Ministry. Nesse mesmo ano, Pridgeon participou de um culto de avivamento conduzido por Aimee Semple McPherson em Dayton, Ohio, passando a buscar os dons do Espírito Santo. Também publicou sua primeira edição do livro Is Hell Eternal: Or, Will God’s Plan Fail? [Seria o Inferno eterno? ou falhar-se-há o plano de Deus?], no qual argumenta a reconciliação universal após a duração temporária do inferno.

A doutrina da reconciliação universal de Pridgeon, alcunhada de pridgeonismo, causou controvérsias em várias denominações pentecostais norte-americanas, sendo condenada em 1925 pelas Assemblies of God.

BIBLIOGRAFIA

Moudry, Susan Lyn. “Before There Were Charismatics: Charles Hamilton Pridgeon and Pittsburgh Pentecostalism.” Pneuma 40.4 (2018): 517-533.

Pridgeon, Charels. Is Hell Eternal: Or, Will God’s Plan Fail? Pittsburgh: 1920.

“Pridgeonism,” The Pentecostal Testimony (November 1928), 7–8.

“Pridgeon, Charles”. Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements, ed. Stanley M. Burgess and Gary B. McGee. Grand Rapids, MI: Regency Reference Library, 1988, p. 727.

George Saunders

George Saunders (1946-2020) foi um antropólogo conhecido por seus estudos psicológicos e etnográficos no norte da Itália.

Saunders também estudou a história da antropologia na Itália e o pentecostalismo italiano. O envolvimento de Saunders com os estudos europeus ficou evidente em seu envolvimento com a Society for the Anthropology of Europe, uma seção da American Anthropological Association que ele ajudou a fundar em 1986. Além de sua pesquisa na Itália, ele fez um trabalho com refugiados Hmong em Appleton, Wisconsin, e na Índia. Saunders foi professor de antropologia na Lawrence University por 26 anos, onde orientou e ensinou alunos. Ele foi premiado com o Young Teacher Award logo após chegar a Lawrence e passou a presidir seu departamento e foi nomeado para uma posição dotada como Henry Merritt Wriston Professor de Ciências Sociais.

Seus papéis e notas de campo foram guardados no Smithsonian National Anthropological Archives.

Em sua pesquisa etnográfica, Saunders fez trabalho de campo em duas congregações pentecostais na Toscana. Saunders explora por que algumas pessoas escolhem o cristianismo pentecostal em um contexto tão completamente dominado pelo catolicismo. O livro argumenta que o pentecostalismo constitui uma espécie de “contracultura” ou “antiestrutura” que reflete e contesta os valores centrais da cultura popular italiana. A epistemologia pentecostal é destacada, o que inclui a confiança em uma epistemologia distinta daquela das cosmovisões “científicas” e mais seculares contemporâneas. Os pentecostais “conhecem com o coração” e consideram a experiência emocional mais profunda e confiável do que o conhecimento da mente. A prática pentecostal torna a linguagem e a fala centrais para a experiência religiosa. O livro se conecta a vários gêneros e tipos de literatura, como a natureza da cultura e das contradições internas na cultura, literatura recente sobre o eu e a emoção na antropologia psicológica e trabalhos recentes sobre o Eu como uma construção cultural.

BIBLIOGRAFIA

Saunders, George. Il Linguaggio dello Spirito: Il Cuore e La Mente nel Protestantesimo Evangelico (The Language of the Spirit: Heart and Mind in Italian Evangelical Protestantism). George Saunders, trans by Adelina Talamonti into Italian. Pisa: Pacini Editore. 2010.

Alice Wood

Alice Wood (1870-1961) missionária, ministra do evangelho e pioneira pentecostal na Argentina.

Nascida em Ontário, Canadá, Wood foi criada como quaker e também participava de convenções metodistas e de santidade. Ficou órfã aos dezesseis anos. Aos 25 anos, ela se matriculou na Friends’ Training School em Cleveland, Ohio, indo servir em uma igreja em Beloit, Ohio depois de formada.

