Gottfried Arnold (1666-1714) foi um historiador, autor de livros devocionais e pastor de uma igreja luterana em Brandenburg, Alemanha, com tendências pietistas.
Contemporâneo de Spener, Arnold compartilhava muitos aspectos, mas não aderiu ao pietismo.
Publicou uma reconstrução histórica do cristianismo primitivo em sua obra de dois volumes, Die Erste Liebe (1696). O livro fez sucesso entre círculos pietistas e rendeu-lhe uma cátedra universitária em Giessen, a qual deixaria um ano depois.
Em 1700 publicou sua obra maior Unpartheiische Kirchen- und Ketzer-Historie, na qual afirmava que a história narrada pelos vencedores não refletia a realidade da história marginal no cristianismo. Argumentou que grupos marginais, tidos como sectários e heréticos, eram representados distorcidamente por interesses ideológicos.
Argumentava que a igreja primitiva seria um modelo a ser copiado. A igreja primitiva teria ministros que ganhavam sustentos com seus próprios trabalhos, tendo um coração renovado e requisitos bíblicos para o ministério sem exigir titulações acadêmicas. Os ministros seriam chamados de Ältesten (anciãos) e os cultos de reunião (Versammlung) ao invés de serviços (Gottesdienst). As mulheres ensinavam e instruíam umas às outras, algumas chamadas de diakonas e presbiterias. O assento separado na congregação, o ósculo santo e o cântico alegre seriam outras características de culto. A oração e cânticos constante, mesmo fora dos serviços de culto, seriam marcas da vida cristã cotidiana. Numa época em que somente membros de ordens monásticas se referiam como “irmã” e “irmão”, Arnold dizia que os primitivos cristãos se identificavam assim. Adicionalmente, cada cristão cuidava um do outro e viviam em comunhão.
Arnold teve impacto indireto (ainda que por pessoas que não o leram) na formação de um ideal de cristianismo primitivo, no restauracionismo, bem como na doutrina da sucessão apostólica marginal.
BIBLIOGRAFIA
Peucker, Paul M. “The Ideal of Primitive Christianity As a Source of Moravian Liturgical Practice.” Journal of Moravian History 6, no. 6 (2009): 6–29.