Robert Barclay

Robert Barclay (1648–1690) foi um líder e apologista quaker.

Nascido em Gordonstoun, Moray, Escócia, ingressou na Sociedade de Amigos em 1666. Ao retornar de Paris, Barclay publicou “Theses Theologicae” em 1675, seguida pela “Apologia” ampliada em 1678, como “Apologia à Verdadeira Divindade Cristã” (1678). definindo o Quakerismo como uma religião da “luz interior”.

Ao lado de William Penn, promoveu o movimento Quaker na Holanda e no norte da Alemanha em 1677. A aliança de Barclay com Jaime II, então Duque de York, garantiu-lhe uma carta-patente para o estabelecimento da colônia de East Jersey no Novo Mundo. Lá serviu como governador nominal de 1682 a 1688. Barclay morreu em Ury, Aberdeen, aos 41 anos.

S. P. Tregelles

Samuel Prideaux Tregelles (1813–1875) foi um estudioso bíblico inglês, filólogo, lexicógrafo, hebraísta, crítico textual e teólogo.

Tregelles nasceu em Falmouth, Cornualha, filho de pais quacres, mas mais tarde tornou-se membro dos Irmãos de Plymouth. Na fase final, mesmo mantendo doutrinas quakers e dos irmãos de Plymouth, juntou-se à Igreja Anglicana. Sofreu uma paralisia em 1870, a qual o afetou até sua morte. A partir de 1862 passou a receber uma pensão civil em reconhecimento por seu trabalho de £200 por ano.

Tregelles conheceu e correspondia com o núcleo evangélico livre e associado à Igreja Suíça de Florença. Escreveu o Prisioner of Hope, denunciando a perseguição contra Francesco e Rosa Madiai.

Com o título de LL.D. pela St Andrews recebido em 1850, Tregelles fez um meticuloso trabalho crítica textual para reconstruir o Novo Testamento grego. Nesse projeto, viajou em 1845 para compilar manuscritos em Roma, Florença, Modena, Veneza, Munique e Basileia. Tregelles também foi autor de vários livros. Participou do comitê de revisão da KJV que supervisionou a preparação da tradução da Bíblia conhecida como Versão Revisada, publicada em 1881, seis anos após sua morte.

Um biblista meticuloso e um teólogo moderado, Tregelles rejeitou o pós-milenismo e o dispensacionalismo, bem como o surgimento de partidários da primazia do Textus Receptus, como Jacob Tomlin. Também desconsiderava a identificação do catolicismo ou do papado como o anticristo.

BIBLIOGRAFIA

Tregelles, Samuel P. Passages in the Old Testament connected with the Revelation. 1836.

Tregelles, Samuel P. “‘An account of English Versions’ in the ‘Introduction’ to English Hexapla (London, 1841).”

Tregelles, Samuel P. Hebrew Reading Lessons. 1845.

Tregelles, Samuel P. Hebrew and Chaldee Lexicon to the Old Testament. 1847. (Transactions of Gesenius Lex)

Tregelles, Samuel P. Heads of Hebrew Grammar. 1852.

Tregelles, Samuel P. Interlineary Hebrew & English Psalter. 1852.

Tregelles, Samuel P. The Englishman’s Greek Concordance to the New Testament. 1839-43.

Tregelles, Samuel P. The Englishman’s Hebrew and Chaldee Concordance to the Old Testament. 1839-43.

Tregelles, Samuel P. Account of the Printed Text of the New Testament. 1854.

Tregelles, Samuel P. An Introduction to the textual criticism of the New Testament. 1856.

Tregelles, Samuel P. The Ways of the Line (anon., 1858).

Tregelles, Samuel P. New Testament Greek Text (in parts, 1857-72).

SOBRE TREGELLES

Stunt, Timothy C. F. The Life and Times of Samuel Prideaux Tregelles: A Forgotten Scholar. Christianities in the Trans-Atlantic World; Palgrave Macmillan, 2020.

Adeipnonismo

O adeipnonismo é uma posição que não considera a celebração dos sacramentos ou ordenanças como vinculante ou normativa para o presente. Em sentido estrito, a posição adeipnonista é um entendimento sobre a não celebração da Santa Ceia.

Os exemplos mais conhecidos de aderentes ao adeipnonismo são os Quakers e Exército de Salvação.

Os entendimentos para não celebração variam desde interpretações dos sacramentos como metáforas, espiritualização, compromisso somente para o período apostólico, ausência de um clero qualificado para oficiá-lo, dentre outros.

