Credo de Constantinopla

O Credo de Constantinopla do ano 360 foi uma declaração de fé proposta pelo partido dos homoeanos.

Conforme registrado por Atanásio, De Synodis, este credo, que o Imperador Constâncio exigia que as igrejas aceitassem.

Quanto ao credo niceno, os homoeanos rejeitaram o termo “consubstancial” (homoousios) que foi usado no Credo Niceno, argumentando que era muito preciso e potencialmente divisivo. Em vez disso, preferiram o termo “similar em substância” (homoiousios).

A doutrina dos homoeanos foi favorecida pelo imperador Constâncio II. Concílios em Esmira (22 de maio de 359), Rimini (outubro de 359) e Selêucia (inverno de 359) promulgaram a doutrina homoeana. Cerca de 400 bispos do ocidente e 160 bispos do oriente subescreveram ao credo. Assim, foi posição dos bispos do cristianismo majoritário, exceto no Egito. Contudo, foi abandonada após a morte de Constâncio em 361. Renasceu no Oriente durante o reinado do imperador Valente (364-378), mas foi finalmente condenada pelo Concílio de Constantinopla em 381.

Cremos em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, de quem são todas as coisas; E no Filho Unigênito de Deus, gerado de Deus antes de todos os séculos e antes de todo começo, por quem todas as coisas foram feitas, visíveis e invisíveis, e geradas como unigênito, somente do Pai somente, Deus de Deus, como ao Pai que o gerou segundo as Escrituras; cuja origem ninguém conhece, exceto o Pai sozinho que o gerou. Ele, como reconhecemos, o Filho Unigênito de Deus, o Pai que o enviou, veio dos céus, como está escrito, para desfazer o pecado e a morte, e nasceu do Espírito Santo, de Maria, a Virgem, segundo à carne, como está escrito, e convocados com os discípulos, e tendo cumprido toda a Economia segundo a vontade do Pai, foi crucificado e morto e sepultado e desceu às partes abaixo da terra; em quem o próprio hades estremeceu: que também ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, e habitou com os discípulos, e, quarenta dias depois de cumpridos, foi elevado aos céus, e está sentado à direita do Pai, para entrar o último dia da ressurreição na glória do Pai, para que Ele retribua a cada um segundo as suas obras. E no Espírito Santo, que o próprio Filho Unigênito de Deus, Cristo, nosso Senhor e Deus, prometeu enviar à raça humana, como Paráclito, como está escrito, ‘o Espírito da verdade’, que Ele enviou a eles quando Ele ascendeu aos céus. Mas o nome de ‘Essência’, que foi estabelecido pelos pais em simplicidade e, sendo desconhecido pelo povo, causou ofensa, porque as Escrituras não o contêm, pareceu bom abolir e, no futuro, não fazer nenhuma menção a isso; já que as divinas Escrituras não fizeram nenhuma menção da Essência do Pai e do Filho. Pois nem a Subsistência deve ser nomeada em relação ao Pai, Filho e Espírito Santo. Mas dizemos que o Filho é como o Pai, como dizem e ensinam as divinas Escrituras; e todas as heresias, tanto aquelas que já foram condenadas anteriormente, quanto as de data moderna, sendo contrárias a esta declaração publicada, sejam anátemas.

Regras de Fé de Irineu

Irineu de Lyon (c. 130 – 202) foi um bispo da cidade de Lyon, mas de origem grega da Ásia Menor. Em seu livro Contra as Heresias registra váras regras de fé ou credos, atestando o que era crido pelas igrejas no final do século II.

O sistema teológico de Irineu foi formado pela sua tradição joanina e pela apologética. Sua apologética voltava-se principalmente para o debate com posições marginais consideradas heréticas. Em suma, asseverava a divindade e humanidade de Cristo e centrava sua obra de salvação em um ato de recapitulação. O Criador do cosmo é o mesmo Deus Pai. Cristo concentra o universo, ou seja, em si estão os seres humanos e toda a criação. Jesus Cristo recapitulou toda a história desastrosa das imperfeições desse mundo, mas sua repetição foi vitoriosa. Assim, possibilita a união final da criação com Deus, garantido a redenção.

