Judá Halevi (c. 1075–c. 1141) foi um poeta, filósofo e médico judeu sefardita que viveu durante o período de florescimento cultural de Al-Andalus, sob domínio muçulmano. Escreveu Sefer ha-Kuzari, um tratado filosófico em forma de diálogo, e em sua poesia combina elementos das tradições literárias árabe e hebraica.
Halevi nasceu em Toledo, na Espanha, ou em Tudela, Navarra, e recebeu uma educação judaica tradicional que incluía estudos da Bíblia, Talmude e gramática hebraica. Ele também dominou o árabe e foi exposto à filosofia e à ciência gregas por meio de traduções árabes, características marcantes do ambiente intelectual de Al-Andalus. Desde jovem, demonstrou talento para a poesia, compondo obras que variavam de temas seculares a reflexões religiosas.
Ao longo de sua vida, Halevi viajou por diversas regiões da Espanha muçulmana, vivendo em cidades como Granada, Córdoba e Toledo. Atuou como médico e possivelmente serviu na corte de Afonso VI de Castela. Também manteve contato com importantes intelectuais judeus e líderes comunitários da época, contribuindo para a vida cultural e espiritual das comunidades judaicas locais.
A poesia hebraica de Halevi aborda temas variados, incluindo amor pessoal, reflexão filosófica e devoção litúrgica. Seus poemas sobre o anseio por Sião, a terra de Israel, destacam-se por sua profundidade emocional e tornaram-se emblemáticos do desejo espiritual judaico. Essas obras são frequentemente vistas como parte de uma tradição mais ampla de poesia hebraica influenciada por formas e motivos árabes.
Sua obra filosófica, Sefer ha-Kuzari, é estruturada como um diálogo entre um rabino e o rei dos khazares, inspirado no relato histórico da conversão do reino khazar ao judaísmo. Nesse texto, Halevi defende o judaísmo, enfatizando sua base na revelação divina e na experiência histórica. Ele contrasta o enfoque do judaísmo em um relacionamento direto e pactual com Deus com as abstrações filosóficas de outras religiões e sistemas de pensamento. O tratado explora temas como a eleição do povo judeu, a importância da Torá e as limitações de abordagens puramente racionais para compreender Deus.
A visão filosófica de Halevi integra ideias neoplatônicas e aristotélicas com conceitos teológicos judaicos, abordando também elementos místicos. Ele via a experiência espiritual e a possibilidade de comunhão direta com Deus como aspectos centrais da vida religiosa.
Em 1140, Halevi iniciou uma jornada rumo a Jerusalém, movido por um anseio espiritual e por um compromisso com os temas expressos em sua poesia. Os detalhes de sua viagem e sua morte são incertos, mas seu legado perdura por meio de suas contribuições à literatura hebraica e à filosofia judaica.