Os principais grupos não sacramentais são os seguintes:

  • Abecedarianos
  • Ambrosianos
  • Christ’s Sanctified Holy Church
  • Collegiant
  • Doukhbors
  • Erik-jansarna
  • Gospel Assemblies
  • Inspirationists
  • Iveland-sekten
  • Labadistas
  • Molokans
  • Nichollists
  • Mukyōkai
  • Ranters
  • Religious Society of Friends – Quakers
  • Rogerenes
  • Schwenkenfelders
  • Seekers
  • Shakers
  • Vários grupos chamados de “Antinominianos”
  • White Quakers of Dublin

Hannah Whitall Smith

Hannah Whitall Smith (1832-1911) foi uma escritora, quaker, pioneira do feminismo cristão e líder do movimento Holiness e do movimento de Keswick.

Nascida em Filadélfia, Smith veio de uma família quaker e mais tarde se envolveu com o Movimento dos Irmãos (de Plymouth) e a Igreja Metodista. Aderiu ao movimento de Santidade e percorreu vários circuitos pregando a santificação.

O livro de Smith, “O Segredo do Cristão para uma Vida Feliz”, tornou-se um clássico no movimento de Santidade e tem sido amplamente lido por cristãos que buscam aprofundar sua caminhada espiritual. Neste livro, Smith enfatizou a importância de entregar a própria vontade a Deus, confiando em Seu amor e cuidado e buscando viver uma vida de santidade e alegria em meio aos desafios da vida.

Esteve na Inglaterra junto de seu marido Robert Pearsall Smith, onde fundou a Convenção de Keswick, um encontro anual que reunia crentes para um tempo de ensino, adoração e comunhão focado no tema da santidade.

Hannah Whitall Smith na Broadlands Conference – pintura de Edward Clifford, 1887.

Ben Pink Dandelion

Ben Pink Dandelion (1960-presente) é um historiador e teólogo quaker britânico que enfatiza a importância de uma compreensão histórica e contextual do quakerismo, bem como o papel das práticas quacres na vida contemporânea.

Dandelion fez contribuições significativas para o estudo do Quakerismo, incluindo a história, teologia e práticas da tradição Quaker. Publicou vários livros e artigos sobre tópicos Quaker e atuou como diretor do Centro de Pesquisa em Estudos Quaker no Woodbrooke Quaker Study Centre no Reino Unido.

A partir do conceito de “convicção”, Dandelion desenvolveu o conceito de “convencimento” no Quaker, que se refere ao processo pelo qual uma pessoa se torna um Quaker por meio de sua própria experiência espiritual interior. Ele explorou a história e a teologia do convencimento em seus escritos e argumentou que é um aspecto fundamental da identidade Quaker.

Na integração da espiritualidade Quaker com questões contemporâneas Dandelion explorou as maneiras pelas quais a espiritualidade Quaker pode ser aplicada a questões contemporâneas, como sustentabilidade, construção da paz e justiça social. Escreveu sobre o papel da espiritualidade Quaker na abordagem de questões globais e enfatizou a importância dos valores Quaker como simplicidade, paz e integridade na promoção de mudanças sociais positivas.

Dandelion contribuiu para o estudo da diversidade religiosa, incluindo as maneiras pelas quais diferentes tradições religiosas podem aprender umas com as outras. Escreveu sobre a importância do diálogo e da compreensão inter-religiosa e explorou as maneiras pelas quais o quakerismo pode ser entendido em relação a outras tradições religiosas.

Alice Wood

Alice Wood (1870-1961) missionária, ministra do evangelho e pioneira pentecostal na Argentina.

Nascida em Ontário, Canadá, Wood foi criada como quaker e também participava de convenções metodistas e de santidade. Ficou órfã aos dezesseis anos. Aos 25 anos, ela se matriculou na Friends’ Training School em Cleveland, Ohio, indo servir em uma igreja em Beloit, Ohio depois de formada.

Alice adotou plenamente a doutrina da santidade, na vertente reformada ou movimento de Vida Superior, na qual enfatizava a santificação por ação do Espírito Santo. Frequentou cursos na Missionary Training Institute, ligado à Aliança Cristã e Missionária, em Nova York. Foi missionária independente em Porto Rico e Venezuela.

