A Escola de Paris de exegese bíblica, florescente nos séculos XII e XIII, representou um marco na interpretação das Escrituras. Conhecidos como “os biblistas de Paris” ou “os vitorinos,” em referência à Abadia de São Vítor onde boa parte estava associado, seus membros buscaram uma abordagem mais literal e histórica, em contraste com a exegese alegórica predominante.
Composta por clérigos da Abadia de São Vítor, estudiosos da escola da catedral de Notre Dame e leigos da nascente Sorbonne, os biblistas de Paris reacenderam os interesses pela exegese. Praticavam a lectio continua, isto é, uma leitura expositiva livro a livro das Escrituras.
William de Champeaux, Hugo de São Vítor, André de São Vítor, Pedro Lombardo, Pedro Abelardo e Stephen Langton figuram entre os seus principais expoentes. Hugo de São Vítor enfatizou a importância do estudo das línguas originais e da geografia bíblica, enquanto André de São Vítor se destacou por seu profundo conhecimento do hebraico e por sua consulta a fontes judaicas. Pedro Lombardo, com suas Sentenças, fundamentou uma crítica dialética que influenciaria tanto teologia medieval quanto a harmonização de passagens bíblicas. Stephen Langton contribuiu para a divisão da Bíblia em capítulos.
Uma versão popular da Bíblia foi escrita por Pedro Comestor. Sua Historia scholastica, uma paráfrase da Bíblia escrita para a escola da catedral de Notre Dame, acabou tornando-se um texto amplamente copiado para uso nas universidades e na devoção popular.
A Escola de Paris impulsionou o desenvolvimento da crítica textual e histórica, pavimentando o caminho para a exegese moderna.

Uma consideração sobre “Biblistas de Paris”