Herbert Henry Howard Booth

Herbert Henry Howard Booth (1862-1926) foi um reformador social britânico e filho de William e Catherine Booth, os fundadores do Exército de Salvação.

H.H.H. Both desempenhou um papel significativo no desenvolvimento do Exército de Salvação no Reino Unido e em todo o mundo, ao mesmo tempo em que foi pioneiro em novas abordagens de serviço social e evangelismo.

As atividades de assistência social de Herbert concentravam-se em abordar as causas profundas da pobreza e da desigualdade social. Ele foi um pioneiro do movimento “slum work”, que envolvia o envio de trabalhadores do Exército de Salvação para viver nas áreas mais pobres das cidades, onde eles poderiam trabalhar ao lado da população local para melhorar suas condições de vida e fornecer-lhes assistência prática.

As atividades internacionais de Herbert foram focadas em expandir a missão do Exército de Salvação para outras partes do mundo. Viajou extensivamente, estabelecendo novas filiais do Exército de Salvação em países como Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Ele também foi uma figura chave no desenvolvimento do Exército de Salvação nos Estados Unidos, onde serviu como comandante nacional da organização de 1904 a 1913.

Ao longo de sua vida, Herbert permaneceu comprometido com a visão de seus pais de usar a igreja para provocar mudanças sociais. Era um orador carismático e um escritor prolífico, e usou sua plataforma para defender reformas sociais e políticas, incluindo o sufrágio feminino e a abolição da pena de morte.

Herbert Henry Howard Booth compôs os hinos Grace there is my every debt to pay, traduzido como Ó irmãos, por fé louvemos a Jesus (149) e Let me love Thee, traduzido como Ó Senhor da glória (276)

Ballington Booth

Ballington Booth (1857-1940) foi um reformador social britânico-americano e filho de William e Catherine Booth, os fundadores do Exército de Salvação.

Ballington continuou o trabalho de seus pais na prestação de serviços sociais e na defesa da justiça social, ao mesmo tempo em que fez contribuições significativas para o desenvolvimento do Exército de Salvação nos Estados Unidos. Contudo, diferenças com seu irmão e sucessor de seus pais na liderança da organização levaram Ballington Booth fundar os Voluntários da América, de similar escopo, método e teologia.

Compôs a letra e música do hino The cross is not greater than His grace, traduzido ao português como O meu vero Amigo é Jesus (203).

Catherine Booth

Catherine Booth (1829-1890) foi uma reformadora social britânica e co-fundadora do Exército de Salvação, junto com seu marido, William Booth. Catherine foi uma defensora pioneira dos direitos das mulheres e desempenhou um papel significativo na formação da teologia e do trabalho social do Exército de Salvação.

A teologia de Catherine era baseada na ideia de santidade e na crença de que todos os cristãos deveriam se esforçar para viver uma vida que refletisse o amor e a compaixão de Jesus Cristo. Sob o evangelho, todas mulheres deveriam desempenhar um papel ativo na igreja e na sociedade e as encorajava a usar seus talentos e habilidades para servir aos outros.

As atividades sociais de Catherine começaram quando ela e seu marido abriram uma missão cristã no East End de Londres em 1865. Catherine foi fundamental no desenvolvimento dos serviços sociais da missão, que incluíam fornecer comida, abrigo e assistência médica aos pobres e desabrigados. Ela também estabeleceu uma rede de lares de resgate para mulheres e crianças vítimas de abuso ou prostituição.

Catherine era uma oradora dinâmica e viajou extensivamente pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos, defendendo a reforma social e os direitos das mulheres. Foi uma figura importante no movimento de temperança e defendeu a proibição do álcool e seus efeitos devastadores nas famílias e comunidades.

O legado de Catherine pode ser visto no compromisso contínuo do Exército de Salvação com a justiça social e a ajuda humanitária. Sua crença na importância da liderança e do empoderamento das mulheres também teve um impacto duradouro na organização, que sempre permitiu que as mulheres ocupassem cargos de autoridade e influência.

