Léxico de Hesíquio

O Léxico de Hesíquio de Alexandria (c.380-c450 d.C.) foi um gramático e estudioso greco-egípcio, filólogo e lexicógrafo ativo no século IV dC. Não deve ser confundido com seu homônimo, o exegeta Hesíquio de Alexandria.

Hesíquio escreveu um dicionário enciclopédico da língua grega e seus dialetos. Compilou o maior mais de 51.000 verbetes. Listou palavras, formas e frases peculiares, com uma explicação de seu significado. Às vezes referencia o autor ou a região da Grécia que empregam um termo.

Em sua introdução, Hesíquio credita que sua enciclopédia teve influência de outras. Uma foi a de Diogenianos, que por sua vez baseou-se em uma obra anterior de Pânfilo de Alexandria. Outras foram do gramático Aristarco de Samotrácia, Ápion, Amerias e de outros.

As notas sobre epítetos e frases também elucidam sobre a sociedade antiga e a vida social e religiosa.

Sua obra sobreviveu em um único manuscrito praticamente intacto do século XV assinado Marciano graecus 622 preservado na biblioteca de San Marco, Veneza (Marc. Gr. 622). Foi impressa pela primeira vez por Marcus Musurus (edição Aldina) em Veneza em 1514, reeditado em 1520 e 1521. Desde então, somente no século XIX foi reeditada por Moriz Wilhelm Constantin Schmidt (1858–1868) em 5 volumes. A Real Academia Dinamarquesa de Belas Artes de Copenhague subsidiou uma edição moderna. Sob a direção de Kurt Latte, teve dois volumes publicados, o primeiro em 1953, e postumamente em 1987. Posteriormente, o filólogo britânico Allan Peter Hansen completou um terceiro volume em 2005.

Vulgata

A Vulgata é a versão da Bíblia latina, revisada ou traduzida do hebraico e do grego por Jerônimo, identificada pela sigla Vg.

Em 382, ​​o papa Dâmaso encomendou a Jerônimo que produzisse uma tradução latina aceitável da Bíblia a partir das várias traduções divergentes (a Vetus Latina ou Ítala).

Exímio latinista e estudioso bíblico, Jerônimo contou com a ajuda de mulheres eruditas como Marcela e Paula. Além disso, viajou, discutiu e aprendeu as línguas semíticas enquanto vivia no Levante, onde se estabeleceu em Belém. Sua versão dos Evangelhos foi entregue ao papa em 384. Usando a versão grega da Septuaginta do Antigo Testamento, ele produziu novas traduções latinas dos Salmos, o Livro de Jó e alguns outros livros. Entretanto, decidiu que a Septuaginta era insatisfatória e começou a traduzir todo o Antigo Testamento a partir uma versão hebraica hoje perdida. No Novo Testamento traduziu os evangelhos enquanto replicou os outors livros a partir da Ítala. Finalizou a Biblia toda por volta do ano 405.

Escreveria ainda anotações e introduções dos livros da Bíblia, a qual seria uma das primeiras edições a contar com um aparato filológico e exegético.

A vulgata levaria tempo para ter aceitação. O próprio antigo saltério latino revisado por Jerônimo continuou a ter maior aceitação. Na baixa idade média a Vulgata ganharia a preferência dos eruditos e no uso litúrgico ocidental.

No Renascimento e Reforma surgiram várias edições e reviões. A revisão Sixto-Clementina seria adotada como a versão oficial para a Igreja Católica a partir do Concílio de Trento. Em 1979 foi lançada uma nova revisão, a Nova Vulgata.

A vulgata é uma obra singular por vários motivos. Seria a primeira tradução feita praticamente por um único indivíduo, o qual era consciente dos problemas exegéticos e de teoria da tradução. Também seria a primeira versão feita em um só processo editorial a reunir todo o cânon que, mais tarde, seria juntado em um só volume de livro.