Essa regra ou medida de fé foi transmitida pelos apóstolos aos bispos e seria a doutrina explícita ensinada nas Escrituras, aceita publicamente pelas igrejas de diversos lugares. Em contraste, não seria as doutrinas supostamente secretas ensinadas em círculos heréticos.

“Em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador do céu, da terra, do mar e de tudo o que neles há; e em um Cristo Jesus, o Filho de Deus, que se encarnou para nossa salvação; e no Espírito Santo, que proclamou pelos profetas as dispensações de Deus, e os adventos, e o nascimento de uma virgem, e a paixão, e a ressurreição dos mortos, e a ascensão ao céu na carne do amado Cristo Jesus, nosso Senhor, e Sua [futura] manifestação do céu na glória do Pai para reconciliar todas as coisas em uma, e para levantar novamente toda a carne de toda a raça humana, a fim de que a Cristo Jesus, nosso Senhor e Deus, Salvador e Rei, de acordo com a vontade do Pai invisível, todo joelho se dobre, das coisas nos céus, e das coisas na terra, e das coisas debaixo da terra, e que toda língua confesse a Ele, e que Ele executará um juízo justo a todos; para que Ele possa lançar as malificiências espirituais, e os anjos que transgrediram e se tornaram apóstatas, juntamente com os ímpios, injustos, maldosos e profanos entre os homens, para o fogo eterno; mas pode, no exercício de Sua graça, conferir imortalidade aos justos e santos, e àqueles que guardaram Seus mandamentos e perseveraram em Seu amor, alguns desde o início [quando receberam o evangelho] e outros desde seu arrependimento, e pode abraçá-los com glória eterna.”(Ad Haer. 1.10).

E mais adiante em seu livro:

“Ao qual concordam muitas nações daqueles bárbaros que acreditam em Cristo, tendo a salvação escrita em seus corações pelo Espírito, sem papel ou tinta, e, preservando cuidadosamente a antiga tradição, acreditando em um Deus, o Criador do céu e da terra, e todas as coisas nele, por meio de Cristo Jesus, o Filho de Deus; que, por causa de Seu amor insuperável para com Sua criação, condescendeu em nascer de uma virgem, Ele mesmo unindo o homem por Si mesmo a Deus, e tendo padecido sob Pôncio Pilatos, e ressuscitado, e tendo sido recebido em esplendor, virá em glória, o Salvador dos que são salvos, e o Juiz dos que são julgados, e enviando para o fogo eterno aqueles que transformam a verdade e desprezam Seu Pai e Seu advento. Aqueles que, na ausência de documentos escritos, acreditaram nesta fé, são bárbaros, no que diz respeito à nossa língua; mas no que diz respeito à doutrina, maneira e teor de vida, eles são, por causa da fé, muito sábios; e eles agradam a Deus, ordenando sua conversa em toda retidão, castidade e sabedoria.” (Ad Haer. 3.4).

E por fim,

“Ele também julgará aqueles que dão origem a cismas, que são destituídos do amor de Deus e que olham para sua própria vantagem especial em vez da unidade da Igreja; e que por razões insignificantes, ou qualquer tipo de razão que lhes ocorre, cortam em pedaços e dividem o grande e glorioso corpo de Cristo, e tanto quanto neles reside, [positivamente] o destroem – homens que tagarelam sobre a paz enquanto eles dão origem à guerra e, na verdade, coam um mosquito, mas engolem um camelo. Pois nenhuma reforma de tão grande importância pode ser efetuada por eles, como compensará o dano decorrente de seu cisma. Ele também julgará todos aqueles que estão fora dos limites da verdade, isto é, que estão fora da Igreja; mas ele mesmo não será julgado por ninguém. Pois para tal homem todas as coisas são consistentes: ele tem uma fé plena em um só Deus Todo-Poderoso, de quem são todas as coisas; e no Filho de Deus, Jesus Cristo nosso Senhor, por quem são todas as coisas, e nas dispensações relacionadas com Ele, por meio das quais o Filho de Deus se tornou homem; e uma firme crença no Espírito de Deus, que nos fornece o conhecimento da verdade e estabeleceu as dispensações do Pai e do Filho, em virtude das quais Ele habita com cada geração de homens, de acordo com a vontade do Pai.” (Ad Haer 4.33).