Alice adotou plenamente a doutrina da santidade, na vertente reformada ou movimento de Vida Superior, na qual enfatizava a santificação por ação do Espírito Santo. Frequentou cursos na Missionary Training Institute, ligado à Aliança Cristã e Missionária, em Nova York. Foi missionária independente em Porto Rico e Venezuela.

Em 1907 experimenta o batismo pentecostal, desfilia-se oficialmente da Aliança Cristã e Missionária, embora mantivesse vínculos com seus membros e líderes, bem como recebia contribuições para sua obra missionária. Começou preparar sua viagem missionária para a Argentina, fazendo várias viagens de avivamento e arrecadação de fundos no meio-oeste americano e região central do Canadá.

No início de 1910 Alice Wood e May Kelty dos EUA chegaram à Argentina. Em agosto daquele mesmo ano junta-se a elas Berger Johnson (Bergen N. Johnsen, 1888-1945) da Noruega. Em fevereiro de 1910 A. B. Simpson, o dirigente da Aliança Cristã e Missionária também chega ao país. Wood dirigiu-se a Gualeguaychu, Entre Ríos, onde havia uma missão da Aliança.

Por sete anos Wood esteve em Gualeguaychu. Os dois missionários dirigentes foram embora e Alice passou a dirigir a Misión Evangélica de Gualeguaychu. Depois estabeleceu-se na cidade de 25 de Maio, na província de Buenos Aires. Ali, formou um núcleo inicial de onde saíram vários obreiros para a Argentina.

O grupo era independente. Berger mantinha vínculos com os Amigos Livres da Noruega e Alice com a rede de quakers pentecostais e movimentos de santidade conectados a Levi Upton em Ohio. Embora Wood fosse uma missionária independente desde que aprofundou suas relações com o movimento pentecostal, quando as Assemblies of God foram organizadas em 1914 nos Estados Unidos, filiou-se a ela.

Entre 1911 e 1913 Wood e Berger rompem sua colaboração por motivos pessoais e por ele não aceitar o ministério feminino. Berger iria para o norte do país.

No final de 1917 visitou a Asamblea Cristiana italiana de Villa de Devoto e Narciso Natucci convidou-a para visitar outros pontos missionários nos arredores de Buenos Aires.

Do trabalho de Wood resultou em várias congregações pentecostais que se fundiram na Unión de las Asambleas de Dios em 1947.

Wood voltaria aos Estados Unidos alguns meses antes de seu falecimento.

BIBLIOGRAFIA

Griffin, Kathleen. “Luz En Sudamérica: Los Primeros Pentecostales En Gualeguaychú, Entre Ríos, 1910-1917.” Thesis de doctorado en teologia, ISEDET, 2014.

Louis Dallière

Louis Dallière (1897–1976) foi um ministro reformado pentecostal francês. Foi pioneiro nas relações ecumênicas e na busca do renovo da Igreja universal pela obra do Espírito Santo.

Dallière nasceu em Chicago, filho de um pai católico banqueiro e de mãe anglicana. Foi batizado enquanto criança na Église Réformée de France (ERF) em Nice em 1901. Ele experimentou conversão em 1910 e passou por uma segunda conversão em 1915, acompanhada por um chamado ao ministério. Estudou na Faculté de théologie protestant em Paris em 1915-1921. Em 1921 casou-se com Caroline Boegner, filha de Alfred Boegner, líder da Sociedade Missionária Evangélica de Paris (SMEP).

Depois de estudar teologia e filosofia em Paris e Harvard, pastoreu uma igreja reformada em Charmes, na região de Ardèche, de 1925 a 1962. Em 1932-1933, lecionou na Faculdade de Teologia de Montpellier.

No verão de 1932 foi para a Inglaterra para investigar o movimento pentecostal. Após sua adesão, passou a promover um movimento de reavivamento pentecostal entre os reformados. Ele foi bem recebido pela Igreja Livre, mas não pelos liberais nem no Movimento dos Irmãos.

