Mitra (מִצְנֶפֶת, mitz’nephet; μίτρα, mitra) designa uma cobertura para a cabeça com características e significados distintos ao longo do tempo.
No Antigo Testamento, o termo hebraico mitz’nephet referia-se a um tipo de turbante ou diadema usado pelo sumo sacerdote de Israel (Êxodo 28:4, 37, 39; Levítico 8:9). Este adorno, confeccionado em linho fino, simbolizava a santidade e a autoridade do sumo sacerdote em seu serviço perante Deus. É importante notar que mitz’nephet difere de migba’ah (מִגְבָּעָה), termo usado para os chapéus dos sacerdotes comuns.
A palavra grega mitra (μίτρα), embora apareça na Septuaginta para traduzir mitz’nephet, tinha originalmente um significado mais amplo no mundo greco-romano, referindo-se a uma faixa de cabeça, cinto ou, em alguns casos, um tipo de turbante.
A transição da mitz’nephet bíblica para a mitra episcopal cristã ocidental– um chapéu alto e pontiagudo, frequentemente bipartido – é um desenvolvimento complexo e não totalmente documentado nos primeiros séculos do cristianismo. Não há evidências diretas do uso da mitra como adorno episcopal distintivo antes do século XI. A mitra episcopal, tal como se desenvolveu na tradição ocidental, provavelmente evoluiu de toucados cerimoniais usados por autoridades civis e religiosas, adquirindo gradualmente sua forma característica e simbolismo litúrgico. A partir do século XII, a mitra tornou-se um símbolo amplamente reconhecido da autoridade episcopal na Igreja Católica e, posteriormente, em algumas igrejas da Reforma.
