William Roscoe Estep

William Roscoe Estep (1920-2000) foi um historiador e teólogo batista que ensinou no Southwestern Baptist Theological Seminary.

Estep escreveu extensivamente sobre a história da teologia batista e enfatizou a importância da liberdade religiosa, a separação entre Estado e Religião, a liberdade de consciência e as raízes anabatistas. Seus trabalhos incluem “The Anabaptist Story” (1963) e “Whole Gospel Whole World: The Foreign Mission Board of the Southern Baptist Convention 1845–1995” (1994).

Nos anos 1990, Estep foi um dos líderes que tentou conter o avanço do Novo Calvinismo no seio da Convenção Batista Sulista nos Estados Unidos.

Fribaptistsamfundet

Fribaptistsamfundet ou União Batista Livre foi uma denominação batista primitivista sueca que existiu entre 1872 e 1992, iniciada pela pregação de Helge Åkeson.

Helge Åkeson (1831-1904) foi um membro da Igreja da Suécia de tendências pietistas e na década de 1850 aderiu aos batistas. Começou a pregar, mas logo teve conflitos na União Batista Sueca por suas posições doutrinárias. Não acreditava que a crença na trindade deveria ser exigida como critério de participação na Igreja. Pacifista, recusava o serviço militar. Argumentava que os ministros não deveriam receber salários, deveriam manter-se com trabalhos seculares e serem ordenados sem requisitos educacionais. Ensinava que o tormento dos condenados não era eterno, mas temporalmente limitado. A expiação seria objetiva e não penal ou vicária.

A Fribaptistsamfundet ganhou seguidores principalmente em Scania, Gotland, Dalarna, Västmanland e Västergötland. No início de 1900, a denominação teve seu auge com cerca 5.000 membros. Enfatizavam o não credalismo, o pacifismo e o ministério leigo.

Em 1994, a Free Baptist Union fundiu-se com a União e Santidade, e em 1997 fundiu-se com a Missão Örebro para formar a Igreja Evangélica Livre na Suécia. Antes da fusão, havia cerca de 30 congregações e 1.000 membros.

Converge

Converge, anteriormente conhecida como Conferência Geral Batista (BGC), é uma denominação protestante americana que foi formada em 1944 através da fusão de dois grupos batistas suecos na América. A denominação está comprometida com a teologia evangélica, enfatizando a autoridade das Escrituras e a importância da fé pessoal em Jesus Cristo.

A Converge é conhecida por seu compromisso com a plantação de igrejas e missões, tanto nacional quanto internacionalmente. A denominação possui mais de 1.200 igrejas e ministérios nos Estados Unidos, além de parcerias com igrejas em mais de 70 países ao redor do mundo.

Converge é governado por uma assembleia representativa, que é responsável por definir as políticas da denominação e supervisionar seus ministérios. Os pastores da denominação são ordenados por suas igrejas locais, e tanto homens quanto mulheres são elegíveis para a ordenação. A Converge está empenhada em promover a diversidade e a inclusão dentro da igreja e incentiva seus membros a se envolverem em questões de justiça social, como pobreza, desigualdade racial e tráfico humano.

Bernard Ramm

Bernard Ramm (1916-1992) foi um teólogo e apologista batista americano.

Um pioneiro em fundamentar o pensamento evangelical em bases racionais, discutiu a relação entre fé e razão. Ramm foi professor no California Baptist Theological Seminary e na Baylor University School of Theology.

A teologia de Ramm enfatizou a importância do rigor intelectual na defesa da fé cristã. Criticou a tendência de priorizar a experiência religiosa subjetiva sobre a argumentação racional. Seus livros incluem “Protestant Biblical Interpretation: A Textbook of Hermeneutics” (1956) e “The Christian View of Science and Scripture” (1954).

J. Deotis Roberts

J. Deotis Roberts (1935-2015) foi um teólogo batista americano que enfatizou a importância da teologia contextual para as comunidades negras. Seu livro “The Prophethood of Black Believers: An African American Political Theology for Ministry” (1982) argumentou que os negros devem ser vistos como profetas que desafiam as estruturas sociais que perpetuam a opressão.

No cerne da teologia de Roberts estava sua crença na dignidade e no valor de todas as pessoas, independentemente de raça, etnia ou status social. Deus é um Deus de justiça e compaixão, profundamente preocupado com a situação dos oprimidos e marginalizados. Roberts argumentou que o propósito da teologia era ajudar as pessoas a entender e responder às realidades da injustiça no mundo e trabalhar para criar uma sociedade mais justa e equitativa.

Um dos temas-chave na teologia de Roberts era a libertação. O plano de salvação de Deus incluía libertar as pessoas de todas as formas de opressão, incluindo a opressão espiritual, econômica, política e social. A história do Êxodo na Bíblia hebraica exemplifica um símbolo poderoso da libertação de Deus, e que os cristãos poderiam recorrer a essa história para entender o significado de sua própria libertação em Cristo.

