Roberto Bracco

Roberto Bracco (1915-1983) foi ministro, autor, teólogo e gestor no movimento pentecostal na Itália.

Nascido em Roma, cresceu órfão em disficuldades. Converteu-se aos 17 anos, época quando enfrentou perseguição durante a era fascista, suportando prisões e encarceramentos, mantendo uma dedicação inabalável às suas convicções religiosas.

Na Itália do pós-guerra, tornou-se um líder proeminente, contribuindo para o estabelecimento da Assemblee di Dio na Itália (ADI) e defendendo o reconhecimento legal das igrejas pentecostais. Foi também editor de períodicos.

Seus últimos anos testemunharam conflitos internos dentro da ADI, resultando em sua saída. Organizou a Assemblea Cristiana de Via Anacapri em Roma. Escreveu uma crítica às estruturas organizacionais em seu trabalho final, “La verita vi fa liberi”.

Assemblee di Dio in Italia

As Chiese Cristiane Evangeliche “Assemblee di Dio in Italia” (ADI) é uma denominação pentecostal italiana.

O movimento pentecostal na Itália nasceu em vários pontos no início do século XX. No entanto, a ADI traça suas origens à viagem missionária de Giácomo Lombardi em 1908. Essas igrejas foram agrupadas na Congregazione Cristiana Pentecostale em 1928, mas foram fechadas durante a perseguição fascista e conservadora democrata-cristã, além de sofrer cismas.

A ADI resulta um acordo de cooperação estabelecido em 1947 entre a maioria das congregações pentecostais italianas e as Assembléias de Deus americanas. Embora este acordo não implique uma identificação estrita – os missionários das Assembleias de Deus americanas operam na Itália através da “International Christian Fellowship” em Roma e outros locais – o contexto histórico da denominação é digno de nota. A ADI é afiliada à World Assemblies of God Fellowship e à sua associação regional europeia. Contudo, mantém total autonomia interna. É também membro da comunhão de igrejas de origem no movimento pentecostal italiano filiadas à International Fellowship of Christian Assemblies.

O movimento pentecostal italiano, inicialmente entre ítalo-americanos, conectou-se formalmente com as Assembleias de Deus em 1947. Enfrentando desafios, a denominação resistiu à perseguição do pós-guerra e, em 1955, já tinha crescido para mais de 300 comunidades com mais de 20.000 membros. O reconhecimento legal de 1959 marcou um marco e as décadas subsequentes testemunharam expansão, iniciativas educacionais e esforços de caridade, incluindo o estabelecimento do Instituto Bíblico Italiano e do Orfanato Betânia-Emaús.

Na década de 1980, a ADI enfrentou desafios internos e questões mais amplas dos movimentos carismáticos. O reconhecimento legal em 1988 e os acordos subsequentes com o governo italiano solidificaram o seu estatuto. A denominação, liderada por figuras como Umberto Gorietti, Francesco Toppi e Felice Antonio Loria, continuou a crescer, a estabelecer afiliações e a envolver-se em missões internacionais.

Em 2023, a ADI compreende 1.094 igrejas, grupos e missões em toda a Itália, incluindo várias missões étnicas. Com 653 pastores servindo comunidades italianas e mais 184 pastores liderando missões étnicas, a ADI estima sua membresia em 120.000 indivíduos, constituindo a maior denominação evangélica na Itália.

Francesco Toppi

Francesco Toppi (1928-2014) foi um ministro, escritor e presidente da Assemblee di Dio in Italia (Assembléias de Deus na Itália), além de deixar contribuições para historiografia do movimento pentecostal italiano.

Francesco Toppi nasceu em Roma, filho de Gioacchino e Gina Gorietti. Criado numa casa modesta perto do Coliseu, seu pai já tinha aceitado o Evangelho, enquanto sua mãe, na ocasião, não havia experimentado a conversão evangélica. Seguindo a fé de sua mãe, Francesco foi batizado na tradição católica romana na vizinha igreja de Sant’Alfonso.

Em 1935, começou a era de perseguição fascista devido à circular “Buffarini-Guidi”, que visava as minorias religiosas. Em 6 de junho de 1943, o jovem Francesco sofreu a prisão de seus pais, avó e outros crentes durante uma batida policial em seu reunião de oração clandestina. Eles passaram vinte e três dias sob custódia.

Já adolescente, um dia Toppi se ajoelhou em sua casa vazia. Com medo e sozinho,  orou pela salvação. Sua conversão, em 16 de dezembro de 1945, marcou o início de sua jornada de fé.

Depois de concluir o ensino médio e obter um diploma em contabilidade, Francesco Toppi optou por continuar seus estudos no Instituto Internacional de Treinamento Bíblico (IBTI), na Inglaterra. O IBTI, localizado em Leamington Spa. Francesco iniciou seus estudos em 1947 e os completou em 1949. Durante esse período, foi batizado no Espírito Santo e recebeu uma profecia que seria usado em sua terra natal. Ainda obteria um diploma em pedagogia pela Universidade La Sapienza em Roma.

O retorno de Francesco Toppi à Itália em 1949 coincidiu com os primeiros esforços organizacionais da Assemblee di Dio na Itália (ADI). Foi inicialmente recebido com ceticismo devido à sua educação teológica formal. No entanto, foi inscrito como ministro em 21 de dezembro de 1949, tornando-se o primeiro ministro em tempo integral totalmente apoiado pela ADI.

Foi enviado para a Calábria para assistir a grupo de crentes. Mais tarde, ministrou na região de Valle Caudina, na província de Benevento. Em 1953, Toppi foi designado para substituir o casal Zizzo em Turim. Essa cidade passava um crescimento significativo devido à migração para o sul da Itália em busca de oportunidades de trabalho, especialmente na indústria automotiva. Entre esses migrantes havia muitos crentes ou recém-convertidos.

Em Torino conheceu Anna Maria Ferretti, uma musicista com quem se casou em 14 de junho de 1959. Tiveram a filha Lucila.

Em 1958 e 1960, Francesco Toppi embarcou em extensas visitas aos Estados Unidos para arrecadar fundos para a construção do edifício do Instituto Bíblico Internacional (IBI). Estas viagens envolveram visitas a 122 igrejas nos Estados Unidos. Firmou as relações de colaboração com Assemblies of God americanas e a Fundação Italiana de Educação Cristã (ICF).

Em 1958, Toppi, ao lado de Roberto Bracco e Umberto N. Gorietti, participou da Conferência Pentecostal Mundial em Toronto. Em seguida, integrou o Comitê Consultivo para a preparação da VI Conferência Pentecostal Mundial marcada para Jerusalém em 1961.

A partir de 1954, Francesco Toppi estabeleceu-se em Roma. Atuou no Instituto Bíblico Italiano (IBI) além de atender a igreja da Via dei Bruzi, que mais tarde se tornou a sede nacional da ADI. Serviu como ministro titular dessa igreja de 1960 até 2007, quando renunciou por questões de saúde e mudou-se para uma cidadezinha aos arredores de Roma. Entre 1977 e 2007 foi presidente da ADI e nessa capacidade assinou em 1986 junto com o presidente da república italiana Bettino Craxi, o acordo (intesa) depois aprovado pelo Parlamento italiano na Lei 22 de novembro 1988, n. 517, reconhecendo a ADI como um ente morale religioso.

Escreveu vários livros de história do movimento pentecostal italiano, sobretudo biografias dos pioneiros. Também faria obras de caráter doutrinário, além de influenciar na redação e interpretação dos pontos de doutrina adotado pela ADI.

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