Profetas de Cevennes

Os Profetas de Cevennes faziam parte de um movimento maior conhecido como revolta dos camisards, que ocorreu na região de Cevennes, na França, no início do século XVIII. A revolta foi provocada pela tentativa do governo francês de extinguir o protestantismo na região e foi alimentada por um profundo sentimento de alienação religiosa e social entre a população local.

Os camisards, como os rebeldes passaram a ser conhecidos, eram em sua maioria camponeses pobres reformados (huguenotes) que há muito sofriam sob o jugo da opressão real. Eles foram inspirados por líderes carismáticos, conhecidos como profetas, que pregaram uma mensagem de esperança e salvação diante da perseguição. Esses profetas guiavam-se por revelações proféticas e frequentemente falavam em línguas, uma prática que era fascinante para seus seguidores.

Um dos mais famosos desses profetas foi Pierre Cazotte, que se tornou uma figura chave no movimento dos Profetas de Cévennes. Cazotte pregava que o fim do mundo estava próximo e que logo apareceria um enviado de Deus para conduzir os fiéis à glória. Ele realizava intercessão para curar os enfermos e expulsar demônios.

Apesar de seu fervor e fé, os camisards não eram páreo para o poderio do exército real, que foi despachado para a região para reprimir a rebelião. A resposta do governo foi rápida e brutal, com aldeias inteiras totalmente queimadas e milhares de rebeldes executados ou forçados a fugir para as montanhas.

Apesar da derrota, os camisards deixaram um legado duradouro no protestantismo francês. Seu movimento deu origem a uma rede de igrejas clandestinas, conhecidas como as igrejas do deserto, que continuaram a praticar sua fé em segredo muito depois de a rebelião ter sido esmagada. Essas igrejas se tornaram um símbolo de resistência à opressão religiosa e uma fonte de inspiração para reavivamentos posteriores, como o Grande Despertar no século XVIII e o Avivamento Continental.

Läsare

Läsare (“leitores”) foi um movimento de renovo de fervor espiritual entre luteranos suecos no século XVIII e XIX, parte do avivamento pietista.

Por volta de 1750 houve um avivamento de caráter herrnhuttista em Västergötland, Suécia. Esse movimento reacendeu um interesse pela leitura da Bíblia e sermões de Lutero.

O movimento cresceu na Norrland. Em reuniões informações, aldeões oravam e liam em voz alta a Bíblia, daí o nome do movimento.

Os “antigos läsare” surgiram na vilade Lillhärdal (província de Härjedalen) em 1768, em resultado da pregação do pároco Mårten Tunborg. Suas reuniões eram caracterizadas por manifestações de êxtase e profecia.

Uma vertente mais radical dos “novos läsare” vivia na região norte da Suécia, nas vilas de Luleå, Piteå e Skellefteå. Possuíam uma visão radical da doutrina da justificação pela fé e criticavam as inovações da Igreja Estatal Luterana Sueca. Em razão disso, rejeitaram o catecismo de 1810, a liturgia de 1811 e o hinário de 1819, pois consideravam-nos contaminados pela doutrina do neologianos. Passaram a batizar seus filhos e a celebrar a santa ceia sem intermédio dos presbíteros luteranos. As mulheres tinham liberdade de falar e pregar entre os läsare, com destaque para Maja-Lisa Söderlund.

O auge foi entre 1810 e 1850. Entre os líderes estavam Anders Larsson em Norrlångträsk e Gerhard Gerhardsson. Eles foram condenados em 1819 por dirigem serviços religiosos sem a presença de um pastor.

Nos meados do século XIX os adeptos do movimento juntaram-se a outros grupos similares, como os Hauguesianos ou Laestadianos.

BIBLIOGRAFIA

Hallingberg, Gunnar. Läsarna. Bokförlaget Atlantis, 2010.

Holmgren, Ingun Montgomery J. Norrlandsläseriet , 1948.

Sandewall, A. Separatism i Övre Norrland 1820–1855, 1952.

