Adela Yarbro Collins

Adela Yarbro Collins (1945-2020) foi uma biblista e professora de estudos do Novo Testamento. Adela obteve seu diploma de graduação pela Universidade de Stanford e seu doutorado pela Universidade de Harvard.

Ao longo de sua carreira, Collins fez contribuições significativas para o estudo do Novo Testamento e do cristianismo primitivo, particularmente nas áreas de literatura apocalíptica, o livro do Apocalipse e o Evangelho de Marcos. Trabalhou com análise textual, contexto histórico e crítica literária.

Collins ocupou cargos de docente em várias instituições de prestígio, incluindo a Universidade de Chicago, a Universidade de Yale e a Universidade de Notre Dame. Também foi presidente da Sociedade de Literatura Bíblica e da Associação Bíblica Católica.

Moisés Silva

Moisés Silva é um biblista cubano-americano especializado no Novo Testamento e interpretação bíblica.

Silva foi influenciado pelo trabalho de James Barr e procurou aplicar princípios semelhantes à interpretação dos textos do Novo Testamento.

BIBLIOGRAFIA

Silva, Moisés. Biblical Words and Their Meaning: An Introduction to Lexical Semantics. Grand Rapids: Zondervan, 1985.

Silva, Moisés. Has the church misread the Bible?: The history of interpretation in the light of current issues. Grand Rapids: Zondervan, 1987.

Silva, Moisés; Kaiser, Jr., Walter. Introduction to Biblical Hermeneutics: the Search for Meaning. Grand Rapids: Zondervan, 1994.

Ellen José van Wolde

Ellen José van Wolde (nascida em 1954) é uma biblista holandesa.

Em sua pesquisa ela se concentra principalmente na Bíblia Hebraica, aplicando conhecimento da semiótica e linguística para interpretação intensiva de passagens seletas.

Inverstiga principalmente sobre Deus, a cosmogonia e sobre a antropologia bíblica. Associa pesquisa de linguagem e texto em estreita conexão com a cultura e cognição do Antigo Oriente Próximo.

Robert Horton Gundry

Robert Horton Gundry (1932- ) um teólogo americano e biblista especializado no Novo Testamento.

Gundry estudou no Seminário Batista de Los Angeles e doutorou-se em 1961 pela Universidade de Manchester. Sua carreira destaca-se sua atuação no Westmount College da Califórnia.

Foi um dos fundadores da Evangelical Theological Society (ETS) e signatário da Declaração de Chicago sobre a Inerrância da Bíblia. Contudo, sua publicação de um comentário sobre Mateus em 1982 utilizando técnicas da crítica da redação valeu-lhe a expulsão da ETS.

Seu Panorama do Novo Testamento tornou-se um manual introdutório popular nas faculdades americanas e em seminários no mundo todo.

Em sua tese “The Use of the Old Testament in St. Matthew’s Gospel: With Special Reference to the Messianic Hope”, Gundry trata o Evangelho de Mateus como um midrash, que é uma forma judaica de interpretação bíblica que envolve comentários e elaboração das escrituras. Mateus teria usado técnicas midráshicas para demonstrar como Jesus cumpriu as profecias e expectativas do Antigo Testamento sobre o Messias. Sustenta com vários exemplos disso no Evangelho, como a genealogia de Jesus, a fuga para o Egito e o Sermão da Montanha. Ao analisar o Evangelho de Mateus dessa maneira, Gundry procura lançar luz sobre o contexto cultural e literário em que o texto foi escrito.

Adicional controvérsia apareceu sobre a exposição que Gundry faz da justificação conforme apresentada por Paulo. Gundry argumenta que a visão da justificação somente pela fé é incompleta diante do pensamento paulino. Em vez disso, propõe que a obediência fiel aos mandamentos de Cristo como um componente essencial da justificação. Gundry argumenta que essa visão é mais fiel aos ensinamentos do Novo Testamento e fornece uma análise abrangente das passagens bíblicas relevantes. A justificação seria incorporada, ou seja, o indivíduo seria integrado à comunidade de aliança de Israel e gentios, não um ato de imputação da justiça. Parte de seus conceitos foram associados ao movimentio de Nova Perspectiva sobre Paulo.

BIBLIOGRAFIA

Gundry, Robert Horton. Panorama do Novo Testamento. Vida Nova, 1998.

Gundry, Robert H. “Grace, Works, and Staying Saved in Paul.” Biblica (1985): 1-38.

