Incenso

Incenso, uma mistura de substâncias aromáticas queimadas para produzir uma fumaça perfumada, desempenhou um papel significativo em rituais religiosos e práticas culturais ao longo da história, incluindo no antigo Israel. A palavra hebraica para incenso, קְטֹרֶת (qetoret), e a palavra grega θυμίαμα (thymíama) carregam a ideia de fumaça perfumada ou perfume.

No Antigo Testamento, o incenso era usado no Tabernáculo e, posteriormente, no Templo de Jerusalém como parte dos rituais de adoração. O incenso era queimado em um altar específico, o Altar de Incenso (Êxodo 30:1-10), e sua fumaça era considerada uma oferta a Deus, simbolizando orações e súplicas que ascendiam aos céus (Salmos 141:2). A preparação e o uso do incenso eram regulamentados com precisão, enfatizando sua importância e santidade.

O incenso também era usado em outras ocasiões, como em festas e celebrações, e em contextos domésticos para purificação e aromatização. No entanto, o uso mais significativo do incenso era nos rituais religiosos, onde sua fumaça perfumada criava uma atmosfera de reverência e adoração.

No Novo Testamento, o incenso é mencionado no livro de Apocalipse, onde simboliza as orações dos santos que sobem a Deus (Apocalipse 8:3-4). Essa imagem reforça a associação do incenso com a comunicação entre o céu e a terra.

Éfode

Éfode (אֵפוֹד, ephod; ἐπωμίς, epōmis), peça fundamental do vestuário sacerdotal no Antigo Testamento, era uma espécie de avental usado sobre a túnica, pendendo dos ombros e cobrindo a frente e as costas. Confeccionado com materiais ricos e coloridos, como linho fino, ouro, púrpura e azul (Êx 28:6), o éfode distinguia os sacerdotes e simbolizava sua função sagrada.

O éfode do sumo sacerdote era especialmente elaborado, com pedras preciosas nas ombreiras e um peitoral ricamente adornado (Êx 28:15-30). Esse peitoral, contendo o Urim e o Tumim, era usado para consultar a vontade de Deus (Êx 28:30).

O éfode também é mencionado em contextos de idolatria (Jz 8:27; 17:5), indicando que era usado em cultos a outras divindades. Essa associação reforça a importância do éfode como símbolo do sagrado e da mediação entre o divino e o humano.

Véu do Templo

O véu do templo, um elemento arquitetônico e simbólico de profunda significância no Antigo Testamento, representava a separação entre o sagrado e o profano, demarcando o acesso à presença de Deus. Confeccionado com tecidos finos e elaborados, o véu separava o Santo dos Santos, a morada da divindade, do restante do Tabernáculo e, posteriormente, do Templo de Jerusalém.

Essa cortina, mencionada em detalhes no livro de Êxodo, era ricamente adornada com figuras de querubins, seres celestiais que guardavam a entrada do Santo dos Santos. O véu simbolizava a transcendência divina e a santidade do espaço sagrado, acessível apenas ao sumo sacerdote, e somente uma vez por ano, no Dia da Expiação (Yom Kippur).

A passagem do sumo sacerdote através do véu, carregando o sangue dos sacrifícios, representava a expiação pelos pecados do povo e a reconciliação com Deus. O véu, portanto, não era apenas uma barreira física, mas também um símbolo da necessidade de mediação e purificação para se aproximar da divindade.

No Novo Testamento, o véu do templo adquire um novo significado com a morte de Jesus. Segundo os evangelhos sinóticos, no momento da crucificação, “o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo” (Mateus 27:51). Essa ruptura simbólica é interpretada como a remoção da separação entre Deus e a humanidade, tornando o acesso à graça divina disponível a todos, sem a necessidade de mediação sacerdotal.

A imagem do véu rasgado representa a nova aliança em Cristo, que abre caminho para uma relação direta com Deus, baseada na fé e no sacrifício de Jesus. O véu, outrora símbolo de separação e restrição, torna-se, com a morte de Cristo, um símbolo de união e acesso livre à presença divina.