O véu do templo, um elemento arquitetônico e simbólico de profunda significância no Antigo Testamento, representava a separação entre o sagrado e o profano, demarcando o acesso à presença de Deus. Confeccionado com tecidos finos e elaborados, o véu separava o Santo dos Santos, a morada da divindade, do restante do Tabernáculo e, posteriormente, do Templo de Jerusalém.
Essa cortina, mencionada em detalhes no livro de Êxodo, era ricamente adornada com figuras de querubins, seres celestiais que guardavam a entrada do Santo dos Santos. O véu simbolizava a transcendência divina e a santidade do espaço sagrado, acessível apenas ao sumo sacerdote, e somente uma vez por ano, no Dia da Expiação (Yom Kippur).
A passagem do sumo sacerdote através do véu, carregando o sangue dos sacrifícios, representava a expiação pelos pecados do povo e a reconciliação com Deus. O véu, portanto, não era apenas uma barreira física, mas também um símbolo da necessidade de mediação e purificação para se aproximar da divindade.
No Novo Testamento, o véu do templo adquire um novo significado com a morte de Jesus. Segundo os evangelhos sinóticos, no momento da crucificação, “o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo” (Mateus 27:51). Essa ruptura simbólica é interpretada como a remoção da separação entre Deus e a humanidade, tornando o acesso à graça divina disponível a todos, sem a necessidade de mediação sacerdotal.
A imagem do véu rasgado representa a nova aliança em Cristo, que abre caminho para uma relação direta com Deus, baseada na fé e no sacrifício de Jesus. O véu, outrora símbolo de separação e restrição, torna-se, com a morte de Cristo, um símbolo de união e acesso livre à presença divina.
