Estanho

O estanho (בְּדִיל, bedil, em hebraico; κασσίτερος, kassíteros, em grego) é um metal mencionado algumas vezes na Bíblia, principalmente no Antigo Testamento. Em alguns contextos simboliza impureza a ser removida.

Em Números 31:22, o estanho (bedil) é listado entre os metais (juntamente com ouro, prata, cobre, ferro e chumbo) que os israelitas capturaram dos midianitas e que deveriam ser purificados pelo fogo. Isaías 1:25 usa o estanho (bedil) como uma metáfora para impurezas que Deus removerá de Jerusalém: “Farei volver contra ti a minha mão, e purificarei como com potassa a tua escória, e tirar-te-ei todo o estanho (bedil)”. Ezequiel menciona o estanho (bedil) em dois contextos. Em Ezequiel 22:18, 20, o estanho é parte de uma liga de metais inferiores (junto com cobre, ferro, chumbo e prata), representando a impureza e a corrupção de Israel, que será fundida no fogo da ira divina. Em Ezequiel 27:12, Tiro é descrita comerciando com Társis, obtendo, entre outras mercadorias, prata, ferro, estanho (bedil) e chumbo. A principal função do estanho na antiguidade era a produção de bronze, uma liga de cobre e estanho, mais dura e resistente que o cobre puro. A menção do estanho em Números 31:22, juntamente com outros metais, sugere sua importância na metalurgia da época. A palavra grega κασσίτερος (kassíteros) aparece na Septuaginta em passagens correspondentes aos textos hebraicos que mencionam bedil.

Não há referências diretas ao estanho no Novo Testamento.

Ferro

O ferro (בַּרְזֶל, barzel, em hebraico; σίδηρος, sídēros, em grego) é um metal mencionado com frequência na Bíblia, representando força, durabilidade e, por vezes, opressão.

No Antigo Testamento, o ferro aparece já em Gênesis 4:22, com Tubalcaim sendo descrito como “forjador de todo instrumento cortante de cobre e de ferro (barzel)”. O livro de Deuteronômio descreve a terra prometida como um lugar “cujas pedras são ferro (barzel)” (Deuteronômio 8:9), indicando a disponibilidade do minério. O ferro era usado para fabricar armas (1 Samuel 17:7; Jó 20:24), ferramentas (Deuteronômio 27:5; 1 Reis 6:7), carros de guerra (Josué 17:16) e instrumentos de escrita (Jó 19:24; Jeremias 17:1). Devido à sua resistência, o ferro simboliza força e poder (Daniel 2:33, 40-41; 7:7), e, por vezes, opressão e dureza (Deuteronômio 4:20; 1 Reis 8:51 – “forno de ferro” como metáfora para o Egito).

No Novo Testamento, σίδηρος (sídēros) é usado principalmente em sentido metafórico. Em Apocalipse, o ferro aparece como material de armas e instrumentos de poder (Apocalipse 2:27; 9:9; 12:5; 18:12). Em 1 Timóteo 4:2, a expressão “cauterizada a própria consciência” pode ser interpretada como uma referência ao uso do ferro em brasa para marcar escravos ou criminosos.

Assim, o ferro, na Bíblia, representa tanto um avanço tecnológico e material quanto um símbolo de força, poder, e, em alguns casos, de opressão e julgamento.

Chumbo

O chumbo (עֹפֶרֶת, oferet, em hebraico; μόλυβδος, molybdos, em grego) é um metal mencionado algumas vezes na Bíblia, refletindo seu uso e conhecimento na antiguidade.

No Antigo Testamento, oferet é mencionado em contextos que sugerem sua utilização em metalurgia e como peso. Em Êxodo 15:10, no cântico de Moisés após a travessia do Mar Vermelho, os inimigos de Israel são descritos afundando “como chumbo (oferet) nas águas impetuosas”. Números 31:22 lista o chumbo (oferet) entre os metais que precisam ser purificados pelo fogo após a batalha contra os midianitas. Ezequiel 22:18-22 usa o chumbo (oferet) como parte de uma metáfora, descrevendo a casa de Israel como escória de diversos metais, incluindo o chumbo, que será derretida no fogo da ira divina. Zacarias 5:7-8 apresenta uma visão de um efa (medida de capacidade) contendo uma mulher, que representa a impiedade, e que é coberto com um peso de chumbo (oferet). Em Jó 19:24, Jó expressa o desejo de que suas palavras fossem gravadas com um estilete de ferro em chumbo (oferet).

