Matemática e numerais

A matemática na Bíblia revela um sistema numérico complexo, com influências do antigo Oriente Próximo. Os israelitas antigos utilizavam uma combinação de sistemas numéricos de base 10 e 6, com a base 6 exemplificada na estátua de Daniel 3:1. Os números eram geralmente escritos por extenso, embora o uso do alfabeto hebraico para numerais tenha surgido por volta de 140 a.C. em moedas macabeias, evoluindo para um sistema alfabético quase decimal. Este sistema contrastava com os sistemas anteriores derivados dos hieráticos egípcios e dos aramaicos e fenícios.

As operações aritméticas básicas, como adição, subtração e multiplicação, são atestadas em várias passagens, embora o Novo Testamento não mencione explicitamente tais processos. O uso frequente de frações, como metade, um quarto, um quinto e um décimo, demonstra uma compreensão básica da divisão. Números redondos, como cem e mil, eram frequentemente usados de forma figurativa, precedidos pela palavra “cerca de” em algumas instâncias. Os números mais altos registrados incluem um milhão, dez mil vezes dez mil, milhares de milhares e duzentos milhões.

Números como 1, 3, 5, 7, 10, 12 e 40 receberam significados simbólicos. Apenas o número 666 seja explicitamente identificado como simbólico em Apocalipse 13:18. A interpretação simbólica de números na Bíblia muitas vezes segue o sistema proposto por Pitágoras, embora autores como Irineu tenham advertido contra a busca de significados ocultos em números. Por vezes, o número não expressa uma quantidade literal, mas sua conotação simbólica.

ATRIBUIÇÕES SIMBÓLICA

1: Representa unidade e singularidade, muitas vezes associado a Deus como o único.
3: Simboliza totalidade e completude. em contextos cristãos, está fortemente ligado à Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo).
5: Pode representar graça e favor.
7: É um número altamente significativo, representando perfeição, completude e totalidade divina. Está presente em diversos eventos importantes, como os sete dias da criação.
10: Simboliza totalidade e lei, como nos Dez Mandamentos.
12: Representa completude divina e ordem, como nas doze tribos de Israel e nos doze apóstolos de Jesus.
40: Frequentemente simboliza um período de provação, teste ou transição, como os quarenta anos de peregrinação de Israel no deserto e os quarenta dias de Jesus no deserto.
70: Representa totalidade e integralidade, como os 70 anciãos de Israel, os setenta tradutores da LXX, o setenta anos de exílio.

O sistema numérico hebraico-aramaico, com seus numerais alfabéticos, começou a aparecer em moedas hasmoneanas por volta de 139 a.C. A gematria, a atribuição de valores numéricos a letras, aparece em obras literárias do século II d.C. As tentativas de encontrar referências a ideias de Aristóbulo e Filo nos números bíblicos também foram feitas.

Números como dois, três, quatro, sete, dez, doze e quarenta são usados tanto simbolicamente quanto como números redondos. O número três, por exemplo, pode ter derivado sua sacralidade da divisão primitiva do universo em três regiões. O número sete, considerado o mais sagrado, aparece em várias passagens relacionadas à criação e ao ritual. O número quarenta é frequentemente usado para representar um período de tempo indefinido.

Grandes números eram frequentemente descritos como incontáveis, refletindo a falta de familiaridade com grandes quantidades. A enumeração ascendente, usando pares de números como “um ou dois” e “três ou quatro”, era usada para indicar números aproximados. A agrupação numérica era usada como auxílio à memória, com temas agrupados de acordo com números específicos, como no Abot V.

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