Matias Flácio

Matias Flácio ou Matthias Flacius Illyricus (1520-1575) foi um teólogo, reformador e biblista nascido em Albona, Croácia.

Flácio estudou na Universidade de Wittenberg, onde se tornou um colaborador próximo de Martin Luther e Philipp Melanchthon. Mais tarde, ele se tornou professor de teologia na Universidade de Jena.

Publicou a Centúrias de Magdeburg, uma obra monumental da história da igreja que cobre os primeiros treze séculos do cristianismo. Nesta obra, Flacius e seus colegas procuraram contrariar a visão católica romana da história e defender a Reforma Protestante.

Flácio desenvolveu a doutrina luterana do pecado original. Para ele, o pecado original não é apenas uma tendência ao pecado, mas uma completa corrupção da natureza humana que torna todas as ações humanas pecaminosas. Essa visão foi controversa até mesmo entre outros teólogos protestantes, mas teve um impacto profundo no desenvolvimento da teologia calvinista da depravação total. Entre os luteranos, seus adeptos ficaram conhecidos como flacianos. Centrados em Magdeburg e Jena, moveram uma controvérsia contra os filipistas, os seguidores de Melanchton. Eventualmente, foi um partido perdedor, visto que a Fórmula de Concórdia rejeitou sua visão de depravação total.

Além de suas contribuições teológicas, Flácio também foi um estudioso das línguas clássicas e publicou vários trabalhos sobre gramática e filologia. Lançou bases para a hermenêutica como disciplina acadêmica com princípios fundamentados.

Harry M. Kuitert

Harry M. Kuitert (1924 -2017) foi um teólogo das Igrejas Reformadas na Holanda (GKN).

Em 1967, Kuitert sucedeu ao teólogo G.C. Berkouwer como professor de teologia sistemática na Universidade Livre (Vrjje Universitert) de Amsterdã.

Inicialmente um teólogo conservador e crítico de Karl Barth, Kuitert rompeu a ortodoxia protestante. Concluiu que Jesus sustentava uma visão judaica de Deus, sem nunca se considerar como divino. Com sua cristologia unitária, passou a criticar tanto os protestantes ortodoxos quanto os fundamentalistas, articulando uma teologia liberal. Criticava as incoerências da teologia calvinista tradicional.

BIBLIOGRAFIA

Kuitert, Harry M. “Is belief a condition for understanding?.” Religious Studies 17.2 (1981): 233-243.

Kuitert, Harry; Van Leeuwen, E. “A Religious Argument in Favor of Euthanasia and Assisted Suicide.” Asking to Die: Inside the Dutch Debate about Euthanasia (1998): 221-226.

Sebastião Castélio

Sébastien Castellion ou Sebastião Castélio (1515-1563), reformador francês refugiado em Estrasburgo e Genebra.

Inicialmente um apoiador de Calvino, mas quando começou a traduzir a Bíblia Castélio encontrou inconsistência entre as Escrituras as Institutas de Calvino. Depois, com a crescente intolerância, autoritarismo e dogmatismo de Calvino e da Reforma na Suíça, Castélio criticou o uso de força para a conformidade de crenças. Sua defesa dos anabatistas e de Miguel Serveto colocaram-no em total oposição com o partido Reformado.

Puritanismo

Os termos ouritanismo ou os puritanos referem-se aos diversos movimentos que visavam avançar a reforma da Igreja da Inglaterra contra vestígios do catolicismo romano. Ganharam corpo entre exilados pela perseguição do reinado de Maria I (1553-1558). Marcaram seu declínio a “Grande Expulsão” (Great Ejection) na Inglaterra e o “Pacto Intermediário” (Half-Way Covenant) nas colônias Americanas, ambos em 1662. O Ato de Tolerância de 1689 seria o fim da era puritana e o início dos “dissenters” (dissidentes) na Inglaterra.

HISTÓRIA

O apogeu político dos puritanos ocorreu de 1649 a 1660 durante o Commonwealth. Os puritanos formaram a base do regime militar chefiado por Oliver Cromwell. Os puritanos aproveitaram a oportunidade para empregar o Parlamento a renovar uma aliança nacional com Deus. O Parlamento convocou um corpo de clérigos puritanos, a Assembleia de Westminster, para reformar o governo e a disciplina da Igreja da Inglaterra.

Após a morte de Cromwell em 1658, alguns puritanos apoiaram a restauração do rei Carlos II e uma política episcopal modificada. No entanto, o novo rei e o arcebispo William Laud reimplantaram o episcopado monárquico e o Livro de Oração Comum uniforme com maiores expressões litúrgicas que eram aceitáveis pelos puritanos. Iniciou-se para o puritanismo inglês a Grande Perseguição. A última tentativa frustrada de controlar a Igreja da Inglaterra foi durante a Revolução Gloriosa.