William Booth

William Booth (1829-1912) foi um pregador metodista britânico. Junto de sua esposa Catherine fundaram do Exército de Salvação, uma denominação cristã conhecida por seu trabalho social e atividades missionárias em todo o mundo.

As atividades de trabalho social de Booth começaram em 1865, quando ele e sua esposa Catherine abriram uma missão cristã no East End de Londres. A missão ofereceu comida, abrigo e ensino cristão aos sem-teto e indigentes da região. A missão cresceu rapidamente. Apesar de não ser originalmente uma denominação (os Booth eram membros da Nova Conexão Metodista), em 1878 seu trabalho cresceu de tal forma que se tornou o Exército de Salvação. Essa organização mundial que ainda fornece ajuda humanitária e serviços religiosos em mais de 130 países.

A teologia de Booth foi baseada na ideia de salvação pela fé em Jesus Cristo e uma forte ênfase na aplicação prática dos princípios cristãos na vida diária. Movido por uma missão aos membros marginalizados e empobrecidos da sociedade, buscava ajudá-los a alcançar uma vida melhor por meio de educação, saúde e orientação espiritual.

As atividades internacionais do casal Booth foram focadas em expandir a missão do Exército de Salvação para outras partes do mundo. O casal e depois seus filhos viajaram extensivamente, estabelecendo novas missões e recrutando pessoas locais para trabalhar com ele. Em 1880, organização chegou aos Estados Unidos, onde rapidamente se transformou em uma grande força de mudança social e religiosa. A família Booth também viajou para a Índia, onde estabeleceu uma grande rede de escolas e hospitais que funcionam até hoje.

Ao longo de sua vida, Booth permaneceu comprometido com sua teologia e sua crença no poder do trabalho social e do serviço cristão.

Alida Bosshardt

Alida Bosshardt ou Majoor Bosshardt (1913-2007) foi uma oficial e missionária holandesa do Exército de Salvação.

Bosshardt dedicou mais de 60 anos a servir as comunidades pobres e marginalizadas, particularmente no distrito de prostituição de Amsterdã. Bosshardt viveu por seu compromisso com a justiça social e com esforços constantes para melhorar a vida das pessoas. Era amplamente respeitada por sua compaixão e dedicação, e recebeu inúmeros prêmios e homenagens ao longo de sua vida por seu trabalho humanitário.

Nova Conexão Metodista

A Nova Conexão Metodista, pejorativamente chamada de Killhamites, foi uma denominação metodista britânica existente entre 1797 e 1907. Sua ênfase na participação leiga e a redação de seus artigos de fé infuenciaram muitas denominações evangélicas posteriores.

Depois da morte de John Wesley em 1791, o metodismo britânico tornou-se rapidamente institucionalizado enquanto algumas lideranças insistiam em manter o movimento subordinado à Igreja Anglicana. Em reação, Alexander Kilham (1762 – 1798), um pregador itinerante metodista, defendia a independência denominacional para os metodistas.

Kilham propôs que os membros leigos deveriam participar da gestão da Igreja, havendo representação igual com os ministros nas conferências decisórias. Kilham defendia que o ministério não deveria possuir autoridade oficial ou prerrogativa pastoral, mas deveria apenas executar seus ministérios de acordo com as diretrizes das congregações e das conferências.

Na conferência dos metodistas britânicos em 1796, Kilham foi expulso por defender os princípios eclesiológicos acima. Em seguida, nas cidades industrais vários metodistas das classes trabalhadoras e de classe média educada aderiram à Nova Conexão Metodista organizada por Kilham. No entanto, ele morreria no ano seguinte.

A segunda esposa de Kilham, Hannah Spurr Kilham (1774–1832), com quem se casou poucos meses antes de sua morte, foi missionária e linguista no oeste da África.