Roberts também enfatizou a importância da comunidade em sua teologia. Ele acreditava que os seres humanos foram criados para a comunidade e que era por meio de nossos relacionamentos com os outros que poderíamos experimentar a plenitude do amor de Deus. A Igreja é um local crucial de comunidade. Por isso, os cristãos tinham a responsabilidade de trabalhar juntos para criar um mundo mais justo e amoroso.

Roberts enfatizou o poder transformador do amor de Deus. Ele acreditava que o amor de Deus tinha o poder de curar e transformar indivíduos e comunidades, e que essa transformação era essencial para criar um mundo mais justo e igualitário. O trabalho da teologia como um convite para participar desse processo transformador e incentivou os cristãos a serem agentes ativos de mudança em suas comunidades e no mundo.

Junto de James H. Cone, Deotis Roberts é um dos propoentes da Black Theology, a teologia da libertação afroamericana. No entanto, era voz distinta na interlocução do pensamento de Cone e de Martin Luther King, bem como na práxis em justiça social.

Batistas

Os batistas são um ramo do cristianismo protestante que enfatiza o batismo voluntário e consciente.

Vários separatistas e puritanos ingleses de origens e tendências teológicas diversas aderiram os princípios batistas e a primeira congregação batista foi fundada pelo exilado inglês John Smyth na Holanda em 1607. Nos Estados Unidos, o pioneiro foi Roger Williams em Providence e os batistas do sétimo dia em Newport, ambos na colônia de Rhode Island.

Em 1792, a sociedade missionária batista foi fundada na Inglaterra por influência de William Carey. Em seguida, em 1814 foi fundada a sociedade missionária estrangeira batista americana, principalmente por meio de Adoniram Judson.

Na esteira do Avivamento Continental, os batistas chegaram à Alemanha pela missão de Johann Gerhard Oncken, que fundou a primeira comunidade batista em Hamburgo em 1834.

Em 1871, batistas emigrados dos Sul dos Estados Unidos organizam a Primeira Igreja Batista no Brasil em Santa Bárbara d’Oeste, no interior paulista.

Na Índia está a maior concentração de batistas no mundo, entre os povos naga e miso, locais onde cerca de 98% da população é batista.

Os batistas em geral são congregacionalistas e não possuem um credo ou confisssão comum. Em geral aderem a uma visão zwingliana dos sacramentos (preferem o termo “ordenanças”).

Dada a diversidade dos batistas, é difícil caracterizá-los. Alguns grupos batistas são agrupados em convenções, redes, igrejas multi-campi, ou em alguns casos mais raros, em dioceses, como os batistas episcopais congoleses. Algumas vertentes aderem a confissões de fé batistas, geralmente de expressão reformada. Há batistas de tendências primitivistas, como também há batistas carismáticos ou avivados.

Batistas Primitivos

Os Batistas Primitivos são uma denominação Batista tradicionalista que surgiu nos Estados Unidos no final do século XVIII e início do século XIX.

Os Batistas Primitivos caracterizam-se por suas práticas simples de culto, que frequentemente incluem canto a cappella, oração e pregação extemporâneas. A denominação é descentralizada, com cada congregação sendo independente e auto-governada, com um grupo leigo de anciãos (elders) e diáconos. Praticam o batismo na idade do consentimento e por imersão total. No geral, suas capelas são mantidas por ofertas voluntárias, já que não possuem sociedades missionárias, funcionários em tempo integral ou pastores assalariados. Em comum, rejeitam organizações de serviço fora ou acima da igreja local.

Essas práticas eram comuns a todos os batistas até o final do século XVIII. Depois da Revolução Americana, os batistas americanos começaram a imitar outras denominações. Uma minoria tradicionalista insistiu nessas distintivas até que uma reunião na Igreja Batista de Black Rock em 28 de setembro de 1832 em Butler, Maryland, marcou a separação entre os Batistas Primitivos e outros batistas. As igrejas batistas primitivas predominam nas regiões montanhosas do sul dos Estados Unidos, principalmente nos Apalaches e Ozarks.

As crenças dos Batistas Primitivos podem variar amplamente, com alguns seguindo a teologia calvinista, enquanto outros abraçam o arminianismo ou o universalismo. Apesar dessas diferenças, eles dão grande importância às raízes históricas da tradição Batista e acreditam em manter os “velhos caminhos” e práticas de culto simples e puros dos primeiros cristãos. Eles geralmente são contrários às inovações modernas na teologia e no culto e resistiram a muitas das mudanças que ocorreram em outras denominações Batistas.

Scotch Baptists

Grupo primitivista batista que existiu na Escócia da metade do século XVIII ao XIX.

O grupo iniciou quando dois ex-presbiterianos Robert Carmichael e Archibald McLean (1733–1812) tornaram-se glassitas. Por razões disciplinares, deixaram os glassitas em 1764. No ano seguinte, ficaram convencidos do batismo adulto por imersão. Como não conheciam nenhum batista na Escócia, Carmichael viajou para Londres, onde foi batizado por John Gill. Ao retornar à Escócia, Carmichael batizou outros adeptos e formaram uma igreja aos moldes glassitas, mas com batismo por imersão, conhecidos como Scotch Baptists (batistas escoceses), iniciando sua primeira congregação em Edinburgh.

