Adeipnonismo

O adeipnonismo é uma posição que não considera a celebração dos sacramentos ou ordenanças como vinculante ou normativa para o presente. Em sentido estrito, a posição adeipnonista é um entendimento sobre a não celebração da Santa Ceia.

Os exemplos mais conhecidos de aderentes ao adeipnonismo são os Quakers e Exército de Salvação.

Os entendimentos para não celebração variam desde interpretações dos sacramentos como metáforas, espiritualização, compromisso somente para o período apostólico, ausência de um clero qualificado para oficiá-lo, dentre outros.

Os principais grupos não sacramentais são os seguintes:

  • Abecedarianos
  • Ambrosianos
  • Christ’s Sanctified Holy Church
  • Collegiant
  • Doukhbors
  • Erik-jansarna
  • Gospel Assemblies
  • Inspirationists
  • Iveland-sekten
  • Labadistas
  • Molokans
  • Nichollists
  • Mukyōkai
  • Ranters
  • Religious Society of Friends – Quakers
  • Rogerenes
  • Schwenkenfelders
  • Seekers
  • Shakers
  • Vários grupos chamados de “Antinominianos”
  • White Quakers of Dublin

Melito de Sardes

Melito de Sardes ou Militão de Sardes (?-180 d.C.) foi bispo de Sardes, na Anatólia, e escritor patrístico da era dos apologistas.

Sua obra foi quase toda perdida, mas é citada por Jerônimo (via Tertuliano), Polícrates de Éfeso (citado por Eusébio) Clememente de Alexandria, Orígenes e Eusébio.

Fora os fragmentos, duas obras suas foram redescobertas. Educado na retórica, é possível que teve educação estoica e utilizou suas habilidades para a apologética. Escreveu uma Apologia do Cristianismo para Marco Aurélio. Judeu de nascimento e parte da comunidade judaico-cristã, envolveu-se na discussão da data da Páscoa em seu Peri Pascha. Nessa obra defendia que fosse celebrada a páscoa a 14 de Nisan (Quartodecimanismo), pois a Antiga Aliança teria sido cumprida em Cristo. Aparentemente, seguia uma cronologia joanina e associa Cristo com a tipologia de cordeiro pascal.

Na Apologia a Marco Aurélio, Melito descreve o Cristianismo como uma filosofia que se originou entre os bárbaros, mas floriu sob o Império Romano. Pede ao imperador que repense as acusações contra os cristãos. Reclama da perseguição, com os cristãos abertamente roubados e saqueados por aqueles que se aproveitam das ordenanças imperiais.

A cristologia de Melito enfatiza que Cristo é ao mesmo tempo Deus e um homem perfeito.

Fez a primeira investigação registrada acerca do cânon, sua composição e ordem dos livros. Para tal, viajou às igrejas antigas. Esteve na biblioteca cristã de Cesaria Marítima. Seu cânon do Antigo Testamento é similar ao cânon hebraico, mas sem Ester e talvez incluísse o Livro da Sabedoria. O termo cânon ou cânone para referir-se aos livros aceitos pela Igreja é de sua lavra.

Foi pioneiro na associação entre psicologia e cristianismo, tendo escrito um livro sobre tema, ora perdido.

BIBLIOGRAFIA

Cohick, Lynn H. The Peri Pascha Attributed to Melito of Sardis. Providence: Brown Judaic Studies, 2000.

Ágape

O termo ágape, em grego αγάπη, é um termo normalmente traduzido como amor quanto também indica uma refeição festiva entre os primeiros cristãos.

No grego ático utilizado pelos filósofos, ágape denotava o amor sentido pelos membros de sua família e grupo de afinidade.

Na Septuaginta, agape e seus cognatos traduzem uma variedade de palavras hebraicas para amor. Ocorre mais de 250 vezes, mais frequentemente como uma tradução de ahab, a palavra hebraica mais comum para amor. No Novo Testamento ganha conotações de amor incondicional, desinteressado e perfeito.

Ágape, também conhecida como “festa do amor” era uma refeição em comum nas primeiras igrejas cristãs. A ágape aparece em 1 Coríntios 11:17-22 e Judas 12, possivelmente é aludida em Atos 2:46–47.

Paulo corrige a igreja em Corinto contra as discriminações socioeconômicas na refeição da ágape. Condena que alguns festejassem enquanto outros passavam fome (1 Coríntios 11:17-22). O apóstolo instrui que tais distinções anulam o propósito da refeição, o qual seria trazer unidade. Após essa correção, Paulo passa a falar da Santa Ceia (1 Coríntios 11:23-26). Esse trecho e testemunhos posteriores indicam que as igrejas primitivas seguiam o modelo da da última ceia, incluindo tanto uma refeição de comunhão e a celebração da Santa Ceia.

Também servia para a atender as necessidades alimentares dos mais pobres (Tertuliano, Apologia 39).

Afresco de uma ágape. Tumba de Víbia. Catacumbas de Domitília, Roma.

BIBLIOGRAFIA

Alikin, Valeriy A. The Earliest History of the Christian Gathering: Origin, Development and Content of the Christian Gathering in the First to Third Centuries. Leiden: Brill, 2010.

Finger, Reta Halteman. Of Widows and Meals: Communal Meals in the Book of Acts. Grand Rapids: Eerdmans, 2007.

