A Confissão de Württemberg, conhecida como Confessio Wirtembergica, é um documento teológico luterano elaborado em 1551 por Johannes Brenz ou Brentius, reformador no Ducado de Württemberg, no sudoeste da Alemanha, a pedido do Duque Christopher de Württemberg. Seria aprovada por comissões da Suábia, Estrasburgo, e outras localidades luteranas do sul da Alemanha. Apresentada ao Concílio de Trento em 1552, a confissão busca articular a fé luterana em diálogo com as questões debatidas durante a Reforma Protestante.
A confissão afirma a autoridade das Escrituras como a única fonte infalível de doutrina e prática cristã. As Escrituras são interpretadas à luz da compreensão histórica da igreja, especialmente conforme expressa nos credos ecumênicos. Nesse contexto, rejeita-se qualquer tradição ou ensino que contradiga a autoridade bíblica.
A doutrina da justificação pela fé ocupa posição central, enfatizando que a salvação é um dom da graça de Deus, recebido unicamente pela fé em Jesus Cristo. Obras humanas ou méritos não contribuem para a salvação, em contraste com as doutrinas defendidas pela Igreja Católica Romana na época.
A confissão descreve a igreja como uma comunhão espiritual de crentes unidos em Cristo, rejeitando a estrutura hierárquica e o poder político da igreja romana. O foco é a comunidade de fé, onde o Evangelho é pregado e os sacramentos são administrados em conformidade com os ensinos das Escrituras.
Diversos ensinamentos e práticas católicas são repudiados, incluindo a ideia da Missa como sacrifício, a doutrina do purgatório, a invocação de santos e a valorização da vida monástica como um estado espiritual superior. Cada uma dessas rejeições é fundamentada na crença de que tais práticas carecem de respaldo bíblico ou obscurecem a obra redentora de Cristo.
Sobre os sacramentos, a Confissão de Württemberg enfatiza o Batismo e a Ceia do Senhor como meios de graça essenciais para a vida cristã. No entanto, rejeita a doutrina da transubstanciação, ao mesmo tempo que sustenta a presença real de Cristo na Ceia, discernida espiritualmente por meio da fé.
A confissão também aborda o papel da autoridade civil, reconhecendo sua legitimidade para manter a ordem e a justiça. Contudo, insiste na separação entre igreja e estado, refutando as reivindicações de poder temporal da Igreja Católica Romana.
A Confissão de Württemberg contém 35 artigos que ampliam os temas presentes na Confissão de Augsburgo e refletem as tensões teológicas e eclesiológicas do século XVI. Reafirma os pilares centrais do luteranismo enquanto responde ao diálogo teológico entre luteranos e católicos no Concílio de Trento. Contudo, o Livro de Concórdia absorveu os temas e substituiu essa confissão como instrumento normativo.