Apesar de serem não credais ou confessionais, um anúncio de um jornal batista de Londres na década de 1850 revela as práticas e crenças comuns dos Scotch Baptists.

‘Senhor, você me permite perguntar através desse meio do Christian Advocate se houver qualquer pessoa residente em ou perto de Londres, que acredite nas seguintes doutrinas e práticas a serem ensinadas no Novo Testamento e deseje unir-se na comunhão da igreja com aqueles que assim creem:

1. Redenção Particular.

2. Comunicação do conhecimento da verdade salvadora pela Palavra de Deus acompanhada pelo poder do Espírito Santo.

3. Imersão na água numa profissão de crença na verdade.

4. Comunhão semanal na Ceia do Senhor.

5. O ósculo da caridade.

6. A exortação e orações de todos os irmãos nas assembleias da igreja.

7. A leitura constante de porções consideráveis ​​das Escrituras na igreja.

8. Pluralidade de anciãos.

9. Presidência sempre confinada aos anciãos.

10. Atenção à Ceia do Senhor somente sob a presidência de um ancião.

11. Festas de Caridade.

12. Comunhão na Igreja confinada àqueles que são de coração unânime em todas as doutrinas e práticas do Novo Testamento.

Christian Advocate and Scotch Baptist Repository, Beverley, October 1860, p.240.

Diferente dos Glassitas, os Scotch Baptists não apregoavam um separatismo ou uma disciplina rígida, além de serem mais ativos em atividades missionárias.

Havia outros batistas na Escócia, como aqueles influenciados pelos irmãos James Haldane e Robert Haldane, que adotaram alguns princípios e práticas dos Scotch Baptists, inclusive a imersão adulta em 1808. Outros grupos infuenciados pelos batistas ingleses distinguiam-se por suas atitudes moderadas e menos rígidas que os Scotch Baptists. Esses diversos grupos fundiram-se em 1869. Igrejas locais aos poucos perderam as distintivas dos Scotch Baptists até a última congregação, a de Academy Street, Aberdeen, foi dissolvida em 1920.

Houve influências dos Scotch Baptists no movimento das Igrejas de Cristo nos Estados Unidos. Uma congregação local, Kircaldy Church of Christ, em uma cidade no norteste da Escócia é hoje ligada a esse movimento.

BIBLIOGRAFIA

Murray, D. B. (1989). The Scotch Baptist Tradition in Great Britain. Baptist Quarterly: Vol. 33, No. 4, pp. 186-198

Owston, John (1997) “Scotch Baptist Influence on the Disciples of Christ,” Leaven, Vol. 5: 1, 11 https://digitalcommons.pepperdine.edu/leaven/vol5/iss1/11

Vincenzo Melodia

Vincenzo Melodia (1883- ?) ministro do evangelho, teólogo, pacifista e ativista social italiano.

Melodia nasceu em Vittoria, Sicília tornou-se membro comungante da Igreja Valdense local com sua família em 1897. Ele estudou na Faculdade Batista de Teologia e tornou-se pastor batista em Altamura, Floridia e Messina antes de se mudar para Livorno, Pisa, Viareggio e, finalmente, os Estados Unidos.

Melodia foi candidato socialista nas eleições de 1918/19 para conselheiro comunal (vereador) de Messina. Em 1920 reporta, com certa hostilidade, a atividade dos pentecostais na região.

Em 1920, Melodia liderou o estabelecimento de uma igreja batista em S. Piero a Patti com mais de cinquenta membros, mas esquadrões fascistas destruíram o local de culto e feriram muitos visitantes sem intervenção policial. Apesar dos riscos significativos, Melodia desafiou o fascismo e participou dos Congressos Internacionais dos Resistentes à Guerra na Inglaterra, França e Suíça.

Seu irmão Vito Melodia aceitou a fé pentecostal nos meados dos anos 1920. Provavelmente isso refletiu na mudança de atitude por parte de Vincenzo.

Como o fascismo continuou a monitorá-lo, Melodia se refugiou na América em 1940 após a prisão de seu filho Giovanni, o qual seria deportado para o campo de concentração de Dachau, mas sobrevieria. Ele fundou e dirigiu “Il Faro”, a organização oficial das Igrejas Cristãs Italianas da América do Norte.

Nessa época, publicou um livro, um dos primeiras obras de teologia chancela denominacional, com o título La Chiesa dei primogeniti scritti nei cieli: il popolo dei riscattati all’alba delle sue origini testimonianze della storia e delle Scritture alla Chiesa Apostolica (1943).

Hoje, uma praça em Vittoria leva seu nome em homenagem a suas contribuições à igreja valdense e à fé cristã, suas crenças pacifistas e sua resistência inabalável contra o fascismo.