A historiografia do pentecostalismo discute as formas de estruturar a narrativa das origens e propagação dos movimentos de extração pentecostal pelo mundo.
O historiador Augustus Cerillo Jr. propõe uma tipologia das abordagens, frequentemente combinadas, para se construir a narrativa da história do pentecostalismo norteamericano e, por que não, do mundo:
- Abordagem providencial: vê o desenrolar da história como uma intervenção providencial insperada. As raízes e matrizes da emergência do avivamento e di movimento não são salientados. Na historiografia do movimento pentecostal italiano os testemunhos dos pioneiros (Ottolini, Francescon, Bracco, Rebuffo) adotam essa abordagem. De certo modo, De Caro promoveu a continuidade dessa abordagem.
- Abordagem das raízes históricas: enfatiza a continuidade histórica de outros movimentos antecessores, sobretudo do movimento de santidade. Podemos identificar sob essa abordagem obras como Dayton (1987) e Synan (1997). Na historiografia do movimento pentecostal italiano talvez Francesco Toppi seja o autor mais significativo.
- Abordagem multicultural: salienta a contribuição de minorias marginalizadas que encontraram na religião legitimidade para expressar suas espiritualidades. Normalmente são apontados como casos os afro-americanos e em menor grau hispânicos. Na historiografia do pentecostalismo italiano Coletti talvez caberia nessa abordagem.
- Abordagem funcional: busca na intersecção de fatores sociais, econômicos, políticos e culturais elementos para a explosão pentecostal. Migração e outros processos sociológicos também são levados em conta. A historiografia de Yara Nogueira parece caber nessa abordagem quanto à Congregação Cristã no Brasil.
Entre estudiosos do pentecostalismo há proponentes da preferência ou da legitimidade de cada uma dessas abordagens. Por exemplo, dado a própria visão de mundo e de história pentecostal, William Kay defende a abordagem providencial como uma perspectiva êmica. Por outro lado, Dale Irvin aponta para as narrativas fragmentárias sobre a origem pentecostal. Já Everett Wilson alerta contra o essencialismo histórico. Como mencionado, na prática, é comum historiadores combinarem mais de uma abordagem.
BIBLIOGRAFIA
Cerillo Jr., Augustus. “Interpretive Approaches to the History of American Pentecostal Origins”, Pneuma 19:1 (1997): 29–52.
Cerillo Jr., Augustus: Wacker, Grant. “Historiography and bibliography of Pentecostalism in the United States” Em Burgess, Stanely M- van de Maas, Eduard M. (eds). The New International Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements. Grand Rapids: Zondervan, 2002, pp. 382-405.
Dayton, Donald W. Theological Roots of Pentecostalism. Studies in Evangelicalism 5. Metuchen, New Jersey: The Scarecrow Press, Inc., 1987.
Kay, William. “Three Generations On. The Methodology of Pentecostal History,” EPTA Bulletin 11, no. 1+2 (1992): 58–70;
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Irvin, Dale T. “Pentecostal Historiography and Global Christianity. Rethinking the Question of Origins,” Pneuma 27,no. 1 (2005): 35–50.
Synan, Vinson. The holiness-Pentecostal tradition: Charismatic movements in the twentieth century. Wm. B. Eerdmans Publishing, 1997.
Wacker, Grant “Are the Golden Oldies Still Worth Playing? Reflections on History Writing Among Early Pentecostals,” Pneuma 8, no. 2 (1986): 81–100.
Wilson, Everett A. “They Crossed the Red Sea, Didn’t They? Critical History and Pentecostal Beginnings,” in Marray W. Dempster, Byron D. Klaus, and Douglas Petersen (eds.). The Globalization of Pentecostalism. A Religion Made to Travel. Oxford: Regnum Books International, 1999, pp. 85–115.