A Nova Conexão Metodista fez parte da vertente radical do metodismo do século XIX. Essa vertente mantinha a soteriologia wesleyana, mas insistia em um primitivismo quanto à eclesiologia e um ativismo social em prol dos desfavorecidos. A NCM foi formada em 1797, os Metodistas Primitivos em 1807, os Cristãos da Bíblia em 1815, os Metodistas Livres em 1860 e o Exército de Salvação em 1865.

Recebiam a alcunha de “Thomas Paine Methodists” pelos valores democráticos que os inspiravam. Em suas reuniões, as pregações eram seguidas por uma discussão livre.

Catherine e William Booth, o fundador do Exército de Salvação, foram membros da Nova Conexão Metodista e inspiram em seus Artigos de Fé para a redigir os pontos de doutrina de seu novo movimento.

Em 1907 a Nova Conexão Metodista, então com 37 mil membros, uniu-se com outras denominações metodistas britânicas para formar a Methodist Church of Great Britain.

BIBLIOGRAFIA

Blackwell, J. Life of Alexander Kilham. 1838.

Kilham, Alexander; Thom, William. Out-lines of a constitution; proposed for the examination, amendment and acceptance, of the members of the Methodist New Itinerancy. 1797.

Thompson, Edward Palmer. The making of the English working class. 1968.

Teoria governamental da expiação

A teoria governamental é uma perspectiva para explicar o motivo da morte de Jesus Cristo e seus efeitos na salvação. Essa soteriologia forense foi proposta pelo teólogo e jurista holandês Hugo de Groot (1583 – 1645) (Grotius, Grócio). Na teoria governamental o sacrifício de Jesus ocorreu para que o Pai perdoasse enquanto ainda mantinha seu governo justo sobre o universo.

DOUTRINA DA SUBSTITUIÇÃO DA PENA

Deus como mantenedor da lei na criação é livre para alterá-la ou abrogá-la, mas tem escolhido lidar com sua criação de modo consistente. Como a lei divina determina “a alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:20) toda a humanidade estaria fadada à condenação. Simplesmente um perdão leniente não poderia satisfatizer essa lei. A morte de Cristo seria um exemplo público da seriedade do pecado e até onde Deus iria para defender a ordem moral do universo. O foco da morte de Cristo seria a defesa da lei divina, sendo a morte de Cristo uma substituição para a penalidade do pecado.

A teoria governamental é vicária, Cristo morreu em favor dos pecadores (Rm 5:8), mas não substitutiva, ou seja, não em lugar dos pecadores. Uma vez paga a penalidade do pecado, Cristo ofereceu o perdão a quem n’Ele cresse. Desse modo, Deus mantém sua lei ao mesmo tempo que, através da morte de Cristo, perdoa os pecados daqueles que se arrependem e têm fé na morte vicária de Cristo.

Os textos centrais dessa teoria são encontrados em Salmo 2, 5; Isaías 42:21.

HISTÓRIA DA RECEPÇÃO DA DOUTRINA GOVERNAMENTAL

Grócio formulou essa doutrina em resposta ao socianismo. Partindo de sua base arminiana, Grócio buscava explicar a necessidade de satisfazer Deus, não como uma honra ferida nos termos de Anselmo, mas em relação à lei divina. Apesar de sua popularidade como teólogo entre os remonstrantes holandeses, essa teoria governamental nunca ganhou muitos adeptos entre os arminianos, que em geral adotam a substituição vicária formulada por John Wesley.

Variações da teoria governamental da expiação foram adotadas tanto em correntes calvinistas e arminianas de língua inglesa. Na Inglaterra, Richard Baxter (1615-1691) e Samuel Clarke (1675-1729) adotaram alguns aspectos dela. Nos Estados Unidos a New Divinity School ou os edwardianos — seguidores do calvinista Jonathan Edwards (1703-1758) — também adotaram versões dela.

