Fragmentos de Wolfenbüttel

Os Fragmentos de Wolfenbüttel referem-se a uma coleção de escritos de Hermann Samuel Reimarus, publicados postumamente por Gotthold Ephraim Lessing entre 1774 e 1778. Estes fragmentos possuem relevância no contexto do deísmo alemão e dos estudos críticos sobre a Bíblia, desafiando doutrinas cristãs consolidadas.

Hermann Samuel Reimarus foi um filósofo e escritor alemão do Iluminismo, cujas obras se concentraram na análise do Jesus histórico e das origens do cristianismo sob uma perspectiva racionalista. Ele buscou criticar tanto a ortodoxia católica quanto a luterana, abordando conceitos teológicos e textos bíblicos. Após sua morte em 1768, seus manuscritos inéditos chegaram às mãos de Lessing, que iniciou a publicação de extratos em uma série intitulada Zur Geschichte und Literatur aus den Schätzen der herzoglichen Bibliothek zu Wolfenbüttel. A primeira parte foi publicada em 1774.

Os Fragmentos de Wolfenbüttel incluem reflexões críticas sobre a revelação bíblica, propondo que Jesus não foi uma figura divina, mas um místico cuja expectativa por um reino terreno não se concretizou. Reimarus argumentou que os apóstolos criaram a narrativa da ressurreição para ocultar o fracasso de Jesus em atingir seus objetivos. Essa visão suscitou controvérsias significativas, levando ao Fragmentenstreit, um debate acalorado que marcou um momento importante na aplicação de métodos histórico-críticos aos textos bíblicos.

O impacto das ideias de Reimarus é notável nos estudos posteriores sobre o Jesus histórico. Sua distinção entre os ensinamentos de Jesus e as interpretações posteriores feitas por seus seguidores lançou bases para debates teológicos e análises críticas que perduram. Embora as reações à publicação dos fragmentos tenham sido intensas e polarizadoras, seu legado permanece como parte da evolução do pensamento crítico no campo da teologia e dos estudos bíblicos.

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