No Novo Testamento, o termo grego μόλυβδος (molybdos) não é diretamente mencionado. A principal referência ao chumbo na Bíblia, portanto, encontra-se no Antigo Testamento, onde é associado ao seu peso, uso em metalurgia e, simbolicamente, à impureza e ao juízo

Cobre

O cobre (נְחֹשֶׁת, neḥoshet, em hebraico; χαλκός, chalkós, em grego) é um metal amplamente mencionado na Bíblia, refletindo sua importância na antiguidade.

No Antigo Testamento, neḥoshet frequentemente se refere ao cobre em si, mas também pode designar bronze, uma liga de cobre e estanho. O cobre é mencionado desde os primórdios da civilização, com Tubalcaim sendo descrito como “o forjador de todo o instrumento cortante de cobre e de ferro” (Gênesis 4:22). A região de Canaã era rica em cobre, como indicado em Deuteronômio 8:9: “terra em que comerás o pão sem escassez, e nada te faltará nela; terra cujas pedras são ferro, e de cujos montes 1 cavarás o cobre (neḥoshet)”. O cobre era usado para fabricar uma variedade de objetos: armas (1 Samuel 17:5-6), utensílios (Êxodo 27:3), espelhos (Êxodo 38:8), instrumentos musicais (1 Crônicas 15:19) e partes do Tabernáculo e do Templo (Êxodo 25-40; 1 Reis 7).

No Novo Testamento, χαλκός (chalkós) também se refere ao cobre ou bronze, e, por vezes, a moedas de cobre (Marcos 6:8; 12:41). Em 2 Timóteo 4:14, Paulo menciona Alexandre, o latoeiro (ὁ χαλκεύς, ho chalkeús, “o cobreiro”), que lhe causou muitos males. O cobre, em alguns contextos bíblicos, simboliza força e resistência (Jó 6:12; Jeremias 1:18). Em Apocalipse 1:15 e 2:18, os pés do Filho do Homem são descritos como semelhantes ao bronze (chalkolibánō, um termo composto que sugere um metal brilhante e refinado) reluzente.

Prata

A prata (כֶּסֶף, kesef, em hebraico; ἀργύριον, argýrion, ou ἄργυρος, árgyros, em grego) é um metal precioso frequentemente mencionado na Bíblia, desde o Gênesis até o Apocalipse, com diversos significados e usos.

No Antigo Testamento, kesef é usado tanto para se referir ao metal em si quanto como termo genérico para dinheiro. Abraão, por exemplo, é descrito como rico em gado, prata (kesef) e ouro (Gênesis 13:2). A prata era usada como meio de troca (Gênesis 23:16), para a fabricação de utensílios e ornamentos (Êxodo 25:3; Provérbios 25:11), e como tributo (2 Reis 18:14). O valor da prata era inferior ao do ouro, mas ainda assim considerável. A lei mosaica estabelecia regulamentos sobre o uso da prata em transações e ofertas religiosas (Levítico 27; Números 7).

No Novo Testamento, argýrion e árgyros também são usados para designar prata e dinheiro. Judas Iscariotes traiu Jesus por trinta moedas de prata (ἀργύρια, argýria; Mateus 26:15). Em Atos 3:6, Pedro declara não ter prata (argýrion) nem ouro, mas oferece cura em nome de Jesus. A prata é frequentemente usada metaforicamente na Bíblia. A palavra de Deus é comparada à prata refinada (Salmo 12:6; Provérbios 10:20). Em Atos 17:29, Paulo argumenta que a divindade não pode ser representada por ouro, prata (árgyros) ou pedra.