Memorialismo

O memorialismo, frequentemente associado à perspectiva teológica conhecida como zwinglianismo, é uma doutrina relativa à natureza da Ceia do Senhor.

De acordo com este ponto de vista, os elementos da Eucaristia servem apenas como um memorial, sem nenhuma crença na presença real de Cristo no pão e no vinho sacramentais.

O raciocínio bíblico é que na Santa Ceia do Senhor há o propósito de ser um memorial ao corpo e sangue de Cristo (Lucas 22:19; 1 Coríntios 11:24–25). Portanto, não há consumo real do corpo físico e do sangue de Cristo. Cristo não poderia estar fisicamente presente na comunhão, pois está à direita do Pai (Hebreus 8:1; 10:12).

Esta divergência emergiu durante o Colóquio de Marburg em 1529, quando Lutero, Zwingli e Ocolampádio se envolveram em extensos debates, mas não conseguiram chegar a uma resolução. A discordância sobre a interpretação da frase “este é meu corpo e sangue” ressaltou o impasse teológico entre Lutero, que defendia uma compreensão literal, e Zwingli, que a via como um tropo retórico.

A perspectiva de Zwingli postulava que o termo “é” no contexto da Eucaristia deveria ser interpretado como “significa”. Apesar das discussões no Colóquio de Marburgo terem mostrado alguns progressos, um consenso sobre este ponto crucial permaneceu indefinido. Contudo, é digno de nota que Zwingli não rejeitou inteiramente a noção da presença de Cristo na ceia. Depois do colóquio, Zwingli afirmou a sua crença na “presença real” de Cristo, como evidenciado em obras como “Um Relato da Fé” (1530) e “A Carta aos Príncipes da Alemanha” (1530). Esta mudança de ênfase para a natureza “divina e sagrada” do pão e do vinho refletiu a compreensão sutil de Zwingli, resumida em sua afirmação de que a Ceia do Senhor está incompleta sem a presença genuína de Cristo.

O termo “anamnese simbólica” ou simbolismo foi proposto para designar a visão do próprio Zwingli, distinguindo-a do que é comumente referido como “memorialismo simbólico”, sinônimo de zwinglianismo. Esta distinção serve para categorizar a perspectiva matizada de Zwingli dentro do panorama teológico mais amplo, oferecendo uma visão sobre as posições doutrinárias em evolução que cercam a interpretação memorialista da Ceia do Senhor.

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