Horace Bushnell (1802-1876) foi um ministro e teólogo congregacional americano que fez contribuições significativas para o pensamento religioso americano no século XIX.
Nascido em Bantam, Connecticut, Bushnell se formou no Yale College em 1827 e mais tarde frequentou a Yale Divinity School. Após a formatura, Bushnell serviu como pastor congregacional em várias igrejas de Connecticut, e sua carreira incluiu vários anos como professor de teologia na Yale Divinity School. Ele era conhecido por seus sermões e escritos sobre teologia, que desafiavam as crenças protestantes tradicionais e procuravam conciliar a religião com os desenvolvimentos intelectuais e científicos modernos.
O pensamento teológico de Bushnell enfocou a ideia da “Teologia da Nova Inglaterra”, que enfatizava a importância da experiência religiosa pessoal e o papel do Espírito Santo na salvação individual. Ele rejeitou as estritas doutrinas calvinistas da predestinação e do pecado original, enfatizando, em vez disso, o poder da vontade humana e o potencial de aperfeiçoamento moral por meio da prática religiosa.
Uma das contribuições teológicas mais significativas de Bushnell foi sua doutrina da expiação, que procurou reinterpretar a compreensão protestante tradicional da morte de Cristo na cruz. Na visão de Bushnell, a expiação não era uma troca transacional de punição pelo pecado, mas sim uma demonstração do amor e da solidariedade de Deus com a humanidade diante do sofrimento e do mal.
Bushnell argumentou que o sofrimento de Cristo não foi apenas um pagamento pelo pecado, mas uma participação na experiência humana de sofrimento e uma demonstração de empatia e solidariedade divinas. Ele acreditava que esse entendimento da expiação estava mais de acordo com os ensinamentos do Novo Testamento e mais compatível com os desenvolvimentos intelectuais e científicos modernos.
Sua doutrina da expiação, enfatizando a solidariedade de Cristo com a humanidade no sofrimento, continua sendo uma contribuição significativa para a teologia cristã. A cruz não mudou a atitude de Deus. Antes foi uma revelação do perdão perpétuo de Deus e sua disposição para sofrer conosco e por nós. A obra de expiação de Cristo foi altruísta; assim, foi um sofrimento vicário, como no Servo Sofredor de Isaías, mas não de substituição penal. Essa perspectiva é tida como um renascimento da teoria da influência moral de Abelardo.
Bushnell antecipou as justificações teológicas para o continuísmo da ação divina de forma miraculsoa. Considerou que qualquer a negação dos milagres contemporâneos seria uma ameaça a todo o argumento do sobrenatural registrado na Bíblia. Ele previu: “Agora pode estar surgindo uma dispensação de dons e milagres mais distinta e amplamente atestada do que foi testemunhada por séculos”. (1858).
A recepção do pensamento de Bushnell foi controversa. Conforme sumarizado por Smith e Town (2015) : “Desprezado por seus críticos como liberal, calvinista, místico e herege, a teologia de Horace Bushnell – particularmente seu modelo de educação cristã – prevaleceu como um modelo significativamente influente para a educação religiosa.”
BIBLIOGRAFIA
Bushnell, Horace. Nature and Supernatural. 1858.
Bushnell, Horace. The Vicarious Sacrifice: Grounded in Principles of Universal Obligation. RD Dickinson, 1892.
Haddorff, David W. “The Horace Bushnell Controversy, 1849-1854: A Crisis in Connecticut Congregationalism.” Connecticut History Review 38.1 (1997): 56-73.
Mullin, Robert Bruce. “Horace Bushnell and the question of miracles.” Church history 58.4 (1989): 460-473.
Olson, Roger. “Remembering the “Progressive Orthodoxy” of Horace Bushnell”. Patheos, 2012.
Smith, Samuel J.; Town, Elmer L. “Horace Bushnell: Advocate of Progressive Orthodoxy and Christian Nurture.” Liberty University, 2o15.