Assíndeto

Assíndeto ou asyndeton, grego para “desconectado, solto”, é uma figura retórica caracterizada pela ausência de conjunção coordenativa. A maioria das orações gregas são ligadas por uma partícula de conexão. Assim, quando aparece um assíndeto, indica um efeito retórico (como Atos 20:17-35) ou um semitismo (como em João 5:3).

Litotes

Litotes é uma figura retórica que menospreza, desdenha ou diz algo negativo para afirmar uma verdade.
“Depois de quem saiu o rei de Israel? A quem você persegue? Um cachorro morto? Uma pulga?” (1 Samuel 4:14).
“Eis que as nações são como uma gota num balde, e são contadas como o pequeno pó na balança; eis que levanta as ilhas como uma coisa muito pequena” (Isaías 40:15).
“Sou judeu de Tarso, da Cilícia, cidadão de cidade humilde” (Atos 21:39).

Hendíade

Hendíade é uma figura de retórica que usa duas palavras para referir-se a um único conceito. Morfologicamente consiste em dois nomes ou substantivos coordenados em vez de um substantivo e seu atributo. Por extensão, é o uso de duas palavras para expressar um só conceito. Em português a expressão “barba e bigode” para expressar completude é um exemplo de hendíade.

E servirá de sinal e de testemunho ao Senhor dos Exércitos na terra do Egito, porque ao Senhor clamarão por causa dos opressores, e ele lhes enviará um Redentor e Protetor que os livrará. Is 19:20

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Quiasmo

Quiasmo, do grego, “cruz” ou “x”, um padrão literário no qual o autor introduz palavras ou conceitos em uma ordem particular e depois repete esses termos ou outros semelhantes em ordem inversa ou reversa.

É chamado também de epanodos, paralelismo introvertido, introversão estendida, concentrismo, forma chi, palístrofe, construção em envelope, forma delta e recursão. Pode ser uma figura de linguagem ou algo maior, como a estrutura de um livro todo.

O quiasmo é uma forma complexa de paralelismo. Diferente do paralelismo comum, os dois pares de elementos correspondentes dispostos não em paralelo (a-b-a-b), mas em ordem inversa ou concêntrica (a-b-b-a). Os elementos podem ser fonéticos, lexicais, rítmicos ou temáticos.

Um exemplo em Mc 2:27:
“O sábado foi feito (A)
para a humanidade (B),
e não a humanidade (B’)
para o sábado (A’).”

E um exemplo dentro de um livro:

A. Jonas afasta de Deus (Jn 1:1-3)
B. Desastre de Jonas (Jn 1:4-16)
C. Salmo de ação de graças (Jn 2:1-11)
B’. Nínive escapa do desastre (Jn 3:1-10)
A’. Deus aproxima de Jonas (Jn 4:1-11)

E dentro de uma passagem, no caso o desastre de Jonas (Jn 1:4-16):

A. Risco de naufrágio. (1:4)
B. Confissão de responsabilidade (1:8)
C. Palavras de Jonas (1:9)
D. Palavras do viajantes (1:10a)
E. Conclusão da causa do risco (1:10b)
D’. Palavras dos viajantes (1:11)
C’. Palavras de Jonas (1:12)
B’. Responsabilidade dos viajantes (1:14)
A’. Fim dos riscos (1:15).

A estrutra quiástica permite reconhecer lacunas e problemas de interpretação ou transmissão textual.

Alguns estudiosos da literatura e antropólogos argumentam que o quiasmo é um parâmetro amplamente presente em narrativas orais.

BIBLIOGRAFIA

Breck, John. The Shape of Biblical Language: Chiasmus in the Scriptures and Beyond. Crestwood, NY: St. Vladimir’s Seminary Press, 1994.

Yehuda T. Radday, “A Chiasmus in Hebrew Biblical Narrative,” in J. H. Welch, ed. Chiasmus in Antiquity: Structures, Analyses, Exegesis. Provo: Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, 1998.

Metonímia

A metonímia é uma figura de linguagem na qual uma palavra ou frase é substituída por outra palavra ou frase com a qual está intimamente associada, geralmente para transmitir uma ideia complexa ou evocar uma emoção específica.

Um exemplo de metonímia na Bíblia pode ser encontrado em João 6:27: “Não trabalhem pela comida que estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna.” Neste versículo, a palavra “comida” é uma metonímia para todas as coisas que sustentam a vida humana, incluindo nutrição física e sustento espiritual.

Outro exemplo de metonímia em Lucas 16:29 diz: “Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.” Neste versículo, “Moisés e os Profetas” são usados ​​como uma metonímia para todo o corpo das escrituras hebraicas, hoje chamadas de Tanakh (Torah, ou seja Lei de Moisés, Neviim ou os Profetas, com a coleção dos Khetuvim, Escritos, ausentes).

