Wolfgang Capito

Wolfgang Fabricius Capito (1478–1541) foi um teólogo e humanista da Reforma, reconhecido por sua erudição e pelos esforços para promover a unidade entre os diferentes movimentos reformistas. Nascido em Hagenau, na Alsácia, recebeu uma formação diversificada, estudando medicina, direito e teologia em várias universidades alemãs. Essa base intelectual influenciou sua abordagem à reforma, combinando fidelidade às Escrituras e valores humanistas.

Capito destacou-se como estudioso das línguas bíblicas, com especial domínio do hebraico, que lecionou na Universidade de Basileia. Escreveu extensivamente, incluindo comentários sobre livros bíblicos, tratados teológicos e obras sobre a ordem e a disciplina eclesiástica. Entre suas obras mais notáveis está a Berner Synodus (1532), um guia abrangente sobre disciplina e cuidado pastoral.

Sua jornada reformista começou em Basileia, onde foi pregador da catedral e colaborou com humanistas como Erasmo e reformadores como Zwinglio. Posteriormente, transferiu-se para Mainz, atuando como pregador da catedral e chanceler do arcebispo Albrecht. No entanto, sua crescente simpatia pelas ideias reformistas o levou a renunciar e mudar-se para Estrasburgo em 1523.

Em Estrasburgo, Capito tornou-se uma figura central no movimento reformista local, trabalhando ao lado de Martinho Bucer para estabelecer uma igreja reformada. Contribuiu para a reforma litúrgica, desenvolvendo uma nova liturgia que destacava a participação congregacional e o uso do idioma vernáculo. Defendeu a assistência aos pobres e marginalizados, promovendo a criação de hospitais e escolas. Participou ativamente de diálogos ecumênicos, buscando a unidade entre luteranos, zwinglianos e anabatistas.

Sua teologia era baseada na autoridade das Escrituras, na centralidade da graça de Cristo e na importância do Espírito Santo na vida cristã. Adotou uma posição intermediária sobre a Eucaristia, tentando conciliar as perspectivas luterana e zwingliana. Também enfatizou o papel da igreja na sociedade, advogando por uma relação próxima entre igreja e estado.

Capito buscou ativamente a unidade entre os reformadores, esforçando-se para evitar as divisões que ameaçavam fragmentar o movimento reformista. Embora nem sempre bem-sucedidos, seus esforços de mediação e diálogo refletiam seu compromisso com a unidade da igreja e seu papel como pacificador dentro da Reforma.