Entrada Triunfal

A Entrada Triunfal, evento crucial no ministério de Jesus, marca seu ápice ao chegar a Jerusalém, conforme narrado nos Evangelhos (Mateus 21:1–11; Marcos 11:1–11; Lucas 19:28–40; João 12:12–19), inaugurando a Paixão. Os relatos compartilham elementos como Jesus montado em um jumento, a multidão estendendo vestes e ramos, e aclamações entusiásticas.

Em Marcos, o jumento não montado, possivelmente aludindo a Zc 9:9, simboliza um uso sagrado, e a ausência de títulos messiânicos pode refletir o “segredo messiânico” do evangelho, sugerindo que a multidão não compreendia plenamente a identidade de Jesus. A conclusão de Marcos, com Jesus entrando no templo e saindo, destaca a cronologia sobre convenções narrativas.

Mateus enfatiza o cumprimento de Zc 9:9, com uma paráfrase que se desvia do texto hebraico e da Septuaginta para focar na humildade de Jesus. A menção de dois animais, um jumento e um jumentinho, interpreta o paralelismo de Zc 9:9, embora discutível. O papel destacado das multidões, ambivalentes quanto a Jesus, reflete a complexidade da resposta judaica.

Lucas identifica a multidão como discípulos, diferenciando-os dos que rejeitam Jesus. A paz, tema central, ecoa profecias anteriores e contrasta com a destruição de Jerusalém, prevista por Jesus por não reconhecê-lo como rei.

João posiciona a paráfrase de Zc 9:9 após as aclamações, indicando que a compreensão da profecia ocorreu após a glorificação de Jesus. A multidão, atraída pelo milagre da ressurreição de Lázaro, aclama Jesus como Rei de Israel.

O pano de fundo do Antigo Testamento, especialmente Zc 9:9, molda a compreensão da entrada triunfal, com temas de realeza, paz e julgamento. Gênesis 49:11, 2 Reis 9:1–13 e Salmos 118:25–26 fornecem outros paralelos.

No contexto greco-romano, a entrada triunfal ecoa celebrações de heróis vitoriosos, com elementos como vitória prévia, entrada cerimonial, aclamações e entrada no templo.

A historicidade do evento, apesar das diferenças nos Evangelhos, é defendida por múltiplos testemunhos, coerência narrativa e plausibilidade no contexto do Antigo Testamento.

Teologicamente, a entrada triunfal revela a chegada do reino e do rei a Jerusalém, um prelúdio irônico da crucificação, cumprindo profecias de julgamento e redenção. A tensão entre aceitação e rejeição permite explorar a glória paradoxal de Jesus ao abraçar a cruz.