O Toleration Act de 1689 confirmou a organização corrente da Igreja Anglicana, mas tolerou grupos dissidentes. Isso levou virtualmente à extinção do movimento puritano, com a formação de denominações e congregações separatistas de regime presbiteriano ou congregacional nos países de língua inglesa.

Nas colônias americanas o puritanismo formou comunidades em alianças através de pactos político-religiosos, principalmente na Nova Inglaterra . Em 1648 as quatro colônias puritanas da Nova Inglaterra adotaram conjuntamente a Plataforma de Cambridge, estabelecendo uma forma congregacional de governo da igreja. Somente os “eleitos” (membros com bom testemunho na congregação local) podiam votar e governar. Quando isso levantou problemas para os residentes de segunda geração, eles adotaram um Pacto Intermediário (Half-Way Covenant), que permitia que pessoas batizadas, morais e ortodoxas compartilhassem os privilégios de membros da igreja, mesmo que não fossem totalmente aderentes ou ativamente participantes das congregações locais. Outras variações puritanas, mas pautadas pela tolerância de opiniões, ocorreram em Rhode Island pelo Seeker Roger Williams e na Pensilvânia pelo Quaker William Penn.

TEOLOGIA

Os puritanos defendiam diferentes doutrinas e políticas religiosas. Em comum, adotavam uma moralidade estrita que queriam implantar como padrão de vida para toda a Inglaterra. Seus esforços para transformar a nação contribuíram tanto para a guerra civil na Inglaterra como na fundação de colônias na América do Norte.

Os puritanos no geral criam que a coletividade devia estar em um relacionamento de aliança com Deus. Isso permitiria uma redenção da condição pecaminosa. Deus permitia o acesso à salvação por meio da pregação e que o Espírito Santo impulsionava a salvação.

Muitos puritanos decidiram formar congregações “separatistas” e repudiaram a igreja estatal inglesa.

Pela influência dos reformados holandeses, franceses e genebrinos, os puritanos abraçaram diversas vertentes teológicas da tradição Reformada. Havia calvinistas (supralapsarianistas e infralapsarianistas), amiraldianos (cameronianos e baxteristas), arminianos, seekers, anabatistas, quinto monarquistas, escavadores (diggers), niveladores (levellers), adamitas (que praticavam o nudismo ritual), batistas (tanto gerais quanto particulares), socinianos, Muggletonianos, Ranters e Quakers.

Outra característica comum era o anticatolicismo. Queriam purificar a Igreja da Iglaterra contra toda forma de “idolatria papista”. A própria identidade puritana começou com uma controvérsia sobre as vestimentas na década de 1560 e sobre a disputa acerca da forma governo para a Igreja da Inglaterra, tentando extirpar o episcopado monárquico e paramentos litúrgicos por remeterem ao catolicismo.

BIBLIOGRAFIA

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Spurr, John. English Puritanism, 1603–1689. Basingstoke, UK: Macmillan, 1998.

João Calvino

Jean Calvino (1509-1564) foi um reformador francês do século XVI, principal articulador teológico da tradição Reformada que, frequentemente, é associada a seu nome como calvinismo.

Filho de um administrador eclesiástico católico, foi educado como jurista. Especializou-se na filosofia estoica. Convertido à Reforma, fugiu da França e viveu em Genebra grande parte da sua vida.

Escritor prolífico, sistematizou o pensamento reformado na sua obra Institutas da Religião Cristã, com várias edições e revisões durante sua vida.

Apesar de nunca formalmente ordenado, foi pregador e organizou a Igreja Reformada de Genebra. Foi criticado por sua atuação na morte de Miguel Servetus.

Calvinismo

Calvinismo é uma designação para diversos sistemas teológicos com alguma conexão com o pensamento do reformador do século XVIII João Calvino.

Frequentemente o termo é utilizado de modo intercambiável com teologia reformada. Entretanto, o termo calvinismo quando empregado sem qualificações tende a se referir (1) à teologia de João Calvino, o que seria em sentido estrito calvinismo; (2) à teologia que reclama o legado de João Calvino conforme formulada pelo Sínodo de Dort ou Calvinismo de Cinco Pontos; (3) ao tipo sociológico proposto por Max Weber para o protestantismo de valores individuais e predestinacionista com base na tradição reformada; (4) ao novo movimento religioso com origem em países de língua inglesa a partir dos anos 1960 que reformula a tradição teológica reformada sob aspectos de subordinacionismo e salvação pelo Senhorio, além de ativa participação sociocultural e política também chamado de Novo Calvinismo.

