Assíndeto ou asyndeton, grego para “desconectado, solto”, é uma figura retórica caracterizada pela ausência de conjunção coordenativa. A maioria das orações gregas são ligadas por uma partícula de conexão. Assim, quando aparece um assíndeto, indica um efeito retórico (como Atos 20:17-35) ou um semitismo (como em João 5:3).
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Quiasmo
Quiasmo, do grego, “cruz” ou “x”, um padrão literário no qual o autor introduz palavras ou conceitos em uma ordem particular e depois repete esses termos ou outros semelhantes em ordem inversa ou reversa.
É chamado também de epanodos, paralelismo introvertido, introversão estendida, concentrismo, forma chi, palístrofe, construção em envelope, forma delta e recursão. Pode ser uma figura de linguagem ou algo maior, como a estrutura de um livro todo.
O quiasmo é uma forma complexa de paralelismo. Diferente do paralelismo comum, os dois pares de elementos correspondentes dispostos não em paralelo (a-b-a-b), mas em ordem inversa ou concêntrica (a-b-b-a). Os elementos podem ser fonéticos, lexicais, rítmicos ou temáticos.
Um exemplo em Mc 2:27:
“O sábado foi feito (A)
para a humanidade (B),
e não a humanidade (B’)
para o sábado (A’).”
E um exemplo dentro de um livro:
A. Jonas afasta de Deus (Jn 1:1-3)
B. Desastre de Jonas (Jn 1:4-16)
C. Salmo de ação de graças (Jn 2:1-11)
B’. Nínive escapa do desastre (Jn 3:1-10)
A’. Deus aproxima de Jonas (Jn 4:1-11)
E dentro de uma passagem, no caso o desastre de Jonas (Jn 1:4-16):
A. Risco de naufrágio. (1:4)
B. Confissão de responsabilidade (1:8)
C. Palavras de Jonas (1:9)
D. Palavras do viajantes (1:10a)
E. Conclusão da causa do risco (1:10b)
D’. Palavras dos viajantes (1:11)
C’. Palavras de Jonas (1:12)
B’. Responsabilidade dos viajantes (1:14)
A’. Fim dos riscos (1:15).
A estrutra quiástica permite reconhecer lacunas e problemas de interpretação ou transmissão textual.
Alguns estudiosos da literatura e antropólogos argumentam que o quiasmo é um parâmetro amplamente presente em narrativas orais.
BIBLIOGRAFIA
Breck, John. The Shape of Biblical Language: Chiasmus in the Scriptures and Beyond. Crestwood, NY: St. Vladimir’s Seminary Press, 1994.
Yehuda T. Radday, “A Chiasmus in Hebrew Biblical Narrative,” in J. H. Welch, ed. Chiasmus in Antiquity: Structures, Analyses, Exegesis. Provo: Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, 1998.
Metonímia
A metonímia é uma figura de linguagem na qual uma palavra ou frase é substituída por outra palavra ou frase com a qual está intimamente associada, geralmente para transmitir uma ideia complexa ou evocar uma emoção específica.
Um exemplo de metonímia na Bíblia pode ser encontrado em João 6:27: “Não trabalhem pela comida que estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna.” Neste versículo, a palavra “comida” é uma metonímia para todas as coisas que sustentam a vida humana, incluindo nutrição física e sustento espiritual.
Outro exemplo de metonímia em Lucas 16:29 diz: “Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.” Neste versículo, “Moisés e os Profetas” são usados como uma metonímia para todo o corpo das escrituras hebraicas, hoje chamadas de Tanakh (Torah, ou seja Lei de Moisés, Neviim ou os Profetas, com a coleção dos Khetuvim, Escritos, ausentes).
A metonímia é uma ferramenta literária poderosa que pode ser usada para evocar emoções fortes e transmitir ideias complexas de forma concisa e memorável.
Personificação
Personificação é uma figura de linguagem na qual características, qualidades ou ações humanas são atribuídas a entidades não humanas, como animais, objetos ou conceitos abstratos.
Um exemplo de personificação na Bíblia pode ser encontrado no Salmo 98:8, que afirma: “Que os rios batam palmas, que os montes juntos cantem de alegria.” Neste verso, os rios e as montanhas são personificados como se fossem capazes de ações humanas como bater palmas e cantar.
Uma espécie restrita de personificação é a prosopopeia ou apóstrofe. Nessa figura de linguagem um falante se dirige a uma pessoa ou objeto que não está presente ou não pode responder. Um exemplo de prosopopeia na Bíblia pode ser encontrado no Salmo 114:5, que afirma: “O que te aflige, ó mar, que fugiste? Ó Jordão, que voltaste?” Nesse versículo, o salmista dirige-se ao mar e ao rio Jordão como se fossem pessoas capazes de ouvir e responder à sua pergunta.
Tanto a personificação quanto a prosopopeia são comumente usadas na literatura e na poesia para adicionar profundidade e emoção ao texto. Na Bíblia, essas figuras de linguagem costumam ser usadas para transmitir mensagens religiosas e morais importantes de maneira memorável e impactante.