Uma formulação dessa doutrina pode ser resumida em um sermão de Edwards:

“Todos os pecados daqueles que verdadeiramente vêm a Deus por misericórdia, estejam eles como queiram, são satisfeitos, se Deus for verdadeiro que nos diz… de modo que Cristo tendo satisfeito totalmente por todos os pecados, ou tendo realizado uma satisfação que é suficiente para todos, agora não é inconsistente com a glória dos atributos divinos perdoar os maiores pecados daqueles que de maneira correta vêm a ele por isso.—Deus pode agora perdoar os maiores pecadores sem qualquer prejuízo à honra de sua santidade. A santidade de Deus não permitirá que ele dê a menor tolerância ao pecado, mas o inclina a dar testemunhos adequados de seu ódio a ele. Mas, tendo Cristo satisfeito [a Deus] pelo pecado, Deus pode agora amar o pecador e não dar nenhuma tolerância ao pecado, por maior pecador que ele possa ter sido. Deus pode, por meio de Cristo, perdoar o maior pecador sem prejuízo da honra de sua majestade. A honra da majestade divina de fato requer satisfação; mas os sofrimentos de Cristo reparam totalmente a ofensa”.

Edwards, Sermon XXV.

Dentre correntes arminianas, suas variantes aparece nas teologias de Charles Grandison Finney (1792-1875), em William Booth e no Exército da Salvação, bem como para o metodista John Miley (1813-1895).

Para Miley a expiação de Cristo é uma satisfação pelos pecados por substituição dos pecadores no sofrimento, mas não uma satisfação na substituição de penalidade. A expiação de Cristo é universal, mas o perdão dos pecados seria condicional à fé.

Uma crítica a essa perspectiva é que não explica o motivo de escolher um justo para demonstrar a vontade de Deus de defender a lei. Por que não colocar para morrer o pior de todos os pecadores? Por que Cristo e não Barrabás?

Há proximidades teológicas discerníveis com a teoria moral de Abelardo. Contudo, é frequentemente confundida com a teoria da substituição penal.

Tanto Grócio quanto Abelardo acreditavam que a expiação era necessária para o perdão dos pecados. Os pecadores precisavam se reconciliar com Deus e que a morte de Jesus Cristo desempenhou um papel crucial nesse processo. Ambas teoria são focadas na misericórdia e amor de Deus. Deus foi misericordioso em fornecer um meio para os pecadores serem perdoados por meio da expiação, satisfazendo condições morais de manter a justiça e a misericórdia.

Há, contudo, diferenças. A teoria governamental continua a tendência anselmiana da necessidade de satisfação. Já a perspectiva de influência moral a demonstração da misericórdia divina inspira o arrependimento, a fé e produz justiça.

Já a visão penal substitutiva sustenta que Cristo recebeu o castigo que a humanidade merecia por seus pecados, satisfazendo a justiça de Deus e reconciliando os pecadores com Deus. Nessa visão, a morte de Cristo foi um sacrifício substitutivo que pagou a pena pelos pecados da humanidade, e aqueles que crêem no sacrifício de Cristo são perdoados e declarados justos diante de Deus.

A visão governamental, por outro lado, sustenta que a morte de Cristo não foi um pagamento pelo pecado, mas sim uma demonstração da justiça de Deus e um meio de sustentar a ordem moral do universo. Nessa visão, a morte de Cristo serve como uma advertência aos pecadores e um meio de demonstrar a misericórdia de Deus. Cristo não morreu recebendo a pena dos pecadores, mas para os pecadores. Assim, aqueles que crêem no sacrifício de Cristo são perdoados e reconciliados com Deus com base em sua fé e arrependimento.

BIBLIOGRAFIA

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Waldron, John (ed.) The Salvationist and the Atonement : A Compilation of Articles by Various Salvation Army Officers on the Need, the Nature, the Means, and the Fruits of the Atonement. Toronto, ON: Salvation Army, 1982.