Teologia natural

A teologia natural explora a existência e os atributos de Deus por meio da razão e da observação do mundo natural, independentemente de textos sagrados ou revelação. Busca compreender a relação de Deus com o cosmo e a humanidade através da investigação filosófica. Ao longo da história, a teologia natural assumiu várias formas, cada uma tentando preencher a lacuna entre a compreensão humana e o divino.

Historicamente, figuras como Anselmo de Cantuária propuseram argumentos a priori, como o argumento ontológico, tentando provar a existência de Deus por meio da dedução lógica a partir da própria definição de Deus. Tomás de Aquino, embora reconhecendo os limites da razão humana, apresentou cinco vias para demonstrar a existência de Deus a posteriori, com base em observações do mundo natural, como o argumento cosmológico e o argumento do desígnio. Esses argumentos, e a obra de Aquino em geral, influenciaram grandemente o discurso teológico subsequente.

O surgimento da ciência moderna nos séculos XVII e XVIII viu a teologia natural se adaptar. Pensadores como William Paley usaram a complexidade e o aparente desígnio na natureza, particularmente a adaptação biológica, como evidência de um criador divino, comparando famosamente o mundo a um relógio, implicando um relojoeiro. No entanto, esses argumentos enfrentaram um escrutínio crescente, particularmente com a publicação da teoria da evolução de Darwin, que ofereceu explicações alternativas para a ordem observada na natureza.

Críticas filosóficas de figuras como David Hume e Immanuel Kant desafiaram ainda mais os fundamentos da teologia natural. Hume questionou a validade dos argumentos do desígnio, enquanto Kant argumentou que a razão humana está limitada ao reino da experiência, tornando as afirmações metafísicas sobre a existência de Deus fora de seu alcance.

Apesar dessas críticas, a teologia natural persistiu. Nos séculos XIX e XX, teólogos e filósofos exploraram novas avenidas, como argumentos da experiência moral, tentando derivar a existência de Deus do senso moral inato da humanidade. A teologia do processo, exemplificada pelo trabalho de Alfred North Whitehead e Charles Hartshorne, ofereceu uma perspectiva diferente, concebendo Deus como dinamicamente envolvido nos processos do mundo.

BIBLIOGRAFIA

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Brunner, Emil, and Karl Barth. 1946. Natural Theology. Translated by Peter Fraenkel. London: Geoffrey Bles, The Centenary Press.

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