Em 1907 experimenta o batismo pentecostal, desfilia-se oficialmente da Aliança Cristã e Missionária, embora mantivesse vínculos com seus membros e líderes, bem como recebia contribuições para sua obra missionária. Começou preparar sua viagem missionária para a Argentina, fazendo várias viagens de avivamento e arrecadação de fundos no meio-oeste americano e região central do Canadá.

No início de 1910 Alice Wood e May Kelty dos EUA chegaram à Argentina. Em agosto daquele mesmo ano junta-se a elas Berger Johnson (Bergen N. Johnsen, 1888-1945) da Noruega. Em fevereiro de 1910 A. B. Simpson, o dirigente da Aliança Cristã e Missionária também chega ao país. Wood dirigiu-se a Gualeguaychu, Entre Ríos, onde havia uma missão da Aliança.

Por sete anos Wood esteve em Gualeguaychu. Os dois missionários dirigentes foram embora e Alice passou a dirigir a Misión Evangélica de Gualeguaychu. Depois estabeleceu-se na cidade de 25 de Maio, na província de Buenos Aires. Ali, formou um núcleo inicial de onde saíram vários obreiros para a Argentina.

O grupo era independente. Berger mantinha vínculos com os Amigos Livres da Noruega e Alice com a rede de quakers pentecostais e movimentos de santidade conectados a Levi Upton em Ohio. Embora Wood fosse uma missionária independente desde que aprofundou suas relações com o movimento pentecostal, quando as Assemblies of God foram organizadas em 1914 nos Estados Unidos, filiou-se a ela.

Entre 1911 e 1913 Wood e Berger rompem sua colaboração por motivos pessoais e por ele não aceitar o ministério feminino. Berger iria para o norte do país.

No final de 1917 visitou a Asamblea Cristiana italiana de Villa de Devoto e Narciso Natucci convidou-a para visitar outros pontos missionários nos arredores de Buenos Aires.

Do trabalho de Wood resultou em várias congregações pentecostais que se fundiram na Unión de las Asambleas de Dios em 1947.

Wood voltaria aos Estados Unidos alguns meses antes de seu falecimento.

BIBLIOGRAFIA

Griffin, Kathleen. “Luz En Sudamérica: Los Primeros Pentecostales En Gualeguaychú, Entre Ríos, 1910-1917.” Thesis de doctorado en teologia, ISEDET, 2014.

Margareth Fell

Margareth Fell (1614-1702), foi pregadora, missionária e uma das fundadoras da Sociedade Religiosa de Amigos (Quakers).

Suas filhas Isabel (Fell) Yeamans e Sarah Fell também foram líderes Quakers. Empregando seus recursos e status social (era da pequena nobreza), Fell era frequentemente intercedia em casos de perseguição ou prisão de líderes como George Fox.

Fell escreveu o panfleto “Justificativa da Fala das Mulheres”, que argumentava em favor das mulheres como pregadoras. Lutou pela liberdade religiosa e esteve presa por suas convicções.

” Vemos, então, que Jesus [reconhecia/possuía?] o Amor e a Graça que aparecia nas Mulheres, e não os deprezava, e que, conforme o que está registrado nas Escrituras, ele recebeu tanto amor, bondade, compaixão e ternura para com ele das Mulheres quanto de quaisquer outros, tanto durante sua vida, quanto após eles terem exercido sua crueldade sobre ele (…).”

BIBLIOGRAFIA

http://www.quakersintheworld.org/quakers-in-action/14/Margaret-Fell

https://plato.stanford.edu/entries/margaret-fell/

Citação traduzida do panfleto mencionado.

Esboço oriundo do grupo Mulheres na Bíblia

Elizabeth Baxter

Mary Elizabeth Foster Baxter (1837-1926) escritora, missionária e biblista britânica.

Nasceu em uma família de quakers em Worcestershire, na Inglaterra. Converteu-se aos 21 anos e dedicou-se ao ministério evangelístico. Juntou-se à Mildmay Mission, centro de diaconia e de treinamento de diaconisa, entre 1866 e 1868.

Casada com Michael P. Baxter em 1868, foram pais de Michael Paget Baxter. O casal fundou a Casa Bethshan em 1880 para cuidar da cura do corpo e da alma. Foram influenciados por Andrew Murray, D. L. Moody e Ira Sankey. Em razão disso, participaram ativamente do movimento “Higher Christian Life”, promovido por William E. Boardman e difundido pela Convenção de Keswick.