Nova Conexão Metodista

A Nova Conexão Metodista, pejorativamente chamada de Killhamites, foi uma denominação metodista britânica existente entre 1797 e 1907. Sua ênfase na participação leiga e a redação de seus artigos de fé infuenciaram muitas denominações evangélicas posteriores.

Depois da morte de John Wesley em 1791, o metodismo britânico tornou-se rapidamente institucionalizado enquanto algumas lideranças insistiam em manter o movimento subordinado à Igreja Anglicana. Em reação, Alexander Kilham (1762 – 1798), um pregador itinerante metodista, defendia a independência denominacional para os metodistas.

Kilham propôs que os membros leigos deveriam participar da gestão da Igreja, havendo representação igual com os ministros nas conferências decisórias. Kilham defendia que o ministério não deveria possuir autoridade oficial ou prerrogativa pastoral, mas deveria apenas executar seus ministérios de acordo com as diretrizes das congregações e das conferências.

Na conferência dos metodistas britânicos em 1796, Kilham foi expulso por defender os princípios eclesiológicos acima. Em seguida, nas cidades industrais vários metodistas das classes trabalhadoras e de classe média educada aderiram à Nova Conexão Metodista organizada por Kilham. No entanto, ele morreria no ano seguinte.

A segunda esposa de Kilham, Hannah Spurr Kilham (1774–1832), com quem se casou poucos meses antes de sua morte, foi missionária e linguista no oeste da África.

A Nova Conexão Metodista fez parte da vertente radical do metodismo do século XIX. Essa vertente mantinha a soteriologia wesleyana, mas insistia em um primitivismo quanto à eclesiologia e um ativismo social em prol dos desfavorecidos. A NCM foi formada em 1797, os Metodistas Primitivos em 1807, os Cristãos da Bíblia em 1815, os Metodistas Livres em 1860 e o Exército de Salvação em 1865.

Recebiam a alcunha de “Thomas Paine Methodists” pelos valores democráticos que os inspiravam. Em suas reuniões, as pregações eram seguidas por uma discussão livre.

Catherine e William Booth, o fundador do Exército de Salvação, foram membros da Nova Conexão Metodista e inspiram em seus Artigos de Fé para a redigir os pontos de doutrina de seu novo movimento.

Em 1907 a Nova Conexão Metodista, então com 37 mil membros, uniu-se com outras denominações metodistas britânicas para formar a Methodist Church of Great Britain.

BIBLIOGRAFIA

Blackwell, J. Life of Alexander Kilham. 1838.

Kilham, Alexander; Thom, William. Out-lines of a constitution; proposed for the examination, amendment and acceptance, of the members of the Methodist New Itinerancy. 1797.

Thompson, Edward Palmer. The making of the English working class. 1968.

Confissões bíblicas

Em grego o termo homologeō, confesso, (e seus correlatos confissão, confessar) aparece com dois sentidos no Novo Testamento e na Seputaginta:

  • Reconhecimento de culpa, do pecado.  1 Jo 1:9; Lc 15:21, cf. 2 Sm 12:13; Sl 32:5.
  • Reconhecimento pessoal ou público de uma crença. Rm 10:9; Mt 16:15-16, Jo 9:22; 12:42-43.

Nesse último sentido, temos algumas confissões importantes nas Escrituras.

Declaração de Princípios da Igreja Cristã Livre na Itália

Em 1870 a Igreja Cristã Livre na Itália adotou essa seguinte declaração de Princípios. Esses artigos de fé refletem a teologia do risveglio e uma busca pela unidade entre evangélicos italianos. Certamente constituem um predecessor dos artigos de fé de Niagara Falls de 1927, com o qual compartilha muito de sua estrutura e terminologia.