Construída em uma teologia dos atributos divinos, o calvinismo enfatiza a soberania divina. Suas influências e matrizes são a filosofia estóica, o neoagostinianismo renascentista e a soteriologia forense (principalmente a reelaboração da teoria de satisfação de Anselmo como substituição penal por Calvino). Em seus desdobramentos internos levaram à formação do supra e infralapsarianismo, do amiraldismo, do arminianismo, a “New School Presbyterianism”, o fullerismo batista, Cocceianismo ou aliancismo, Neocalvinismo Kuyperiano e seu desdobramento na teologia reformacional, a teologia de Keswick, a Neo-Ortodoxia Barthiana, dentre outros. Além dessas variantes, diversas tradições nacionais (suíça, alemã, francesa, holandesa, húngara, escocesa, inglesa, galesa, americana, indonésia, coreana e sulafricana são as principais) apresentam ênfases e conceptualizações distintas.

BIBLIOGRAFIA

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Vermurlen, Brad. Reformed Resurgence: The New Calvinist Movement and the Battle Over American Evangelicalism. Oxford University Press, 2020.

Amiraldismo

O amiraldismo desgina variantes teológicas do sistema reformado cujo enfoque seja que Jesus Cristo sofreu a morte pela culpa de toda a humanidade. O amiraldismo é também conhecido como Escola de Saumur, universalismo hipotético, pós-redencionismo, semi-agostinianismo, e — equivocadamente — de calvinismo moderado ou calvinismo dos quatro pontos.

HISTÓRIA

O teólogo escocês John Cameron (c. 1579 – 1625) formou dentro da Academia huguenote de Saumur, na França, um sistema teológico baseado em uma vocação universal. Por essa doutrina, a graça era entendida como disponível a toda a humanidade

Apesar de a posição teológica do Sínodo de Dort passar referir-se com a designação “calvinista”, teólogos históricos do calvinismo já defendiam a doutrina da expiação universal, como por exemplo Heinrich Bullinger, Wolfgang Musculus, Zacharias Ursinus e Girolamo Zanchi.

O advogado tornado teólogo, Moïse Amyraut (1596 – 1664), foi influenciado diretamente por John Cameron. Amyraut estava de passagem por Saumur quando sua eloquência impressionou os membros da Academia. Convenceram-no a ficar e a estudar teologia.

Amyraut compilou escritos de Calvino sobre a extensão da expiação. Com base nesses escritos de Calvino mas sem a mediação de Beza, Amyraut articulou em seu “Brief Traitté de la prédestination et de ses principales dépendances” (1634) a doutrina dessa escola. Para Amyraut, Deus disponibiliza os benefícios da obra redentora de Cristo a todos indistintamente. Assim, Deus deseja que todos os homens se salvem, tão somente que creiam — razão que essa doutrina é chamada de universalismo hipotético.

Quanto à doutrina da predestinação, Amyraut considerava que o Sínodo de Dort havia deturpado a doutrina de Calvino. A predestinação não seria uma questão da onisciência divina, mas indicava experiência da salvação pela graça de Deus.

Seu sucessor foi o não menos polêmico Claude Pajon (1626—1685), cuja tentativa de remediar a ausência virtual do Espírito Santo na soteriologia reformada gerou outras controvérsias.

A tese de Amyraut implicava em uma tolerância religiosa rara em seu tempo. Como a graça somente atua em quem exercita a fé e a fé é dom de Deus, homem algum poderia impor suas visões religiosas a outrem. Exemplo dessa influenciado pela doutrina de tolerância de Amyraut foi William Penn, que teve uma estada em Saumur. Mais tarde fundaria a colônia da Pensilvânia, um dos bastiões da tolerância política e religiosa na América do Norte.

Um sínodo da Igreja Reformada da França em Alençon em 1637 tentou sem sucesso condená-lo como herege. Popularizada entre reformados latinos, logo o amiraldismo encontrou oposição entre os reformados suíços e renanos, principalmente pelo trabalho de Francesco Turrettini (1623-1687). Apesar de nunca oficialmente condenado, o amiraldismo entrou em declínio após as oposições feitas pelo Consenso Helvético de 1675. Raramente examinado em seus próprios termos e escritos, seus detratores passaram a ver o amiraldismo como um meio-termo entre o calvinismo dordtiano e o arminianismo.

No avivamento suíço do Réveil e seu lado italiano (risveglio), houve uma reinterpretação das confissões reformadas com teores amiraldistas, embora não o referenciassem explicitamente. Na prática, a expiação passou a ser vista como universal. Um dos proponentes dessa doutrina, Paolo Geymonat, influenciou os crentes que imigraram para Chicago.

