A cerveja era provavelmente uma bebida comum no antigo Israel.
No antigo Israel, o vinho (em hebraico yayin) era a bebida predominante, fato evidenciado pelas numerosas menções no Antigo Testamento (141 vezes) e pelas descobertas arqueológicas relacionadas à sua produção. A produção de cerveja, por outro lado, exigia recursos hídricos abundantes, e Israel tinha poucos rios perenes e não chovia durante metade do ano. As uvas, por sua vez, necessitam de menos água para a produção do vinho. A cevada, ingrediente essencial da cerveja, desempenhava um papel importante na dieta israelita como cultura básica e um dos sete “frutos” característicos da terra de Israel (Deuteronômio 8:8).
A Bíblia associa repetidamente as mulheres à produção de pão, algo que também implica seremtambém eram as principais produtoras de cerveja. Um obstáculo na avaliação do papel da cerveja na dieta israelita é que a palavra hebraica para cerveja, shekar (שֵׁכָר), pode ser usada na Bíblia Hebraica para bebidas intoxicantes em geral, incluindo vinho. Na Mesopotâmia, no entanto, o termo era usado especificamente para cerveja.
Há também casos na Bíblia em que shekar é claramente distinto do vinho. Por exemplo, em Levítico 10:9, a Torá proíbe os sacerdotes de servirem no tabernáculo sob a influência de vinho e shekar. Quando Ana, mãe do profeta Samuel, insiste em sua sobriedade em 1 Samuel 1:15, ela protesta que não bebeu nem vinho nem shekar. Nestes dois casos, o termo shekar provavelmente se refere à cerveja.
Embora a evidência arqueológica para o consumo de cerveja não seja tão clara quanto para a produção de vinho, vários artefatos de sítios israelitas, como jarras com filtros nos seus bicos, apontam para o consumo de cerveja. É possível que a cerveja tivesse falta de prestígio: era associada à cevada, que também era consumida por animais como forragem, era feita por mulheres e não despertava a imaginação literária tanto quanto o vinho.
BIBLIOGRAFIA
Goodfriend, Elaine. Beer in Ancient Israel. Bible Odyssey, 2024.