Em 1930 Dallière tornou-se líder do Movimento Pentecostal em Charmes. Fez parte de uma rede da Resistência durante a Segunda Guerra Mundial, e foi reconhecido pelo Yad Vashem como “justo entre as nações” em 1990. Em 1946 ele prestou homenagem a Wilfrid Monod, que fundou os Veilleurs (A Ordem dos Vigilantes), e criou a Union de prière de Charmes (Comunidade de Oração dos Charmes). Louis Dallière fundou o “Cours Isaac Homel” (Isaac Homel College), um estabelecimento de ensino secundário que funcionou até 1975.

BIBLIOGRAFIA
https://museeprotestant.org/en/notice/le-pasteur-louis-dalliere-1897-1976-reforme-pentecotiste/

Bost,Jacques. “Le mouvement de Pentecôte en Ardèche”,In La vie des Eglises protestantes dans la vallée de la Drôme, Paris, 1977, p. 241-242

Bundy, David. “L’émergence d’un théologien pentecôtisant: les écrits de Louis Dallière de 1922 à 1932”, Hokhma, Croire Publications, Paris, 1988, Numéro 38, p. 23-51.

Bundy, David.“Dallière, Louis”, in: Brill’s Encyclopedia of Global Pentecostalism Online, Edited by: Michael Wilkinson, Connie Au, Jörg Haustein, Todd M. Johnson. http://dx.doi.org/10.1163/2589-3807_EGPO_COM_038226

Fath, Sébastien.”Baptistes et Pentecôtistes en France, une histoire parallèle ? Le baptisme, une culture d’accueil du pentecôtisme (1820-1950)”, Bulletin de la SHPF, Société de l’histoire du protestantisme français, Paris, juillet-auût -Setembro de 2000, Tomo 146, p. 523-567

Lovsky, Fadiey. “La pensée théologique de Louis Dallière”, Etudes Théologiques et Religieuses, Institut de théologie protestante de Montpellier, 1978/2, p. 171-190

Plet, Philippe.”Dallière Louis”, Encyclopédie du Protestantisme, PUF, Paris, 2006, p. 299.

Serr, Jacques; Lovsky, Fadiey, “Le pasteur Louis Dallière”, Union de prière, 2013 .

Historiografia do Pentecostalismo

A historiografia do pentecostalismo discute as formas de estruturar a narrativa das origens e propagação dos movimentos de extração pentecostal pelo mundo.

O historiador Augustus Cerillo Jr. propõe uma tipologia das abordagens, frequentemente combinadas, para se construir a narrativa da história do pentecostalismo norteamericano e, por que não, do mundo:

  1. Abordagem providencial: vê o desenrolar da história como uma intervenção providencial insperada. As raízes e matrizes da emergência do avivamento e di movimento não são salientados. Na historiografia do movimento pentecostal italiano os testemunhos dos pioneiros (Ottolini, Francescon, Bracco, Rebuffo) adotam essa abordagem. De certo modo, De Caro promoveu a continuidade dessa abordagem.
  2. Abordagem das raízes históricas: enfatiza a continuidade histórica de outros movimentos antecessores, sobretudo do movimento de santidade. Podemos identificar sob essa abordagem obras como Dayton (1987) e Synan (1997). Na historiografia do movimento pentecostal italiano talvez Francesco Toppi seja o autor mais significativo.
  3. Abordagem multicultural: salienta a contribuição de minorias marginalizadas que encontraram na religião legitimidade para expressar suas espiritualidades. Normalmente são apontados como casos os afro-americanos e em menor grau hispânicos. Na historiografia do pentecostalismo italiano Coletti talvez caberia nessa abordagem.
  4. Abordagem funcional: busca na intersecção de fatores sociais, econômicos, políticos e culturais elementos para a explosão pentecostal. Migração e outros processos sociológicos também são levados em conta. A historiografia de Yara Nogueira parece caber nessa abordagem quanto à Congregação Cristã no Brasil.

