Fragmentos de Hipólito de Roma sobre Isaías

Os fragmentos de Hipólito de Roma sobre Isaías registram fontes que expandem o texto de Isaías. Talvez fossem uma midrash ou uma versão de Isaías ora desconhecida.

O escritor patrístico e bispo romano Hipólito (c.170 – c.235) utilizando uma versão grega de Isaías, cita uma versão desconhecida de Isaías. Sua abordagem interpretativa remete a elementos de midrash, uma forma de exegese que busca aprofundar o significado dos textos bíblicos por meio de interpretações alegóricas, tipológicas e homiléticas.

O primeiro fragmento, sobre Isaías 38:8, relaciona o milagre do retrocesso da sombra no reinado de Ezequias com o milagre de Josué em Josué 10:12. Hipólito argumenta que, enquanto o dia de Josué se estendeu por vinte e quatro horas, o de Ezequias durou trinta e duas, devido ao retrocesso do sol e da lua. O fragmento enfatiza a ordem cósmica preservada, evitando uma colisão entre os corpos celestes, e conecta o evento à admiração de Merodaque-Baladã, rei da Babilônia, que, como os magos do oriente, reconheceu um sinal divino.

O segundo fragmento interpreta simbolicamente o Egito como o mundo, as obras das mãos como idolatria e o tremor como subversão. Hipólito vê o Senhor, o Verbo, sobre uma nuvem luminosa, representando a encarnação de Jesus Cristo, que veio para erradicar o erro.

O terceiro fragmento detalha o cálculo das trinta e duas horas do dia de Ezequias, reiterando o retrocesso do sol por dez graus após atingir a décima hora e a subsequente conclusão de seu curso normal. Esses fragmentos revelam a abordagem alegórica e tipológica de Hipólito, integrando eventos do Antigo Testamento à sua compreensão da teologia cristã e da ordem cósmica.