O casal apoiava as campanhas de Moody na Inglaterra, publicando um pequeno jornal chamado “Signs of Our Times”. O jornal expandiu-se e adotou um novo nome, “The Christian Herald”.

Em viagem em férias à Suíça, o casal começou a realizar reuniões evangelísticas. Durante uma viagem na Alemanha, Elizabeth teve a experiência de ser capaz de pregar em alemão o suficiente para ser entendida, embora ela soubesse apenas poucas palavras do idioma. Nesse período, Elizabeth conheceu o pastor Otto Stockmayer, Samuel Zeller e teve contato com as obras de Dorothea Trudel e Johann Blumhardt.

Em 1886, os Baxters abriram uma casa de treinamento missionário, formando centenas de missionários. Estabeleceram as Missões Gerais Kurku e Central Hills e Ceilão e Índia na Índia. Na década de 1890, Elizabeth viajou pelo Canadá e pelos Estados Unidos. Em 1894, também conheceu e tornou-se amiga de Carrie Judd (mais tarde Montgomery), que havia aberto sua própria casa de recuperação em Nova York. Mais tarde, viajaria para as missões na Índia.

Publicou mais de quarenta livros, além de tratados volantes e panfletos. Seu Women in the Word (1897) faz um panorama com vários perfis de mulheres nas Escrituras.

BIBLIOGRAFIA

“Baxter, Elizabeth (1837-1926).” Handbook of Women Biblical Interpreters, 2012, Handbook of Women Biblical Interpreters, 2012.

Marion Ann Taylor. “Anglican Women and the Bible in Nineteenth-century Britain.” Anglican and Episcopal History 75, no. 4 (2006): 527-52.

Narveson, Kate.  Bible Readers and Lay Writers in Early Modern England. Routledge, 2016.

Robins, Roger Glenn. “Evangelicalism before the Fall: The Christian Herald and Signs of Our Times.” Religions 12, no. 7 (2021): 504.

Taylor, Marion Ann, and Heather Weir. Women in the Story of Jesus. Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing, 2016.

https://www.actsamerica.org/biographies/2014-01-Elizabeth-Baxter.html

https://healingandrevival.com/BioEMPBaxter.htm

Quakers

Os Quakers, também conhecidos como Sociedade Religiosa de Amigos, são uma denominação cristã que se originou na Inglaterra em meados do século XVII. O movimento foi fundado por George Fox, que acreditava que todas as pessoas poderiam ter um relacionamento direto com Deus, sem a necessidade de intermediários como ministros.

Os testemunhos Quakers são um conjunto de valores e crenças que orientam o cotidiano dos Quakers. Esses testemunhos incluem simplicidade, paz, integridade, comunidade e igualdade. Os Quakers acreditam que esses valores são essenciais para viver uma vida significativa e gratificante.

  • Simplicidade é viver uma vida organizada e livre de excessos. Isso significa que os Quakers tentam viver de maneira sustentável e conscientes de seu impacto no meio ambiente.
  • A paz é trabalhar para um mundo livre de violência e conflito. Os Quakers acreditam na não-violência e estão empenhados em resolver conflitos por meio do diálogo e da negociação.
  • Integridade é viver uma vida honesta e verdadeira. Os Quakers acreditam que é importante agir de acordo com os próprios valores e princípios.
  • Comunidade é construir relacionamentos fortes com os outros e trabalhar para o bem comum. Quakers acreditam na importância de apoiar e cuidar uns dos outros.
  • Igualdade é reconhecer o valor inerente e a dignidade de cada pessoa. Os Quakers acreditam na igualdade de todas as pessoas e estão empenhados em trabalhar para um mundo onde todos sejam tratados com respeito e dignidade.

Um dos aspectos mais importantes do Quakerismo é a doutrina da Luz Interior. Cada pessoa tem uma conexão direta com Deus, que é acessível por meio da adoração silenciosa e da meditação. A Luz Interior está presente em todos e serve de guia para viver uma vida de acordo com a vontade de Deus. Os Quakers acreditam que essa conexão com Deus não se limita a nenhuma pessoa, grupo ou lugar específico, mas é acessível a todas as pessoas, independentemente de sua origem ou crença.

Nos cultos, espera-se que cada membro da reunião ouça Deus dentro de si e, se for compelido, contribua com o grupo para reflexão e consideração. Cada membro ouve as contribuições dos outros com atenção, em uma atitude de buscar a Verdade em vez de tentar prevalecer ou debater.