Marginalizado, o amiraldismo encontrou expoentes entre congregacionalistas e puritanos anglo-saxões, como John Davenport, John Preston e Richard Baxter. Para Baxter a morte de Cristo foi um ato de redenção universal, penal e vicária, mas não substitutiva, pela qual introduziu-se uma nova lei e uma anistia para todos aqueles que se arrependesse. O arrependimento e a fé, sendo obediência a essa lei, age como justificação pessoal do crente. Como consequência, a doutrina de Baxter se tornou o moderatismo neonomista entre os escoceses e de vários pensadores puritanos. Mais tarde, via Baxter, elementos do amiraldismo influenciariam os movimentos reformados avivados e evangelísticos, dentre eles Andrew Fuller, New School Presbyterians e, notoriamente, o réveil entre os reformados continentais do século XIX, estimulando o evangelismo e a diaconia. O conceito de graça comum do Kuyperianismo encontra fundamentos no amiraldismo. Em métodos evangelísticos e em seus sermões Charles Spurgeon foi substancialmente amiraldista, embora se identificasse e desenvolvesse suas interpretações do calvinismo dortiano. No geral, as modificações doutrinárias e a falta de crédito aos escritos amiraldianos levaram a muitos a esposarem alguma forma de sua doutrina, mas sem se referir ao seu principal formulador.

Hoje, nos Estados Unidos o amiraldismo não é muito conhecido, mas é popular entre o movimento das igrejas bíblicas (Bible Fundamental Churches), o movimento das igrejas de Cristo, Evangelical Free Church of America, entre batistas independentes e da convenção sulista. Lewis Chaffer, Norman Geisler e Oliver Crisp são alguns dos poucos teólogos recentes de alcance público que adotam algum aspecto desse sistema doutrinário. Contudo, em geral esses autores raramente creditam as contribuições de Amyraut ou da Escola de Saumur.

A diversificação dos intérpretes reformados que concordavam com uma expiação ampla faz do amiraldismo um sistema teológico bem heterogêneo, ao qual o modelo dos cinco pontos calvinistas ou contra os remonstrantes (conhecido pelo acrônimo TULIP) não faz jus para representá-lo.

DOUTRINA

O amiraldismo faz parte da tradição agostiniana e da soteriologia forense da escolástica tardia. Situa-se na tradição reformada em uma aproximação com o igualmente sistema agostiniano luterano.

O amiraldismo entende que há uma eterna preordenação e presciência de Deus, por meio da qual todas as coisas acontecem: o bem com eficiência, o mal com permissividade. A dupla predestinação difere do calvinismo dordtiano pela doutrina da dupla eleição. Assim, Deus preordenou uma salvação ampla através do sacrifício de Cristo oferecido a todos igualmente, com a condição da fé que reconhecesse essa obra de graça universal. Da parte da vontade e do desejo de Deus, a graça é universal, mas no que diz respeito à condição é particular, ou apenas para aqueles que não a rejeitam, o que a tornaria ineficaz.

A preordenação do resgate universal precede a eleição particular. Com base na benevolência de Deus para com suas criaturas, há uma graça objetiva oferecida a todos e a graça subjetiva que floresce entre os eleitos. Distingue entre habilidade natural e habilidade moral, ou o poder da fé e a disposição para ter fé. Em consequência da depravação inerente o ser humano possui a habilidade natural, mas não a habilidade moral. Portanto, é necessário um ato de Deus para iluminar a mente, envolvendo assim a vontade para a ação.

Como para Ulrico Zwingli, a graça de Deus alcança além dos limites da Igreja visível, visto que Deus por sua providência geral opera sobre todos (Ml 1:11, 14). Assim, sem conhecer formalmente o Jesus registrado no Novo Testamento, o sacrifício de Cristo é materialmente capaz de produzir uma fé sem conhecimento explicito entre pessoas que nunca ouviram sobre Jesus Cristo bíblico. Desse modo essas pessoas seriam substancialmente cristã sem assumir essa nomenclatura porque depositaram a fé naquilo que Deus demanda como verdade conforme ensinada por Jesus Cristo (Rm 1:20; 2:14-15; 1 Co 2:11).

Em suma, enquanto as ênfases do calvinismo de Dort era a soberania de Deus e do arminianismo era justiça de Deus, o amiraldismo enfatizava a misericórdia de Deus.

BIBLIOGRAFIA

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Stauffer, Richard. Moïse Amyraut: un précurseur français de l’œcuménisme. Vol. 22. Paris: Librairie protestante, 1962.

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