Stutzman, Paul Fike. Recovering the Love Feast: Broadening Our Eucharistic Celebrations. Eugene, Oreg.: Wipf and Stock, 2011.

Simbolismo

O termo “anamnese simbólica” ou simbolismo foi proposto para designar a visão do próprio Zwingli, distinguindo-a do que é comumente referido como “memorialismo simbólico”, sinônimo de zwinglianismo acerca da presença de Cristo na Santa Ceia.

Zwínglio cria que Jesus Cristo está simbolicamente presente nos elementos sagrados do pão e do vinho na Santa Ceia.

Memorialismo

O memorialismo, frequentemente associado à perspectiva teológica conhecida como zwinglianismo, é uma doutrina relativa à natureza da Ceia do Senhor.

De acordo com este ponto de vista, os elementos da Eucaristia servem apenas como um memorial, sem nenhuma crença na presença real de Cristo no pão e no vinho sacramentais.

O raciocínio bíblico é que na Santa Ceia do Senhor há o propósito de ser um memorial ao corpo e sangue de Cristo (Lucas 22:19; 1 Coríntios 11:24–25). Portanto, não há consumo real do corpo físico e do sangue de Cristo. Cristo não poderia estar fisicamente presente na comunhão, pois está à direita do Pai (Hebreus 8:1; 10:12).

Esta divergência emergiu durante o Colóquio de Marburg em 1529, quando Lutero, Zwingli e Ocolampádio se envolveram em extensos debates, mas não conseguiram chegar a uma resolução. A discordância sobre a interpretação da frase “este é meu corpo e sangue” ressaltou o impasse teológico entre Lutero, que defendia uma compreensão literal, e Zwingli, que a via como um tropo retórico.

A perspectiva de Zwingli postulava que o termo “é” no contexto da Eucaristia deveria ser interpretado como “significa”. Apesar das discussões no Colóquio de Marburgo terem mostrado alguns progressos, um consenso sobre este ponto crucial permaneceu indefinido. Contudo, é digno de nota que Zwingli não rejeitou inteiramente a noção da presença de Cristo na ceia. Depois do colóquio, Zwingli afirmou a sua crença na “presença real” de Cristo, como evidenciado em obras como “Um Relato da Fé” (1530) e “A Carta aos Príncipes da Alemanha” (1530). Esta mudança de ênfase para a natureza “divina e sagrada” do pão e do vinho refletiu a compreensão sutil de Zwingli, resumida em sua afirmação de que a Ceia do Senhor está incompleta sem a presença genuína de Cristo.

O termo “anamnese simbólica” ou simbolismo foi proposto para designar a visão do próprio Zwingli, distinguindo-a do que é comumente referido como “memorialismo simbólico”, sinônimo de zwinglianismo. Esta distinção serve para categorizar a perspectiva matizada de Zwingli dentro do panorama teológico mais amplo, oferecendo uma visão sobre as posições doutrinárias em evolução que cercam a interpretação memorialista da Ceia do Senhor.

Impanação

Impanação, do latim impanatio, “incorporado no pão”, é uma teoria da presença real do corpo de Jesus Cristo no pão consagrado da Eucaristia. Contudo, rejeita mudança na substância do pão ou do corpo.

Análogo à doutrina da encarnação de Cristo, Deus teria se feito pão na Eucaristia. Portanto, os atributos divinos de Cristo seriam partilhados pelo pão eucarístico através do seu corpo.

Acredita-se que Ruperto de Deutz, Berengário de Tours e João de Paris tenham ensinado esta doutrina.

Transignificação

A transignificação é uma tentativa de articular a doutrina católica de transubstanciação em termos de metafísica e semiologia contemporâneas.

Em suma, transfignificação postula que o pão e o vinho não alteram fisicamente sua realidade, mas a transformação ocorre na realidade de significância. Em comum com o memorialismo, considera aspectos simbólicos dos elementos da santa ceia.

Entre seus proponentes, destaca-se Edward Schillebeeckx, mas foi rejeitada por uma encíclica de Paulo VI.

Transubstanciação

Transubstanciação, do latim transubstantiatio e equivalente ao grego μετουσίωσις metousiosis, é a perspectiva da Igreja Católica Romana que na eucaristia (Santa Ceia do Senhor) há a mudança de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo e de toda a substância do vinho na substância do Sangue de Cristo. Contudo, as características exteriores do pão e do vinho permanecem inalteradas.

Como bases bíblicas para tal perspectiva são citados João 6:32-58; Mateus 26:26; Lucas 22:17-23; e 1 Coríntios 11:24-25.

Essa doutrina foi afirmada no Quarto Concílio de Latrão em 1215. Entretanto, durante a Reforma foi criticada. As alternativas protestantes. A crítica se deu principalmente porque fomentava a adoração eucarística como idolatria e um “ressacrifício” contínuo de Jesus Cristo. Os reformadores apontaram que Jesus morreu “uma vez por todas” e não precisa ser sacrificado novamente (Hebreus 10:10; 1 Pedro 3:18). Em razão disso, em 1551, o Concílio de Trento declarou que a doutrina da transubstanciação é um dogma de fé católico romano.

BIBLIOGRAFIA

Igreja Católica Apostólica Romana. Catecismo. Secção 1376.