Movimento de Santidade

O Movimento Holiness ou Movimento de Santidade surgiu em meados do século XIX na América do Norte como uma resposta à percepção da morte espiritual e à prevalência do pecado na sociedade americana.

Sua crença principal era no conceito de “perfeição cristã” ou “inteira santificação”, que ensinava que, por meio da obra do Espírito Santo, um cristão poderia ser totalmente purificado de todo pecado e capacitado para viver uma vida de santidade, sem ter desejo de pecar mais. Algumas vertentes ensinava que essa inteira santificação ocorria em um momento específico e dramático, mas distinto da experiência de conversão. Esse ensinamento enfatizava a necessidade de santidade pessoal e era visto como um chamado ao discipulado radical.

O engajamento social também foi um aspecto fundamental do Movimento de Santidade, pois seus membros acreditavam na importância da justiça social e da reforma. Eles estavam envolvidos em várias causas sociais, como temperança, abolicionismo e sufrágio feminino, e muitos acreditavam na ideia de “santidade social”, o que significava que a santidade individual deveria ser expressa por meio da ação social.

As práticas devocionais no Movimento de Santidade incluíam oração, estudo da Bíblia e reflexão pessoal, bem como o uso de várias disciplinas espirituais, como jejum e registro no diário. Eles também enfatizaram a importância da adoração corporativa e da comunhão.

O Reavivamento Metodista, liderado por John Wesley, foi uma influência significativa no Movimento de Santidade. Wesley ensinou o conceito de “perfeição cristã”, e sua ênfase na santidade pessoal e no engajamento social forneceu uma base para o Movimento de Santidade.

A vertente de Vida Superior dentro do Movimento de Santidade enfatizou a importância de uma segunda obra de graça, que poderia levar a uma experiência mais profunda da perfeição cristã. Este ensinamento tornou-se um ponto significativo de controvérsia dentro do Movimento de Santidade.

Historiadores como Vinson Synan, Donald Dayton e Edith Blumhofer conectaram o Movimento de Santidade com o Movimento Pentecostal. Eles argumentam que o Movimento de Santidade forneceu uma base teológica e experimental para o Movimento Pentecostal, que surgiu no início do século XX. A ênfase na santidade pessoal e na experiência do Espírito Santo foram conexões fundamentais entre os dois movimentos. Além disso, o Movimento de Santidade forneceu uma rede de líderes e instituições que ajudaram a espalhar a mensagem pentecostal. Por fim, a hinódia do movimento de Santidade constituiria grande parte dos hinos entoados pelas vertentes pentecostais clássicas.

Principais Líderes:

Phoebe Palmer
William Boardman
Hannah Whitall Smith
William Booth

Associações do século XIX:

Associação Nacional de Santidade (fundada em 1867)
Convenção de Keswick (fundada em 1875)

Denominações Atuais:

Igreja do Nazareno
O Exército de Salvação
Igreja de Deus (Anderson, Indiana)
Igreja Metodista Livre
Igreja Evangélica Santidade
Aliança Cristã e Missionária
Igreja Wesleyana
Igreja Peregrina da Santidade

Dorothea Trudel

Dorothea Trudel (1813- 1862) pietista luterana suíça. Iniciou um movimento de cura pela fé em Männedorf, no Lago Zurique e restabeleceu a prática de unção dos enfermos no protestantismo.

Tudel masceu em uma família pobre de onze filhos com um pai alcoólatra e uma mãe devota. O único livro que a família possuía era a Bíblia, lida assiduamente pela mãe. Quando pequena, perdeu a visão por uma infecção de varíola, mas foi curada acompanhando uma oração da mãe

Começou a trabalhar aos nove anos. Era uma moça normal. Participava dos bailes e eventos sociais locais. Aos 22 anos, ao defender-se de um homem que tentou agarrá-la, feriu sua coluna. Jovem e concurda, entrou em depressão. Aos 23 anos passou por uma experiência conversão e a frequentavar círculos luteranos pietistas.

Quando sua mãe morreu, um tio cuidou de Dorothea e de suas três irmãs. As vidas delas tiveram um progresso. Trudel começou a trabalhar como florista e teve uma renda melhor. O tio deixou a casa para elas como herança.

Um dia em 1840, quatro funcionários da empresa de seu sobrinho estavam doentes sem meios de cura. Dorothea orou de acordo com Tiago 5 e ungiu-os com azeite, impondo as mãos e eles ficaram curados.