A metonímia é uma ferramenta literária poderosa que pode ser usada para evocar emoções fortes e transmitir ideias complexas de forma concisa e memorável.

Personificação

Personificação é uma figura de linguagem na qual características, qualidades ou ações humanas são atribuídas a entidades não humanas, como animais, objetos ou conceitos abstratos.

Um exemplo de personificação na Bíblia pode ser encontrado no Salmo 98:8, que afirma: “Que os rios batam palmas, que os montes juntos cantem de alegria.” Neste verso, os rios e as montanhas são personificados como se fossem capazes de ações humanas como bater palmas e cantar.

Uma espécie restrita de personificação é a prosopopeia ou apóstrofe. Nessa figura de linguagem um falante se dirige a uma pessoa ou objeto que não está presente ou não pode responder. Um exemplo de prosopopeia na Bíblia pode ser encontrado no Salmo 114:5, que afirma: “O que te aflige, ó mar, que fugiste? Ó Jordão, que voltaste?” Nesse versículo, o salmista dirige-se ao mar e ao rio Jordão como se fossem pessoas capazes de ouvir e responder à sua pergunta.

Tanto a personificação quanto a prosopopeia são comumente usadas na literatura e na poesia para adicionar profundidade e emoção ao texto. Na Bíblia, essas figuras de linguagem costumam ser usadas para transmitir mensagens religiosas e morais importantes de maneira memorável e impactante.

Ironia

Ironia é uma figura de linguagem que conota o oposto do que significam as próprias palavras ou que contradiz a mensagem percebida à primeira vista.

O termo ironia vem do teatro da Grécia antiga, no qual o Eirôn era um dos três personagens estoques da comédia. O Eirôn subestimava a si mesmo para vencer seu oponente o alazão, o qual pela sua arrogante autoconfiança não percebia suas próprias limitações.

A Bíblia é abundante de ironias tanto em falas dos personagens, nos desfechos narrativos e como recurso argumentativo.

Em João 9, a conversa entre o cego de nascença e os líderes religiosos é um exemplo clássico de um eirôn que dissimula as pretensões orgulhosas de um alazão. Embora as autoridades religiosas insultem o cego de nascença e o chamem de “nascido em pecado” (João 9:34), o homem curado se opõe a tais acusações, pois agora ele vê. Ele, fingindo ignorância, perguntou ironicamente “Vocês também querem se tornar seu discípulo?” (João 9:27)

Como desfecho narrativo, a grande ironia foi a encarnação divina: Cristo tornando-se servo e humilhado até a morte para no final vencer os alazões — os que pediram sua morte, seus executores, o pecado e a morte.

De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. Fp 2:5-11

1 Reis 18:27: E sucedeu que, ao meio-dia, Elias zombava deles e dizia: Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; porventura, dorme e despertará.

Jó 12:2: Na verdade, que só vós sois o povo, e convosco morrerá a sabedoria.

Juízes 10:14: Andai e clamai aos deuses que escolhestes; que vos livrem eles no tempo do vosso aperto.

Amós 4:4-5: Vinde a Betel e transgredi; a Gilgal, e multiplicai as transgressões; e, cada manhã, trazei os vossos sacrifícios e, de três em três dias, os vossos dízimos. E oferecei sacrifício de louvores do que é levedado, e apregoai sacrifícios voluntários, e publicai-os; porque disso gostais, ó filhos de Israel, disse o Senhor Jeová.

Zacarias 11:13: O Senhor, pois, me disse: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata e as arrojei ao oleiro, na Casa do Senhor.

2 Coríntios 11:19: Porque, sendo vós sensatos, de boa mente tolerais os insensatos.

Deuteronômio 32:37: Então, dirá: Onde estão os seus deuses, a rocha em quem confiavam,

Jó 38:4-5: Onde estavas tu quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência. 5 Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel?

Isaías 57:13: Quando clamares, livrem-te os teus congregados; mas o vento a todos levará, e a vaidade os arrebatará; mas o que confia em mim possuirá a terra e herdará o meu santo monte.

Isaías 57:13: E era a preparação da Páscoa e quase à hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso rei.

João 19:14: E era a preparação da Páscoa e quase à hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso rei.

2 Coríntios 11:19: Porque, sendo vós sensatos, de boa mente tolerais os insensatos.

2 Coríntios 12:13 Porque, em que tendes vós sido inferiores às outras igrejas, a não ser que eu mesmo vos não fui pesado? Perdoai-me este agravo.