Cristianismo Godo

O Cristianismo encontrou terreno fértil entre os godos na primeira metade do século IV, tornando-os pioneiros entre as tribos germânicas a abraçar a nova fé. A conversão dos godos, ocorrida em meio à efervescência da controvérsia ariana, foi moldada por um conjunto de fatores tanto internos quanto externos, culminando na adoção do Cristianismo em sua forma ariana.

A evangelização dos godos se entrelaçou com os conflitos e contatos com o Império Romano. Prisioneiros romanos exerceram influência sobre seus captores godos, introduzindo-os à fé cristã. No início do século IV, o Cristianismo já havia se enraizado nas comunidades góticas, como atesta Atanásio, o Grande. A nomeação de Teófilo como primeiro bispo da diocese gótica em 322 e sua participação no Primeiro Concílio de Nicéia em 325 marcam um passo importante na organização da Igreja Gótica.

Wulfila, figura central na cristianização dos godos, traduziu a Bíblia para o idioma gótico, criando um legado literário e religioso duradouro. Sua tradução, iniciada em meados do século IV, serviu aos godos e influenciou outros povos germânicos.

A controvérsia ariana, que questionava a divindade de Cristo, marcou o Cristianismo gótico. O reino visigodo, estabelecido na Península Ibérica, adotou o arianismo como religião oficial, enquanto o reino ostrogodo, na Itália, seguiu o mesmo caminho. A conversão do rei visigodo Recaredo I ao catolicismo em 589, oficializada no Terceiro Concílio de Toledo, encerrou o domínio ariano entre os visigodos e inaugurou uma nova era de hegemonia católica.

A herança arquitetônica do Cristianismo gótico se manifesta em construções como a igreja de Santa Maria dei Gotici em Ravenna, Itália, um testemunho da presença ostrogoda na região. A liturgia gótica, embora pouco documentada, evidencia a riqueza e a diversidade das práticas religiosas entre os godos.

BIBLIOGRAFIA

Thompson, Edward A. The Visigoths in the Time of Ulfila. Oxford: Clarendon, 1966, 94–102.

Wolfram, Herwig. History of Goths, trans. Thomas J. Dunlap. Berkeley: University of California Press, 1988, 79–81.

Uma consideração sobre “Cristianismo Godo”

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