As pessoas da região passaram a visitá-la para orações, estudos bíblico e devocionais. A casa de Dorothea não conseguia acomodar os hóspedes. Então, com apoio do pastor reformado local organizou quatro casas para abrigar os visitantes. Essas casas tornaram-se sanatórios, casas de repousos. Mas diferente dos caros sanatórios suíços, não havia cobrança pela estada, com cada paciente pagando como podia. Uma das pessoas curadas mediante o minustério de Trudel foi Samuel Zeller (1834– 1912). Zeller passou a auxiliá-la e depois a sucedeu na administração das casas e dos encontros de oração. Uma dessas casas, Bibelheim, ainda continua ativa.

Trudel foi processada por exercício ilegal da medicina, o que terminou em 1861 com sua absolvição. No ano seguinte, morreu de febre tifóide.

A obra de Trudel influenciou o movimento de santidade alemão. Estiveram conexos Otto Stockmayer e os Blumhardt. Quando o médico Charles Cullis foi curado pela fé e publicou os panfletos de Trudel, seu trabalho ganhou notoriedade póstuma entre evangélicos de língua inglesa.

A teologia e prática de Trudel era simples. A prioridade era a salvação. A cura era uma expectativa de fé, sem obrigação de acontecer um milagre. O que ela enfatizava era que na expiação realizada por Cristo incluía a cura de Deus. Isso causou uma mudança de mentalidade. Contrastava com uma confiança mecanicista na medicina da época, também com o tratamento cruel de enfermidades mentais. Teologicamente prevalecia uma ideia punitiva de que doenças eram frutos de pecados ou demônios. A abordadgem de Trudel era fundada no tratamento com humanidade os doentes, tanto de males físicos como mentais. Encarava as enfermidades não como punições, mas um mal a ser vencido, espelhando na obra vitoriosa de Cristo sobre as doenças.

Trudel foi pioneira em praticar a unção com óleo no protestantismo, era convicta de que Deus cumpriria suas promessas e que as enfermidades não seriam um castigo divino.

BIBLIOGRAFIA

Keller, Sam. Dorothea Trudel Van Männedorf of De Kracht Des Geloofs Werkende Door De Liefde. Translated by A.M.C. van Asch van Wijk. Amsterdam: Funke, 1864.

Cullis, Charles. Dorothea Trudel: Or The Prayer Of Faith. 1865.

Key Yuasa

Key Yuasa (1936-2021) ministro da Igreja Evangélica Holiness e expoente na pesquisa sobre a Congregação Cristã no Brasil e do pensamento teológico de Louis Francescon.

Nascido no Brasil em uma família de ministros do evangelho japoneses, Key Yuasa estudou Teologia pelo Seminário Presbiteriano de Campinas, quando o currículo da instituição incluia também formação em ciências humanas e sociais. Formou-se em 1959 e no ano seguinte parte para Genebra para estudos pós-graduados. Retornou ao Brasil em 1963 e foi ordenado ministro da Igreja Evangélica Holiness em 1967. Em seu ministério esteve no México (onde se casou com Tereza Konno), Estados Unidos e Peru.

Estabelecido no Brasil desde os finais dos anos 1970, combinou suas atividades pastorais com a pesquisa do movimento pentecostal italiano. Suas notas e colaborações com outros pesquisadores internacionais, sobretudo Walter Hollenweger, permitiram dar uma perspectiva brasileira aprofundada nos estudos do pentecostalismo.

Como pesquisador teve acesso aos processos judiciais, documentos e famílias pioneiras do avivamento pentecostal italiano em Chicago. Depois de 30 anos de pesquisa, defendeu sua tese de doutorado em teologia na Universidade de Genebra em 2001 sobre a biografia teológica de Louis Francescon.

Atuando além de sua denominação, Yuasa colaborou com outras igrejas da Obra evangélica nipo-brasileira e com a Aliança Evangélica Brasileira, fraternidade nacional alinhada ao Pacto de Lausana. Sua preocupação com a história e com a formação intelectual do público evangélico brasileiro levou-o a traduzir um dos textos básicos de Justo L. González, E até aos confins da Terra: uma história ilustrada do Cristianismo.

A candura de sua personalidade combinada com o rigor investigativo tornou-o uma referência e inspiração nesse campo de estudos.

BIBLIOGRAFIA

Yuasa, Key. “Louis Francescon: A Theological Biography – 1866-1964. Tese de Doutoramento. Université de Genève, 2001.” Doctoral thesis on Theology, Université de Genève, 2001. (A tradução em português está no prelo em 2021).