Tipologia Textual

Tipologia Textual são agrupamentos de leituras e características de certos grupos de textos. Como os manuscritos na Antiguidade e Idade Média eram copiados de manuscritos fontes semelhantes, tendem a repetir leituras semelhantes e erros semelhantes. Esses manuscritos são agrupados em famílias de texto ou tipos de texto.

Uma abordagem já obsoleta pressupunha linhagens estáveis e distintas de manuscritos para cada tipo de texto. Hoje, constata-se que, por vezes, no mesmo manuscrito ocorrem vários tipos de leituras, ainda que um ou outro tipo tenda a ser predominante.

Entre os séculos II e IV, quatro tipos principais de textos antigos apareceram para o Novo Testamento. São chamados de Alexandrino, Ocidental, Cesariano e Bizantino. Entrentanto, não se pode restringir seus nomes com a geografia correspondente, ou seja, uma passagem em tipo alexandrino pode ter tido origem em Antioquia, Roma, Bizâncio, etc.

O tipo alexandrino contém leituras mais curtas do que os outros tipos. São exemplos os grandes códices Sinaiticus, Alexandrinus (alexandrino não nos Evangelhos, mas no resto do Novo Testamento) e Vaticanus. A maioria dos críticos textuais hoje considera esta o tipo mais confiável.

O tipo ocidental é expansivo, com uma tendência a parafrasear as leituras, adicionar material e, às vezes, omitir material. As traduções latinas, incluindo a Vulgata, geralmente seguem esse tipo de texto antigo, ainda que às vezes siga uma leitura alexandrina. É tido como o menos confiável, mas surgiu muito cedo na cópia do Novo Testamento. A versão de Atos nesse tipo é cerca de 10% maior que o alexandrino. Contudo, quando o ocidental e o alexandrino concordam, há uma forte possibilidade de que seja uma leitura mais antiga disponível.

O tipo cesariano ocorre apenas para os Evangelhos.

O tipo bizantino tende a ser encontrado em manuscritos mais recentes. Aparentemente, resulta da tendência a combinar leituras dos outros tipos de texto e formar uma recensão harmonizada. Tornou-se o texto padrão para a igreja ortodoxa grega da Idade Média. Aparece nos Evangelhos do Códex Alexandrino.

Textus Receptus Scrivener

Frederick Henry Ambrose Scrivener (1813–1891), biblista e ministro anglicano inglês, produziu as duas últimas edições da família do Textus Receptus.

Sua The New Testament in the Original Greek according to the Text followed in the Authorised Version (1881) é uma edição crítica realizada por Scrivener do Textus Receptus. Scrivener revisou o texto grego de Beza 1598 e fez anotações de onde divergiam das leituras adotadas pela King James.

A versão de 1881 de Scrivener não se confunde com outra obra homônima dele, The New Testament in the Original Greek according to the Text followed in the Authorised Version (1894). Essa edição retroverteu da King James Version para o grego, consultado algumas edições impressas do Textus Receptus, para indicar como seria se essa versão inglesa tivesse sido feita a partir de um só texto base grego. É uma edição publicada pelas Sociedades Trinitarianas, servindo de base para versões como a Almeida Corrigida Fiel.

Scrivener foi um grande filólogo de edições impressas. Para a produção de ambas edições, Scrivener utilizou primordialmente edições impressas deStephanus (1550), Theodore Beza (1565), Elzevier (1633), Lachmann (1842), Tregelles (1857) e Tischendorf (1869), além de consultar manuscritos como o Codex Beza e o Codex Sinaiticus.

BIBLIOGRAFIA

Scrivener, F.H.A.  The New Testament in the Original Greek according to the Text followed in the Authorized Version, together with the Variations adopted in the Revised Version. Edited for the Syndics of the Cambridge University Press, by F.H.A. Scrivener, M.A., D.C.L., L.L.D., Prebendary of Exeter and Vicar of Hendon. Cambridge: Cambridge University Press, 1881.

Scrivener, F.H.A.  The New Testament in the Original Greek according to the Text followed in the Authorized Version, together with the Variations adopted in the Revised Version by the late F.H.A. Scrivener. Cambridge: Cambridge University Press, 1894.

Johann Albrecht Bengel

Johann Albrecht Bengel (1687 – 1752) foi um teólogo e comentarista do Novo Testamento alemão.

Nascido no ducado de Württemberg, foi influenciado pelo pietismo dessa região. Tornou-se professor e administrador no seminário luterano.

Produziu uma edição crítica do Textus Receptus do Novo Testamento (1734), anotando diferentes gradações de autoridade nas variantes textuais. Para tal, utilizava um engenhoso código de classificação da autoridade textual. Nas notas de rodapé havia listado leituras encontradas em diversas fontas, classificadas em cinco letras do alfabeto grego. A letra α indicava a leitura que considerava a melhor ou a verdadeira; β, uma leitura melhor que a do texto; γ, um igual à leitura textual; e δ, leituras inferiores às do texto.

Como biblista, escreveu o Gnomon Novi Testamenti, o qual inspirou as Notas explanatórias sobre o Novo Testamento de John Wesley. Publicado em 1742 depois de vinte anos de pesquisa, modestamente intitula como um gnomon ou índice. Consistia em uma coleção de anotações exegéticas breves e opiniões eruditas a cada passagem, virtualmente comentando verso a verso. O propósito seria guiar o leitor para verificar o significado por si mesmo. Propunha não importar nada de doutrina para a Escritura, mas extrair dela todo o entendimento teológico. Desse modo, inicia uma abordagem indutiva de hermenêutica bíblica.

Cunhou o conceito de famílias textuais de manuscritos. Utilizou duas famílias, uma africana ou alexandrina e outra constantinopolitana ou asiática que compreendia todas as outras variantes.

Estabeleceu dois cânones para a ecdótica bíblica: “o texto mais curto tende ser o mais antigo e melhor” e a “leitura mais difícil é a preferível”.

Seu interesse escatológicos o fez prever o início do milênio para 1837 e provocou ruptura com os morávios, aos quais rejeitavam esquemas e especulações sobre as últimas coisas.