Entre estudiosos do pentecostalismo há proponentes da preferência ou da legitimidade de cada uma dessas abordagens. Por exemplo, dado a própria visão de mundo e de história pentecostal, William Kay defende a abordagem providencial como uma perspectiva êmica. Por outro lado, Dale Irvin aponta para as narrativas fragmentárias sobre a origem pentecostal. Já Everett Wilson alerta contra o essencialismo histórico. Como mencionado, na prática, é comum historiadores combinarem mais de uma abordagem.

BIBLIOGRAFIA

Cerillo Jr., Augustus. “Interpretive Approaches to the History of American Pentecostal Origins”, Pneuma 19:1 (1997): 29–52.

Cerillo Jr., Augustus: Wacker, Grant. “Historiography and bibliography of Pentecostalism in the United States” Em Burgess, Stanely M- van de Maas, Eduard M. (eds). The New International Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements. Grand Rapids: Zondervan, 2002, pp. 382-405.

Dayton, Donald W. Theological Roots of Pentecostalism. Studies in Evangelicalism 5. Metuchen, New Jersey: The Scarecrow Press, Inc., 1987.

Kay, William. “Three Generations On. The Methodology of Pentecostal History,” EPTA Bulletin 11, no. 1+2 (1992): 58–70;

Kay, William. “Karl Popper and Pentecostal Historiography,” Pneuma 32, no. 1 (2010): 5–15.

Irvin, Dale T. “Pentecostal Historiography and Global Christianity. Rethinking the Question of Origins,” Pneuma 27,no. 1 (2005): 35–50.

Synan, Vinson. The holiness-Pentecostal tradition: Charismatic movements in the twentieth century. Wm. B. Eerdmans Publishing, 1997.

Wacker, Grant “Are the Golden Oldies Still Worth Playing? Reflections on History Writing Among Early Pentecostals,” Pneuma 8, no. 2 (1986): 81–100.

Wilson, Everett A. “They Crossed the Red Sea, Didn’t They? Critical History and Pentecostal Beginnings,” in Marray W. Dempster, Byron D. Klaus, and Douglas Petersen (eds.). The Globalization of Pentecostalism. A Religion Made to Travel. Oxford: Regnum Books International, 1999, pp. 85–115.

William Seymour

William Joseph Seymour (1870 – 1922) foi um pregador de santidade afro-americano que iniciou o avivamento pentecostal da rua Azusa.

Nascido comoo segundo de oito filhos de ex-escravizados na Louisiana, cresceu em extrema pobreza. Sua família era originalmente católica, mas frequentava uma igreja batista.

Adulto, Seymour foi morar em Indianápolis, onde aderiu ao metodismo na vertente do movimento de Santidade, onde se converteu. Também frequentava a “Evening Light Saints” ou Igrejas De Deus de Daniel S. Warner , um grupo anabatista de santidade, adotando seus princípios igualitários e primitivistas.

Morando em Houston, frequentou a escola bíblico do ministro pentecostal Charles Parham. Aceitou o ensino Parham de que falar em línguas era sinal do batismo no Espírito Santo.

Em 1906, Seymour mudou-se para Los Angeles, Califórnia, convidado por uma pequena igreja de santidade. Iniciou a pregar a mensagem pentecostal, resultando no avivamento da Rua Azusa e atraindo grandes multidões, bem como cobertura da mídia.

As práticas de culto e a comunidade racialmente integrada chocava as expectativas sociais da época.

Nessa época, Seymour teria dado apoio para formar a Italian Pentecostal Mission, mais tarde renomeada Italian Christian Assembly. Os crentes italianos ocasionalmente congregavam e mantiveram comunhão com outros crentes americanos na Victoria Hall Assembly, pastoreada por Warren Fisher, onde também frequentemente William Seymour e Aimee McPherson.

Iniciou a publicação de um periódico, The Apostolic Faith, e serviu de centro de comunicação aos avivados pelo mundo. Contudo, em uma complexa relação entre teologia, liderança e racismo, várias figuras do nascente pentecostalismo romperam com ele (Parham, Florence Crawford, W. H. Durham), diminuindo o fervor em Azusa.

Um pensandor pentecostal em seu próprio mérito, somente a partir do centenário do avivamento de Azusa que sua obra esparça começou a ser avaliada.