Krister Stendahl

Krister Stendahl (1921-2008) foi um teólogo e bispo sueco que teve um impacto significativo no campo dos estudos bíblicos e do diálogo inter-religioso.

Stendahl obteve seu doutorado em estudos do Novo Testamento na Universidade de Uppsala, na Suécia, em 1954. Em seguida, lecionou na Harvard Divinity School por muitos anos, onde atuou como reitor de 1968 a 1979. Em 1976, foi ordenado bispo de Estocolmo na Igreja da Suécia, e em 1984 tornou-se Bispo de Lund. Ele também foi professor visitante em várias universidades, incluindo Yale, Princeton e a Universidade da Califórnia em Berkeley.

Foi um proponente de uma teologia bíblica que buscava entender as crenças presentes e subjacentes a cada texto delimitado (perícope, livro) da Bíblia. Sua área de especialidade era os estudos paulinos.

As ideias teológicas de Stendahl focavam na importância de entender as diferentes religiões em seus próprios termos, em vez de julgá-las de uma perspectiva estreita e etnocêntrica.

Quando questionado sobre sua opinião acerca da construção de um templo mórmon na Suécia, respondeu com suas três regras para compreensão da religião alheia:

  1. Quando você tentar entender outra religião, deve perguntar aos adeptos dessa religião e não aos seus inimigos.
  2. Não compare o melhor de sua religião com o pior da religião alheia.
  3. Deixe espaço para a “inveja santa”: esteja disposto a reconhecer elementos na outra religião para admirá-la e que possa, de alguma forma, refletir em sua própria religião.

João Ferreira de Almeida

João Ferreira Annes d’Almeida ou João Ferreira de Almeida (1628 -1691) foi um ministro pregador da Igreja Reformada nas Índias Orientais Holandesas e tradutor da Bíblia ao português.

VIDA

Originário de Torre de Tavares, Várzea de Tavares, concelho de Mangualde, Portugal, não sabe muitos detalhes sobre o início de sua vida. Ao longo da vida ganhou diversos graus de proficiência do latim, grego, italiano, espanhol, francês e holandês.

Em 1642, aos quatorze anos de idade, João Ferreira de Almeida estava na Ásia e converteu-se ao protestantismo ao ler um panfleto em espanhol. No ano anterior, forças holandesas tinham conquistado várias colônias portuguesas na Ásia.

Em 1645 traduziu Novo Testamento para o português a partir do latim da versão de Teodoro de Beza, consultando versões em castelhano, francês e italiano. Essa tradução circulou manuscrita e nunca foi impressa.

Em 1654 fez uma nova tradução do Novo Testamento, solicitada pela Igreja Reformada no Ceilão. Em 1676, já em Jacarta, terminou sua terceira revisão.

É posto no ministério de consolador ou visitador (referido com o título de “padre”) da Igreja Reformada. Exerceu seu ministério em Malaca, no Sul da Índia, em Ceilão e em Batávia, atual Jacarta.

Em 1681 saiu a primeira edição impressa do Novo Testamento. Foi revisada pelo holandês-brasileiro Bartholomeus Heynen e o holandês Joannes de Vooght. É possível um terceiro revisor anônimo, um judeu convertido. No entanto, veio com vários erros editoriais. As autoridades holandesas decretaram seu recolhimento. Almeida anotou uma revisão em um exemplar, hoje guardado na Biblioteca Nacional em Lisboa. Ainda há nessa mesma biblioteca outro exemplar dessa edição. Já na Biblioteca Real de Haia e a British Library guardam outros dois exemplares sobreviventes.

A segunda edição do Novo Testamento em português, revista pouco antes da morte de Almeida, veio a ser publicada postumamente em 1693. Teria sido revista por Jacobus op den Akker e Theodorus Zas, ambos ministros formados em teologia em Utrecht.

A Society for Promoting Christian Knowledge, de Londres, financiou a terceira edição do Novo Testamento de Almeida, em 1711, publicada em Amsterdam.

Ao morrer, Almeida tinha traduzido o Antigo Testamento até o livro de Ezequiel 48:21. Em 1694, Jacobus op den Akker, que era pastor da Igreja Reformada Holandesa, retomou o trabalho e terminou o Antigo Testamento.

O Antigo Testamento foi publicado em Tranquebar de forma seriada: iniciou em 1719 (Pentateuco), 1732 (Profetas Menores), 1738 (Livros Históricos), 1740 (Salmos), 1744 (Jó a Eclesiastes), 1751 (Profeta Maiores, com tradução de Daniel pelo missionário Christóvão Theodosio Walther) e 1757 (Pentateuco). Paralelamente, foi publicada em dois volumes na Batávia, entre 1748 (Gn-Ester) e 1753 (Sal-Malaquias).

