A Teologia Própria, também conhecida como “Paterologia”, “Teo-Ontologia” ou “Teologia de Deus”, é um ramo da teologia sistemática que se concentra no estudo de Deus. Procura compreender a natureza, os atributos e a existência de Deus.
A teo-ontologia explora as questões fundamentais sobre a natureza de Deus, examinando conceitos como a existência de Deus, atributos divinos, relacionamento com o mundo e interação com a humanidade. Procura desenvolver uma compreensão coerente de quem é Deus e como Deus se relaciona com a criação.
Contudo, não há consenso sobre os objetos da teo-ontologia. Por exemplo, Gregório de Nissa ensinava que nunca podemos conhecer (ou presumir conhecer) a “natureza de Deus”. A possibilidade de tal conhecimento só seria alcançável pela revelação da “ação” ou “poder” de Deus.
A possibilidade de conhecer uma natureza de Deus resulta em diversas respostas teológicas. Pressupondo Deus como Ser e, portanto, com uma natureza, Anselmo e Aquino buscaram provas racionais, enquanto Pseudo-Dionísio e Maimônides enfatizaram a transcendência incognoscível de Deus. Gregório de Nissa, Barth e Palamas sublinharam as “ações” e “energias” de Deus, reveladas pela graça. Agostinho, Schleiermacher e Tauler, entre outros, defenderam um conhecimento relacional, priorizando a experiência vivida em vez da compreensão intelectual. Clemente de Alexandria e Orígenes acreditavam no conhecimento espiritual progressivo. Schwenkenfeld, Arndt e Tillich focaram na experiência interior, na piedade prática e em Deus como “Ser em si mesmo”, respectivamente. Don Cupitt ofereceu um contraponto radical, vendo “Deus” como uma construção humana. Isso destaca a tensão entre buscar a essência de Deus e experimentar um encontro relacional, reconhecendo que o verdadeiro conhecimento pode ser encontrado em um relacionamento dinâmico e transformador, em vez de mera compreensão intelectual.
A teo-ontologia considera que a linguagem humana, por sua própria estrutura, é limitada para descrever a natureza de Deus. Atribuir conceitos como “essência”, “natureza”, “atributo” e “pessoas” à divindade envolve o risco de antropomorfismo, ou seja, projetar características humanas em Deus. Em razão diso, a teologia considera as limitações da linguagem e evita a reificação de conceitos abstratos.
O estudo da Teologia Própria emprega vários métodos e abordagens. Isso pode incluir raciocínio filosófico, exegese bíblica, análise histórica e envolvimento com as tradições teológicas. O uso da razão, revelação e experiência são muitas vezes integrados para desenvolver uma compreensão abrangente de Deus.
Tópicos principais normalmente encontrados em teologias sitemáticas.
- Existência de Deus: Teologia propriamente dita debate se é expediente, desejável ou provável discutir a existência de Deus. Dentre os adeptos da teologia natural sobre o tema, investiga argumentos para a existência de Deus, como argumentos cosmológicos, teleológicos, morais e ontológicos. Aborda questões sobre a natureza da existência divina e a relação entre Deus e o mundo criado.
- Atributos de Deus: explora as qualidades ou atributos atribuídos a Deus. Podem ser a priori, fundamentado na razão, tradição e teologia natural, como a onisciência, onipotência, onipresença, eternidade, imutabilidade e amor de Deus. Alternativamente, pode ser baseada na revelação a posteriori: as midot, Cristo, a criação. A teologia procura entender esses atributos e suas implicações para a natureza e as ações de Deus. A teologia ortodoxa oriental enfoca a distinção essência e energia.
- Trindade: investiga a natureza de Deus como um Deus em três pessoas: Pai, Filho (Jesus Cristo) e Espírito Santo. Examina o fundamento bíblico, o desenvolvimento histórico e as implicações teológicas da doutrina da Trindade.
- Providência Divina: considera o conceito da providência de Deus, que explora como Deus interage e governa a ordem criada. Examina a relação entre a soberania divina e a liberdade humana, explorando questões relacionadas à vontade de Deus, agência humana e o problema do mal.
- Deus e a Criação: exame da relação de Deus com o mundo criado. Ele explora tópicos como criação, providência, sustento e o propósito divino para o universo.
- Revelação Divina: o conceito de revelação divina, que envolve como Deus se dá a conhecer à humanidade. Explora os meios e modos de revelação, como escritura, natureza, razão e experiências pessoais de encontro com Deus.
BIBLIOGRAFIA
Wilson, H.A., trans. “Gregory of Nyssa’s Response to Ablabius ‘On Not Three Gods.'” Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series, vol. 5. Edited by Philip Schaff and Henry Wace. Buffalo, NY: Christian Literature Publishing Co., 1893. Revised and edited for New Advent by Kevin Knight. http://www.newadvent.org/fathers/2905.htm.

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