Sandewall, A. Separatism i Övre Norrland efter 1855 , 1954.

Margret Hottinger

Margret Hottinger (?-1530) foi uma reformadora, pregadora, pioneira e mártir anabatista suíça.

Filha de um camponês alfabetizado, por volta de 1525 sua família esteve entre os organizadores da primeira congregação anabatista em Zollikon, a três quilômetros de Zurique. Em 30 de janeiro foram presos 31 anabatistas. Diante desssa perseguição, Margaret decidiu-se ser batizada.

Margret Hottinger começou a pregar e a profetizar na congregação de Zollikon, inclusive falando em línguas. A jovem foi presa pelas autoridades de Zurique em novembro de 1525, junto de outros líderes como Conrad Grebel, Félix Mantz, Jorge Cajakob, Miguel Sattler e Martín Linck.

No processo Margret Hottinger declarou que “o batismo infantil estava errado e o dos crentes estava correto. Também pediu às autoridades que provassem a validade do batismo infantil e que, se o fizessem, ela estaria disposta a renunciar [de suas crenças].” Depois de um longo período na prisão, foi solta na condição de abjurar ao anabatismo.

Em 1530, percebendo que as condições estavam piorando, a família de Margret e outros anabatistas decidiram migrar para a Morávia. Contudo, foram presos no caminho próximo a Ravensburg, já na Alemanha. Margret e seu pai foram condenados à morte, seu irmão Felix foi poupado devido ser jovem demais. Jakob Hottinger foi decapitado e Margret afogada.

BIBLIOGRAFIA

Snyder, C. Arnold, and Linda A. Huebert Hecht, eds. Profiles of Anabaptist Women: Sixteenth-Century Reforming Pioneers. Vol. 3. Wilfrid Laurier Univ. Press, 2010.

Margery Kempe

Margery Kempe (c. 1378-depois de 1438). Pregadora e mística inglesa, cuja memória deve-se à sua autobiografia The Book of Margery Kempe.

Kempe casou-se e tornou-se mãe de 14 filhos durante sua vida. Depois de sofrer uma depressão pós-parto e uma sucessão de fracassos nos negócios, ela passou uma experiência de conversão. Revestida de dons da palavras de conhecimento, chorava, sentia a presença divina como um fogo. Ao retornar de uma peregrinação à Terra Santa manifestava com “rugidos” nos cultos — o que pode ser descrito como glossolalia.

Na época o movimento dos lolardos propagavam o ensino bíblico e a pregação leiga. Semelhante aos lolardos, Kempe percorreu a Inglaterra ensinando, conversando e conclamando ao arrependimento.

Questionada pelo Arcebispo de Yorque, o segundo na hierarquia da Igreja da Inglaterra, Kempe defendeu seu dever de proclamar o evangelho. O clero pressionava para que ela fosse queimada como herege.

O arcebispo começou a inquirição: “Ouvi dizer que você é uma mulher muito má.” Margery, confiante que obedecia ao mandado de Deus, respondeu: “Também ouvi dizer que você é um homem mau. E se você for tão perverso quanto as pessoas dizem, nunca chegará ao céu, a menos que se arrependa enquanto estiver aqui.”

Os resultados de suas pregações são notórias. Um certo Thomas Marchale ficou totalmente comovido com lágrimas quando “nosso Senhor visitou seu coração com graça”. Estando no campo, ele chorou e caiu. Um dos padres que a baniu de sua igreja depois foi ler o Evangelho na missa quando “nosso Senhor também o visitou… com tanta graça e tanta devoção… que ele chorou espantosamente”.

Analfabeta, Kempe ditou seu livro a escribas. Indagada de onde veio o conhecimento com qual pregava, Margery reividicava a guia do Espírito Santo.

O livro aparentemente teve popularidade no século XV, mas somente seria encontrado em 1912 e publicado em 1940. É uma das mais antigas autobiografias em língua inglesa.

BIBLIOGRAFIA