Em 1712 a missão luterana de Tranquebar reimprimiu a edição de 1681. A primeira edição revista substancialmente do Novo Testamento, feita em Tranquebar, apareceu em 1760 (quatro evangelhos) e 1765 (resto do Novo Testamento). A primeira edição da Bíblia completa, apenas em 1819 pela gráfica de R.E. A. Taylor em Londres, sob encomenda da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.

O PROCESSO DE TRADUÇÃO

Para o Antigo Testamento Almeida não traduziu diretamente do hebraico, mas de outras versões. Teria utilizado como base principal versão espanhola de de Cypriano de Valera de 1602 (a Biblia del Cántaro), a qual tinha sido a Bíblia del Oso (de Casiodoro de Reina) revisada com base na Bíblia de Ferrara e na versão de Pagnino. Outra fonte teria sido a Bíblia Diodati em italiano e a Olivetan em francês. Como controle, também empregou a versão holandesa Statenvertaling (1637), cujos autores reivindicaram ser a mais fiel tradução em línguas vernáculas da era da Reforma. Hoje é consenso que Almeida não se baseou na Vulgata (Fernandes 2021). É provável que tenha tido contato com a Bíblia Poliglota de Antuérpia (1572) de Benito Arias Montano e a versão latina de Sancte Pagnino.

A tradução do Novo Testamento começou a partir do espanhol. Consultou a versão latina de Teodoro de Beza, com auxílio de versões em espanhol, francês e italiano. Para a base grega, certamente a versão empregada foi o Textus Receptus de Jan Jansson, impresso em Amsterdam em 1639. (Cavalcante Filho, 2013). Teria também tido acesso a edições de Beza, Roberto e Henricus Stephanus, e Elzevier 1641.

Além da Bíblia também escreveu alguns panfletos: Diferença da Cristandade (1668); Duas Epístolas e Vinte Propostas (1672); um Apêndice à Diferença da Cristandade (1673); Diálogo Rústico e Pastoril (1680).

O biblista Herculano Alves chama Almeida de o autor de língua portuguesa que mais vendeu. No esteio de sua versão, várias revisões levam seu nome.

BIBLIOGRAFIA

Alves, Herculano. A Bíblia de João Ferreira Annes d’Almeida. Coimbra: Sociedade Bíblica de Portugal, Sociedade Bíblica do Brasil, Difusora Bíblica, 2006.

Cavalcante Filho, Jairo Paes. “O método de tradução de João Ferreira de Almeida: O caso do Evangelho de Mateus.” Mestrado em Ciências da Religião. Universidade Metodista de São Paulo, 2013.

Fernandes, Luis Henrique M. “Diferença da Cristandade: a controvérsia religiosa nas Índias Orientais holandesas e o significado histórico da primeira tradução da Bíblia em português (1642-1694)”. Tese de Doutorado em História Social, USP, 2016.

Fernandes, Luis Henrique Menezes. “As fontes textuais da Bíblia Almeida: Sistematização e esquadrinhamento do status quaestionis.” REVER: Revista de Estudos da Religião 21.2 (2021): 45-61.

Sanctes Pagninus

Santes (ou Xantes) Pagnino ou em latim Xanthus Pagninus, também Sante Pagnini ou Santi Pagnini (1470–1536), foi um frade dominicano e biblista italiano, cuja versão latina da Bíblia foi altamente elogiada no século XVI.

Em 1516 foi para Roma, onde o Papa Leão X incentivou seu trabalho. De 1523 a 1526 viveu em Avignon, depois se estabeleceu em Lyon. Em 1529, Pagninus publicou um léxico hebraico, Thesaurus linguae sanctae.

Pagninus começou sua tradução por volta do ano de 1493 e a completou antes de 1520, utilizando textos em hebraico e grego. A Veteris et Novi Testamenti nova translatio, publicada em Lyon em 1527 influenciou grandemente as traduções da era da Reforma, quer em línguas vernáculas, quer na revisão da vulgata.

Foi a edição mais antiga dividida em versos numerados; mas o sistema aqui adotado nos apócrifos e no Novo Testamento . Os apócrifos, pela primeira vez em uma Bíblia latina impressa, formam uma seção separada no final do Antigo Testamento. As versificações posteriores, especialmente a propagada por Estienne e Clemente VII ganharam maior aceitação.