Mandrágora

Mandrágora (דּוּדָאִים, dudha’im; μανδραγόρας, mandragoras), planta conhecida por suas raízes bifurcadas que lembram a forma humana, é mencionada em Gênesis 30:14-16 e Cântico dos Cânticos 7:13, em contextos que evocam fertilidade e sensualidade.

Em Gênesis, Raquel, esposa de Jacó, deseja as mandrágoras encontradas por Rúben, crendo em seus poderes para ajudá-la a conceber. Essa passagem revela a importância da fertilidade na cultura antiga e o papel atribuído às plantas com propriedades medicinais.

No Cântico dos Cânticos, a mandrágora é associada ao amor e ao desejo, com seu perfume despertando a paixão. A menção da mandrágora nesse livro poético ressalta a beleza e a sensualidade da criação, refletindo a bondade de Deus em todos os aspectos da vida.

Absinto

Absinto, termo derivado do grego apsinthion, refere-se a diversas plantas lenhosas e herbáceas, de sabor amargo e aroma intenso, pertencentes principalmente ao gênero Artemisia. Na Palestina, a variedade mais comum é a Artemisia herba-alba, arbusto de pequeno porte que prospera em solos áridos e rochosos.

O Absinto é frequentemente mencionado na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, geralmente como símbolo de amargura, sofrimento e juízo divino. Em Provérbios 5:4, a infidelidade é comparada ao amargor do absinto. Jeremias lamenta em 9:15 que Deus tenha alimentado seu povo com absinto, representando a punição pela desobediência. O livro de Lamentações (3:15,19) evoca o absinto para descrever a profunda tristeza e o exílio dos judeus. No Apocalipse (8:11), a estrela que cai sobre as águas e as torna amargas é chamada “Absinto”, prenunciando calamidades e aflições.

Apesar de sua conotação negativa, o absinto também era utilizado medicinalmente na antiguidade. Infusões e extratos eram empregados no tratamento de problemas digestivos, febres e vermes intestinais. Seu uso medicinal, porém, é raramente mencionado na Bíblia.

É crucial distinguir o absinto bíblico da bebida alcoólica homônima, popular na Europa no século XIX. Esta bebida, embora contivesse extrato de Artemisia absinthium, era formulada com diversas outras ervas e seu consumo excessivo causava efeitos alucinógenos e danos neurológicos. A bebida absinto não possui qualquer relação com o absinto bíblico.

Açafrão

O açafrão, especiaria derivada dos estigmas da flor Crocus sativus, é mencionado na Bíblia em Cântico dos Cânticos 4:14 como um dos componentes de um jardim aromático, ao lado de outras especiarias e flores preciosas. Seu uso nesse contexto poético sugere sua raridade e valorização na cultura do antigo Oriente Médio.

O açafrão era apreciado por sua cor amarelo-dourada, aroma distinto e sabor amargo, sendo utilizado como corante, perfume e condimento em alimentos. Na antiguidade, também era empregado na medicina tradicional e em rituais religiosos.

Hissopo

Hissopo (em hebraico אזוב ’ezob, em grego ὕσσωπος hyssopos): planta citada na Bíblia utilizada em rituais de purificação dos israelitas, mas sua identificação permanece incerta.

Seria uma planta arbustiva cujos ramos seriam amarrado em forma de molho para respingar ou aspergir liquidos como água, sangue ou vinagre.

O hissopo teria sido empregado para passar o sangue nos batentes das portas e assim o anjo não matasse os primogênitos dos israelitas (Êxodo 12:22-23). Aparece no tratamento dos leprosos (Levítico 14:4; 14:6; 14:51-52) e na purificação cerimonial (Números 19:6; 19:18), aludida em Hebreus 9:19. Aparece em contraste com o cedro como objeto de reflexão de Salomão (1 Reis 4:33), sendo citado em Salmos 51:7.

Na crucificação de Jesus, quando teve sede, os soldados embebedaram uma esponja com vinagre e colocaram numa vara de hissopo para alcançar a boca de Jesus (João 19:29).

Tradicionalmente identificado com Hyssopus officinalis, da família da Lamiaceae, ou com o orégano sírio (Origanum syriacum); mas nenhum deles crescem nas paredes (contra 1 Re 4:33).

SAIBA MAIS

Fleisher, Alexander; Fleisher, Zhenia (1988). “Identification of Biblical Hyssop and Origin of the Traditional Use of Oregano-Group Herbs in the Mediterranean Region”. Economic Botany. Springer. 42 (2): 232–241. doi:10.1007/BF02858924.